Cia das Letras
O Caminho de Ida - Ricardo PigliaEstados Unidos, década de 1990. Emilio Renzi, o alter ego de Ricardo Piglia — presente em livros como Respiração artificial e Alvo noturno —, desembarca no campus de uma prestigiosa universidade americana da Costa Leste para ministrar um seminário sobre W. H. Hudson, o escritor de língua inglesa que morou na Argentina no século XIX e que se deixou marcar pela vida e pela paisagem daquele país em seus anos de formação. Renzi está a convite de Ida Brown, a brilhante, enérgica, sedutora e polêmica diretora do departamento. Incidentes aparentemente inexplicáveis e movimentos estranhos culminam na trágica morte da professora em um acidente. O corpo de Ida aparece com a mão queimada, e isso parece ter algum tipo de conexão com uma série palpitante de atentados contra figuras de proa do mundo acadêmico norte-americano. Quando se descobre que o autor dos atentados é Thomas Munk, o assombro é geral: brilhante matemático que acabou se afastando da carreira e do próprio mundo contemporâneo, Munk é autor de um manifesto de cunho regressivo, um texto radical intitulado “Manifesto sobre o capitalismo tecnológico”. Renzi procura então, numa típica busca detetivesca e psicológica digna dos melhores momentos de Ricardo Piglia, reconstruir o passado de Munk e viaja à Califórnia para entrevistá-lo na prisão. Parece intuir que a narrativa sobre o destino de Ida está em jogo e que nada voltará a ser como antes. Essa história de violência e utopia regressiva é entremeada por momentos do melhor Piglia, aqueles em que ele desempenha o papel de dublê de ficcionista e comentarista cultural. Seu olhar para coisas como a TV, a sociedade americana, as relações entre culturas distintas e a própria literatura reluz ao longo da narrativa de O caminho de Ida. Como em Respiração artificial, e de resto em praticamente toda sua obra, há sempre uma história debaixo de outra história. Um mistério na vida cotidiana encerra uma narrativa paralela, secundária, subterrânea; assim também na grande narrativa (nacional, política): há outra história, muitas vezes fortuita e caprichosa, que encerra outro mistério ainda mais significativo do que aquele fato que parecia tão evidente a preencher os livros e manuais escolares. A conspiração é o cerne de toda narrativa, parece acreditar o autor. É a própria narrativa. E a política e a violência nos Estados Unidos, suas conspirações grandes e pequenas estão brilhantemente expostas — numa narrativa que corre de forma quase hipnótica — nas páginas de “O Caminho de Ida”.
Eu Sou Proibida - Anouk Markovits
Na Transilvânia, em 1939, o pequeno Josef Liechtenstein presencia o assassinato de sua família pela Guarda de Ferro Romena e é salvo por uma empregada gentia, que o cria como se fosse seu filho. Passados mais cinco anos, Josef salva Mila quando os pais da menina são mortos, e a ajuda a chegar à casa de Zalman Stern, um líder da comunidade Satmar que a partir de então a cria como irmã de sua filha mais velha, Atara. À medida que as duas amadurecem, a fé de Mila se intensifica, ao passo que sua irmã descobre um mundo de livros e aprendizagem que não consegue ignorar. Com a ascensão do comunismo na Europa Central, a família muda-se para Paris, onde Zalman tenta criar seus filhos, mantendo-os reclusos da cidade. As escolhas acabam levando as irmãs para caminhos opostos. Partindo da zona rural da Europa Central pouco antes da Segunda Guerra, passando por Paris e chegando a Williamsburg, no Brooklyn dos dias de hoje, Eu sou proibida dá vida a quatro gerações de uma família chassídica. Uma trama aliciante e arrebatadora que revela o que acontece quando amor resoluto, fé inquebrantável e séculos de tradição entram em conflito.
