Autora: Victoria Schwab
Editora: Seguinte
Gênero: Distopia/Fantasia/Young Adult
Ano: 2017
Páginas: 384
Nota:★★★★★♥
Sinopse: Kate Harker e August Flynn vivem em lados opostos de uma cidade dividida entre Norte e Sul, onde a violência começou a gerar monstros de verdade. Eles são filhos dos líderes desses territórios inimigos e seus objetivos não poderiam ser mais diferentes. Kate sonha em ser tão cruel e impiedosa quanto o pai, que deixa os monstros livres e vende proteção aos humanos. August também quer ser como seu pai: um homem bondoso que defende os inocentes. O problema é que ele é um dos monstros, capaz de roubar a alma das vítimas com apenas uma nota musical. Quando Kate volta à cidade depois de um longo período, August recebe a missão de ficar de olho nela, disfarçado de um garoto comum. Não vai ser fácil para ele esconder sua verdadeira identidade, ainda mais quando uma revolução entre os monstros está prestes a eclodir, obrigando os dois a se unir para conseguir sobreviver.
Resenha: Veracidade, ou Cidade V, é um lugar em trégua, dividido entre norte e sul, entre a família Harker e os Flynn, e onde cada ato de violência praticado por alguém gera um monstro... Os Malchais se alimentam de sangue, os Corsais de carne e osso, e o Sunais, que se alimentam da alma das pessoas e são capazes de roubá-las com uma simples nota musical...
O norte de Veracidade - a ordem -, está no controle de Callum Harker. Ele controla Malchais e Corsais, que se escondem na escuridão, e dá a ilusão de segurança para aqueles que pagam por ela, caso contrário, morrem pelas mãos daquelas criaturas que tanto temem.
Henry Flynn, ao sul - o caos -, protege as pessoas junto com os três Sunais que ele cria como filhos, e August é um deles. Ele é contra a violência, e não só quer proteger os inocentes, como também quer a paz.
Quando a trégua entre as família é ameaçada, August se disfarça de humano e é enviado ao norte numa missão de vigiar de perto a filha de Callum, Kate. Ela ficou fora de casa por anos e sempre tentava voltar aprontando alguma coisa de errado. Sua última tentativa foi incendiar a capela do colégio onde estudava e isso fez com que ela voltasse.
Quando Kate e August se conhecem, há uma ligação forte e diferente entre eles. Kate logo suspeita de que ele esconde algo pela forma como ele se comporta e sempre tenta se esquivar do que poderia entregar sua verdadeira identidade, mas após um evento em particular, percebe que August pode ser um grande aliado. E nesse cenário, onde violência gera violência, literalmente, e onde uma guerra está prestes a eclodir, eles embarcam juntos numa jornada cheia de perigos.
Narrado em terceira pessoa com pontos de vista alternados entre os protagonistas, a história é dividida em quatro partes, e vamos acompanhando uma trama onde a mitologia criada pela autora é algo bastante inovador e impressionante. O início tem um ritmo um pouco lento e cansativo, mas quando as coisas começam a acontecer é impossível largar o livro.
A história por trás da criação de cada monstro, assim como seus aspectos físicos, é super interessante. Cada tipo de monstro nasce de um tipo diferente de violência, desde as que não envolvem mortes, como é o caso dos Corsais, até aqueles que envolvem atentados terríveis que deixam várias vítimas, como é o caso dos Sunais. E estes, apesar de raros, são considerados os piores monstros já que nasciam da pior dor e sofrimento que alguém poderia sentir.
Embora seja um Sunai disfarçado de humano, August não gosta e nem aceita que ele seja um monstro de natureza tão sombria, e ele não quer o mal de ninguém, muito pelo contrário. Ele parece querer ser uma versão melhor de si mesmo, lutando contra suas crises existenciais. Ao lutar pelo que acredita com dedicação, ele mostra que é um dos maiores exemplos de força e lealdade, mesmo que em alguns momentos aparente ser frágil. Só aparente....
Kate é o oposto. O sonho de sua vida é ser tão cruel quanto seu pai e inicialmente ela demonstra ser não só imatura, como também muito cheia de vontades. Porém, essa implicância que tive com ela se perdeu quando maiores detalhes sobre ela foram sendo revelados, mostrando que, seus atos surgiam da vontade de ser reconhecida pelo pai, que fora sempre muito ausente. Ela tem um desenvolvimento muito significativo quando se depara com uma realidade que desconhecia e quando enfrenta o passado que lhe atormentava. Quando ela começa a agir pensando em si e não em agradar o pai, é possível sentir empatia por ela e por mais que alguns dos seus atos sejam condenáveis, é possível compreendê-los.
Mesmo que o enredo siga por um caminho já conhecido, aquele em que duas pessoas que estão de lados opostos se unem em prol de um bem maior, a narrativa faz o diferencial de tornar as coisas únicas e excluindo um possível romance que poderia tornar tudo muito clichê. A ideia de materializar a violência em forma de monstros que assombram os humanos é algo fantástico, mesmo que cruel, e tem impacto o bastante para fazer com que as pessoas reflitam sobre seus próprios atos.
Em A Melodia Feroz, a violência em pessoa cobra o preço por existir, e através de um cenário onde o caos parece superar a paz, fica a reflexão sobre os reais objetivos das pessoas e no que elas se transformam, conscientemente ou não, ao longo do tempo quando seus atos inconsequentes e a ambição falam mais alto...
Na expectativa pelo próximo volume da duologia.
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