Autora: Giulia Paim
Editora: Globo Alt
Gênero: Juvenil/Literatura Nacional
Ano: 2017
Páginas: 360
Nota:★☆☆☆☆
Sinopse: O sonho de toda adolescente se realizou para Ronnie Adams: o maior astro pop da TV foi morar na casa dela. Ela deveria estar vibrando, como qualquer garota normal, mas na verdade está odiando a ideia. Ela não vê a menor graça em Boston Boys, programa sobre a vida de três integrantes de uma boyband, e acha os garotos uns babacas.
De fato, Mason McDougal se acha o máximo e está acostumado a ser recebido sempre por meninas histéricas, por isso não faz o menor esforço para ser simpático. Tendo que lidar com o egocentrismo do garoto, além da perseguição de fãs ciumentas, a vida de Ronnie vira de cabeça para baixo.
Agora ela terá que se acostumar com a stalker nº 1 dos garotos plantada em seu gramado, frequentar festas glamorosas e lidar com paparazzis, resolver uma guerra de fofocas on-line e até fazer uma viagem internacional. Em meio a tantas novas aventuras, Ronnie se envolve cada vez mais com os Boston Boys e percebe aos poucos que, no mundo da fama, nem tudo é o que parece ser...
Resenha: Henry, Ryan e Mason formam o Boston Boys, uma boyband que ganhou um programa de televisão estilo reality show e é o sonho de consumo de várias fãs. Veronica Adams, ou Ronnie, é uma adolescente de quinze anos que odeia boybands, odeia os meninos e acha todos eles uns completos babacas, mesmo que sua irmã, Mary, seja apaixonada por eles.
Até que um belo dia, numa situação mais do que improvável e inusitada, Ronnie vê seu mundo revirado de cabeça pra baixo quando Mason, o "conquistador" do grupo, vira hóspede em sua casa durante as gravações do programa. Além de aturar o garoto, que é super mimado, ela ainda vai se meter em várias confusões.
Pra ser bem sincera, talvez essa resenha possa ser interpretada mais como um desabafo do que como uma crítica, principalmente por eu ainda estar meio abismada, mesmo que tenham se passado nem sei quantos dias depois de ter finalizado a leitura. Então, vamos lá.
A história é narrada em primeira pessoa e a escrita, mesmo que com alguns furos, é bem fluída, mas receio que essa fluidez - assim como o projeto gráfico muito caprichado - seja a única coisa boa do livro.
Ronnie já começa o livro falando que é taurina, e nunca me senti tão mal representada, astrologicamente falando, na minha vida. Generalizando, prefiro ser reconhecida como "esfomeada que come até o chapisco do muro" do que "nascida pra ser feita de trouxa".
Ela está numa situação mega desconfortável, mas em vez de se "rebelar contra o sistema" e pelo menos tentar mostrar o quanto está insatisfeita, só sabe reclamar, dando a impressão de que passa 24hrs de mau humor, gritando, histérica mas, ainda assim, incompreendida por não saber e nem conseguir se expressar. No final das contas, ela se conforma e faz o que foi obrigada a fazer.
Mason é um caso sério. O sujeito parece ser um tipo de discípulo de Justin Bieber. A imbecilidade e falta de bom senso conseguem superar a beleza da criatura. Claro que há motivos e tentativas de se explicar o comportamento odioso desse moleque boçal, mas nada que tenha me convencido...
A confiança é a base da família, mas a própria mãe escondeu que saiu do emprego de analista de sistemas para ser produtora do programa Boston Boys, e só cinco longos meses depois, quando foi conveniente, ela resolveu comunicar as filhas que Mason seria hóspede na casa por "falta de lugar pra ficar". Rico e famoso, mas sem teto. Ok. E, a partir daí, a mãe que sempre foi legal, se transformou numa carrasca sem consideração que obrigava Ronnie a fazer coisas contra a sua vontade e a se submeter às situações mais ridículas que já vi, incluindo envolver um ex namorado idiota na história. E não digo mandar a filha arrumar a cama ou lavar a louça, coisas que os filhos detestam mas são mais do que a obrigação, mas aturar um desconhecido folgado e prepotente que, além de infernizá-la, ainda a faz de empregada e acha que humilhá-la é engraçado.
