Autora: Mary Balogh
Editora: Arqueiro
Gênero: Romance de Época
Ano: 2018
Páginas: 272
Nota:★★★★☆
Sinopse: Após ter tido sua cota de sofrimentos na vida, a jovem viúva Gwendoline, lady Muir, estava mais que satisfeita com sua rotina tranquila, e sempre resistiu a se casar novamente. Agora, porém, passou a se sentir solitária e inquieta, e considera a ideia de arranjar um marido calmo, refinado e que não espere muito dela.
Ao conhecer Hugo Emes, o lorde Trentham, logo vê que ele não é nada disso. Grosseirão e carrancudo, Hugo é um cavalheiro apenas no nome: ganhou seu título em reconhecimento a feitos na guerra. Após a morte do pai, um rico negociante, ele se vê responsável pelo bem-estar da madrasta e da meia-irmã, e decide arranjar uma esposa para tornar essa nova fase menos penosa.
Hugo, a princípio, não quer cortejar Gwen, pois a julga uma típica aristocrata mimada. Mas logo se torna incapaz de resistir a seu jeito inocente e sincero, sua risada contagiante, seu rosto adorável. Ela, por sua vez, começa a experimentar com ele sensações que jamais imaginava sentir novamente. E a cada beijo e cada carícia, Hugo a conquista mais – com seu desejo, seu amor e a promessa de fazê-la feliz para sempre
Resenha: Gwendoline Grayson, lady Muir, é uma viúva de 32 anos de idade que aprecia seu status social e sua rotina bastante tranquila. Porém, depois de sete anos estando viúva, embora tenha aprendido a lidar com suas dores, ela se sente bastante solitária na vida. Gwen não planejava se casar outra vez, pois sentiu na pele como os homens se tornam diferentes após o casamento, mas, por se sentir muito sozinha, começou a considerar a ideia de arranjar um marido refinado e tranquilo, e que não fosse muito exigente.
Hugo Emes, lorde Trentham, é um soldado que lutou nas Guerras Napoleônicas, e desde então vem lidando com traumas pessoais e muitos fantasmas. Seu único refúgio é se encontrar com seus companheiros de batalha, que formaram um grupo chamado Clube dos Sobreviventes, e que passaram o mesmo que ele. Só com seus amigos ele consegue ter um pouco de conforto e paz de espírito, esquecendo um pouco dos horrores vividos na guerra. Após o falecimento de seu pai, Hugo, como herdeiro, passou a administrar as terras da família e ficou responsável por tomar conta de Fiona, sua madrasta, e Constance, sua meia-irmã. Fiona é uma mulher que sempre dependeu do marido pra tudo, e, na falta dele, sua inaptidão pra lidar com qualquer assunto é evidente. Constance, que já tem seus dezenove anos, ainda não foi apresentada a sociedade, hábito que já passou da hora de ser feito, e a jovem está encalhada por causa disso. Hugo deveria resolver esses problemas já que Fiona é incapaz, mas o momento não é o mais adequado. Ele não é nenhum cavalheiro e só herdou o título de lorde em reconhecimento por suas atitudes heroicas na guerra. Mesmo sabendo que sua irmã merece o melhor e que ela deveria ter uma mulher mais velha que a orientasse a se comportar em sociedade, ele não tem a menor paciência para lidar com esses dramas femininos e muito menos tinha o hábito de frequentar as rodas aristocráticas de Londres. Porém, este não é o único problema que ele tem nas mãos. A idade para ter um herdeiro também chegou, e a única saída é encontrar uma esposa para que tudo se ajeite como deveria antes que seja tarde demais.