Guerras Sujas - O Mundo é Um Campo de Batalha - Jeremy Scahill
Nesta história pouco convencional da Guerra ao Terror, o jornalista Jeremy Scahill busca o novo paradigma da política externa norte-americana: a luta longe dos campos de batalha declarados, por unidades que oficialmente não existem, em milhares de operações para as quais não há dados oficiais. Conduzindo o leitor por uma viagem vertiginosa do Afeganistão ao Paquistão, de Washington ao Iêmen e à Somália, do Reino Unido ao Iraque, na tentativa de entrevistar agentes secretos, mercenários, líderes de organizações terroristas e parentes de vítimas, Scahill revela vidas por trás das sombras e uma nova visão da guerra contemporânea a partir de histórias que um olhar desatento julgaria desconexas. Entrelaçando relatos que abrangem desde os primeiros dias do governo Bush até o segundo mandato de Obama, o autor nos apresenta os homens que comandam as operações mais secretas das forças armadas americanas e da CIA, histórias de participantes que passaram a vida incógnitos, alguns dos quais contribuíram com o livro sob a condição de não ter sua identidade revelada. O mundo sabe que a Equipe 6 dos Sea, Air, Land Teams (SEALS) e o Comando Conjunto de Operações Especiais (Joint Special Operations Command, JSOC) foram as unidades que mataram Osama bin Laden. Este livro revelará missões até agora desconhecidas dessas mesmas forças, que nunca serão discutidas por políticos norte-americanos nem imortalizadas em filmes de Hollywood.
Como começa o amor? À primeira vista, num encontro casual, depois de anos de convivência? Qual é a distância entre dizer “eu te amo” e amar alguém? O que resta quando o tempo passa, as pessoas mudam e o amor acaba? Nina tem vinte e três anos quando ela e o narrador se conhecem na faculdade. Os dois têm um envolvimento amoroso, mas certo dia ela desaparece sem deixar notícias. A partir da reconstrução ficcional dos diários deixados por Nina, o narrador conta a história de seus antepassados e assim vai delineando seus contornos, numa tentativa de recriar a mulher amada. Mas como falar do outro sem falar de si? E como falar de si quando a sua própria vida é marcada pelo abandono, pelo impalpável? Essas são algumas das questões que O inventário das coisas ausentes lança ao leitor e à sua própria estrutura narrativa. Com uma abundância de tramas paralelas que por vezes se entrelaçam e por vezes seguem independentes, o mais recente romance de Carola Saavedra investiga o fazer literário, a memória, o amor e as marcas deixadas pela ausência do outro.
Garoto Zigue-Zague - David Grossman
A temática da infância é cara a David Grossman, que escreveu livros como Ver: amor e Duelo. Garoto zigue-zague é um daqueles grandes romances que, embora tematizem a infância e sejam narrados pelo olhar de um personagem jovem, são capazes de conquistar qualquer leitor adulto. Pouco antes de completar treze anos e fazer seu bar mitzvah, Nonny Feierberg — mais conhecido como Nono — embarca em Jerusalém num trem para Haifa, onde deverá encontrar o tio. A princípio, a viagem parece um presente de grego planejado por seu pai, detetive e maior herói de Nono, e Gabi, secretária do Departamento de Investigações Especiais que faz as vezes da mãe que ele perdeu quando criança. Mas Nono nunca chegará de fato ao seu destino. Logo que o trem parte, o garoto embarca numa aventura fantástica na companhia de um sujeito suspeito, mas encantador: Felix Glick. Ao seu lado, Nono conhecerá a atriz Lola Ciperola e passará por experiências mais ou menos terríveis que o ajudarão a compreender melhor sua própria identidade, as fronteiras nem sempre evidentes entre o bem e o mal e as dificuldades de se tornar uma pessoa adulta.
Uma longa queda conta a história de quatro pessoas que se encontram por acaso no terraço de um dos maiores prédios de Londres, na noite de ano-novo, com a intenção de se suicidar. Desesperados mas sem determinação suficiente para pular, Martin, um apresentador de televisão que viu a carreira desabar depois de se envolver em um escândalo, Maureen, uma senhora solitária cuja vida se resume a cuidar do filho que há quase duas décadas se encontra em estado vegetativo, JJ, um músico americano fracassado que sobrevive entregando pizzas, e Jess, a desequilibrada e passional filha do ministro da Educação, começam então uma tragicômica busca por algum motivo para viver, ou pelo menos por alguma desculpa para adiar a morte iminente. Quando os quatro descem para procurar o namorado de Jess, uma improvável comunhão se forma entre eles.
