Autora: Carolina Munhóz
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia Urbana
Ano: 2015
Páginas: 272
Nota: ★★☆☆☆
Sinopse: Dinheiro, poder e sucesso. Quem não deseja tudo isso? Mas e se alguns milionários na verdade têm muito mais sorte do que outros? E se toda essa sorte se revelasse como um poder especial? Emily O´Connell nunca imaginou que pudesse ter um toque de ouro. Herdeira de uma das marcas mais luxuosas de sapatos e bolsas haute couture do mundo, sorte e glamour praticamente correm no sangue de sua família. Um dia, porém, Emily percebe que sua sorte talvez seja muito maior do que imagina. Na manhã seguinte ao feriado de St. Patrick, após ganhar milhões em uma noite de jogatina, a garota se vê vítima de uma tentativa de estupro. O que a tira das estatísticas policiais, no entanto, é a forma como ela consegue se livrar quase magicamente do perigo. Tudo se complica quando Emily conhece o misterioso e encantador Aaron Locky. Afinal, que segredos ele esconde por trás de seus cabelos compridos e de sua risada irônica? De algum modo, Aaron exerce sobre ela uma atração irresistível, como se uma aura de poder os cercasse e os unisse. Ele tem muito a ensinar a Emily, mas, entre todas as coisas, ela nunca imaginaria que poderia estar envolvida com uma tradição secular lendária.
Resenha: Emily O´Connell tem dinheiro e fama, mas mais do que isso, tem sorte. Ganha em apostas, jogos e faz fortuna fácil sem nunca se perguntar porquê tem esse talento nato. Emily vive sob holofotes e é referência quando o assunto é moda e glamour.
Até que ela conhece Aaron Locky, um rapaz misterioso, e mesmo teimoso, consegue ser encantador. Atraída por ele, Emily se deixa levar e acaba descobrindo que está envolvida em algo que acreditava nem existir: O que ela não sabe é que toda essa sorte vem de um dom passado através de gerações, que está no sangue da família, mas não havia sido comprovado por não passar de mera lenda. Emily possui o toque de ouro e sua sorte e riqueza não são obras do acaso, e Aaron lhe mostra o que seus pais haviam lhe escondido durante toda a sua vida...
Por um Toque de Ouro possui uma narrativa fácil e fluída, feita em terceira pessoa com foco principal na protagonista, Emily. As descrições dos cenários e locais são muito bem feitas e ricas em detalhes, e a impressão é de que estamos visitando a Irlanda e seus pontos turísticos. A mitologia acerca dos Leprechauns, assim como os perigos que rodam esse mundo, também foi explorada de forma convincente, mas alguns furos e pontos na escrita me incomodaram um pouco e por causa deles não consegui acreditar plenamente e nem me conectar ao universo criado pela autora. A história se passa na Irlanda, os personagens são irlandeses, mas em nenhum momento eu senti que eles realmente fizessem jus a nacionalidade a qual pertencem devido aos diálogos que eles mantém. Termos como "amore", "babado", "bicha má", "amiga" e "momento magia" (se referindo a pegação entre os boys) foram responsáveis por "abrasileirar" os personagens, o que acabou estragando meu envolvimento com a história.
A referência à protagonista como "a ruiva" de forma constante também não me agradou muito, pois não tratá-la sempre pelo nome ou por um simples "ela" à sua menção me fez ficar com a impressão de que se trata de uma personagem/figurante qualquer que possui uma característica física que só serve pra diferenciá-la dos demais, mesmo que a maioria dos irlandeses sejam conhecidos mundialmente por terem essa característica em comum.
Emily é uma personagem egocêntrica, mimada ao extremo, bebe, vai pra balada, apronta todas e se acha uma diva superior ao demais. Ela é uma personagem que foge do tradicional e isso me agrada por eu já estar meio saturada de mocinhas frágeis e inocentes, mas confesso que seu comportamento me irritou algumas vezes por ela ser petulante e intragável. Ela é sortuda mas parece não saber aproveitar esse dom com a sabedoria que deveria. Por seus pais serem donos de um império da alta costura, a O'C, eles são bilionários, mas as evidências disso através de nomes das grifes glamourosas, caríssimas e finas de roupas, bolsas e sapatos que eles usam, ou que a conta da boate é paga com cartões "American Express Black Centurion" forçaram um pouco a barra.
Aaron faz o estilo bad boy, misterioso e sedutor e o relacionamento dele com Emily é daquele tipo que começa na briga e parte pro amor de forma inexplicável e até bem rápida. A atração é irresistível, a química parece perfeita e o relacionamento provoca mudanças positivas em Emily. Ela passa a se conhecer melhor e, a partir daí, amadurece e começa a se preocupar com coisas mais importantes e dignas de se valorizar na vida.
