Autora: A.G. Howard
Editora: Novo Conceito
Gênero: Fantasia/Releitura
Ano: 2014
Páginas: 400
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Em O Lado Mais Sombrio, a releitura dark de Alice no País das Maravilhas, Alyssa Gardner foi coroada Rainha, mas acabou preferindo deixar seus afazeres reais para trás e viver no mundo dos humanos. Durante um ano ela tentou voltar a ser a Alyssa de antes, com seu namorado, Jeb; sua mãe, que voltou para casa; seus amigos, o baile de formatura e a promessa de ter um futuro em Londres.
No entanto, Morfeu, o intraterreno sedutor e manipulador que povoa os sonhos de Alyssa, não permitirá que ela despreze o seu legado. O mesmo vale para o País das Maravilhas, que parece não ter superado o abandono.
Alyssa se vê dividida entre dois mundos: Jeb e sua vida como humana... e a loucura inebriante do mundo de Morfeu. Quando o reino delirante começa a invadir sua vida real, Alyssa precisa encontrar uma forma de manter o equilíbrio entre as duas dimensões ou perder tudo aquilo que mais ama.
Resenha: Um ano se passou após o que aconteceu no livro anterior. Alyssa quer esquecer o País das Maravilhas, um mundo sombrio e cheio de criaturas perversas (e muito diferente daquele encontrado nas páginas escritas por Lewis Carrol), e tudo o que viveu lá, assim como abrir mão de sua linhagem real. Ela está prestes a se formar no colégio e planeja ir embora para Londres com Jeb, seu namorado desmemoriado, a fim de ser uma garota normal. Porém, a ideia dela deixar tudo pra trás não é algo que estava nos planos de Morfeu, que tenta a qualquer custo garantir que Alyssa não esqueça o País das Maravilhas através de seus sonhos, o que faz com que a garota evite dormir e queira ainda mais se livrar de tudo isso, e até aparecer para vigiá-la de perto... E embora ela tenha corrigido vários erros, muito problemas ainda permaneceram naquele mundo intraterreno, problemas dos quais ela não ficaria livre tão facilmente, principalmente quando algumas profecias parecem se manifestar através de sua arte e tudo leva a crer que este mundo pode estar em perigo mais uma vez. Agora, entre dois mundos e com o coração dividido, será possível que Alyssa evite seu destino?
A história é narrada em primeira pessoa, pelo ponto de vista da protagonista, mas diferente do primeiro livro, onde ela é transportada para o País das Maravilhas, aqui a trama se passa no mundo humano enquanto os personagens do outro continuam marcando presença através de várias situações, incluindo as vilãs...
O dilema maior que move a história, é Alyssa e seus conflitos internos que estão ligados à sua aceitação de que o País das Maravilhas é um lugar do qual ela, inevitavelmente, pertence, enquanto lida com seus sentimentos e a ideia de que, de certa forma, é responsável por qualquer coisa que possa acontecer com os dois mundos: com o fantástico, por estar em perigo nas mãos da vermelha que quer vingança, e com o mundo humano, quando os seres do outro começam a surgir.
Jeb não se lembra de nada do que aconteceu no País das Maravilhas, e Alyssa, além de não saber como contar a ele, não sabe como dizer que não está pronta para um compromisso ainda mais sério dentro do relacionamento deles, pelo menos não enquanto ele não souber de toda a verdade.
Morfeu resolve que se passar por um estudante na escola de Alyssa para tentar convencê-la a voltar é uma boa ideia, e por mais que ele seja "irresistível", ele mente, manipula, joga sujo e se aproveita da fragilidade, dos sentimentos e do desespero da menina para fazê-la duvidar de sua sanidade mental, levando todo seu histórico familiar em consideração. E nesse jogo de Morfeu, há várias situações em que ele faz suas investidas pra cima de Alyssa, outras em que Jeb fica com ciúmes, outras em que Alyssa fica dividida entre seus sentimentos, e esse triângulo amoroso só faz estragar essa história com tanto potencial. Penso que não tem a menor necessidade de um conflito amoroso desse tipo para que a história funcione, principalmente por esse fator tomar uma parte muito grande da história que poderia ser usada pra coisas mais importantes, como a batalha entre Alyssa e Vermelha, ou um aprofundamento maior sobre a questão da loucura que é passada pelas gerações da família de Alyssa em vez de apenas sugerir que algo grandioso possa acontecer. Ficamos na expectativa e nada acontece.
A aceitação gradual das origens da protagonista envolvendo magia e loucura foi bacana de se acompanhar, mas Alyssa não é uma personagem com quem me identifiquei ou me simpatizei, então, apesar de haver um leve suspense sobre quando as verdadeiras ameaças vão começar a eclodir, acabei não me importando muito.
A capa vista de longe é muito bonita, mas assim como a primeira, o tratamento dado a ela em editores de imagem é muito exagerado e pesado. A diagramação é muito boa e não percebi erros na revisão.
Enfim, Atrás do Espelho, apesar de não ter superado minhas expectativas, é um livro bom pra quem gosta de fantasias baseadas em clássicos, com toques de suspense, algumas revelações que se encaixam bem com as perguntas levantadas, e reviravoltas relevantes para a história.
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