Autora: Robin LaFevers
Editora: V&R
Gênero: Fantasia
Ano: 2016
Páginas: 394
Nota:★★★★★
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Sinopse: Sybella nunca soube ao certo o que era amor. Não sem segunda intenções. Desde sua infância, ela teve de confiar em si mesma para conseguir sobreviver.
Ao chegar no convento de Saint Mortain, Sybella recebe o refúgio de que tanto precisava, porém isso terá o seu preço. As irmãs, que servem ao deus da Morte, percebem que a garota tem atributos e que ela pode se tornar uma arma poderosa. Ela vive durante três anos no convento e é treinada para enfrentar quem quer seja.
Sybella já não é mais uma garotinha inocente, e sabe disso. Agora é uma mulher madura e totalmente preparada, uma assassina experiente, que mata a quem merece e o faz por gosto e sem piedade. Nunca se arrepende de suas decisões. Pelo contrário, ela sabe onde se encontram seus pontos fortes e como usá-los para cumprir sua missão.
Porém, ela é enviada de volta para o lugar onde passou sua infância, para espionar seu pai, o cruel D’Albret. Ela começa a se lembrar de coisas horríveis que aconteceram enquanto estava sob o domínio dele e decide compartilhar com Fera, quem, fora do convento, torna-se seu companheiro. Juntos eles redescobrem a confiança e o amor.
Assim, Sybella caminha por uma teia complexa de vingança e ódio, em busca de seus traidores, que levam a marca do deus da Morte.
Resenha: Divina Vingança é o segundo volume da trilogia O Clã das Freiras Assassinas, escrita pela autora Robin LaFevers.
O primeiro volume, Perdão Mortal, conta a história de Ismae, como ela se tornou uma assassina que serve Mortain, o deus da morte, e seus passos em suas missões, e introduz o leitor ao universo criado pela autora, que mescla fantasia medieval com fatos históricos.
Nesse segundo livro, a história é voltada a Sybella, uma das filhas de Mortain, e assim como Ismae, foi treinada para ser uma assassina letal e seguir as ordens e missões que lhe são atribuídas.
Depois de três anos em treinamento no convento, Sybella recebe a missão de voltar pro lugar onde passou a infância, se infiltrar na corte e espionar Lorde D'Albret para descobrir seus planos contra a duquesa. Esse homem não só arruinou a vida de Sybella no passado até que ela encontrasse refúgio em Saint Mortain, mas também é uma ameaça para o reino. Logo, é bem provável que Sybella precise silenciá-lo de uma vez por todas utilizando de suas habilidades, e não importa que ele seja seu pai... Sybella vive sendo vigiada e precisa ter bastante cautela a cada passo dado para que seja bem sucedida em sua missão, e em meio a intrigas e lembranças de um passado que ainda a perturba, ela recebe uma nova missão em que deve libertar a Fera de Waroch, um guerreiro de confiança da duquesa que fora aprisionado na corte, para que ele escape de uma execução terrível a mando de D'Albret. O que Sybella não esperava era se envolver com Fera, abrindo seu coração sobre o ódio que ela carrega por ter tido a infância corrompida com tanta crueldade enquanto viveu naquele lugar. Ela acaba encontrando nele a confiança que jamais tivera em alguém. Entre sua missão e um desejo avassalador, cabe a assassina percorrer um caminho árduo para fazer - e entender - a vontade de Mortain, buscando vingança contra os traidores que levam a marca da morte.
Apesar da história apresentar um ponto de vista diferente do primeiro livro devido a mudança da protagonista, as tramas políticas e a cronologia seguem de forma que a leitura fora de ordem dos livros não é recomendada para uma melhor compreensão dos fatos, sem contar que alguns dos personagens do livro anterior ainda aparecem em alguma situação importante para o desenrolar da história.
Sybella foi apresentada em Perdão Mortal como uma jovem fechada, misteriosa e perigosa, cujo passado obscuro a tornou uma pessoa muito fria, porém, sem maiores detalhes sobre o que lhe aconteceu. Em Divina Vingança, tudo vem a tona e o aprofundamento na história dela faz com que o leitor possa compreender os motivos que a levaram a ser uma pessoa tão difícil de lidar, dessa forma, a história se torna bastante pessoal quando fica claro que o que lhe restou de uma vida regada a desgraças e sofrimento foi a amargura, o ódio e a vontade imensa de se vingar de todos aqueles que a prejudicaram, inclusive seu odioso pai, logo, o próprio título do livro faz jus ao que ela passou e o que podemos esperar, mas não antes de passarmos por tudo o que ela carrega em seu íntimo, suas inseguranças, incertezas e pensamentos, por mais sombrios e até autodestrutivos que possam ser. Sybella é determinada e muito forte como pessoa, mas até que finalmente reconheça isso, ela passa por um período turbulento onde vive se culpando ou acreditando que não merece nada além de sofrimento, e isso, em alguns momentos, cansa, mesmo que seja possível compreender seus motivos, afinal, sua história de vida é muito difícil.
Dessa forma, mesclar esses conflitos pessoais com um conflito político grandioso e que viria a mudar o destino do próprio reino, acabou tornando a história bastante lenta, mesmo que a todo momento esteja acontecendo alguma coisa. O romance também está lá, e assim como no primeiro livro, não é o foco principal no enredo, mas uma forma de fazer com que a personagem cresça, mudando conceitos que estavam entranhados nela e que, aparentemente, eram imutáveis. E o melhor é que esse sentimento e essa mudança vem a partir do improvável, pois ninguém poderia esperar que um "ogro" pudesse despertar qualquer sentimento em alguém, principalmente em alguém tão fechada e sem esperanças quanto Sybella. O contraste entre os dois é algo que funcionou bem para que um pudesse completar as falhas do outro.
Divina Vingança é mais sombrio do que o primeiro livro mas continua com a mesma pegada histórica envolvendo lendas, deuses, santos e suas mitologias, assim como mistérios, mortes dolorosas e uma guerra iminente que se desenrola. Tudo isso misturado e contado de forma bastante convincente e que prende o leitor do início ao fim.
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