Autora: Brooke Davis
Editora: Record
Gênero: Drama/Aventura
Ano: 2016
Páginas: 252
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Uma história comovente e irresistível, para rir, chorar, refletir e se apaixonar.
Millie Bird é uma garotinha de apenas 7 anos que já sabe muita coisa. Ela já descobriu que todos nós um dia vamos morrer. Em seu Livro das Coisas Mortas, ela registra tudo o que não existe mais. No número 28 ela escreveu “MEU PAI'. Millie descobriu também, da pior forma possível, que um dia as pessoas simplesmente vão embora, pois a mãe dela, abalada com a morte do marido, a abandona numa grande loja de departamentos.
Ela só não está triste porque conheceu Karl, o Digitador, um senhor de 87 anos que costumava digitar com os próprios dedos frases românticas na pele macia de sua mulher. Mas, agora que ela se foi, ele digita as palavras no ar enquanto fala. Ele foi colocado pelo filho em uma casa de repouso, porém, em um momento de clareza e êxtase, ele escapa, tornando-se então um fugitivo.
Agatha Pantha é uma senhora de 82 anos que mora na casa em frente à de Millie e que não sai mais, nem conversa com ninguém, há sete anos. Desde que o marido morreu, ela passou a viver num mundinho só dela. Agatha preenche o silêncio gritando, pela janela, com as pessoas que passam na rua, assistindo à estática na televisão e anotando em seu diário tudo o que faz. Mas, quando descobre que a mãe de Millie desapareceu, ela decide que vai ajudar a menina a encontrá-la.
Então, a adorável garotinha, o velhinho aventureiro e a senhorinha rabugenta partem em uma busca repleta de confusões e ensinamentos, que vai revelar muito mais do que eles imaginam encontrar.
Resenha: Millie Bird é uma garotinha de quase oito anos que já conhece muito mais sobre a morte do que qualquer criança da sua idade deveria. Ela tem um "Livro de Coisas Mortas" e um dos itens alí é o próprio pai. Como se isso não fosse doloroso demais para Millie, sua mãe não consegue lidar com tudo o que aconteceu e acaba abandonando a própria filha numa loja de departamentos sem intenção de voltar. Sem entender o que está acontecendo e sem imaginar que foi deixada alí, Millie continua esperando sua mãe voltar, e enquanto isso conhece Karl, o Digitador, um senhor de oitenta e sete anos que escapou de uma casa de repouso e que agora passou a cuidar da menina. Em frente a casa de Millie mora Agatha Pantha, uma senhora rabugenta de oitenta e dois anos que vive gritando pela janela, mas que por dentro é uma pessoa de ouro. Aparentemente, Millie, Karl e Agatha não tem nada em comum, exceto que os três já perderam um ente querido e seguem lutando a fim de superar a dor.
Até que o trio parte pela Autrália em busca da mãe de Millie, e esta viagem promete muitas confusões mas aprendizados importantes e momentos dos quais eles nem imaginariam passar
O livro é narrado em terceira pessoa e os diálogos em itálico são apresentados em meio ao texto como se o próprio narrador estivesse os descrevendo. Eu não gosto muito desse estilo de narrativa pois a sensação inicial que tenho é de que os personagens perdem a voz e até um pouco da própria identidade. Talvez por esse motivo eu não tenha me apegado a nenhum deles e os considerado bastante superficiais e exagerados, principalmente os idosos. Não que eu esperasse que fossem velhinhos fofinhos da cabeça branca, estereotipados e clichês, mas a caracterização que ganharam me pareceu muito forçada e nada sutil. Os dois parecem uns lunáticos e isso não é um elogio. Eles têm comportamentos e hábitos completamente sem noção e são bem excêntricos, mas se a ideia da autora era apresentar personagens peculiares e descolados para dar um tom cômico à história pra fugir do que é considerado tradicional para os idosos, pra mim, não funcionou muito bem. Por mais que possa ser importante considerar tudo o que eles aprenderam nessa busca pela mãe de Millie, se deparar com Karl pensando em peitos ou Agatha falando sobre o pinto murcho do falecido marido me fez revirar os olhos mil vezes pensando qual a real graça e a relevância desse tipo de informação nesse contexto...
Eu gostei de Millie em partes, talvez eu tenha ficado com pena por ela ser tão novinha e já ter que enfrentar tantas dificuldades em tão pouco tempo de vida, mas seu comportamento também não é muito convincente, nem condiz com sua idade e muitas vezes ela chega a ser tão irritante quando o de Karl e Agatha. Logo penso que os personagens poderiam ter sido desenvolvidos de uma maneira mais real e menos fantasiosa.
Esses pontos acabaram transformando uma história, que na teoria é bem bonita, em algo forçado e até arrastado, mas ainda assim foi possível tirar algum proveito dela. Embora nada convincentes com relação às atitudes, os personagens enfrentam problemas e passam por outros tipos de situações que qualquer um está sujeito a passar, sempre em busca de algo ou alguém e sempre tendo que lidar com alguma adversidade imposta pela vida, logo, os conflitos pessoais e as lutas internas de cada um deles acabam, sim, sendo exemplo para nós.
Em suma, Achados & Perdidos é uma história extravagante que explora a forma como as pessoas perdem ou descartam as coisas, independente das circunstâncias, e como lidam com essas perdas, mas ainda assim, é possível encontrar algo de bom em quem menos se espera quando tudo parece estar perdido.
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