Autora: Ana Monteiro
Editora: Novos Talentos/Novo Século
Gênero: Romance/Literatura nacional
Ano: 2015
Páginas: 540
Nota: ★★☆☆☆
Onde comprar: Saraiva
Sinopse: Samantha Walker é líder da banda Nightwalkers, uma vampira que com sua voz suave e melodiosa torna-se em bem pouco tempo uma estrela do rock mundialmente famosa. Só o que ela não sabe era que sua fama repentina facilitaria a aproximação de Hadrian e sua corja, um antigo rival de Nicholas Lacroix, o vampiro que a transformou e com quem ela viveu um verdadeiro conto de fadas no passado, antes de conhecer Victo Hugo, seu amor humano.
Resenha: O Diário de Samantha é um romance escrito pela autora carioca Ana Monteiro e publicado pelo selo Novos Talentos da Literatura Brasileira da Editora Novo Século.
Samantha Walker é líder e vocalista de uma banda punk gótica, a Nightwalkers. Ela é uma vampira, tem uma voz suave e melodiosa e em pouquíssimo tempo faz sucesso com a banda que nasceu numa garagem e se torna uma estrela do rock conhecida mundialmente. Sua fama despertou atenção de Hadrian, um antigo rival de Nicholas Lacroix, o vampiro que a transformou no passado com quem ela viveu momentos maravilhosos antes de ela conhecer seu verdadeiro amor, Victor Hugo.
Agora sob ameaças, Sam teme pela vida de Victor que não sabe que ela é uma vampira, e a fim de protegê-lo, ela decide tomar uma decisão drástica e trágica, se expondo à luz do sol. Porém, antes disso, ela resolve escrever um diário para registrar os acontecimentos de sua vida até ela decidir acabar com ela. Logo, a história começa com a morte de Samantha, e ao longo da leitura de seu diário vamos descobrindo seus motivos para tal escolha e quais as consequências dela.
O livro é narrado pelo ponto de vista de Sam e acompanhamos de forma alternada capítulos de sua vida, presente e passado, a fim de a conhecermos melhor, sua família, quando a banda começou, seu primeiro amor, quando se transformou e afins, e tudo sempre com uma playlist das músicas dela que refletem momentos pelos quais ela passa, mas tudo contado de forma lenta e arrastada.
A história é ambientada no Rio de Janeiro mas fiquei a ver navios com maiores descrições acerca do cenário. Os personagens não me agradaram muito, e talvez tenha sido devido a antipatia que tive dos apelidos toscos que todos possuem... Azeitona, Siri, Fraldinha, Joca, Zé e afins... Todos parecem se comportar da mesma forma, como se a personalidade fosse única e por isso não achei que a construção deles tenha sido muito boa. Os vampiros, talvez para serem diferenciados dos reles mortais, já possuem nomes mais "sofisticados", como Nicholas, Wilhem, Annabella e etc, logo essa distinção entre todos ficou bastante óbvia.
Se ela viveu uma história de amor com Victor e decidiu esconder sua condição de vampira dele, seria de se esperar que ela contasse sua vida do "antes" tendo nos poupado do que não acrescentou em nada.
Não achei que a forma de Samantha se expor contando sua longa e cansativa história em forma de diário tenha combinando com os diálogos (que ela também descreve, afinal, estamos lendo seu diário). Ela escreve de um jeito reflexivo, sensível e maduro, tentando descrever cenas e situações que presencia e vive, mas os diálogos são informais e descolados demais. Lemos com muita frequência palavras como "tava", "tamo", "vam'bora" e afins, além de gírias que caíram em desuso há séculos e que jamais imagino um rockeiro falando e, que no contexto geral, empobreceram a escrita. Sério que hoje em dia alguém usa a palavra "filé" pra elogiar uma moça bonita e gostosona?
Esse contraste não funcionou pra mim. As descrições físicas dos personagens e de determinados ambientes são superficiais demais. Falar que um cara é alto, tem olhos verdes, é magro e tem feições marcantes, ou descrever um casarão como simplesmente "escuro" não bastam pra me fazer imaginar um personagem ou um local muito bem, então tudo deixou a desejar... E as cenas "quentes" eu prefiro nem comentar... Não vi o menor motivo para a tentativa de inserção de um toque sexual e hot se as cenas não são bem desenvolvidas e bem descritas com intensidade suficiente.
Um detalhe que achei válido e útil são as letras das músicas presentes, pois elas são em inglês mas na linha seguinte acompanhamos a tradução. Gostei desse ponto pois geralmente essas traduções aparecem em notas de rodapé que acabam interrompendo a leitura e aqui isso não acontece.
A capa do livro é super bonita ao imitar um diário, e o tom de vermelho que escurece em direção à rosa dá um efeito bem gótico nela. A diagramação é simples, os capítulos são numerados com algorismos romanos seguidos por um título dado pela protagonista que resume o acontecimento que ela vai descrever. A fonte é razoavelmente pequena e o espaçamento da margem é mínimo, e isso me incomodou um pouco porque a impressão que dá é que o texto foi ajustado "a força" pra se espremer e caber numa quantidade x de páginas.
Ao final da leitura fiquei me perguntando qual foi o sentido dessa história, se a ideia era falar sobre o real motivo da morte trágica de Samantha ou se era florear inserindo elementos inúteis junto com referências musicais e que ao meu ver, não teve nada a ver... A todo momento só conseguia me lembrar de A Rainha dos Condenados ainda que a história seguisse por outro caminho...
Entendi que a história aborda o amor, até onde vamos e do que somos capazes de abrir mão em nome dele, mas faltou desenvolvimento que tornasse a história crível e direta ao invés de elementos que serviram de enfeite pra aumentar a quantidade de páginas.
Infelizmente, eu não consegui aproveitar a leitura de O Diário de Samantha quanto pensei que fosse, por mais que as referências musicais sejam muitos boas. Pra mim foi um livro que me ganhou pela capa, mas me perdeu pelo conteúdo. Sorry...
Nenhum comentário
Postar um comentário