Autora: Laura Sebastian
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia/Jovem Adulto
Ano: 2018
Páginas: 352
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Theodosia era a herdeira do trono de Astrea quando seu reino foi invadido, deixando um rastro de destruição.
Dez anos depois, a princesa, órfã, prisioneira e subjugada, percebe que não lhe resta mais nada, a não ser lutar pela própria liberdade.
O passado, que por tanto tempo ficou enterrado, agora precisa vir à tona para mostrar a Theodosia os caminhos que poderão levá-la de volta ao trono.
Mas Theo conseguirá ser a rainha de que seu povo precisa? Ou será que anos de humilhações transformaram a herdeira da Rainha do Fogo em meras cinzas?
Resenha: Theodosia, ou Theo, é herdeira de Astrea, um reino mágico que fora próspero até a rainha ter sido assassinada. Além de ter presenciado a morte da mãe com apenas seis anos, ela ainda passou a viver como prisioneira quando o reino de Kalovaxia tomou Astrea da forma mais cruel e brutal que se possa imaginar. Os poucos que sobreviveram foram torturados, escravizados e perderam tudo, e mesmo depois de dez anos, Theo, não era apenas exibida como troféu ao segurar a coroa de cinzas nos eventos promovidos para que todos jamais se esquecessem da supremacia kalovaxiana, como também humilhada, abusada psicologicamente e punida na base da tortura, o que lhe rendeu inúmeras cicatrizes nas costas. Para sobreviver aos abusos, Theo criou uma nova identidade para si e se tornou Thora, a princesa das cinzas, uma garota submissa que aprendeu a conviver e aceitar sua condição de escrava em meio a tirania do Kaiser. Mas, quando ela é obrigada a fazer algo inimaginável e algumas pessoas do seu passado retornam, Theodosia percebe que pode haver uma centelha de esperança para todos, e não pode continuar sendo a submissa Thora. Ela decide que precisa fazer alguma coisa para assumir seu lugar como a rainha do fogo de Astrea, reerguendo seu reino e seu povo.
O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Theo, e embora a narrativa seja bastante fluída, é impossível não ler imaginando que Princesas das Cinzas foi construída com a base de outras histórias que existem por aí. Não que isso seja ruim, mas, pra quem já leu outros livros do gênero, não vai conseguir se desprender totalmente e vai ser inevitável não se lembrar de algumas situações vividas pelas demais protagonistas, e a própria capa já um grande indício disso aí. É aquela história da mocinha que perde tudo para alguém cruel e poderoso, todo mundo fica miserável mas em determinado momento ela precisa se "rebelar" e correr atrás do que lhe pertence para salvar a si mesma e o mundo.
Assim, a história vai se desenrolando com uma construção de mundo pobre e com personagens sem profundidade ou camadas, e isso acaba fazendo com que um leitor mais exigente não sinta empatia ou apego por nenhum deles, mesmo que autora tente forçar aquele sofrimento na tentativa de arrancar alguma piedade da gente, a trama acaba caindo naquele mais do mesmo e o resultado final é a de ter lido um livro que tinha potencial, mas que não chegou lá.
A pegada mais sombria em meio à fantasia foi uma ideia bem bacana, com guerras, luta por poder, dominação e tirania que causa aquela agonia e sensação de injustiça, mas mesmo que a leitura seja fluída, os acontecimentos maiores demoram muito pra acontecer devido às contantes e detalhadas recordações do passado de Theo. Entendo que seja importante expor tais acontecimentos para que a história possa ser melhor compreendida, e assim nos situarmos e entendermos o que, de fato, aconteceu para que o reino tenha chegado a esse estado crítico, mas também me peguei pensando em vários momentos em como pode uma criança de seis anos, que na época não entendia tão bem o que diabos estava acontecendo, dar tantos detalhes do que se passou, como foi feito. Talvez o ponto de vista de algum outro personagem ou a própria narrativa ser feita em terceira pessoa poderia ter resolvido isso e tornado tudo mais convincente e melhor.
Theo é uma protagonista meio complicada. Ela passou dez longos anos como mera observadora de todas as atrocidades que o kaiser cometia com o povo e com ela mesma, e não fazia NADA, era inclusive castigada pelos atos dos outros que ela não tinha nada a ver. Sua vida era só humilhação, surras e sofrimento. Então é meio difícil acreditar que alguém tão submissa e covarde se rebele, da noite pro dia, como se não houvesse amanhã. Se ela já tivesse aquela pontinha de rebeldia desde o início tudo bem, mas não. Pra mim a mudança foi rápida e drástica demais, e não houve algo que despertasse isso nela desde o começo para justificar o "agora vai". Como "heroína", ela tem pensamentos e atitudes questionáveis e até condenáveis, pois é frágil, indecisa e medrosa. Como alguém assim pode ter a responsabilidade de tomar decisões para o povo na situação desesperadora que eles se encontram? Boa coisa não pode dar...
A história também tem suas conveniências para facilitar a trama e um triângulo amoroso sem necessidade, e os demais personagens não são muito interessantes, pois além de serem construídos baseados nas mesmas fórmulas e estereótipos, não tiveram um desenvolvimento satisfatório o bastante para que eu me importasse com eles.
Enfim, Princesa das Cinzas não traz uma história inovadora e arrebatadora, mas pode ser, sim, um livro que proporciona alguns momentos de entretenimento pra quem gosta do gênero. O livro não é de todo ruim, tem seus momentos envolventes, com reviravoltas e magia, mas senti que a história carecia de mais explicações e os personagens serem um pouquinho mais complexos para que se tornassem mais sólidos. Pra quem gosta de histórias onde fica claro que a esperança é algo que não se deve perder jamais, é uma boa leitura, e espero que o próximo volume traga mais explicações e se aprofunde mais nos personagens para melhorar as coisas.
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