Até o caminho de Hugo e Gwendoline se cruzar depois dela sofrer um acidente numa praia isolada. Após socorrer a moça, ele a leva para Penderris Hall, casa de campo do duque de Stanbrook locas das reuniões do Clube dos Sobreviventes, onde está hospedado junto com os demais amigos. E lá ela ficaria até se recuperar da lesão que sofreu em, seu tornozelo. De início, por serem totalmente opostos, ele resiste por pensar que Gwen é a típica aristocrata mimada, mas, como ela não se intimida pelo jeito grosseirão de Hugo, ele logo se torna incapaz de resistir ao quanto ela é uma mulher adorável. E a medida que o afeto e os sentimentos crescem, ambos vão se conquistando cada vez mais, tendo a certeza que esse relacionamento vai além das boas maneiras, e que só veio para lhes proporcionar experiências únicas que eles jamais imaginaram que fossem ter um dia.
Narrado em terceira pessoa, acompanhamos um romance de época que foge bastante daquela fórmula de mocinha jovem, inexperiente e indefesa caindo nos braços do garanhão esperto. Gwen e Hugo já são adultos, bem resolvidos e tem em comum algum tipo de trauma do passado, e, claro, vão aprendendo a superar tudo juntos, descobrindo o amor quando já estavam desacreditados e quando tinham perdido as esperanças de encontrá-lo, principalmente pelos casamentos, muitas vezes, serem arranjados. Assim, a autora construiu uma história rica em detalhes, que quebra alguns paradigmas e mostra que é possível, sim, superar feridas e descobrir sensações e sentimentos, mesmo que "tarde" (para a época se casar depois dos trinta é muito tarde, sim), além de trazer algumas reflexões sobre empatia e que o sofrimento alheio nunca deve ser diminuído, pelo motivo que for.
Os personagens são complexos devido aos traumas que carregam, e são traumas reais, que tornam o sofrimento deles bastante plausível. Essa carga dramática foi responsável por moldar a personalidade de cada um deles, e por mais doloroso que possa ter sido, eles ainda são pessoas adoráveis, mesmo que não demonstrem. E isso fica claro em Hugo, que é um homem que não tem ideia de como cortejar uma dama e se comporta como um ogro em vários momentos, e até com Gwen, que de certa forma, deixou de acreditar nos homens depois de ter sofrido com o falecido marido. Mas eles despertam o melhor que há dentro deles quando estão juntos, de forma recíproca.
Minha única ressalva é pela forma como esse romance foi desenvolvido. Eles são opostos, mantém diálogos inteligentes e que refletem todo o peso que eles carregam, e, por isso, acabam se completando, porém não senti que a química era forte o bastante. Ao longo da trama as coisas melhoram, mas a narrativa se torna arrastada em vários pontos por ser muito lenta, e até que o romance se concretize, esse desenvolvimento já se tornou um pouco cansativo de se acompanhar. Entendo que a autora parece ter optado por trabalhar cada personagem, revelando suas camadas e deixando o romance em segundo plano, mas se é o próprio romance que foi responsável pela mudança, acho que deveria haver um equilíbrio maior.
Um ponto super positivo é sobre os amigos de Hugo. Mesmo sendo personagens secundários, eles são importantes para o desenvolvimento do protagonista devido ao vínculo que têm com ele, e da própria história em si. A ideia do grupo ter sido formado devido a dor causada pela guerra, mostra que é nos amigos que sempre temos apoio para superar os momentos mais difíceis da vida.
No mais, o livro foge do tradicional do gênero, mas traz uma história inspiradora de superação. Pra quem gosta de romances de época com um toque mais maduro e que traz reflexões mais profundas, é livro mais do que indicado.
Oi Flávia! Romance de época é meu gênero favorito, mas apesar disso as história que carregam demais no clichê do gênero estão começando a se tornar cansativo, porque já sabemos o que acontece no final de histórias do gênero, por isso acho que os autores devem focar no desenvolvimento, trazer algum diferencial e acho que "Uma Proposta e Nada Mais" cumpre com esse objetivo quando traz personagens mais maduros com uma bagagem mais carregada sobre o seu passado. Apesar das ressalvas, me interesso muito pela história.
ResponderExcluirBeijos, Adri
Espiral de Livros