Distribuidora: Netflix
Elenco: Jenna Ortega, Gwendoline Christie, Catherine Zeta Jones, Luis Guzmán, Christina Ricci, Emma Myers, Hunter Doohan, Percy Hynes-White, Riki Lindhome, Georgie Farmer, Joy Sunday, Moosa Mostafa,
Gênero: Sobrenatural/Fantasia/Mistério
Ano: 2022
Duração: 55min
Classificação: +12
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Inteligente, sarcástica e apática, Wandinha Addams pode estar meio morta por dentro, mas na Escola Nunca Mais ela vai fazer amigos, inimigos e investigar assassinatos.
"As redes sociais são um vazio de afirmações insignificantes"Addams, Wandinha
Com a ajuda de Mãozinha, conforme Wandinha investiga os mistérios da cidade e da escola para descobrir quem é o assassino, ela também equilibra as investigações fazendo amizades e inimizades por aí, e ainda tem sessões de terapia compulsória numa tentativa de controlar melhor seu temperamento bizarro e seu instinto assassino.
A série tem vários toques de bom humor e traz várias referências que, num geral, casam bem com as cenas um pouco mais pesadas que envolvem violência, sangue esguichando, partes de corpo espalhadas e feridas abertas e horrorosas. Mas apesar de ser divertida e bem instingante, o que não curti muito foi exatamente o aproveitamento dos personagens da família Addams, que inclusive já foi bastante explorada, pra criar uma história que poderia ter sido feita com qualquer outro personagem nesse estilo a la Tim Burton (tornando as coisas um pouco mais originais talvez?). Essa pegada adolescente de primeiro amor, primeiro beijo, paixões não correspondidas, enemies to friends e afins não parecem se encaixar muito bem na atmosfera mórbida e obscura da qual quem cresceu assistindo Família Addams se lembra, e a nostalgia acabou ficando prejudicada pra mim nesse sentido. Muitos personagens não foram bem aproveitados, como é o caso de irmão de Wandinha, Feioso, que só aparece pra comer; Tio Chico, que acaba aparecendo pra ser um facilitador de enredo, fazendo uma participação um tanto conveniente para o desenrolar dos fatos; e os próprios pais, Mortícia e Gomez, que parecem estar deslocados e sem personalidade alguma.
Outra coisa é que em meio a essa investigação sobrenatural da qual Wandinha deposita toda a sua energia, ao final quando a identidade do monstro enfim é revelada, fiquei com aquela sensação de que qualquer um poderia ter assumido esse papel e a série poderia ter tido dezenas de finais diferentes de acordo com a conveniência.
Na série, Wandinha está aprendendo mais sobre seu dom sobrenatural há pouco descoberto, que é ter visões do passado e do futuro quando encosta em alguém ou em alguma coisa ligada a determinado acontecimento, o que, obviamente, a ajuda muito durante suas investigações. Quando ela entra em transe durante as visões é um tanto assustador, pois ela fica com os olhos vidrados e joga o corpo pra trás de repente como se fosse se partir ao meio, e acredito que o incômodo que essa esquisitice causa em quem assiste, assim como a expressão firme e mega rígida da personagem que não pisca uma vez sequer e faz qualquer um pensar que ela seja uma maníaca, é totalmente proposital - e bem colocada inclusive. A ideia dela estar num ambiente que faz com que ela demonstre o quanto é forte, corajosa e amadureça com essas experiências é bastante interessante e fortalece essa personalidade peculiar, e penso que seja mais interessante do que os momentos em que ela começa a ceder a ponto de demonstrar um pouco de humanidade, compaixão e, pasmem, sentimentos. É quase a mesma coisa que esperar que, por exemplo, uma Miranda Priestly da vida (Meryl Streep em O Diabo veste Prada) peça desculpas pra alguém. Inconcebível.
Enfim, o visual da série é super adequado ao que se propõe, pois parece ampliar a atmosfera sombria da família pra outros ambientes, fazendo com que a protagonista leve o preto e branco por onde passa. O ar de lugubridade que cerca Wandinha promove um enorme constraste com a escola e a cidade, principalmente no que diz respeito a sua colega de quarto, Enid Sinclair, uma adolescente que descende de uma família de lobisomens, feliz, sorridente e saltitante, sempre empolgada com qualquer coisa, viciada em redes sociais, maquiagem, contato físico e mais cores do que Wandinha é capaz de suportar.
Sei que as propostas são diferentes, mas ainda acho que Angelica Houston como Mortícia, e Christina Ricci como Wandinha da família Addams dos anos 90 são insuperáveis, inclusive Ricci também faz parte do elenco interpretando Marilyn Thornhill, a professora de Herbologia (se não me engano) de Nunca Mais e que parece ter muitos segredos. Achei super legal a participação dessa atriz na série.
No mais, penso que seja uma série pra assistir sem compromisso, pra se divertir e curtir, e pra se curar de uma ressaca de outra série mais pesada. Tem suas falhas, tem seus clichês, talvez funcione melhor com um público que teve pouco ou nenhum contato com o material original para evitar comparações, mas não nego que gostei e maratonei até acabar.
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