Neste quarto romance, Nick Hornby assume a difícil e aparentemente contraditória tarefa de abordar um tema denso de modo leve e irônico. Como explica o autor, "eu queria escrever um livro que chocasse, sobre algo extremamente para baixo, e queria ver se conseguiria tirar esses personagens do fundo do poço sem ser sentimental ou irrealista. Se eu escrevesse um livro sobre depressão completamente depressivo, por que alguém o leria?". O resultado é que, aturdido com a trágica e absurda situação, o leitor não sabe se ri ou chora, se sente pena ou raiva, completamente preso ao rodamoinho de emoções criado por Hornby.
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O Feitiço Azul - Bloodlines - Livro 03 - Richelle Mead
A atual missão da alquimista Sydney Sage fez com que ela revisse seus conceitos não só sobre os vampiros, mas também sobre a própria organização à qual pertence, responsável por esconder a existência dessas criaturas do resto da humanidade. Sydney acabou descobrindo um grupo dissidente que tinha muito em comum com os alquimistas, mas objetivos bem mais radicais. Certa de que seus superiores estão guardando segredos sobre essa facção paralela, ela contará com a ajuda do misterioso ex-alquimista Marcus Finch para tentar desvendá-los. Mas isso só será possível se ela conseguir escapar de uma ameaça ainda mais urgente; uma feiticeira cruel que suga a alma de jovens usuárias de magia. Enquanto isso, a garota luta contra os sentimentos cada vez mais fortes pelo rebelde vampiro Adrian Ivashkov. Há tabus e preconceitos milenares arraigados entre as duas raças, que representam um obstáculo enorme para esse relacionamento. Mas Adrian é persistente e é o único em quem ela confia para enfrentar as ameaças que se aproximam. Será que Sydney conseguirá se libertar do seu modo de vida e se render a esse romance?
Dante sabe nadar. Ari não. Dante é articulado e confiante. Ari tem dificuldade com as palavras e duvida de si mesmo. Dante é apaixonado por poesia e arte. Ari se perde em pensamentos sobre seu irmão mais velho, que está na prisão. Um garoto como Dante, com um jeito tão único de ver o mundo, deveria ser a última pessoa capaz de romper as barreiras que Ari construiu em volta de si. Mas quando os dois se conhecem, logo surge uma forte ligação. Eles compartilham livros, pensamentos, sonhos, risadas - e começam a redefinir seus próprios mundos. Assim, descobrem que o amor e a amizade talvez sejam a chave para desvendar os segredos do Universo.
Oi, Flavia
ResponderExcluirSão vários lançamentos legais. Gostei de “Eu sou proibida”, aprecio livros que falam da segunda guerra mundial. Mas o mais esperado é O feitiço azul. E por último achei legal Aristóteles e dante.
Eu Sou Proibida parece ser um ótimo livro.
ResponderExcluirBeijos.
Bloodlines? Quero tanto ler essa série... Ainda mais com a Sydney. E o Adrian! Ficam tão fofos juntos!
ResponderExcluirBeijos! || ape56.blogspot.com
Fiquei bem curiosa com a história de Eu Sou Proibida.
ResponderExcluirCriar os filhos de acordo com a família, fazendo-os seguir as regras impostas pelos pais, uma tradição de gerações... Mas em um mundo cheio de revoluções como o nosso isso é problema e, pelo que li, talvez é a principal temática depois de muito tempo dentro de uma mesma regra, um mesmo modo de agir... Bem interessante.
Abraços!
Aaaaaah!!! Eu quero muuuuuuuito ler Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo (nome grandinho hein...) Eu fui em um evento da editora seguinte e ganhei um livrinho que tinha as primeiro 4 ou 5 páginas do livro. Muito legal *-* Fique super curiosa para ler o resto *-*
ResponderExcluirhttp://refugiorustico.blogspot.com.br/
Quantos lançamentos bacanas
ResponderExcluirE as capas estão lindas
Já estou seguindo ;)
Beijos
@pocketlibro
http://pocketlibro.blogspot.com
Quero muito ler "Eu sou proibida" e "Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo", parecem interessantes!
ResponderExcluirBeijos!