Bruxaria - Nancy Holder e Debbie Viguié

10 de abril de 2014

Lido em: Abril de 2014
Título: Bruxaria - Wicked #1
Autoras: Nancy Holder e Debbie Viguié
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Fantasia
Ano: 2013
Páginas: 336
Nota: ★★☆☆☆
Sinopse: Depois de perder os pais num terrível acidente, Holly Cather deixa São Francisco para viver em Seattle com sua tia e as duas primas gêmeas, Amanda e Nicole. Aos poucos, porém, coisas estranhas começam a acontecer ao seu redor. O que Holly não sabe é que ela e suas primas parecem possuir um estranho legado em comum, e estão prestes a penetrar num mundo sombrio de bruxas, segredos e perigosas alianças ancestrais que as levarão numa jornada surpreendente.

Resenha: Bruxaria é o primeiro volume da série Wicked, escrita pelas autoras Nancy Holder e Debbie Viguié e lançado no Brasil pela Editora Rocco.

Nele conhecemos Holly Cather, uma garota de 16 anos que perdeu os pais e a melhor amiga, Tina, num acidente trágico envolvendo um bote e uma tempestade terrível. Diante do ocorrido e após um luto regado a um sono quase eterno, Holly se viu obrigada a ir morar em Seatle, na casa de Marie Clarie Cather, uma tia de quem ela nunca ouvira falar na vida, mãe das gêmeas Nicole e Amanda. Na nova casa, Holly vai se adaptando e acaba conhecendo um "amigo" de sua tia, cuja presença é sempre constante, Michael Deveraux, por quem a garota logo de cara já nutre um sentimento estranho, como se sentisse algo ruim pairando pelo ar...
As duas famílias pertencem a uma linhagem de bruxos bastante antiga, e há mais de 600 anos vivem em guerra, buscando formas de se destruírem através da magia negra e manterem o poder.

Partindo dessa premissa, a história, que é narrada em terceira pessoa, se enrola e deixa o leitor perdido com acontecimentos confusos, fora de ordem, repetitivos, que transitam entre passado e presente de forma a fazer um levantamento e tentar mostrar como tudo começou para cada um dos personagens antecedentes das famílias e suas histórias, como se as autoras quisessem apresentar algum tipo de prova concreta para justificar o comportamento dos personagens da época atual, como sendo tudo decorrente de situações passadas, mas que são revividas no presente. Confuso, né? Pois é...

Muito da história foi um tanto quanto vago, faltando maiores explicações, me fazendo voltar páginas e mais páginas procurando conexões entre os acontecimentos e me causando frustração por não ter encontrado. Senti como se a história tivesse sido escrita em blocos avulsos e depois unidos sem a preocupação dos capítulos seguintes seguirem uma ordem que dessem algum sentido ao término do capítulo anterior.

Não achei que houve uma construção boa dos personagens. Todos são rasos e até a própria Holly não é digna de simpatia. Tudo o que acontece que deveria ser encarado com espanto ou curiosidade, para ela e para as primas não é nada demais. Imaginem só: descobrirem que são bruxas e que estão numa grande e perigosa confusão envolvendo magia negra da pior espécie, e isso não é nada tão importante a ponto de chocar ou deixá-las preocupadas...

E a maioria dos acontecimentos são assim: surgem do além e somem da mesma forma. Às vezes aparecem como visões do que parece ser uma vida passada, às vezes começam e acabam sem sabermos o que aconteceu no meio, o que me fez ficar com mil pontos de interrogação na cabeça me perguntando como raios aquilo aconteceu, por que motivo, quando, onde, como fulano foi parar em determinado lugar, como ciclano descobriu tal informação, por que beltrano briga por algo que ninguém sabe o que é, e por aí vai... Se a ideia era fazer com que o leitor imaginasse respostas, não funcionou, pois não há brecha para suposições. Simplesmente faltou informações para um melhor entendimento das situações em questão. Holly acabou de descobrir sobre esse mundo e a ideia é que vá aprendendo aos poucos sobre ele, mas tudo acontece de repente e sem explicações, e ela aceita normalmente.

Enfim... Pra mim, o único personagem que pode ser considerado bem construído é Michael, que logo no início já se revela um vilão maligno e sem escrúpulos que não mede esforços para conseguir o que quer. A personalidade e as intenções dele não foram se mostrando aos poucos ao longo dos acontecimentos para que o leitor ficasse curioso sobre quem é o vilão, mas justamente por isso o elemento surpresa envolvendo esse fator deixou de existir...

Ainda existe algo que deveria ser um romance (?) entre Holly e Jer, um dos filhos de Michael, mas é tudo tão superficial, óbvio e forçado que fiquei me questionando sobre a necessidade da existência dele na história, principalmente quando o passado é um elemento que parece reger o presente e o futuro, como se o que aconteceu há centenas de anos tivesse que ser repetido pra dar certo, como uma lei absoluta, porém sem sentido algum, ou coisa do tipo.

