Autora: Marina Carvalho
Editora: Globo Alt
Gênero: Romance de época
Ano: 2016
Páginas: 328
Nota:★★★★☆
Sinopse: Cécile Lavigne perdeu todos os que amava e agora está sozinha no mundo. Ela, uma franco-portuguesa que ainda não completou vinte anos, está sendo trazida ao Brasil pelo único parente que lhe restou, o ambicioso tio Euzébio, para casar-se com o mais poderoso dono de terras de Minas Gerais, homem por quem Cécile sente profundo desprezo. Após desembarcar no Rio de Janeiro, Cécile ainda precisará fazer mais uma difícil viagem. O trajeto até Minas Gerais lhe reserva provações e surpresas que ela jamais imaginaria. O explorador Fernão, contratado por seu futuro marido para guiá-la na jornada, despertará nela sentimentos contraditórios de repulsa e de desejo. Antes de enfim consolidar o temido casamento, Cécile descobrirá todos os encantos e perigos que existem nessa nova terra, assim como os que habitam o coração de todos nós. Com o passar dos dias, crescerá dentro dela a coragem para confrontar todas as imposições da sociedade e também o seu próprio destino.
Resenha: O Amor nos Tempos do Ouro é um romance de época maravilhoso escrito por Marina Carvalho e publicado pela Editora Globo Alt.
A história é ambientada no Brasil Colonial, uma época difícil e complicada onde as mulheres não tinham voz e os negros nem eram considerados gente. O desrespeito e a desumanização eram evidentes e, mesmo que sejam elementos delicados e difíceis de lidar, a trama foi muito bem conduzida pela autora.
Começamos com Cécile escrevendo uma carta para os pais. Eles e seus irmãos morreram num trágico acidente deixando a menina sozinha. Precisando de um tutor, ela embarca em um navio rumo ao Brasil, onde seu único parente vivo mora. Ele, vendo uma oportunidade de aumentar sua riqueza, negocia o casamento da sobrinha com um fazendeiro velho, oportunista, "temente a Deus" e muito, muito ruim.
Ele mora no Rio de Janeiro e o noivo de Cécile em Minas Gerais. Uma viagem de duas semanas a espera até que Fernão entra em cena, um "bronco" nascido em Portugal que veio para o Brasil na infância. Seus pais faleceram há muito tempo, e o rapaz acabou crescendo sozinho, como dava. Se tornou meio rude e sobreviveu fazendo serviços não muito escusos para vários homens poderosos. Logo, sua reputação era de um homem perigoso.
Foi solicitado que ele fosse buscar Cécile. Era só um trabalho, e aquela dama oportunista que só queria dar o golpe do baú no velho não passava de mercadoria que ele buscaria e entregaria nas mesmas condições que recebeu. A viagem, dentro do possível, transcorreu tranquila, seja a cavalo ou a pé pela mata nativa brasileira.
Fernão começa a imaginar que estava pensando errado da francesa quando viu a maneira carinhosa que ela tratava a todos ao seu redor, inclusive os escravos que estavam viajando com eles. Ela não distinguia os brancos dos negros, para ela todos são seres humanos que devem ser tratados com respeito. Uma amizade meio às avessas começa a surgir, ele já não pensa tão mal dela, e ela já não o acha tão rude. Bem, acha rude mas agora começa a perceber que o cara é lindo... E tinha que ser, né!
Mas como o destino não está sendo nada generoso com Cécile, ela chega à fazenda e conhece seu futuro marido, mas olhaaaa, que homem viu....fiquei com pena dela nas mãos dele. O tal velho é realmente mau, daqueles que fazem as piores coisas e justificam em nome de Deus, maltrata todos a sua volta, inclusive sua futura esposa.
Enfim, o nome do livro é O Amor nos Tempos do Ouro, claro que uma menina de dezenove anos não vai encontrar o amor nos braços de um homem de idade tão avançada, que não gosta de ninguém e maltrata todo mundo, né? Imaginem se o grande amor da vida dela não deveria ser, justamente, o homem que a entregou para o seu noivo? Pois é! A luta deles para poderem ficar juntos e da maneira certa é tão intensa, tem tantas dificuldades como já deveria ter imaginado que seria, e tem pontos tão bonitos, assim como outros tão difíceis, que me surpreenderam.
Mas é claro que eu não vou contar mais nada porque as surpresas que as páginas trazem merecem ser lidas sem saber com antecedência. Um quê de Escrava Isaura estava sempre presente na leitura. Não que a autora tenha copiado ou sequer se baseado na estória de Bernardo Guimarães, não pensem isso porque não é o caso, penso que foi o contexto, a época, e o jeito intrépido de Cécile que me fez lembrar da obra.
Durante a leitura, que aliás fluiu de maneira tão gostosa como a muito não acontecia, não encontrei erros, nenhum. A linguagem formal usada foi algo que eu estranhei bastante pois não costumo ler obras desse gênero, mas fui pesquisar e vi que cabe perfeitamente bem à época tratada. Enfim, uma leitura doce, cativante, fluída e extremamente romântica onde vê-se claramente o trabalho de pesquisa cheio de cuidados da autora.
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