Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Juvenil
Ano: 2021
Páginas: 448
Nota:★★★★☆
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Sinopse: Na aguardada continuação de Aristóteles e Dante descobrem os segredos do Universo, Ari e Dante vão lutar com todas as forças para transformar o mundo em um lugar onde possam ser livres juntos e sem medo.
A vida de Aristóteles mudou completamente desde que conheceu Dante Quintana. Com Dante, Ari aprendeu a achar graça nas pequenas coisas da vida e descobriu o coração enorme que tem, capaz de amar muitas pessoas ― inclusive outro garoto.
Agora, os dois estão prestes a começar o último ano do ensino médio e, mesmo sabendo que em breve terão que fazer escolhas importantes para o futuro, estão se abrindo para novos amigos, novos lugares e para as próprias famílias ― até que Ari sofre uma perda terrível e, mais do que nunca, precisará do apoio de Dante.
Nesta continuação de Aristóteles e Dante descobrem os segredos do Universo, reencontramos nossos heróis no momento em que o primeiro romance termina, para seguir com eles pelas águas de um mundo novo, que pode ser perigoso e difícil, mas também vasto e cheio de possibilidades.
Resenha: Depois de sete longos anos de espera, eis que chegou a continuação de Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo, escrito pelo autor Benjamin Alire Sáens e publicado pela Seguinte aqui no Brasil.
Eu lembro de ter lido o livro (daria 4 estrelas até), mas não resenhei porque a resenha já tinha sido feita pelo Lucas, que era colaborador aqui do blog na época. Porém, como 7 anos é um intervalo grande demais pra se manter a história fresca na cabeça, lá fui eu reler o primeiro livro pra poder lembrar da história, e depois ler esse segundo.
Então, pra resumir e recaptular, a história se passa na famigerada década de 80, em El Paso, Texas, e tráz Aristóteles "Ari" Mendoza, que apesar de ter crescido numa família amorosa, tem problemas com os pais por se sentir traído já que eles "apagaram" os vestígios de seu irmão mais velho, do qual ele nem se lembra. Ele sente que vive uma vida escrita por outra pessoa, não tem amigos e vive muito sozinho. Até ele conhecer Dante Quintana numa piscina, e ele se oferece pra ensinar Ari a nadar. Os dois estão igualmente perdidos, e surge alí uma relação de amizade e uma ligação muito forte que vai sendo construída ao longo de dois anos, dos quinze aos desessete anos dos dois, que vai desafiar as crenças de Ari sobre si mesmo e sobre sua capacidade de amar, até ele perceber que está apaixonado por Dante.
Agora em Aristóteles e Dante Mergulham nas Águas do Mundo, a história segue de onde parou, onde eles embarcam nesse relacionamento enquanto lidam com a crueldade do mundo.
Antes de tudo, acho que devido a polêmica envolvendo transfobia no livro anterior e o assédio que o autor cometeu com leitores trans, Sáenz parece ter tentado consertar a suposta caca que fez nesse segundo volume. Mesmo que o autor ainda fale sobre sentimentos capturando a voz adolescente como poucos fazem, senti que nesse volume teve uma leve diferença de estilo. Não sei se pelo fato do acréscimo de novos personagens ou por causa de boa parte do livro não ter a presença de Dante.
Um ponto que acho bem importante ressaltar, é sobre as questões envolvendo a sexualidade e o suposto preconceito de que muita gente fala que problematizou tanto a história. No MEU entendimento e na MINHA opinião, o autor, independente do que fez ou do que as pessoas acham dele, abordou as problemáticas ocorridas na década de 80, enfatizando como as pessoas pensavam e agiam diante de um público que sequer tinha siglas pra os representar, e sem romantizar as barbaridades que eles enfrentavam. É triste, é absurdo, é condenável, mas a gente sabe que a sociedade já foi muito pior do que é hoje, e ainda bem que está caminhando pra mudanças mulhores, mesmo que o caminho ainda seja longo pra alguns.
Enfim, o livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Ari com capítulos curtos, com foco nos diálogos e bem fluídos, e é impossível não se emocionar ou não se conectar com seus pensamentos. Ele tem ums enorme facilidade com palavras, e isso acaba sendo uma boa válcula de escape para seus dilemas e sentimentos. Apesar de Ari ter muito mais espaço nas páginas do que Dante, foi bem emocionante ver o desenvolvimento do relacionamento dos dois, principalmente porque era uma época complicada de se viver, a época que a AIDS começou a assolar comunidade, causando dor, sofrimento e mortes.
E foi muito satisfatório acompanhar o desenvolver desse relacionamento, a descoberta mútua sobre suas particularidades, sobre seus desejos, sobre seus próprios corpos, assim como a tensão pela descoberta dos pontos negativos de suas naturezas individuais e personalidades, afinal, ninguém é totalmente perfeito. Percebi que Ari parece ter regredido nessa "jornada", como se sua vida fosse resumida ao relacionamento dele com Dante, e como Dante "desaparece" enquanto Ari está no colégio, a jornada de amadurecimento e aprendizado fica focada principalmente em Ari. Mas, além disso, o autor também abordou as questões familiares bastante delicadas dos personagens de uma forma muito satisfatória. Finalmente vemos Ari numa tentativa de superar os obstáculos que o mantinha afastado de seu pai, ou ainda quando ele enfrenta o irmão. São atitudes muito corajosas no contexto em que ele vive, e mostra o quanto ele amadureceu, seja na questão dos seus objetivos de vida, sua auto-aceitação, ou pra tentar se adaptar, inclusive permitindo a aproximação de outras pessoas, onde ele vai se abrindo para amizades novas em vez de se fechar e se isolar em sua própria bolha como fazia antes. E é aí que entra Gina, Susie, Cassandra... Não sei se a presença das meninas acabou tirando Dante de campo em prol do amadurecimento e autoconhecimento de Ari, mas não posso negar que a amizade que eles passaram a ter é muito fofa, enche o coração e emociona.
O autor fala sobre solidão, sentimento de pertencimento, aceitação e melancolia nessa fase da adolescência com muita propriedade, e por mais que seja uma fase chata ou difícil de se passar, principalmente quando há questões de sexualidade envolvidas numa época tão complicada na história, . Aristóteles e Dante Mergulham nas Águas do Mundo conseguiu ser poético e muito comovente. Pra ser bem sincera o primeiro livro tinha terminado de uma forma satisfatória e não havia a menor necessidade de se ter uma continuação, mas já que teve, foi uma boa experiência e recomendo a leitura.
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