Título: Terrível Encanto - Wicked Lovely #1
Autora: Melissa Marr
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Jovem adulto/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2011
Páginas: 360
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Desde pequena, Aislinn possui um dom especial – a Visão, que permite que ela perceba os seres encantados que circulam entre os humanos, invisíveis para a maioria dos mortais. Mas, ao contrário do que as histórias infantis sugerem, as fadas podem ser extremamente perversas e egoístas, a ponto de machucarem as pessoas de propósito. Aislinn mora na decadente cidade de Huntsdale, nos Estados Unidos e sempre viveu pautada por três normas básicas. Regra número 3: não encare as criaturas invisíveis. Regra número 2: não responda a criaturas mágicas invisíveis. Rega número 1: nunca desperte a atenção dos seres mágicos. Mas, mesmo com todos os seus cuidados, Ash, como a jovem também é conhecida, quebra todas as regras num mesmo dia ao ser descoberta por Keenan, o Rei do Verão. Há nove séculos, o deslumbrante rei procura por aquela que será a sua rainha, a Rainha do Verão. Apesar de todo seu horror ao mundo das fadas, Aislinn sente-se cada vez mais atraída pelo universo fantástico a sua volta, ainda que isso coloque sua vida em risco. No meio desses seres encantados e poderosos, Aislinn quer apenas ter uma vida normal, mas será que ela conseguirá fugir de um destino para o qual parece não haver escapatória? E se falhar... o que virá depois.
Resenha: Terrível Encanto é o primeiro volume da série Wicked Lovely (composta por cinco livros), escrita pela autora Melissa Marr e publicado no Brasil pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
Aislinn, ou Ash, é uma adolescente com um dom mais do que especial: ela possui a Visão, consegue ver seres fantásticos e encantados enquanto outros meros humanos não podem. Porém, diferente do que os contos de fadas dão a entender, o mundo mágico das fadas é algo feio e muito cruel, as criaturas mágicas são bárbaras, terríveis e manipuladoras. Por isso, desde criança ela aprendeu com sua avó, que também tem a Visão, que jamais transparecesse esse dom, pois se fosse descoberta poderia esperar por um destino horroroso. Ash ao mesmo tempo que teme as criaturas encantadas, as odeia de todo o coração e se pudesse se ver livre desse dom/maldição ficaria feliz. Ela consegue passar bastante tempo despercebida, mesmo que já tenha testemunhado várias atrocidades cometidas por eles, até que um dos seres se aproxima dela por acreditar que seria possível ter uma chance... Ash percebeu que algo de errado estava acontecendo e correu pra onde se sentia segura: para os braços de seu melhor amigo colorido, Seth.
O que ocorre é que o tal ser encantado era o próprio Rei do Verão, Keenan, que havia sido amaldiçoado por sua mãe, Beira. Para que Keenan ficasse livre da maldição, teria que encontrar sua Rainha, do contrário, Beira, a Rainha do Inverno, daria fim ao Verão lançando um Inverno eterno no mundo. Então, para confrontar Beira, depois de uma busca que já durava nove séculos em que Keenan seduzia uma mortal a fim de conduzi-las a um ritual/teste, Ash é a escolhida por Keenan para ter um lugar especial no mundo das fadas... Ele já estava ficando fraco depois de todo esse tempo e precisava de uma rainha para governar o povo de forma plena. O problema é que Ash "descobre" que é apaixonada por Seth, e a princípio, levando em consideração que o sentimento é recíproco, se separarem está fora de cogitação.
Basicamente acompanhamos Ash, Seth, Keenan e Dônia nessa jornada pela busca da rainha perfeita. Aislin e Seth se amam, Keenan e Dônia se amam, mas em nome do reino e para poder quebrar a maldição e, enfim, governar, Keenan precisa ficar com Ash por acreditar que ela é a pessoa certa e que terá êxito no teste.
