Autora: Mia Sheridan
Editora: Arqueiro
Gênero: NA/Romance
Ano: 2015
Páginas: 336
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Cada livro da coleção Signos do Amor é inspirado nas características de um signo do Zodíaco. Baseado na mitologia de Sagitário, A voz do arqueiro é uma história sobre o poder transformador do amor.Resenha: E se existisse um romance que falasse sobre seu signo? Essa é a premissa da série Signos do Amor, da autora Mia Sheridan. Em seu primeiro volume, conhecemos Archer e Bree. Ele é mudo e passou por um grande trauma na infância. Ela, uma garota que veio de Ohio até a pequena Pelion, para se reestruturar após uma grande perda. Ambos lutam juntos para abandonar seus fantasmas no passado e seguir em frente. A Voz do Arqueiro tem como base o signo de Sagitário. Com a proposta de trazer um amor que incendeia, o livro não me acendeu nem mesmo uma fagulha, mas consegue cumprir seu papel.
Bree Prescott quer deixar para trás seu passado de sofrimentos e precisa de um lugar para recomeçar. Quando chega à pequena Pelion, no estado do Maine, ela se encanta pela cidade e decide ficar.
Logo seu caminho se cruza com o de Archer Hale, um rapaz mudo, de olhos profundos e músculos bem definidos, que se esconde atrás de uma aparência selvagem e parece invisível para todos do lugar. Intrigada pelo jovem, Bree se empenha em romper seu mundo de silêncio para descobrir quem ele é e que mistérios esconde.
Alternando o ponto de vista dos dois personagens, Mia Sheridan fala de um amor que incendeia e transforma vidas. De um lado, a história de uma mulher presa à lembrança de uma noite terrível. Do outro, a trajetória de um homem que convive silenciosamente com uma ferida profunda.
Archer pode ser a chave para a libertação de Bree e ela, a mulher que o ajudará a encontrar a própria voz. Juntos, os dois lutam para esquecer as marcas da violência e compreender muito mais do que as palavras poderiam expressar.
Eu, que raramente pego algo do gênero para ler, decidi me arriscar na leitura que envolve os signos do horóscopo, mesmo não sendo fã de ascendências, previsões e afins. Um romance é uma construção de muitos elementos envolvendo somente dois personagens que precisam se complementar e trazer toda veracidade do que vivem para o leitor. Mia Sheridan criou em Bree e Archer um casal que vive um romance ardente e sem limites, mas que consegue ser muito raso e superficial.
O primeiro aspecto estranho do livro se dá logo no início, quando ambos se conhecem. Para mim, um amor não consegue nascer tão rapidamente e explodir como um vulcão daquele jeito. Há quem diga que A Voz do Arqueiro não é somente sobre sexo; mas é. O mercado editorial está sendo movido por esse gênero literário, então Mia Sheridan veio saciar mais leitoras com uma trama hot e cheia de paixão. O problema é que, em primeiro lugar, o rapaz é apenas mudo. Não é compreensível que uma relação venha tão carregada de pura pena. Ninguém é digno disso. Em segundo lugar, Bree tem umas crises de ansiedade que são colocadas de uma forma tão "ãh?" que ficou difícil engolir. A garota é a rainha do drama. Os dois, com seus 21 e 23 anos, poderiam facilmente ser confundidos com um casal de 15 anos no colegial. O sexo, como é esperado, está muito presente. A narrativa traz um requinte nessa parte, é bem colocada, mas nada surpreendente. Em mim, provocou apenas risos, o que foi bom e tornou a leitura mais divertida.
Alternando pontos de vistas entre Bree e Archer, as passagens de um para o outro ficaram muito mal colocadas. Os personagens secundários simplesmente apareciam e sumiam da história sem mais nem menos. Victoria Hale, a tia de Archer, teve um desfecho que deixa claro a pressa em terminar o livro. Assim como Anne e Natalie, que tiveram uma participação considerável e foram descartadas da trama. A Bree teve todo um problema psicológico que foi deixado sem uma boa explicação. Archer, felizmente, foi o único que teve uma evolução gradativa e algum aproveitamento.
Um aspecto muito interessante e também controverso é o fato da comunicação em libras feita entre o casal. Em uma breve pesquisa e conversa com uma amiga, pude entender basicamente o funcionamento desse meio de comunicação. Há regionalismos, ou seja, em cada lugar o deficiente tem uma forma de se expressar. Um surdo americano, por exemplo, não conseguiria se comunicar com um britânico, tendo em vista a regionalidade. Os surdos e mudos se comunicam através de conceitos, e não de palavras. Os diálogos entre Bree e Archer são muito extensos e trabalhados; seria impossível traduzir toda narrativa de Mia para libras do mesmo modo que está escrito, ou seja, um tradutor teria encontrar significados similares. E o mais estranho é que o rapaz passou a vida inteira sozinho e isolado e, de repente, com a chegada de uma forasteira, ele consegue desenvolver um vocabulário extenso e em duas semanas se expressar perfeitamente. Incrível, não é?
A Voz do Arqueiro é cheio de pontas soltas e algumas coisas ficaram a desejar. O romance é pouco convincente, cheio de pena e um sentimento que não se mostra real. A proposta do gênero New Adult, pelo que vivenciei, é de trazer amores avassaladores que, supostamente, devem arrebatar os leitores. A história de Bree e Archer é uma leitura que flui, mas foi incapaz de me fazer criar vínculos com o enredo. É imatura e por vezes subestima quem lê. Apesar de abordar um bom tema, que é o estresse pós-traumático, a autora pecou em vários aspectos, o que acabou apagando o brilho que o casal poderia ter. Ler esse livro não é uma total perda de tempo, mas cuidado: não vá com muita sede ao pote.
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