Autora: Colleen Houck
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia/Aventura/YA
Ano: 2015
Páginas: 384
Nota:★★☆☆☆
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Sinopse: Aos 17 anos, Liliana Young tem uma vida aparentemente invejável. Ela mora em um luxuoso hotel de Nova York com os pais ricos e bem-sucedidos, só usa roupas de grife, recebe uma generosa mesada e tem liberdade para explorar a cidade.
Mas para isso ela precisa seguir algumas regras: só tirar notas altas no colégio, apresentar-se adequadamente nas festas com os pais e fazer amizade apenas com quem eles aprovarem.
Um dia, na seção egípcia do Metropolitan Museum of Art, Lily está pensando numa maneira de convencer os pais a deixá-la escolher a própria carreira, quando uma figura espantosa cruza o seu caminho: uma múmia — na verdade, um príncipe egípcio com poderes divinos que acaba de despertar de um sono de mil anos.
A partir daí, a vida solitária e super-regrada de Lily sofre uma reviravolta. Uma força irresistível a leva a seguir o príncipe Amon até o lendário Vale dos Reis, no Egito, em busca dos outros dois irmãos adormecidos, numa luta contra o tempo para realizar a cerimônia que é a última esperança para salvar a humanidade do maligno deus Seth.
Resenha: O Despertar do Príncipe é o primeiro volume da série Deuses do Egito (Reawakened) escrita pela autora Colleen Houck (a mesma da Saga do Tigre) e publicado pela Editora Arqueiro no Brasil.
Liliana Young é uma jovem de dezessete anos que não anda muito satisfeita com sua vida, embora possa ter tudo o que o dinheiro pode comprar. Seus pais são influentes, ricos e bem sucedidos, moram numa cobertura em Nova York, mas controlam a filha com rigor. Em troca de um pouco de "liberdade", Lily tem que viver de forma regrada, seus pais controlam seus horários, o que come, onde vai, o que estuda e tudo mais, para que ela seja um exemplo de filha, mas estão sempre ausentes e ocupados com o trabalho. Lily queria muito ter um pouco de atenção por parte deles, queria poder escolher o prório curso na universidade e seguir uma carreira que esteja ligada ao que ela realmente gosta, mas isso parece impossível já que seus sonhos não correspondem com aquilo que seus pais querem pra ela.
Por gostar muito de arte, um dos hobbies que ela tem é visitar o Metropolitan Museum of Art, pois lá além de apreciar as obras, ainda pode refletir sobre a situação pela qual está passando sem maiores interferências, mas o que ela não esperava era passar por uma experiência "sobrenatural" alí. Na sessão egípcia, Lily se depara com uma múmia milenar perambulando pelo museu! E não se trata de uma múmia qualquer, mas sim de Amon, um dos príncipes do Egito que fora amaldiçoado a despertar a cada mil anos para se unir aos seus irmãos e impedir o retorno de Seth, o deus do caos, que devastaria a Terra. Mas o sucesso do despertar total de Amon para que ele cumpra sua missão depende muito de seus vasos canópicos, relíquias que guardavam seus órgãos no processo de mumificação e que são a fonte de sua energia vital e habilidades divinas, e esses objetos se encontravam no Egito, muito, muito longe dalí... Sem os vasos Amon ficaria vulnerável e fraco, e ele precisaria de algo pra substituir o que estava fora de seu alcance. Com Lily tão próxima, Amon não tem outra alternativa a não ser usá-la como sua fonte de energia até que possa retornar ao Egito, mas ele precisaria dela ao seu lado para se manter forte o bastante até encontrar o que precisa para continuar sozinho.
Mesmo asssustada e incrédula com o ocorrido, Lily aceita partir numa viagem rumo ao Egito para ajudar Amon com sua importante tarefa de salvar o mundo da destruição, e acaba não só vivendo a maior aventura de sua vida, mas um amor completamente improvável e impossível...
A princípio a premissa da história soa muito interessante, mesmo que clichê: Garota bonita, rica, esclarecida, diferente das outras meninas da sua idade, que pode ter tudo o que quer e ainda assim é humilde, mas vive deprimida por ter o emocional abalado devido a família, e que, por ironia do destino, se depara com alguém - um homem lindo e maravilhoso - que a tiraria de sua zona de conforto e mudaria sua vida da água pro vinho, da noite pro dia.
A escrita da autora é muito boa, cheia de detalhes sobre a aparência dos personagens e os locais por onde passam, evidenciando culturas distintas (mas não retratadas com a fidelidade que deveriam), comidas exóticas (vindo de Colleen Houck é algo que jamais poderia faltar, claro) e despertando o interesse do leitor para uma mitologia fantástica e cheia de particularidades (e mesmo cheia de buracos e inconsistências preferi relevar já que se trata de ficção).
