Autora: Katie Coyle
Editora: Agir Now
Gênero: YA/Distopia
Ano: 2016
Páginas: 304
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O arrebatamento previsto pelo Pastor Frick e pela Igreja Americana passou, deixando três mil Crentes desaparecidos ou mortos. As revolucionarias Vivian e Harp são as únicas que realmente sabem o que há por trás dos desaparecimentos e estão determinadas a expor os diabólicos poderes de manipulação da Igreja. Por outro lado, eles também precisam encontrar o crush de Vivian, Peter Ivey, que desapareceu sem deixar pistas do seu paradeiro. A continuação de Vivian contra o apocalipse vai responder às perguntas deixadas pelo primeiro volume com muito bom humor e ação, e ao mesmo tempo fazer os leitores se perguntarem: é possível se manter íntegro mesmo num mundo à beira do colapso?
Resenha: Vivian Contra a América é o segundo volume da duologia (?) Vivian Apple da autora Katie Coyle e publicado pela Agir Now no Brasil.
Em Vivian Contra o Apocalipse, há um cenário praticamente distópico onde depois das mudanças climáticas e dos desastres que desencadearam o caos total nos Estados Unidos, as pessoas foram convencidas a se converterem e seguirem o Pastor Beaton Frick e a Igreja Americana. Logo em seguida houve um suposto Arrebatamento e milhares de Crentes desapareceram, incluindo os pais de Vivian que também haviam sido convertidos.
Em meio a crítica ao conceito de igreja capitalista e fanatismo religioso, Vivian e Harp, sua amiga, partem numa viagem pelo país e descobrem as farsas e os segredos assustadores desta doutrina que dominou a América e "previu" o Apocalipse, agora, um ano depois do início dessa baderna, as duas pensam na melhor forma de desmascarar esses "religiosos" manipuladores e oportunistas. O problema é que elas perderam tudo o que tinham, inclusive o carro, e agora, vulneráveis e perdidas em São Franscisco, as meninas estão em perigo pois estão sendo perseguidas pela Igreja, que pôs a cabeça das duas a prêmio...
Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Vivian, a autora mantém o mesmo estilo de escrita e equilibra ação com momentos de leve diversão mas, apesar de fluída e envolvente, a história não continua a se desenvolver tendo como base os acontecimentos do primeiro livro. É como se a autora decidisse dar um novo rumo à história e aos personagens.
A religião ainda é pano de fundo da trama, e a crítica social sobre o oportunismo que tira proveito da fé alheia, sobre o fanatismo religioso que causa intolerância e preconceito tornando as pessoas cegas, assim como as consequências caóticas que vêm com a destruição e a degradação do meio ambiente ainda estão lá. Nesses pontos a autora tem uma capacidade incrível de expor polêmicas de forma imparcial, sem impôr ou mascarar a própria opinião nas entrelinhas, trazendo reflexões sobre elas através de situações fictícias mas que se encaixam em contextos atuais e que poderiam se tornar reais.
O problema é que a inserção de novos elementos e novos objetivos deixaram a trama um pouco confusa e por mais que algumas pontas que ficaram soltas tenha sido amarradas, ainda deixou outras sem as devidas respostas que esperei ter.
Vivian e Harp ainda têm o mesmo objetivo, mas senti que houve uma inversão no protagonismo da história. Vivian era uma personagem ótima que amadureceu de forma incrível, mas agora sua maior preocupação está em resgatar Peter. Ela aparece como uma garota carente, praticamente desiludida e desesperada que colocou a luta contra a Igreja em segundo plano por alguém sem garantias nenhuma de que realmente está do lado dela nessa confusão. A paixão é o fator que a motiva e por ela ser adolescente é até um pouco compreensível, mas isso acaba se tornando sua maior fraqueza...
Em compensação, Harper, com toda a sua acidez e inteligência, ganha um destaque master, rouba a cena e conduz a história com sua personalidade marcante e suas atitudes impactantes e cheias de ousadia. Ela cria um blog para contar a verdade e expor os motivos de ela e Vivian estarem sendo perseguidas pela Igreja e ainda incentiva seus leitores a duvidarem daquilo que chamaram de Arrebatamento e em tudo o que foram levados a acreditar.
O final ainda deixa um enorme gancho para uma provável continuação, mas ainda não sei se a duologia se encerra nesse livro. A sensação ao chegar no desfecho é de algo inacabado, ao ponto de me pegar pensando "e agora?", mas caso acabe, terá sido satisfatória.
Em suma, a autora criou uma história que, de certa forma, está próxima à nossa realidade e que fará com que os leitores reflitam sobre o quão arriscado é combinar medo e fé...
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