Título: Operação Perfeito
Autora: Rachel Joyce
Editora: Suma de Letras
Gênero: Romance/Drama
Ano: 2014
Páginas: 304
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Em uma manhã nebulosa de 1972, a vida de Byron Hemming, de 12 anos, muda de repente. Tudo acontece em menos de dois segundos, quando ele e a mãe se envolvem em um acidente de carro. Embora o garoto tenha certeza de que o acidente aconteceu, sua mãe age como se nada tivesse acontecido.
Nos dias e nas semanas seguintes, Byron embarca em uma jornada para descobrir o que realmente houve naquela manhã que mudou sua vida. Junto com o amigo James, ele cria a Operação Perfeito, um conjunto de planos para tentar resolver a situação.
Resenha: Em 1972, Byron, um garoto de onze anos de idade, tem a vida mudada de cabeça pra baixo. Ele e a mãe, Diana, se envolvem em um acidente de carro que ocorre em menos de dois segundos. Byron sabe o que aconteceu e acredita que tudo tem a ver com os dois segundos que foram adicionados ao tempo de que James, seu melhor amigo, lhe contou. Dois segundos é tempo suficiente para acontecer coisas irreversíveis. James acreditou que o ocorrido fosse algo emocionante, enquanto Byron ficou apavorado. E isso se comprova pro garoto quando descobre que sua mãe parece não ter notado o atropelamento e continua agindo como se nada tivesse acontecido. Byron reluta muito até resolver falar alguma coisa com a mãe, mas quando decide falar, Diana procura a família da criança para prestar ajuda e apoio mas ao mesmo tempo se torna uma pessoa fechada, reclusa e cheia de segredos. Assim, com a ajuda de James, Byron cria a Operação Perfeito, ou seja, um conjunto de planos para poder desvendar aquela situação a fim de saber o que, de fato, aconteceu. Ele se preocupa com sua mãe e sua intenção é defendê-la caso ela tenha que enfrentar qualquer consequência pelo suposto acidente que ocorreu devido ao acréscimo de dois segundos no tempo.
Alternando-se com a história de Byron, conhecemos Jim, um homem complicado e perturbado que passou a vida em clínicas psiquiátricas. Agora ele se viu obrigado a reaprender a conviver e a viver em sociedade pois a clínica encerrou suas atividades e já não atende os pacientes mais. Jim conseguiu um emprego num café e acabou conhecendo Eileen, responsável por dar um outro sentido a vida dele, uma vida nova e repleta de surpresas.
Dividido em três partes e narrado em terceira pessoa de forma alternada entre passado e presente, Operação Perfeito é um drama que vai muito além do que meras tragédias. O que ocorre nos anos 70 se cruza com a atualidade de forma brilhante e tudo vai se encaixando perfeitamente.
Diana também tem um grande destaque na história. Geralmente em dramas do tipo o leitor se depara com histórias onde a mãe demonstra seu amor incondicional pelo filho, mas aqui acontece o contrário. A autora inverte os papéis e quem demonstra esse amor incondicional é o próprio Byron, quando ele se preocupa com sua mãe a ponto de bolar planos para protegê-la e fazê-la crer que tudo vai ficar bem. Por aí percebe-se que há algo de errado, algo frágil e delicado demais. A família de Byron não é bem estruturada pois enquanto Diana é uma mulher adorável e tenta ser uma boa mãe, por mais que esteja escondendo alguma coisa, o pai é ausente e relapso. E perceber que o filho, ainda criança, fica com o papel de disseminar informações para a mãe aumenta a sensação de que os problemas que eles enfrentam podem ser muito piores e mais complexos do que se pode imaginar.
Byron e dedicado e toma para si responsabilidades que acredito que nenhum garotinho deveria ter, e ainda que ele atravesse por lutas internas, ele nos mostra uma história de vida e amadurecimentos incríveis.
A história de Jim é muito comovente. Seus problemas o deixaram arrasado e ele só precisava de alguém que se importasse com o que o tempo lhe causou... E quando Eileen aparece em sua vida, com seu estilo maluco e bem humorado de ser, as coisas mudam a ponto de impressionar o próprio leitor.
O trabalho gráfico do livro é perfeito. A capa é bem parecida com a original e acredito que até a cor fria seja pra causar esse efeito "distante". Cada início de capítulo tem uma ilustração muito bonita com os traços iguais a ilustração da capa. A diagramação é simples, a fonte é menor do que o normal mas o tamanho é agradável pra leitura. As páginas são amarelas e a revisão está impecável.
Confesso que o início da leitura foi difícil pois não me conectei e nem me prendi ao estilo da narrativa. Tudo estava lento e sem grandes chamarizes que me deixassem empolgada pra continuar. A história vai ficando pesada, frustrante e cansativa, mas num certo ponto as coisas tomam um novo rumo e a sensação é de recompensa. O melhor do livro é quando o presente cruza com o passado, quando o que aconteceu em 1972 se funde a vida de Jim. Descobrir a verdadeira conexão entre os personagens, principalmente entre os protagonistas que nos são apresentados de forma alternada é o que faz com que tudo valha a pena.
A autora consegue mostrar com bastante sensibilidade que um pequeno instante pode se responsável por alterar o curso de uma vida inteira, e que pra cada ação há uma reação.
Em suma, Operação Perfeito é um livro que nos faz refletir pelos diálogos marcantes e inteligentes e pelas mensagens nas entrelinhas que ele traz. Um livro onde é possível encontrar beleza mesmo que os momentos sejam os piores possíveis. Uma história que aborda temas pesados, trágicos e tristes, mas, felizmente, há momentos em que a esperança prevalece. Mesmo se focarmos no "se", supondo o que poderia ser se fizéssemos outras escolhas, o que importa é que o tempo não pára nem espera por nada nem ninguém. Não podemos desfazer o que está feito e o que tiver de ser, vai ser. Ás vezes viver de aparências pode ser prejudicial, e não basta viver pra tentar reparar nossos erros, mas aprender a conviver e aceitar alguns deles.
Oii Flávia, tudo bem?
ResponderExcluirNossa, suas resenhas sempre me deixam doidinha para ler o livro (quando são positivas, claro aisuai), você consegue colocar passar muito bem sua opinião e dar os detalhes certos dos livros para nos deixas curiosos!
Não conhecia esse livro ainda, mas fiquei bem, bem, empolgada aiusias
Um beijo,
Garota do Livro
Oi, Flávia!
ResponderExcluirNão conhecia esse livro e nem sabia o que esperar pelo título, mas parece ser um bom livro.
Não entendi muito bem a questão dos dois segundos adicionados no tempo e fiquei curiosa pra saber como Byron vai resolver esse problema. Gosto de narrativas intercaladas entre presente e passado, mas prefiro quando estão em primeira pessoa.
Beijos,
Duas Leitoras
Nunca ouvi falar do livro, mas não esperava um enredo destes pelo titulo e, devo admitir, fiquei bem curiosa sobre o que será revelado na leitura. Apesar de talvez, a narrativa demorar a conquistar o leitor, parece uma história que merece uma chance para nos mostrar para que veio e como adoro livros com um mistério a ser desvendado, ele vai para a minha lista.
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