Porém, uma evidente pesquisa sobre a mitologia egípcia (a mitologia, não a cultura propriamente dita), os detalhes e a fluidez da escrita (que mescla refinamento com casualidade), não são fatores suficientes para que a história seja realmente boa se o pano de fundo e os personagens não forem bem construídos, se vivem sendo beneficiados com inúmeras conveniências, se são estereotipados ou se não forem convincentes em seus propósitos a fim de tornar a trama plausível, e O Despertar do Príncipe acabou se tornando uma decepção pra mim.
Entendo que Lily é aquela típica adolescente que se sentia infeliz devido aos pais serem opressores e controladores, mas, levando em consideração seu grau de instrução e inteligência, não consigo enxergar uma atitude "rebelde" desse nível partindo dela, principalmente porque ela demonstra estar fragilizada a todo e qualquer momento, por mais que tenha tido coragem de fazer alguma coisa nova em sua vida. A experiência foi emocionante, serviu para que ela pudesse se arriscar, pra que se sentisse livre e amadurecesse suas ideias, pra que deixasse de ser tão insegura e submissa tornando-a dona de si mesma e do próprio destino, como se tudo o que estava reprimido por causa do domínio dos seus pais, enfim, pudesse ser libertado, mas ainda assim não consegui engolir, principalmente por que o que deu a entender é que em meio ao possível fim do mundo a única coisa com o que ela passa a se preocupar é com o beijo de amor verdadeiro do príncipe lindo dos olhos verdes estonteantes e ainda está inteirasso mesmo tendo milhares e milhares de anos.
Amon pode ser o príncipe mais bonito e encantador ever, e pode possuir um dialeto poético vindo de outra era que desperta a atenção da mulherada (e é super cafona, convenhamos), mas a ideia de que a criatura é capaz de manipular as pessoas com o poder da mente já mostra o quanto ele pode ser perigoso. O que ele fez com Lily, ao meu ver, não foi nada respeitoso. Ele se conecta a ela feito um parasita e essa ligação louca é responsável pelos sentimentos mais esquisitos e controversos que já pude acompanhar na história do YA. Aquilo foi abusivo e praticamente um sequestro, e a tonta simplesmente se deixou levar pela ideia de ter uma oportunidade única de viajar pra longe com um completo maluco desconhecido e fugir do que tanto a afligia (o controle dos pais, no caso). Ver aquele sujeito se sentindo perdido no meio da selva de pedras que é Nova York depois de mil anos, vagando praticamente pelado, tentando aprender as coisas na marra ou fazendo perguntas idiotas, e sem entender como as coisas evoluíram tanto ao mesmo tempo que "invade" a tecnologia de câmeras de segurança, aparelhos celulares e a própria mente das pessoas com quem ele cruza para controlar, manipular, conseguir e fazer o que quiser, foi, no mínimo, triste. Eles vão pra onde querem, de táxi ou avião, e sequer gastam um centavo porque Amon faz as pessoas acreditarem que ele é alguém que simplesmente não tem que pagar por nada. Oi? Lily tem dinheiro de sobra que não lhe faria falta. Ela poderia bancar tudo e ser recompensada depois já que quis participar dessa furada, mas não...
E outra.. Porque diabos todos os "príncipes" da autora tem que ter os olhos claros? Primeiro foi o indiano dos olhos azuis, agora o egípcio dos olhos verdes (ou que cor clara seja já que o homem parece um metamorfo e faz até crescer cabelo na própria cabeça careca com intuito de chamar menos atenção por onde passa)... Qual o problema com os olhos castanhos, que é o que deveria ser mais comum no povo desses lugares? Por que fazer alterações desnecessárias pra encaixar os personagens num padrão de beleza que não condiz com a realidade de onde vieram?
Só posso dizer que, com excessão de poucas passagens que realmente considerei válidas, relevantes e interessantes, o melhor do livro é a capa. Ela tem um efeito metalizado, o título é destacado em alto-relevo e o trabalho gráfico da obra de forma geral é maravilhoso.
Enfim, sei que muitos leitores adoraram a história, os detalhes, a mitologia, o romance e a viagem única que a autora proporcionou (assim como foi com a Saga do Tigre), conseguindo tirar do livro algo totalmente diferente do que eu, mas pra mim não funcionou tão bem assim, infelizmente. A sensação final que tive é que tudo foi enfadonho e se resumiu a uma grande viagem turística com direito a hotel 5 estrelas, boates animadas e areia, muita areia, e a verdadeira condição do Egito da atualidade e suas verdadeiras características foram totalmente ignoradas. Não acho que ninguém deva elevar as expectativas como eu fiz antes de ler esse livro, pois o resultado pode ser o contrário do esperado...
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