Autor: Hugh Howey
Editora: Intrínseca
Gênero: Sci-Fi/YA
Ano: 2015
Páginas: 500
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: E se a sobrevivência dos seres humanos dependesse do deslocamento de milhares de cidadãos para uma enorme cidade subterrânea, com gigantescas telas de TV transmitindo imagens desoladoras do mundo do lado de fora e ninguém fosse autorizado a sair?
Esse é a história de Silo, a série escrita por Hugh Howey que desbancou Guerra dos Tronos na lista de livros de ficção científica mais vendidos na Amazon. No primeiro livro da série, a heroína era Juliette, uma mecânica nascida nos subterrâneos. A narrativa de Ordem, que alterna passado e presente, começa em um período anterior ao descrito em Silo, explicando como o mundo de Juliette foi transformado. São apresentados ao leitor um portador do século XXIII; um senador da Geórgia num futuro próximo; um garoto abandonado, cuja história termina quando a de Juliette começa, e Troy, que acorda em 2110 sem saber quem é. Em Ordem, os personagens escapam da morte ao serem congelados em cápsulas criogênicas, sendo acordados de tempos em tempos para tomar remédios, realizarem alguns trabalhos alienantes e depois dormir outra vez. O livro volta no tempo, ao ano de 2049, revelando as decisões tomadas por alguns poucos poderosos, responsáveis por bilhões de mortes que deixarão a humanidade em vias de extinção.
Hugh Howey apresenta aos leitores um mundo pós-apocalíptico, com os poucos seres humanos restantes sobrevivendo à atmosfera tóxica do planeta Terra em um silo subterrâneo. A narrativa torna-se claustrofóbica e contrita à medida que a humanidade é forçada a viver no silo e a tomar medicamentos que a fazem esquecer a destruição infligida aos amigos e parentes. Ao contar uma história que se passa em um futuro bem próximo, Howey cria um apocalipse totalmente convincente e, à medida que revela as camadas de seu mundo distópico, pavimentando o caminho para a sequência da série, "Legado".
Esta resenha contém spoilers do primeiro livro da trilogia, Silo.
Resenha: É fato que Ordem, o segundo livro da trilogia Silo, é diferente de toda continuação que já li. No primeiro volume da série somos levados ao ano de 2345, onde Jules é apresentada ao leitor, no Silo 18. Depois de todo o levante, a reviravolta que a ex-xerife-atual-prefeita teve que vivenciar e as mentiras desenterradas, a história se encerra, mas não por completo. Em uma sequência muito satisfatória, Hugh voltou no tempo, ano 2049, para explicar toda a origem dos abrigos subterrâneos onde vivem os humanos remanescentes. Ordem é um entremeio de uma trilogia fascinante que, num primeiro momento, me deixou intrigado se me conquistaria. Hoje, não posso negar o potencial que o mundo criado por Howey tem para conquistar quem o lê.Em Silo fiz algumas ressalvas e muito me questionei quão bom o livro era, já que o abandonei uma vez. Em Ordem me senti habituado e pude sentir familiaridade com a escrita. Em uma narrativa minuciosa e com os detalhes certos, Howey vai descrevendo tudo de maneira a deixar claro para o leitor a ideia que ele quer passar. Donald, ou simplesmente Donny, é um personagem que vai evoluindo e a descoberta de sua personalidade se dá aos poucos. Os outros componentes dessa trama são explorados de uma forma geral. Há muitos: Anna, Thurman, Jimmy, Victor e outros. Acredito que mais do que no interior de cada um, devemos nos atentar como o autor construiu a trama e o que ele quer passar nas entrelinhas. Com uma prosa por vezes lenta, Hugh explorou tudo da maneira correta, sem deixar uma sensação de ausência de algum elemento na história.
Há passagens de 300 anos em todo o livro. Em tanto espaço de tempo, o autor abordou muitos assuntos e há muitas reviravoltas. Uma delas é, por exemplo, o levante do Silo 18, o qual fiquei muito contente em poder entender. Em um ponto vantajoso, pude notar que são tantas revelações que fica difícil largar a história de lado. Mas também há desvantagem: existe certa previsibilidade. Em uma breve conversa com meu irmão, adiantei alguns fatos que acreditei que fossem acontecer e recebi um "como você sabe?" em resposta. Isso não tira o brilho do livro. A grande genialidade do autor foi trazer muitas repostas às questões do primeiro volume, o que torna a leitura empolgante.
No começo, me levei a acreditar que não seria possível trazer a tona a mesma quantidade de tensão que vivi em Silo, mas isso acontece. O desenvolvimento é linear e há sempre algo que instiga, mas a descrição de Solo e seus anos no silo 17 foi uma parte mais intimista do livro. Quando se fala em fim do mundo, apocalipse, distopia, quem é leitor cria uma imagem na própria mente. Numa sociedade como a que vivemos, que comprovadamente já tem resquícios de muita maldade no passado, fica evidente esse elo com a realidade. Ordem aborda o ser humano em sua pior forma: ganância. O que geralmente gera guerras? A busca pelo poder. Mais um ponto positivo pro autor.
Ordem é finalizado com um clima de pura tensão e um gosto de quero mais. É como se as palavras do diálogo que ocorre nas duas últimas páginas estivesse sobre a minha pele causando arrepios. Segundo Hugh, escrever essa trilogia teve inspiração na série Fraggle Rock, a Rocha Encantada, contrariando minha ideia sobre o filme A Ilha. Para ele, a escrita deve ser feita por amor, e não pensando em números de venda. O segundo volume da trilogia Silo não traz elementos clichês como lutas ou romance avassalador entre dois adolescentes; ele foi feito para bons apreciadores de ficção científica e cumpre o prometido.
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