A Casa das Marés - Jojo Moyes

19 de setembro de 2015

Título: A Casa das Marés
Autora: Jojo Moyes
Editora: Bertrand
Gênero: Romance/Drama
Ano: 2015
Páginas: 476
Nota: ★★☆☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Na década de 1950, uma cidade litorânea chamada Merham é dominada por uma série de austeras regras socias. Lottie Swift, acolhida durante a guerra e criada pela respeitável família Holden, ama viver ali naquela cidade, mas Célia, a filha legítima do casal, não vê a hora de ultrapassar os limites da cidade.
Quando um excêntrico grupo de artistas se muda para Arcádia, a velha mansão art decó construída de frente para o mar, as meninas não resistem à tentação de se aproximarem deles. Mas o choque para os moradores de Merham é inevitável e acaba por desencadear uma série de acontecimentos que terão consequências trágicas e duradouras para todos.
Quase cinquenta anos depois, no início do século 21, Arcádia começa a ser restaurada, voltando à vida e, mais uma vez, trazendo à tona intensas emoções. E a magia que permeia a mansão faz com que os personagens confrontem suas lembranças e se perguntem: É possível deixar nosso passado para trás?

Resenha: A Casa das Marés foi o segundo livro escrito pela autora inglesa Jojo Moyes. O livro havia sido publicado no Brasil em 2007 pela Bertrand e agora foi relançado com novo projeto gráfico a fim de manter o padrão das capas que trazem vetores de silhuetas num cenário bem minimalista.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Lottie havia sido acolhida e adotada como filha pela tradicional família Holden. Célia, a filha do casal, sempre considerou Lottie como amiga e irmã e elas sempre compartilhavam segredos, mantinham uma amizade sincera e viviam várias aventuras na cidade litorânea de Merham por mais problemas que elas pudessem ter. Lottie gosta da cidade como ela é, diferente de Célia, que tem muita curiosidade para ultrapassar os seus limites.

Mas tudo muda quando novos moradores chegam a cidade. O grupo de artistas composto por pessoas bastante excêntricas se muda para uma velha mansão conhecida por Arcádia na cidade, e as meninas logo ficam curiosas e se aproximam, afinal, é quase inacreditável que, numa cidade onde os moradores são conservadores e seguem as rígidas regras sociais a risca, apareça pessoas despreocupadas e liberais que iria surpreender a todos alí. A proximidade que as meninas criam com os recém chegados é o suficiente para causar um choque nos moradores, o que desencadeia uma série de eventos em suas vidas e na vida de todos.
Cinquenta anos mais tarde, Daisy, uma mulher que foi abandonada pelo marido, é contratada para restaurar a mansão Arcádia, que foi vendida e estava prestes a ser transformada num hotel. Voltando ao cenário inicial da história, nos deparamos com uma cidade que parece ter ficado estagnada com relação aos costumes, além dos personagens cujas lembranças trazem à tona sentimentos que há muito tempo estavam guardados...

O livro é narrado em terceira pessoa e começa de forma muito lenta, alternando a visão dos fatos de forma que cada personagem ganhe foco, logo o leitor tem uma visão ampla e geral sobre os acontecimentos e os sentimentos envolvidos mas sem se prender a um único pensamento em particular.
Ainda que Casa das Marés tenha sido seu segundo livro, a autora já demonstrava ter uma habilidade muito boa ao fazer descrições, tanto dos cenários quanto das emoções e sentimentos dos personagens, então é perfeitamente possível imaginar e visualizar a dita cena como se fosse algo real, mas acho que a autora pecou pelo excesso nesse livro...
A primeira parte da história se passa nos anos 50 e é praticamente destinada a apresentar os personagens pois a atmosfera da época propriamente dita não é muito explorada.
Lottie ama a vida que tem, é grata à família que lhe acolheu e presa por sua amizade com Célia.
Célia é o tipo de personagem que quer ir além e não se contenta em viver numa cidadezinha sem perspectivas. A família Holden, assim como os demais moradores da cidade, são zelosos e vivem da forma mais convencional possível.

De forma geral, a história é boa, ou pelo menos a ideia dela, mas na minha opinião houve muita enrolação pra ser contada. Se uma história pode ser contada em 100 páginas, não vejo motivo para se gastar 400, Acho que quando detalhes que não fazem diferença no desenrolar da trama são inseridos, a sensação que fica é a de perda de tempo, principalmente quando a história é regada de clichês que não fazem muito sentido. Em diversos momentos me peguei questionando os motivos que levaram a personagem a nutrir um sentimento tão intenso por alguém que ela mal conhece, qual a intenção de se forçar um tipo de triângulo amoroso sem respaldos para ser crível, por que a história remete a uma novela mexicana onde os personagens fazem um escarcéu aumentando um pequeno problema fazendo com que pareça o fim do mundo ou por que motivo existem personagens que parecem não ter um propósito ou relevância e ainda assim estarem alí com o livro chegando no fim. E nem a jogada de mesclar passado com presente foi suficiente para me fazer vibrar ou me manter tão interessada nos problemas que viriam a ser desencadeados e como seriam resolvidos.
A ideia parece ser mostrar um sentimento que sobrevive ao tempo e a distância, mas muitas coisas são descartadas e esquecidas, inclusive personagens que pareciam ter alguma relevância, e o leitor fica sem saber o que aconteceu. Há uma insistência muito grande em descrições, mas pouco aproveitamento no desenvolvimento, então o que devia importar acaba não convencendo.

O novo projeto gráfico foi uma aposta excelente da editora, pois dessa forma as capas mantém um padrão criando uma "identidade" para os livros da autora. As páginas são amarelas, a diagramação é simples e a revisão é perfeita.

Confesso que não foi um livro que me pegou, fiquei com aquela sensação de ter algo incompleto e acredito que pode ser um pouco problemático criarmos expectativas quando lemos os livros de Jojo de forma desordenada. Talvez eu tivesse gostado mais da história e da leitura em si de A Casa das Marés se não tivesse tido experiência com seus livros posteriores primeiro, assim, talvez, poderia apostar no talento da autora e acompanhar gradualmente seu desenvolvimento e melhoria em criar histórias, que começam como um meio de entretenimento um tanto quanto entediantes, enrolados e até vazios, e partem rumo aos exemplos de vida que tocam o leitor a ponto de fazê-los se debulhar em lágrimas...

Um comentário

  1. Chocada com a resenha Flávia!

    Sou encantada pela Jojo e confesso que essa resenha me surpreendeu, porque todo mundo gosta da escritora, o fato é que é bom ler uma resenha com opinião diferente para a gente não criar altas expectativas... ainda pretendo ler esse livro porque como disse, sou fã. Mas agora vou ficar com os pés no chão.
    O bom é que fiquei sabendo que esse foi o segundo livro da escritora, isso deve ainda contar como um projeto porque ela ainda estava engatinhando, né? Atualmente os livros dela são os meus preferidos.

    Flávia, queria te convidar para participar de um projeto literário onde eu escolheria um livro da sua estante de "Não Lidos" para você ler em 15 dias... Você topa? Pleaaase???? Olha o post falando mais sobre o projeto: http://www.delivroemlivro.com.br/2015/09/projeto-ta-na-estante-nao-leu-seu-amigo.html

    xoxo
    Mila F.
    @camila_marcia
    www.delivroemlivro.com.br

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