Autor: Justin Cronin
Editora: Arqueiro
Gênero: Ficção científica
Ano: 2016
Páginas: 688
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse:Num futuro em que todas as regras foram mudadas, é hora de cada um encontrar o próprio destino.
Ano 100 D.V.: após a destruição dos Doze e de seus Muitos, nenhum viral foi visto nos últimos três anos. As fortalezas que protegiam os últimos humanos dos infectados começam a parecer desnecessárias.
Na República do Texas, as vigílias constantes já não encontram inimigos e o controle de natalidade se mostra um contrassenso quando há todo um continente vazio à espera de ser repovoado.
Com novas demandas do povo surgindo a cada dia, o presidente Peter Jaxon decide levar adiante a ideia de abrir os portões da cidade fortificada e dar início à reconstrução do que um dia foi um país de milhões de habitantes.
Mas a atmosfera de calmaria é apenas parte de um plano maligno. Fanning, o Zero, aquele que deu início ao caos, esteve pacientemente aguardando em sua eternidade pelo momento em que as vítimas finais baixariam a guarda. Seu exército está pronto e, em suas fileiras, as armas são garras e presas e a motivação é a sede de sangue.
Para fechar essa tão esperada trilogia, Justin Cronin construiu um conto de sobrevivência e fé, em que os limites entre o bem e mal são postos à prova e um questionamento inquietante permeia cada página: o que nos torna humanos, afinal?
Resenha: O número é 100. Muitas décadas se passaram desde o início da destruição que se iniciou em A Passagem. Depois da morte dos Doze, os virais desapareceram e uma estranha sensação de paz tomou os sobreviventes. As pessoas vivem suas vidas, têm filhos, criam animais e se acostumaram com a calmaria e a reconstrução da raça humana. Entretanto, Fanning, o Zero, esteve o tempo todo preparando seu exército para o ataque. Em A Cidade dos Espelhos, Cronin mais uma vez conta a história com maestria e prova que a saga de Amy é digna de todos os aplausos do início ao fim.
Neste terceiro volume da trilogia a história se inicia com o tempo em que Peter Jackson e os sobreviventes estão retomando a normalidade da vida. Mas não é a isso que a trama se atrela no começo, e sim ao que aconteceu com Fanning. Diferente do que ocorre nos volumes antecessores, aqui temos uma narração feita em primeira pessoa pelo Zero. Ter a voz do personagem é interessante, e dessa maneira o objetivo de tudo que há na mente dele é desvendado. À primeira vista a trajetória dele parece um pouco enfadonha e inconclusiva, mas faz todo o sentido no final. Isso toma certa parte do livro, mas se mostra necessária e foi indispensável para a conclusão da trilogia.
Acabada a parte que trata a vida de Fanning, o autor retorna aos acontecimentos do ano 100 D.V e a aventura vai ganhando mais forma. Utilizando a mesma fórmula de suspense, os virais estão a espreita e os personagens seguem seus rumos e tentam recriar suas vidas. O que mais enriqueceu a trilogia A Passagem é, além do ótimo enredo que envolve "vampiros", os componentes dessa saga por sobrevivência. Entre acontecimentos explosivos e a expectativa sobre o ataque dos dracs, Sara, Peter, Michael, Hollis e os outros, continuam lutando e tendo suas personalidades e atitudes acrescentando mais e mais ao enredo. Em cada parte do livro algum dos protagonistas tem um foco e é bom ter os sentimentos individuais deles aprofundados, o que não havia acontecido ainda. Sara, que agora está mais velha e é médica, protagoniza uma das cenas mais marcantes e cheia de emoção.
Uma história como a desta trilogia é um prato cheio para imaginação. Justin utilizou de uma narrativa muito detalhada e conseguiu dar muita vivacidade a tudo. Para acrescentar mais ainda a isso, o livro conta com uma série de fotos que mostram os cenários em que os personagens viveram. A aparência dos virais, que foram descritos como seres de grandes garras, rostos magros e longos com dentes pontiagudos, são exibidos em imagens e é interessante ver quão bem feito foi o trabalho gráfico.
Em Os Doze e A Passagem a ação encontrada foi mais empolgante. A grande expectativa de é ver como Fanning tentará acabar com todos utilizando seus virais. O que acontece, na realidade, é aquém do que ele escreveu nos volumes antecessores. Faltou um pouquinho mais de ação, já que as cenas em ela ocorre são tão rápidas que fica a vontade de ver mais daquilo.
A Cidade dos Espelhos fecha muito bem a trilogia, mas não é o melhor dos três livros. Isso, entretanto, não significa que a história se perdeu ou algo do tipo. É fato que o autor soube o que estava escrevendo e o final da trama foi satisfatório. Num epílogo, que salta cerca de 1000 anos após o vírus, a realidade apresentada não condiz muito com o que se era esperado e o autor caiu um pouco no clichê. Entretanto, é graças a este final que a trilogia A Passagem se encerra com uma clara mensagem: o amor tanto constrói quanto destrói.
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