E isso o que a mãe faz (ou deixa de fazer) é só um pequeno exemplo que mostra que os adultos da história são completamente desprovidos de maturidade e senso, além de serem uns cretinos irresponsáveis. Se houvesse justiça no mundo, o conselho tutelar já teria entrado em ação há séculos.
Mary, a irmã de Ronnie, tem onze anos mas já é uma maníaca em potencial. Ela começa como uma fã engraçadinha e fofa, mas depois se revela uma menina tão desequilibrada e psicótica que não entendi nada. Onze anos!
Ah, e não posso deixar de falar da Piper Longshock, a fã nº 1 e obcecada pelos meninos. Ela sempre fica na espreita e nos arredores de onde eles estiverem e descobre tudo que quer, sabe-se lá Deus como. Ela inclusive se muda de cidade pra seguí-los, e começa a ameaçar Ronnie sem que ninguém perceba, e sem que haja consequências. É algo como "tem uma delinquente a solta por aí tentando me matar, mas ok". A menina é adolescente, e como assim ela se muda de cidade como se estivesse indo na padaria da esquina? E os pais dela? [insira um emoji de facepalm aqui]
Ver o trio super famoso sair andando por aí de boas, frequentando a escola comum do bairro ou dando um rolé no shopping sem terem um pedaço da roupa arrancada, ou sem saírem carregados nas costas das fãs enlouquecidas, não me pareceu muito "natural". É impossível aceitar e entender como eles saem "ilesos" da multidão enfurecida, usufruindo do direito de ir e vir como qualquer cidadão comum.
A ideia de mostrar as confusões e as mudanças na vida de uma adolescente decorrentes de uma convivência forçada com aquilo que ela mais odeia é interessante, eu admito, e poderia servir de reflexão pra várias meninas aprenderem a lidar melhor com pessoas que detestam, mas são obrigadas a aturar, seja pelo motivo que for, mas quando o desenvolvimento da história é absurdo e impossível, sem que o contexto faça qualquer jus à realidade, é um pouco difícil de engolir. Uma coisa é um livro cujo enredo sem nexo e impossível está alí de forma proposital (e eu poderia citar vários livros absurdos envolvendo o universo infantil ou adolescente que li, morri de rir e adorei), outra coisa é quando o impossível é vendido como tentativa de ser crível mas, na verdade, não é. E eu não fui capaz de comprar essa história. Sabem aquele ditado que diz que a primeira impressão é a que fica? Pois serviu direitinho nesse caso. E mesmo quando a história, que não deixou de ser incoerente em momento algum, começou a dar indícios de que melhoraria, eu já estava tão tomada pela antipatia e total falta de credibilidade da trama, que nada mais seria suficiente pra me fazer gostar. Quando li um comentário sobre o livro parecer ser uma fanfic, não imaginei que poderia levar aquilo pelo lado literal da coisa. Parece mesmo uma fanfic, e escrita sem que haja preocupação em fazer parecer verossímil. Talvez, se os personagens fossem mais velhos, muita coisa poderia ser mais aceitável, até o comportamento absurdo e doentio de Piper, mas sendo adolescentes - e dependentes dos pais -, não teve nada a ver.
Penso que houve uma tentativa de fazer dessas situações algo muito cômico e inusitado, mas não funcionou, não pra mim. Não consegui achar nada divertido ou engraçado. É como se o livro fosse feito pra não ser levado a sério, porque não é possível tanta coisa errada e de mau gosto numa história só. Diante de tantos absurdos, não consegui relevar, só consegui achar tudo muito irreal e irritante, e meu envolvimento foi zero. Olhos revirando num looping infinito.
E como se todos esses pontos negativos não fossem o bastante, ainda tem mais: A história se passa nos EUA e, teoricamente, os personagens são americanos, mas nunca vi um grupo tão abrasileirado como esse.
O fato de que não houve um romance propriamente dito me surpreendeu (pelo menos não nesse volume), mas, como esperado desde o início, existe todo aquele clichê de mocinho babaca que acaba tendo uma queda secreta pela mocinha ingênua, e ela, claro, acaba conseguindo enxergar por trás do que ele aparenta ser, e todos vivem felizes para sempre. Se esse é o fim eu não sei, mas, no meio disso tudo, muita confusão - sem cabimento - vai rolar...
Infelizmente, esta não foi uma leitura que eu tenha gostado a ponto de recomendar, mas como gosto é algo bastante subjetivo, e cada um tem o seu, talvez valha a pena investir pra se tirar as próprias conclusões...
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