Autora: Robin LaFevers
Editora: V&R
Gênero: Fantasia
Ano: 2015
Páginas: 408
Nota:★★★★★♥
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Aos dezessete anos, tudo o que Ismae Rienne conhecia era pobreza e homens abusivos: garotos que a atacavam com pedras, um pai violento e um pretendente repulsivo, que a comprou por três moedas de prata. Até que ela é levada para o convento de Saint Mortain, o misterioso Deus da Morte.
Lá ela é treinada para se tornar uma habilidosa assassina e descobre que foi abençoada com perigosos dons pelo próprio Mortain. Para provar que merece o título de filha da Morte, Ismae parte em uma importante missão envolvendo a segurança da duquesa da Bretanha e o aniquilamento de seu traidor.
Mas, ser uma serva da Morte pode não ser exatamente o que as freiras tinham ensinado no convento. Ismae vai aprender que a independência é conquistada com duras consequências, e que o destino de um país inteiro – e do único homem que ela seria capaz de amar – estão em suas mãos.
Estabelecida na França medieval, misturando fantasia com ricos detalhes históricos em estilo “Game of Thrones”, Perdão mortal é o primeiro livro do “Clã das Freiras assassinas”, uma trilogia sofisticada, sombria e emocionante.
Resenha: Perdão Mortal é o primeiro volume da trilogia de fantasia medieval O Clã das Freiras Assassinas escrita pela autora Robin LaFevers e publicado no Brasil pela V&R.
Ismae Rienne é uma jovem de dezessete anos com uma vida bastante difícil. Devido a uma enorme cicatriz que ia do seu ombro ao quadril, resultado de uma tentativa de aborto por veneno feita por sua mãe, ela se sentia constrangida e marginalizada pois isso a fazia ser vista como filha do Deus da Morte por ter sobrevivido. Com o passar dos anos, vivendo na pobreza e sob ataques e abusos constantes, seu pai, que sempre a odiou, arranjou um casamento e a vendeu às pressas para um homem repulsivo de quem ela, milagrosamente, conseguiu escapar. Ela acabou indo parar no Mosteiro de Saint Mortain, o Deus da Morte, onde ela se tornaria uma das lendárias noviças do convento, desenvolveria habilidades únicas e seria treinada para servir a Mortain como uma assassina letal. Diante de uma vida totalmente diferente da qual estava acostumada, onde seria protegida e viveria com dignidade em troca de ser fiel a Mortain, Ismae se dedica às missões que recebe sem questionar, matando aqueles que, segundo o julgamento de Mortain, devem morrer. Porém, o que Ismae não esperava, era receber a missão mais importante que já lhe foi atribuída, missão esta que lhe renderia várias descobertas e revelações em meio a um jogo político repleto de intrigas envolvendo o reino da Bretanha e sua independência. O destino da duquesa e do reino estaria em suas mãos, mas e se isso envolvesse matar aquele que se tornou seu verdadeiro amor?
O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Ismae e a escrita da autora é bastante detalhada, sempre evidenciando as características e a ambientação medieval, assim como alguns aspectos históricos e políticos relacionados à época. Embora o ritmo da leitura seja lento devido a densidade da narrativa, esses elementos são um ponto bastante positivo na obra, pois mostram que a época em si, assim como o cenário e o modo de vida das pessoas, não serve de ornamento para o desenvolvimento da história, mas faz parte dela como um todo.
Eu gostei de como os personagens foram apresentados e como as mudanças pelas quais passaram serviram de experiência para suas vidas, principalmente Ismae. Ela havia sido apresentada como uma jovem oprimida, maltratada e traumatizada pela vida horrível que teve nas mãos do pai cruel e vingativo, sentiu na pele a sensação de ser rejeitada como se não fosse ninguém, e a ideia de que todos os homens são iguais quando o assunto é violência, oportunismo, machismo e afins passou a ser sua verdade absoluta. Porém isso muda gradualmente quando ela passa a ser treinada no convento e começa a ter uma visão diferente do que a vida poderia lhe oferecer. E quando ela precisa cumprir sua missão em companhia de Gavriel Duval, irmão da duquesa a quem eles devem proteger, mesmo que, inicialmente, ela tenha ficado desconfiada, a jovem acaba percebendo que, em meio a tantos calhordas imundos e inúteis, pode haver alguém que lhe desperte um sentimento do qual ela desconhecia.
E por mais que exista esse toque de romance no ar, ele não rouba a cena para que questões mais importantes fiquem de lado. Penso que o sentimento que Gavriel despertou em Ismae foi o estopim para que ela, enfim, pudesse dar um voto de confiança a si mesma quando o assunto é amor, para que ela não levasse uma vida amargurada e baseada em prejulgamentos com base nas experiências ruins que teve no passado nas mãos do pai ordinário, dos garotos que a atacavam quando criança, do pretendente grotesco e dos demais homens nojentos que conheceu ao longo de sua jornada como assassina. E claro, o trauma não some da noite pro dia. O processo é lento até que ela pare de deixar seus pensamentos negativos influenciarem em suas escolhas a ponto de ela questionar sobre seu próximo passo.
A capa chama atenção. É bastante bonita e tem uma textura aveludada. As páginas são amarelas, a diagramação é simples, os capítulos são escritos por extenso com a mesma fonte do nome da trilogia presente na capa, e não percebi erros de revisão.
Alguns leitores podem considerar estranho o fato das freiras da trama serem assassinas, como se isso fosse uma contradição à religião ou coisa do tipo, mas é válido ressaltar que Saint Mortain, obviamente, é um deus fictício, o senhor da morte, e suas filhas servem aos seus propósitos políticos de forma que aqueles que devem morrer são traidores da coroa e que poderiam ameaçar o reino, o que levanta questões voltadas à política em vez de religião. Então é bom levar isso em consideração para que não haja mal entendidos ou pré julgamentos sem que a leitura sequer tenha sido iniciada.
De forma geral, a história é inteligente e muito bem construída, traz personagens enigmáticos e bastante humanos e é uma ótima pedida para fãs de fantasia com uma pegada histórica e medieval. Mesmo que seja o primeiro volume da trilogia, a história de Perdão Mortal é bem fechada para que o segundo volume, Divina Vingança, possa tratar da jornada de outra protagonista, Sybella.
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