Darren é o melhor amigo de Emily e foi, de longe, meu personagem preferido. Ele age como um verdadeiro irmão, protetor e cúmplice dela, está com ela nos momentos de alegria e tristeza e a entende como ninguém. A amizade sólida e verdadeira que eles cultivam foi algo super positivo e que me surpreendeu muito. Só achei que a caracterização dele foi exagerada e muito estereotipada. Mesmo que o personagem seja gay, ele não precisa ser, obrigatoriamente, "do babado", daquele tipo espalhafatoso e super afeminado, e Darren é bem aparecido. Acho que os próximos livros ainda reservam algo de especial pra ele levando em consideração o desfecho que a história teve...
Talvez pela escassez de personagens, a história ficou bastante previsível desde a entrada de Aaron, então o desfecho, mesmo que tenha sido satisfatório, não foi uma surpresa pra mim. Ele fica em aberto e realmente rola uma ansiedade pra saber como o problema trágico que surge será resolvido.
Sobre a parte impressa, como não amar a capa e os detalhes em dourado que ela tem? A personagem é retratada com bastante fidelidade, mostrando os cabelos longos, ruivos e o corpo escultural de Emily numa posição que dá a impressão de que ela, enfim, está se libertando de algo que a prendia e rumo a algo novo (é imagem de galeria, eu sei, já vi em outra capa, fazer o que, mas serviu muito bem aqui).
A diagramação também é muito caprichada, trazendo ornamentos em cada início de capítulo e alguns "documentos" de controle de seres dotados com o toque de ouro ao fim, e é interessante se ater aos detalhes que há neles, mesmo que de início pareçam confusos. É até interessante saber que a tradição secular e o dom da sorte dos Leprechauns não se concentra apenas na Irlanda (o que me fez pensar que a história não tinha que se passar necessariamente lá), mas em todo o mundo e, mesmo que não muito aprofundado, há uma "sociedade secreta" que visa o controle dos que são dotados com o toque, assim como parecem ter a intenção de impedir aqueles que são mal intencionados de roubarem, e até matarem, pelo toque de ouro alheio.
As páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho agradável. Li o livro tranquilamente em um único dia.
O enredo em si é bacana, prende a atenção, tem momentos de tensão, emoção e reviravoltas, mostra a cultura irlandesa e sua geografia com bastante riqueza, se aprofunda nos dons de um tipo de ser mágico que foge dos que estamos acostumados e isso torna a história inovadora e muito boa de forma geral.
Por um Toque de Ouro é um livro que mostra alguns lados do poder e da riqueza e como os envolvidos tem suas vidas afetadas pelo dinheiro em excesso. Também traz algumas reflexões sobre confiança, ambições e segundas intenções. Até onde alguém vai pra conseguir o que tanto deseja? No fim, posso afirmar que a sorte é pra poucos... Pra quem pode, e não pra quem quer...
Amo livros com detalhes e descrições ricas, fico imaginando cada partezinha da cena e do lugar! Espero poder ler esse livro em breve!
ResponderExcluirAdorei a resenha!
Beijinhos
Paixão de Leitora | Fanpage
Oi Flávia!
ResponderExcluirBem, fiquei com um pouco de receio por conta dos pontos negativos citados no começo da resenha, os termos abrasileirados, são tão estranhos, visto que é um livro que nem se passa aqui... Tenho muita curiosidade em ler os livros da Carolina, mas ainda não estou convencida sabe? Bem, vou dar uma chance, quem sabe eu goste.
Beijos.
www.daimaginacaoaescrita.com
Oi!
ResponderExcluirBom, eu nunca tive tanta vontade de ler os livros da Carolina Munhoz depois de ver algumas resenhas negativas, e essa resenha também não me animou muito. Achei a capa linda e se eu fosse por ela, até gostaria de ler, mas depois que você disse sobre os termos abrasileirados sendo que a história passa na Irlanda (!!!), fiquei um pouco receosa. Acredito que isso, de algum modo, não nos faz esquecer do mundo de fora e mergulhar totalmente na história, sabe? Você tá lá, lendo e super se sentindo na Irlanda, daí do nada alguém solta um "bicha má?? Acaba com toda a magia, hahaha.
Beijos,
http://enraizarpalavras.blogspot.com.br/2015/06/filha-boa-casa-torna.html
Nunca li nada da Carolina pois não curto fadas. Esse é o primeiro livro dela que me chama a atenção, principalmente por abordar a cultura irlandesa. Adoro conhecer novas culturas através dos livros. Mas a personagem ser intragável....me decepciona.
ResponderExcluirNão sei se irei ler ou não.