Editora: Seguinte
Gênero: HQ/Romance/Juvenil
Ano: 2022
Páginas: 384
Nota:★★★★★♥
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Sinopse: Depois de entenderem o que sentiam um pelo outro, Charlie e Nick se tornaram oficialmente namorados, e cada dia é uma nova oportunidade para se conhecerem um pouco mais. Mas nem tudo é fácil, principalmente quando se trata de se assumir enquanto casal para o mundo. Mesmo com medo da reação das pessoas, os garotos sabem que em breve terão de contar a verdade, pelo menos para os amigos mais próximos ― ainda mais quando a turma toda viaja a Paris.
Enquanto decidem como dar este próximo passo, os dois vão descobrir que, não importa qual seja o desafio, eles podem sempre contar um com o outro.
Resenha: Depois que Nick levou um tempo para entender sobre sua sexualidade e seus sentimentos em relação a Charlie, os dois finalmente engataram um namoro. Nick já havia contado pra sua mãe sobre seu lance com Charlie, e agora foi a vez de Charlie contar para seus pais sobre seu relacionamento com Nick, e todos aceitaram e apoiaram os meninos tratando tudo com a maior naturalidade. Mesmo que haja algumas suspeitas sobre os dois entre alguns alunos, nenhum deles assumiu nada em público ainda, pois Charlie estava esperando Nick entender os próprios conflitos e dúvidas sobre essa nova descoberta sobre si mesmo.
Eles sabem que os sentimentos estão mais intensos e o que há entre eles fica mais sério a cada dia que passa, então é só uma questão de tempo para assumirem que são um casal, mas o medo da reação das pessoas e do preconceito frente a essa "notícia bombástica" ainda é um problema. E tudo fica mais desafiador quando as escolas Truhan e Higgs promovem uma excursão a Paris e os alunos dividiriam quartos e passariam bastante tempo juntos. Agora, Charlie e Nick precisam decidir, com a ajuda dos amigos de confiança, como irão assumir o namoro, quem são e o que sentem um pelo outro. Tara e Darcy não se assumiram oficialmente, mas pararam de esconder o namoro e simplesmente deixaram rolar sem se importar com a opinião alheia, e isso acaba sendo um grande incentivo para os meninos, mas alguns fatores acabam tendo um peso enorme nessa decisão, fazendo com que Charlie se sinta culpado por achar que está pressionando o namorado, e com que Nick se sinta impedido de tomar alguma atitude, mostrando o quão difícil é darem esse grande passo.
Mais uma vez eu venho aqui com o coração quentinho e uma lagriminha no cantinho do olho pra exaltar essa história totalmente adorável. É incrível como a autora consegue dar continuidade à história de Nick e Charlie com tanta naturalidade e sutileza, despertando empatia e emocionando os leitores com as pequenas grandes atitudes que os personagens tomam e ainda ter o cuidado de dar alertas de gatilho pra algumas situaçoes delicadas que aparecem, coisa que fui conferir na edição em inglês, porque nos livros publicados no Brasil não aparecem, infelizmente.
Eles querem se assumir, querem mostrar pro mundo que se amam e estão radiantes de felicidade em companhia um do outro, mas a dificuldade e o medo do preconceito e da homofobia que podem vir a sofrer é real e preocupante pra eles. É inegável que a autora conseguiu mostrar o quanto é difícil pra casais LGBTQIA+ serem vistos como um casal comum, sem que haja piadinhas, comentários ridículos ou olhares atravessados vindos de gente intolerante, e isso acaba dificultando ainda mais a questão de Nick se assumir. Lidar com esse tipo de coisa sem que eles se sintam as piores pessoas do mundo, como se eles tivessem fazendo algo sujo ou errado, é super doloroso. E esses pequenos diálogos onde os meninos expõe esse tipo de sentimento são emocionantes e tocam lá no fundo da alma, a forma como Charlie tenta evitar que Nick sofra algum tipo de bullying como ele sofreu pra protegê-lo é incrível, e o mais legal é que as ilustrações, por mais simples que sejam, trazem expressões tão intensas que alguns quadrinhos sequer precisam de palavras para entendermos o que se passa, o olhar já entrega tudo.
Paris, com direito a Torre Eiffel, Louvre e Arco do Triunfo como pano de fundo foi uma escolha um tanto romântica nesse passo dos meninos, e de alguns outros personagens, e combinou super bem com a proposta. Eu fiquei muito emocionada com a cumplicidade dos meninos, do quanto eles se sentem confortáveis para falar um com o outro sobre seus maiores medos, de como eles funcionam muito bem juntos ou quando enxergam algum problema sem que falem nada, como é o caso de Nick perceber que há algo de errado com a alimentação de Charlie e isso acabar refletindo em algo sobre ele lá na frente.
A forma como o círculo de amigos dos meninos é livre de qualquer tipo de preconceito também é um ponto super bacana e positivo. Outra cena super sensível e marcante é quando a professora de Educação Física flagra os dois se beijando e Nick fica com medo de receber algum tipo de castigo, mas diferente do que esperava, ela oferece todo o apoio caso alguém implique, e ainda lembra da sua época na escola, quando conheceu sua então esposa por quem é totalmente apaixonada. Ou seja, há representatividade em diversos personagens, de qualquer idade ou posição, e os meninos, além de terem suporte, não estão sozinhos nessa.
A autora também dá espaço e cria arcos super interessantes entre os personagens secundários que também enfrentam seus próprios dilemas no que diz respeito aos seus sentimentos e sexualidade, como é o caso de Tao, que tem uma enorme dificuldade em assumir seus sentimentos por Ellie, a amiga trans que faz parte do grupinho, por medo de estragar a amizade dos dois. Enquanto isso, os meninos evitam qualquer coisa que possa denunciar esse relacionamento na frente do amigo pois sentem que ele ainda não está preparado pra saber já que fala alto e é um tanto desmiolado. Foi por causa de comentários que Tao fez no passado que os alunos souberam sobre Charlie ser gay e começaram a importuná-lo, mas Tao não se dá conta que possa ter algo a ver com isso já que não faz nada por mal. Charlie fica numa situação delicada, pois sente que não devia esconder seu namoro do amigo, mas quem garante que ele não vai dar nenhum vacilo caso fique sabendo?
Enfim, os dilemas continuam, mas os meninos se apoiam, têm ajuda dos amigos e da família, e conseguem superar e enfrentar muitas coisas juntos nessa decisão de darem esse passo tão grande. Não é fácil, é muita coisa pra dois adolescentes lidarem, mas a gente acaba percebendo que desde que o amor seja sincero e verdadeiro, no final as coisas vão caminhando pra um final feliz.
Continuo recomendando a série pra todo mundo que gosta de romances leves e sensíveis, que traz toques de parte da realidade do público LGBTQIA+ que está nessa jornada de lidar com conflitos da autodescoberta e da autoafirmação, e que.
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