Autora: Krystal Sutherland
Editora: Globo Alt
Gênero: Romance/Young Adult
Ano: 2017
Páginas: 272
Nota:★★★★☆
Sinopse: Grace Town é esquisita. E não é apenas por suas roupas masculinas, seu desleixo e a bengala que usa para andar. Ela também age de modo estranho: não quer se enturmar com ninguém e faz perguntas nada comuns.
Mas, por algum motivo inexplicável, Henry Page gosta muito dela. E cada vez mais ele quer estar por perto e viver esse sentimento que não sabe definir. Só que quanto mais próximos eles ficam, mais os segredos de Grace parecem obscuros.
Mesmo que pareça um romance fadado ao fracasso, Henry insiste em mergulhar nesse universo misterioso, do qual nunca poderia sair o mesmo. Com o tempo, fica claro para ele que o amor é uma grande confusão, mas uma confusão que ele quer desesperadamente viver.
Resenha: A Química que Há Entre Nós é o primeiro romance da escritora australiana Krystal Sutherland.
O livro conta a história de Henry Isaac Page, um adolescente de dezessete anos que está no último ano do ensino médio. Ele tem o dom para a gramática e está interessado no cargo de editor do jornal da escola há anos. Quando ele finalmente consegue, não contava que teria que dividir a responsabilidade com outra pessoa, mas que nega a oferta... Grace Town. Grace é muito diferente das outras meninas da escola. Ela tem um comportamento estranho e até sombrio, sempre está desleixada aparentando estar doente, usa roupas masculinas folgadas que não lhe servem, manca e ainda usa uma begala pra andar. E mesmo assim, inexplicavelmente, Henry se sentiu atraído pela menina cuja aparência encobre vários mistérios. Grace é uma incógnita e isso só faz com que Henry queira saber o que a levou a ficar assim, e a medida que ele se envolve e começa a conhecê-la melhor com intuito de desvendá-la, seus sentimentos só aumentam e, quando menos espera, ele se vê apaixonado. Mas será que quando a verdade vier à tona as coisas vão melhorar?
"Então esta, com certeza, não é uma história de amor à primeira vista.Esse é aquele tipo de livro que se ama ou se odeia. É difícil ficar no meio termo, seja pelo desenvolvimento da história no que diz respeito às motivações dos personagens, quanto pelo estilo orgânico de escrita cheia de expressividade da autora e que lembra muito John Green (e olha que não sou fã de John Green, mas virei fã de Krystal Sutherland).
Mas esta é uma história de amor.
Bom.
Mais ou menos."
- Pág. 8
Narrado em primeira pessoa, Henry conversa com o leitor ao descrever os acontecimentos e revelar o que está sentindo de forma bastante dinâmica. Há inúmeras frases de impacto, do tipo que é possível fazer um apanhado e dedicar uma postagem só pra elas, e através delas podemos refletir sobre nossa forma de enxergar o mundo, as pessoas que nos rodeiam, como levamos nossa vida, e claro, o amor.
A trama foge de clichês e é até bastante imprevisível. O próprio relacionamento de Henry e Grace não é trabalhado de forma que faça com que alguém pense que tudo vai ficar bem. É uma relação complicada e pouco saudável, onde somente um dos lados está disposto a fazer a coisa dar certo enquanto o outro está quebrado demais pra conseguir retribuir e tornar o sentimento recíproco. E quando o mistério sobre Grace, enfim, é revelado, a sensação é de choque e incredulidade. Não que o conceito de amor tenha sido deturpado, mas, nessas circunstâncias, o sentimento veio pra pessoa certa, só que da forma errada, e desde o princípio Henry sabia disso...
Parece uma história desgraçada de infeliz, mas não se enganem. Da mesma forma que ela é triste, também nos arranca risadas com diálogos e situações carregados de sarcasmo e muito engraçados. Henry é impagável e, mesmo que prove que quando tudo parece estar perdido ainda pode piorar, ele consegue ter humor o bastante para continuar levando as coisas da melhor forma possível, mesmo que isso seja incrivelmente doloroso.
Eu gostei dos personagens secundários, da mensagem bacana sobre amizade verdadeira e do conceito de família unida para que houvesse outros pontos da vida dos personagens a serem explorarados de forma mais ampla. Assim, houve um equilíbro com os temas abordados, mostrando que, apesar de estarem vivendo um momento único e difícil, os personagens possuem raízes, uma história e uma vida que não se concentra em um lugar ou uma pessoa só, o que permite que novas subtramas possam ser desenvolvidas.
Um ponto que achei mais do que válido ressaltar é a respeito do título do livro, que talvez possa ser interpretado como a química entre um casal de personagens e etc, mas ao meu ver, depois de tudo que li e pude absorver, acho que seria só um termo para descrever o amor como uma reação química que acontece com alguém, mas não necessariamente ao mesmo tempo que acontece com outra pessoa, ou com a mesma intensidade. E como toda reação, ela pode ter forças para crescer, desde que haja o devido impulso, ou simplesmente se extinguir.
Pra quem procura por uma história sobre amor, o que é diferente de uma história de amor, seja para refletir, questionar ou apenas saber o quanto é difícil conseguir se libertar, principalmente quando há conformidade e a vida se torna vazia e estagnada, é recomendado, mesmo que isso possa soar um tanto mórbido... A Química que Há Entre Nós é um livro que aborda perdas inesperadas, corações partidos e a incapacidade de superação, mas acima disso, a vontade de se tentar consertar uma alma em pedaços em busca de libertação.
Flavia, cada nova resenha que leio, gosto mais do teu blog. Toda semana estou acessando aqui pra conferir tuas dicas literárias, gosto muito do que você escreve. E gostei também desta resenha. Se eete é daqueles livros que ou você ama ou você odeia, então a partir da tua resenha posso dizer que a tendência é que eu ame o livro. já comprei muito livro depois que li as resenhas aqui do blog, e nunca me arrependi. Aliás, o blog pra mim acaba até sendo um termômetro, pra eu definir se compro ou não tal livro, por isso estou sempre ligado no que você posta por aqui.
ResponderExcluirMeus parabéns pelo seu trabalho!
Um abraço, dieison, do Rio Grande do Sul.