Título: Tinta Perigosa - Wicked Lovely #2
Autora: Melissa Marr
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Jovem adulto/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2012
Páginas: 328
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Uma batalha pelo poder está se desenrolando num mundo de sombras e perigos do qual a jovem Leslie, de 17 anos, não tem sequer conhecimento. Mas ao escolher a fascinante imagem de olhos envoltos por asas negras para tatuar em sua pele, a garota se vê envolvida nesta guerra entre seres encantados tão sedutores quanto egoístas e perversos. “Tinta perigosa” é o segundo volume da série Wicked Lovely, um surpreendente conto de fadas contemporâneo repleto de magia, paixão, tentação e medo.
Resenha: Tinta Perigosa é o segundo volume da série Wicked Lovely, escrita pela autora Melissa Mar e lançada pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco. Pela história focar num personagem diferente, com história própria, a resenha está livre de spoilers.
Em Terrível Encanto, pudemos acompanhar a trajetória de Aislinn, uma garota com o dom da Visão (ela podia ver os seres fantásticos, invisíveis aos olhos de pessoas comuns) e que teve a vida revirada quando se tornou uma possível candidata a rainha do Verão ao lado de Keenan, o Rei, mesmo que Seth fosse quem lhe interessasse se fato.
Porém, neste segundo livro, o foco já não é mais em cima dos personagens anteriores e Leslie, amiga de Aislinn, é quem ganha espaço se tornando a protagonista da vez.
A vida de Leslie não é nada fácil: sua família está em pedaços após a morte de sua mãe. Seu pai se tornou um alcoólatra e seu irmão um viciado em drogas que a expôs às piores experiências que poderia ter na vida, fazendo com que ela carregue sentimentos negativos envolvendo sua autoestima. Ela aparenta levar uma vida normal, trabalhando duro como garçonete para manter a casa, mas no fundo não consegue se ver livre da vergonha, do ódio, da culpa e da insegurança. Como forma de ter o corpo que lhe foi tomado a força de volta, Leslie queria retomar o controle e decidiu que faria uma tatuagem. E no estúdio, entre todas as imagens, ela escolhe uma escondida numa pasta, a que mais lhe chamou atenção, a imagem de olhos envoltos por asas que lhe pareceu tão atraente e que lhe dá a sensação de liberdade para todos os seus medos. Mas o que Leslie jamais poderia imaginar, é que esta figura representa Irial, o Rei da Corte Escura, terrível e ardiloso, e que a tatuagem, feita com uma tinta sobrenatural, serviria como um tipo de canalizador fazendo com que todas as emoções negativas que ela andava sentindo se conectassem de forma a dar forças à Corte Sombria, fazendo com que ela se tornasse a candidata perfeita a Garota Sombria, afinal, o rei precisa de toda a energia negativa possível para manter o equilíbrio em sua corte os alimentando com sentimentos ruins, e Leslie era perfeita levando em consideração tudo o que sofreu e o que mantinha dentro de si.
Mesmo não possuindo a Visão, ela acaba encantada pela proximidade com os seres sombrios, Leslie acaba se envolvendo com Niall, um gancanagh que desperta a abstinência em todas as garotas que conquista fazendo com que sofram pelo amor não correspondido e impossível de se manter. Ele tem a natureza sombria, mas jurou lealdade a Keenan, o Rei do Verão, e se tornou seu conselheiro. Porém, o amor entre os dois é recíproco e ao que tudo indica, verdadeiro, e tal relacionamento poderia libertá-la da ligação com Irial através da tatuagem ameaçando tudo o que ele deseja conquistar. E mesmo que o rei possua um enorme poder de persuasão e charme indescritíveis para manter Leslie sob seu controle, ele percebe que ela é mais do que sua fonte de energia, e a garota irá aos poucos descobrir que está envolvida em algo que vai muito além de um triângulo amoroso e poderá colocar em risco até mesmo sua existência.
Em Terrível Encanto, os reinos do Verão e Inverno continuam a existir, porém são trabalhados em segundo plano para dar lugar a Corte Sombria sob comando de Irial. Keenan, Aislinn e Seth aparecem, porém como personagens secundários da trama. O interessante é que podemos acompanhar cenas que aconteceram no livro anterior sob os dois pontos de vista das garotas quando determinados personagens que ainda não eram conhecidos aparecem como se não houvesse compromisso.
O relacionamento entre os personagens principais é algo muito marcante, envolvendo sentimentos de todos os tipos, desde o rancor entre Niall e Irial a desejos intensos e profundos por Leslie, e vice versa, expondo a vulnerabilidade como ponto fraco e mostrando que é possível que eles descubram nos sentimentos que estão vivenciando pela primeira vez, quem são de verdade, por mais que exista magia envolvida entre eles.
A ideia de que um sentimento ruim que esteja guardado possa vir a desencadear diversos eventos que mudarão o destino de todos é algo bastante surpreendente, fugindo do clichê presente no livro anterior. A autora dá bastante ênfase às emoções, trabalhando o íntimo dos personagens, seus medos, anseios e desejos mais profundos, causando até um certo tipo de depressão.
Gostei mais de Leslie como protagonista pois ela teve mais profundidade em seus sentimentos e descrições, mesmo que não tenha considerado a ideia de uma tatuagem ser tão libertadora da forma como ela quis muito bacana.
Falando sobre a capa, além de ser lindíssima, tem tudo a ver com a história, até no que diz respeito as cores e acredito que, talvez, o tom de violeta tenha sido escolhido de forma proposital, para ilustrar a aura de Leslie, pois essa cor favorece a mudança, a transformação das coisas a sua volta, a vontade de fazer as coisas darem certo através de uma guinada, mesmo que em forma de "tatuagem".
Meu problema com o livro, assim como foi com o primeiro, é a narrativa que ainda considero um pouco confusa, pois algumas coisas ficam no ar, sem explicação ou maiores detalhes. Uma coisa que me incomodou um pouco visto que Leslie carregou um trauma devido a justamente ter sido abusada é o relacionamento dela com Irial e o teor sexual que existe. Achei bastante exagerado e até irreal, principalmente se levarmos em conta de que ela foi praticamente "fisgada" pela tinta da tatuagem e levada a essa situação sem ao menos se indignar, muito pelo contrário.
A leitura não é algo tão fácil se levarmos em consideração toda a amargura de Leslie e a facilidade com que algumas coisas acontecem. Não gosto de acompanhar dramas sofridos e que me revoltam, em que personagens são manipuladas ou não tem muitas opções a não ser aceitar até que encontrem uma alternativa que não necessariamente resolve sua vida pra melhor. E não sou nada fã de triângulos...
Acho que toda a mitologia criada pela autora, se fosse mais aprofundada, explicando qual a real função de cada ser sobrenatural existente que aparece alí, poderia ser mais aceitável e coerente. Mas o enredo em si e a forma como a história é desenvolvida até chegar ao final, bastante satisfatório inclusive, foi realmente surpreendentes.
Apesar dos pesares, vale a pena investir na leitura pois a história é muito boa, mesmo. E que venha Frágil Eternidade, o terceiro livro da série.
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