Título: A Casa Assombrada
Autor: John Boyne
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Suspense/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 296
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Eliza Caine tem 21 anos e acaba de perder o pai. Totalmente sozinha e sem dinheiro suficiente para pagar o aluguel na cidade, ela se depara com o anúncio de um tal H. Bennet. Ele busca uma governanta para se dedicar aos cuidados e à educação das crianças de Gaudlin Hall, uma propriedade no condado de Norfolk – sem, no entanto, mencionar quantas são, quantos anos têm ou dar quaisquer outras explicações. Assim, ela larga o emprego de professora numa escola para meninas e ruma para o interior.
Chegando a Gaudlin Hall, Eliza se surpreende ao encontrar apenas Isabella, uma menina que parece inteligente demais para sua idade, e Eustace, seu adorável irmão de oito anos. Os pais das crianças não estão lá. Não se veem criados. Ela logo constata que não há nenhum outro adulto na propriedade, e a identidade de H. Bennet permanece um mistério.
A governanta recém-contratada busca informações com as pessoas do vilarejo, mas todos a evitam. Nesse meio-tempo, fica intrigada com janelas que se fecham sem explicação, cortinas que se movem sozinhas e ventos desproporcionais soprando pela propriedade. E então coisas realmente assustadoras começam a acontecer…
Resenha: Muito embora Boyne seja mais conhecido por seu best-seller O Menino do Pijama Listrado, posso garantir que títulos menos conhecidos como A Casa Assombrada também poderá arrebatar seu coração.
A Casa Assombrada conta a história de Eliza, uma jovem que acabou de perder o pai que teve sua doença agravada após terem atravessado a cidade em uma noite fria e chuvosa para assistir uma leitura de "Sir" Charles Dickens.
Eliza é apenas uma professora de jardim de infância e agora sem a ajuda financeira do pai, não pode arcar com as despesas da casa. Abalada pela perda, toma uma atitude precipitada ao aceitar um estranho anúncio que oferece emprego de governanta de uma casa no interior da Inglaterra, com o objetivo de cuidar da educação "das crianças".
Chegando lá, ao conhecer as crianças, ela já percebe que há alguma coisa errada com eles, com a família que nunca está presente, com aquela casa que lhe proporciona calafrios e também com os vizinhos que parecem saber muito mais do que contam.
Muitos são os atentados contra a vida de Eliza e, com isso, ela percebe que conhece muito pouco do passado da família e do que aconteceu com as governantas anteriores. Para salvar a sua vida e a das crianças, Eliza irá investigar os mistérios que circundam a casa e a família que ali habita.
Muito se engana quem achar que se trata de um livro de terror assustador. Não, em minha humilde opinião, classificaria essa obra como um suspense cheio de mistérios, visto que é uma história leve de assombração. Não há razão para medo ou tensão. Boyne mexe muito mais com nossa curiosidade do que com nosso psicológico.
A narrativa é fantástica, pois ao mesmo tempo em que te faz voltar no tempo, discorre de maneira atual. Boyne conseguiu me levar para uma Londres do século XIX, onde Charles Dickens estava no auge e fazia suas fantásticas leituras que mais pareciam apresentações, onde a mulher sofria preconceitos e com 21 anos já era considerada solteirona e onde o povo era muito supersticioso.
Por mais que o tema central aqui seja o sobrenatural, Boyne o retrata de uma maneira completamente diferente, mostrando que nem tudo que é extraordinário, é ruim ou "do mal", conseguindo inserir uma belíssima moral da história em um gênero atípico aos que possuem essa característica. Por isso eu digo que Boyne é excepcional.
Entretanto, nem tudo foram flores para mim e a justificativa dos mistérios, ou seja, o final do livro não me agradou por ter sido excessivamente fantasioso. Não que o livro inteiro não tenha sido, mas acredito que destoou do restante da narrativa que chegou a me fazer aceitar muitos acontecimentos com naturalidade, chegando a me fazer crer que poderiam ser verdade.
Essa foi uma das razões de o livro ter perdido uma estrela e que não desmerece a qualidade nem tampouco a genialidade de Boyne que também saiu de sua zona de conforto escrevendo, dessa vez, uma ficção sobrenatural histórica, deixando o leitor um tanto quanto saudosista de uma época em que sequer viveu
Recomendo esta leitura mas alerto para que não se prendam ao gênero, leiam e sintam a história de cada personagem, os porquês, os mistérios e a forma como eles são revelados durante a leitura. Tirei meu cabresto e me surpreendi com a técnica, a fluidez e a profundidade.
Falando sobre edição, a Companhia das Letras arrasou na capa com efeito aveludado, as páginas são amareladas, as letras de um tamanho excelente. São 296 páginas de aventura. Que venham outros de John Boyne.
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