Autora: Inbali Iserles
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto Juvenil
Ano: 2017
Páginas: 272
Nota:★★★☆☆
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Sinopse: Isla e seu irmão, Pirie, são duas raposas filhotes que vivem nos limites das terras dos sem-pelo – os humanos. A vida de uma raposa é cheia de perigos, mas Isla começa a aprender habilidades misteriosas para sobreviver.
Então, o impensável acontece. Um dia, ao retornar para sua toca, Isla a encontra em chamas e cercada por raposas estranhas. E sua família não está em lugar nenhum. Forçada a fugir, ela escapa para o frio e cinza mundo dos sem-pelo.
Agora, Isla terá que se guiar nesse lugar desorientador e mortal, ao mesmo tempo em que é caçada por um inimigo cruel. Para sobreviver, ela precisará dominar a antiga arte das raposas – poderes mágicos conhecidos apenas por elas. Para achar sua família, Isla terá que desvendar os segredos da Foxcraft.
Resenha: A Magia da Raposa é o primeiro volume da série de fantasia Foxcraft, escrita pela autora Inbali Iserles e publicado pelo selo Jovens Leitores da Rocco.
Isla é uma raposa filhote que está em busca de sua família desaparecida após sua toca ter sido invadida por um grupo de raposas estranhas e perigosas. Sua única saída é enfrentar o mundo cinza dos sem-pelo, os humanos, e embarcar numa jornada cheia de surpresas, perigos e descobertas que farão com que ela precise aprender a tempo sobre a Foxcraft, uma magia antiga da qual ela e a família são dotados, assim seus segredos para sobreviver e encontrar aqueles a quem procura.
Para um livro voltado ao público infanto juvenil (ou seria infantil?), embora a mensagem seja até bonitinha, achei um tanto quanto infantilizado e foi impossível ler sem me lembrar da série A Lenda dos Guardiões devido aos termos fantasiosos criados pela autora e que possuem significados próprios em meio aqueleuniverso, porém com as devidas características e particularidades. Eu gosto de livros desse gênero e voltados para esse público pois muitos deles são engraçadinhos e bem divertidos, desde que não atinja um nível cuja inteligência alheia seja subestimada.
O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Isla, onde tudo é descrito de uma forma muito humanizada ao mesmo tempo em que somos lembrados o tempo inteiro que se trata de um animal, e confesso que apesar de poder ter a visão de mundo dela, o que é interessante em partes, eu teria preferido que a narrativa fosse feita em terceira pessoa para que o narrador não utilizasse de floreios para enfeitar o texto com coisas que não fazem sentido. Isla vai contando o que vê e o que acontece usando algumas palavras "sofisticadas" para descrever as coisas (e me pergunto como ela sabe o que significam já que é um filhote), enquanto outras ela não denomina e descreve as características sem saber o que é por não conhecer (afinal, ela é um filhote, né?), e o leitor acaba tendo que adivinhar do que se trata. Nesse ponto achei as coisas um pouco contráditorias pois se existe um dialeto com termos próprios, como os humanos que são chamados de "sem-pelos", ou a cidade que é chamada de "Terracinza", a rua que é chamada de "canal da morte", os carros são "esmagadores" e por aí vai, outras palavras não deveriam ser utilizadas como forma de descrição, pois não faz o menor sentido a protagonista, por exemplo, saber o que é um labirinto e saber diferenciar hera de grama, mas não saber o que é um zoológico e precisar descrevè-lo como um lugar com vários animais presos em jaulas, sendo que ela mora na floresta, livre e indomável, e nunca viu uma jaula antes. Na teoria ela não deveria saber o que é uma jaula pra usar essa palavra. O aceitável, de acordo com o contexto, seria ela descrever a jaula como sendo um compartimento cujo animal fica preso entre "galhos de ferro" ou coisa do tipo, pois isso sim faria parte de sua realidade baseada em sua pouca idade, no que ela conhece ou pelo menos ouviu falar. Então, ler uma história inteira onde esse tipo de recurso incômodo foi utilizado foi bastante cansativo e eu não conseguia me desconectar dessas conveniências para dar a devida atenção e importância ao que realmente estava sendo contado, além de não parar de questionar e fazer comparações sobre essa "sabedoria".
Mesmo que seja impossível desconsiderar esse fator mencionado, ainda há coisas bem legais na história, sim, embora os termos utilizados sejam estranhos e difíceis de se pronunciar já que parecem terem sido tirados de alguma tribo africana ou coisa parecida. A magia de forma geral é muito criativa, permitindo que as raposas tenham habilidades especiais como imitar outras criaturas, serem "invisíveis" através de ilusão, possuírem dom da cura e até serem capazes de se transfigurarem em outros animais, e tudo isso tem a ver com a energia da natureza que é muito forte e rege completamente esse universo.
A abordagem sobre a vida na floresta, a hierarquia que existe entre as raposas, o contraste com a vida no cenário contemporâneo da cidade e os perigos que Isla enfrenta por lá deram um dinamismo muito bom à trama.
No decorrer da história fica bastante claro que Isla e seu irmão, além de possuírem uma ligação muito intensa, têm algo de especial que outras raposas não tem, e isso acaba fazendo com que eles se tornem alvos para aqueles que querem por as "patas" nessa magia. E tais acontecimentos deixam algumas brechas que pedem por respostas que não foram dadas nesse volume.
Esse relacionamento entre Isla e o irmão é muito fofo e fraternal, e a ideia dela sair por aí sozinha, enfrentando mais perigos do que tendo ajuda pelo caminho, de certa forma, instiga o leitor a querer torcer por ela para que tudo se resolva e todos vivam felizes para sempre, principalmente porque ela aprende várias coisas, adquire mais conhecimento e até amadurece, por mais que sinta medo e insegurança diante do que precisa enfrentar.
A capa é muito bonita. O contraste de cores destacando a raposa com suas cores vibrantes em meio ao escuro da noite e os detalhes dos ornamentos em verniz que deixaram ela super chamativa fizeram do livro, visualmente falando, um luxo só. Há um mapa no início do livro e ao final da história podemos conferir um glossário com os termos mirabolantes criados pela autora e que facilitam a vida do leitor. A diagramação também é muito bem feita, cada capítulo é numerado e possui uma pequena ilustração dos animais, as páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho maior do que o normal, o que facilita a leitura e a torna até mais rápida, mesmo que o desenvolvimento seja meio lento e até confuso em alguns pontos.
Talvez por ser o primeiro volume, o livro acaba sendo bastante introdutório ao mundo de Isla e da Foxcraft, e o leitor termina a história com muitos pontos de interrogação pairando sobre sua cabeça, como se o livro terminasse de forma repentina e faltasse um capítulo para encerrar o arco proposto de forma satisfatória. Logo, pra quem quiser saber o que mais vai acontecer, só resta torcer para que a continuação seja lançada em breve.
Enfim, pra quem gosta de fábulas criativas e com toques de fantasia e magia, que falam sobre inocência, a importância da família e a coragem para enfrentar perigos e desafios em nome daqueles que se ama, e que se passam num mundo bastante rico, talvez venha a gostar da leitura. Apesar de eu não ter curtido muito o ritmo e nem ter sido totalmente convencida pela proposta da história a ponto de superar as expectativas e sair indicando o livro pra todo mundo, no final das contas, é possível tirar algo de bom.
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