Apesar de haver cenas muito bizarras envolvendo a bruxaria e vários assassinatos terríveis, suas descrições são sombrias e bastante convincentes no que diz respeito a magia negra e ao mal envolvido alí, porém se a intenção era abordar esse mal, seja através de espíritos malignos, sacrifícios ou coisas horrorosas do tipo, não achei nada adequado usar a Wicca para isso, pois ela foi retratada no livro de um jeito que deu a entender que se trata de algo ruim, e quem não conhece pode ficar com uma impressão errada sobre ela, como se a religião da Deusa fosse coisa do próprio pata rachada. Fiquei abismada com tal distorção.

O livro foi classificado como sendo juvenil, mas da forma como é narrado e pelos elementos presentes considerei como algo voltado para o público adulto, até mesmo pela narrativa confusa que vai testar, e muito, a paciência do leitor.

Me interessei pelo livro primeiramente pela capa, que é linda demais, com efeitos em verniz nos olhos da gata, alto relevo no título, ou seja, um capricho só! Ao ler a sinopse tive uma ideia de história fantástica e sobrenatural que é super meu estilo de leitura e fiquei bastante animada, mas como nem tudo são flores, me decepcionei ao embarcar nela, pois me deparei com algo desconexo, confuso e bastante difícil de ser lido e engolido devido às incoerências presentes. O choque foi tanto que levei quase duas semanas para finalizar a leitura de um livro de pouco mais de 300 páginas que pretendia ler em 3 dias mas simplesmente não consegui. Não é algo que flui muito bem, não...
O segundo volume, Maldição, já foi lançado, e apesar de Bruxaria não ter superado minhas expectativas, vou ler para saber o impacto que o final bem surpreendente, e que a propósito foi super cruel e angustiante, vai causar na trama que parece ter 4 volumes.

6 comentários

  1. Uma série de 5 volumes e o primeiro está assim confuso, imagina os demais? Apesar do livro sempre ser uma introdução, acho que as autoras não foram muito felizes na escolha do tema, além disso, o Wicca estando distorcido desse jeito, já me deixou frustada, afinal, o Wicca é algo do bem, nada como outros elementos da bruxaria que servem para o mal. Uma pena, as autoras podiam ter feito uma história bem mais elaborada.

    Beijos.

    http://www.daimaginacaoaescrita.com/

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  2. Olá Flávia! Tudo bem?
    Que pena que não gostou, é tão ruim quando nos decepcionamos com um livro.
    Mas é assim mesmo, né?
    Beijos!

    palacioliterario.blogspot.com.br

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  3. Oi, Flavia
    Gostei muito da capa e é um dos meus gêneros favoritos, mas fiquei decepcionada pela história ser bem confusa.

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  4. Vish, ainda o primeiro e ja esta assim, e os demais? Podem ser que a historia se melhore, HUHAUHAUAUHAUAHAHAHH` no decorrer do tempo >.< Depois da resenha nem quis mas ler o livro HUEHUEHHUEHEUHUE`

    http://goth-kawaii.blogspot.com.br/

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  5. Pela capa e temática pensei que fosse um livro bom, mas não vou dar uma chance (detesto coisa confusa... Melhor nem tentar, né?)
    Gostei da resenha :)
    Beijos

    http://cartaen.blogspot.com.br/

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  6. Cheguei bem atrasada hahha

    Comecei a ler essa série no sábado e estou indo para o terceiro livro já. Concordo que inicialmente o primeiro livro se torna confuso e que, de certa forma, o romance foi meio forçado. Mas, creio que essa seja a intenção das autoras. Todo o romance entre o Jer e a Holly se baseia no passado, portanto seria necessário construir esse romance com os antepassados antes de passar para os dois (foi o que entendi até agora, mas posso estar viajando). No segundo livro, me senti mais acostumada com o universo do livro e beeeeeeem menos confusa. Aliás, acho que o motivo das autoras terem "apressado" algumas coisas é pelo fato de que descrevê-las deixaria a leitura cansativa, pois seriam capítulos quase sem relevância alguma, como a Holly aceitando o fado e treinando seus poderes. Sobre a profundidade dos personagens: eu acho que elas vão testar isso nos livros seguintes. No segundo nos é mostrado um pouco mais sobre o James, sobre o Laurent e até mesmo sobre a Nicole. Holly também está sendo encaminhada para a questão de conflito entre ser quem é e Isabeau. Enfim, estou atrás do terceiro livro agora e curiosa como a narrativa vai se dar. Até o momento gostei da leitura, achei boa para uma leitura de descontração e tudo mais.

    AH! Se não me engano, parece que o livro não trata exclusivamente de Wicca. Ele faz referência a outros tipos de "bruxaria", mas não deixa claro quando cada qual é usada, por isso pode rolar a confusão de achar que as autoras trataram a Wicca como algo ruim.

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