Ash, pelo que pude perceber, parece ter sido o tipo de personagem construída para evidenciar coragem e força mas, pra mim, se saiu como alguém que parece não saber o que quer.
Seth faz o estilo bad boy cheio de atitude. O cara vive sozinho num vagão de trem abandonado, tem um monte de piercings e tatuagens e faz tudo o que pode e o que não pode por Ash. Apesar de tudo, o romance entre os dois era algo pelo qual eu torcia desde o princípio, mesmo com Keenan no meio, que é um problema, pois é aquele tipo de personagem que não mede esforços para conseguir o que quer se aquilo for necessário. É egoísta, manipulador e não pensa nos sentimentos de ninguém, mas ainda assim tem um destaque que envolve e passei o livro gostando dele em alguns momentos e querendo matá-lo em outros.
Donia é uma peça fundamental no desenvolvimento da história. Ela havia sido a última candidata a Rainha do Verão, porém falhou no teste e foi condenada a ser uma Princesa do Gelo, carregando um frio eterno consigo, o que fez com que seu destino amoroso com Keenan fosse fadado ao fracasso pois se tornaram opostos. Donia passou a ser a guardiã do bastão até que a próxima candidata surgisse. Assim, mesmo que tivesse que conviver com o seu grande amor, ela ainda estava incumbida com a tarefa de passar o bastão adiante para alguém que poderia se tornar rainha, lhe tomando seu amor.
Não posso deixar de mencionar Beira, que é uma completa perversa, megera e odiosa. Pra não deixar que o verão seja pleno, de forma que o inverno permaneça, ela faz de tudo para que o filho falhe em sua busca. Tudo mesmo!
No final das contas não me senti ligada a nenhum personagem e senti que houve uma enrolação básica e conflitos exagerados entre eles pois mais interessante que fosse o contexto geral da história. Tudo me fez pensar em "Quadrilha", de Carlos Drummond: João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili... e por aí vai. Fora que Ash sempre demonstrou pavor pelas criaturas mágicas por serem tão terríveis e cruéis, mas no desenrolar da história, tal perversidade só serviu para uma única personagem: Beira. Talvez o resto se concentre em insinuações do quão malvados os demais seres podem ser, mas não são.
A primeira coisa que me chamou atenção na série foram as capas! São deslumbrantes e estão entre as que mais admiro. O toque de mistério, sensualidade, as cores frias e a ideia de algo mágico foram suficiente para me deixar curiosa. Eu também fiquei curiosa pela premissa, gostei do conceito e da mitologia que a autora criou, ainda mais ao perceber que ela pesquisou para escrever a história, usando citações pertinentes de outros livros antigos como introdução aos capítulos desta. Encontrei alguns erros de revisão/digitação, mas não é nada absurdo e que vá interferir na leitura.
Terrível Encanto faz um misto no que diz respeito a relacionamentos e em vez de um triângulo, nos deparamos com um quarteto amoroso, um pouco clichê mas previsível. A ideia de casais que se amam terem que se separar, ou um deles se ver atraído por um possível novo pretendente, é algo que não curto muito. A história ainda tem um toque sexual em meio a todo o drama e cheguei a considerar que não é um livro adequado para menores de 16 anos.
O que não funcionou para mim foi a escrita. A linguagem é simples mas a narrativa (feita em terceira pessoa) sempre parecia muito confusa, como se não houvesse uma fluidez entre os parágrafos, e ao terminar eu me perguntava se realmente tinha entendido e se tudo estava realmente fazendo algum sentido. Eu voltava e relia tudo de novo pra ter certeza e me situar melhor pois me sentia perdida.
Mesmo que o livro se encaixe em um dos meus gêneros literários preferidos, não consegui aproveitar a história tanto quanto imaginei pois não me identifiquei com a escrita da autora. É um bom livro, tem algumas falhas, mas apesar de tudo, vale a pena ser lido, principalmente pelo final, que de encantado não tem muita coisa mas conseguiu ser satisfatório.
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