Autora: Jeanne Ryan
Editora: Planeta de Livros
Gênero: Suspense/Thriller
Ano: 2016
Páginas: 304
Nota:★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Você já se sentiu desafiado a fazer algo que, mesmo sabendo que pode se arrepender depois, acaba levando em frente? A heroína deste livro também. Vee cansou de ser só mais uma garota no colégio, e quer deixar os bastidores da vida para assumir seu merecido posto sob os holofotes. E o jogo online Nerve, febre nacional transmitida ao vivo, pode ser o início dessa trajetória de sucesso. Basta que ela clique no botão “Jogador” em vez de “Espectador” para entrar na disputa, que propõe, a cada etapa, um desafio novo. A adolescente acaba formando uma dupla imbatível com Ian, um garoto desconhecido com quem trava contato ao se inscrever em Nerve. Juntos, vão galgando posições no jogo. Mas, conforme os dois avançam na disputa, os desafios ficam cada vez mais complexos... e perigosos.
Resenha: Nerve, da autora Jeanne Ryan e publicado pelo selo Outro Planeta da Editora Planeta de Livros é um suspense juvenil protagonizado por Vee, uma garota sem atrativos que além de estar nos bastidores do teatro da escola, ainda vive às sombras da popularidade da melhor amiga e estrela da peça, Sydney. Cansada de não ser reconhecida, Vee resolve tomar uma atitude e tudo muda quando ela decide participar do Nerve, um jogo super popular exibido em forma de vídeo na internet para que as pessoas acompanhem cada passo dos jogadores. Nerve é um tipo de reality show em que os participantes devem cumprir alguns desafios que lhes são propostos ao vivo, e em caso de sucesso os jogadores são recompensados.
Ao cumprir um dos desafios, o video de Vee se torna um sucesso e ela vira o centro das atenções. Ela acaba ganhando oportunidades para desafios cujos prêmios seriam ainda maiores e se junta a Ian, um jogador de Nerve. Juntos eles vão conquistando seguidores, avançando nas tarefas, sendo levados a lugares mais distantes e tendo que cumprir tarefas mais perigosas, algumas até ilegais, e a ideia de que Nerve é apenas um jogo onde os participantes são filmados e os vídeos são postados na internet lhes dão a impressão de que tudo é seguro e que nada daquilo é, de fato, real. Mas o que eles não esperavam era que o jogo se transformasse numa corrida por suas vidas.
Confesso que por mais que a premissa seja interessante e tenha despertado meu interesse, senti que a história não foi tão bem desenvolvida a ponto de eu me empolgar. O livro tem alguns clichês, mas o problema não está aí. Vee é uma adolescente deslumbrada com a atenção que recebeu com o jogo e que, assim como muitos que ganham fama na internet, não tem a menor noção do que fazer com esse "status". Ela inclusive parece estar perdida, não tem atitude, e seus pensamentos parecem estar voltados aos crushes do que no perigo propriamente dito. Como o livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista dela, isso ainda fica mais evidente e é, no mínimo, irritante.
Através de Vee e da situação em que ela se encontra a autora traz questionamentos dignos de reflexão, de que Nerve é um jogo que poderia muito bem fazer parte da nossa realidade levando em consideração como as pessoas são dependentes de redes sociais, como buscam por popularidade, views, curtidas e afins a qualquer custo, mesmo que se comportem como completos idiotas, e tudo isso sem pensarem que com a possível fama, há consequências, muitas vezes irreversíveis. E isso sem contar com o fato de que há o outro lado da história, onde muitos se sentem protegidos e cheios de coragem por estarem "anôminos", e, às vezes, por serem sádicos o bastante, ainda pagam fortunas só pra observar ou invadir a vida e a privacidade alheia como forma de satisfação. Mas, ainda assim, no final das contas, pelo menos pelo ponto de vista de Vee, fiquei com a sensação de que ela não se toca e demora mais do que deveria para agir, mesmo que por impulso.
Os personagens também não são exemplos de simpatia e talvez a falta de aprofundamento sobre suas vidas ou a abordagem vaga ou fútil que todos eles tiveram de forma geral pode ter sido responsável por isso. Por não me apegar a nenhum dos personagens, por mais que ele se encontre num momento de tensão ou perigo, eu simplesmente não me importava, e, talvez, se eu tivesse mais informações sobre eles, e de preferência que não fossem aleatórias para que fizessem sentido, algumas de suas escolhas poderiam ser justificadas e compreendidas, mas não.
Apesar de alguns pontos negativos, posso dizer que a crítica social que o livro faz a essa fama repentina quando um video (ou qualquer publicação) se torna viral, assim como a falta de limites e os perigos da exposição nas redes, fazem de Nerve um livro muito bom e que vale a leitura. Além da reflexão, ele aborda um tema atual e ao mesmo tempo perturbador, que leva o leitor a uma viagem recheada de adrenalina, suspense e ação.
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