Título: A Rainha Vermelha - A Rainha Vermelha #1
Autora: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Gênero: Distopia/Jovem Adulto/Fantasia
Ano: 2015
Páginas: 422
Nota:
★★★★★♥
Onde Comprar: Saraiva |
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Americanas
Sinopse: O mundo de Mare Barrow é dividido pelo sangue: vermelho ou prateado. Mare e sua família são vermelhos: plebeus, humildes, destinados a servir uma elite prateada cujos poderes sobrenaturais os tornam quase deuses.
Mare rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde mora. Entretanto, numa reviravolta do destino, ela consegue um emprego no palácio real, onde, em frente ao rei e a toda a nobreza, descobre que tem um poder misterioso… Mas como isso seria possível, se seu sangue é vermelho?
Em meio às intrigas dos nobres prateados, as ações da garota vão desencadear uma dança violenta e fatal, que colocará príncipe contra príncipe — e Mare contra seu próprio coração.
Resenha: A Rainha Vermelha é o primeiro livro de uma trilogia de mesmo nome escrito pela autora
Victoria Aveyard e publicado no Brasil pela
Editora Seguinte.
O mundo já não é mais o mesmo. O ano é 320 da Nova Era e a sociedade é dividida pelo sangue que corre nas veias dos cidadãos. De um lado estão os
vermelhos, que nasceram em condições precárias, miseráveis e vivem para servir. Do outro lado, estão os
prateados, que são a elite e se destacam por terem desenvolvido poderes especiais (e algumas vezes terríveis) de manipulação ou controle e, assim, detém o poder sobre os primeiros sendo superiores em todos os sentidos.
Há um sistema político onde a monarquia de Norta dita as leis e o reino vive em uma guerra constante. Por mais que existam soldados prateados ou gladiadores que lutem exibindo seus poderes nas arenas de Efemérides, os vermelhos são os enviados à linha de frente para serem usados como iscas e escudo humano na guerra.
Em meio a este cenário, conhecemos Mare Barrow, uma vermelha que mora no vilarejo de Palafitas e que está prestes a atingir a maioridade e ser enviada ao front. Ela vem de uma família simples e é a quarta de cinco irmãos. Seus três irmãos mais velhos já foram enviados à guerra por não terem conseguido arranjar um emprego fixo antes de completar dezoito anos, e a mais nova, Gisa, tem um emprego como aprendiz de costureira no castelo e é um exemplo do que os pais gostariam que Mare seguisse. Ela odeia os prateados por tudo o que são e por tudo o que fazem contra os vermelhos e não pode fazer nada pra mudar isso. O que Mare faz frequentemente pra ajudar no sustento da família é cometer roubos, e isso é uma vergonha para os seus pais.
Mare cultiva uma amizade fiel com Kilorn desde a infância. Ele também está pra completar dezoito anos e é aprendiz de pescador. A vida dele parece estar garantida longe da guerra, mas as circunstâncias tomam outro rumo quando a situação muda de cenário após uma reviravolta do destino e Mare se encontra com um trabalho no palácio real e descobre ser dona de um poder que jamais imaginou que pudesse ter...
Devido ao grande sucesso da obra seguido pela sua adaptação cinematográfica, as expectativas estavam nas alturas, e tive um pouco de receio ao saber que a história tinha elementos já conhecidos e que, de certa forma, lembravam outras, como X-Men, Jogos Vorazes, As Crônicas de Gelo e Fogo e até A Seleção. Meu medo era me deparar com uma história nada original e que poderia cair em clichês, mas a autora conseguiu construir um enredo super convincente num cenário fantástico e presenteou os leitores com algo incrível e surpreendente, mesmo que já visto. O livro, com certeza, superou as expectativas e se tornou um dos melhores que já li.
Com uma escrita fluída, fácil e completamente viciante,
A Rainha Vermelha é uma fantasia épica - e até escura - com um leve toque de distopia contemporânea voltado ao público jovem adulto. Não acredito que possa ser classificado inteiramente como uma distopia pois há uma monarquia e, obviamente, os súditos devem obedecer as leis impostas pelo rei. Inclusive são os prateados que, até então, disputam o poder entre si e buscam por alianças a fim de fortalecer a si próprios através de casamentos arranjados e combinações de poderes.
Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista da protagonista, acompanhamos a saga de Mare, que se encontra numa situação difícil envolvendo questões políticas e pessoas poderosas cujas intenções, além de não serem muito claras, nunca são confiáveis. Mare descobre ser mais especial do que pensa quando, na Prova Real, um evento no palácio onde jovens se apresentam para o príncipe herdeiro em busca de se tornarem a futura rainha, ela descobre possuir poderes, e isso a coloca numa posição delicada e muito perigosa pois é algo jamais visto e que poderá por abaixo o sistema de controle do reino. A rainha quer mantê-la sob vigilância constante para descobrir mais sobre o que houve.
Paralelamente a isso, um grupo rebelde intitulado Guarda Escarlate composto por vermelhos luta por liberdade usando de violência contra os prateados. Mas atacar a elite é um ato imperdoável e eles não irão deixar isso barato tornando a ação da trama frenética e um enorme clima de tensão no ar.
Sobre o romance, não vou negar que não exista, mas o foco não é este e fiquei super agradecida em não encontrar nada que pudesse considerar meloso ou que desviasse a atenção dos personagens que estão num conflito de uma complexidade sem tamanho e não poderiam perder tempo com isso. A questão envolve muito mais confiança do que preocupações com quem ficar ou não ficar, principalmente por Mare estar num lugar onde qualquer um pode trair qualquer um.
Mare vive uma mentira num mundo que pra ela era desconhecido, em meio a pessoas que nunca são quem parecem ser, mas ainda assim precisa continuar com isso a fim de proteger sua família além de ajudar os vermelhos a serem tratados como iguais enquanto luta para derrubar a desigualdade.
A autora caracterizou os personagens de forma genial. Os prateados, por possuírem o sangue desta cor, tem a aparência fria, e combinando isso com a posição hierárquica em que eles se encontram além das Casas que ocupam, tudo fez muito mais sentido e se tornou bastante crível. Seus superpoderes tem classificações de acordo com o que podem fazer, então nos deparamos com "Murmuradores" (telepatas que podem controlar e ler mentes alheias), "Ninfoides" (manipulam a água), "Verdes" (controlam a vegetação), "Clonadores" (se multiplicam), "Magnetrons" (controlam e manipulam metais), "Curandeiros" e etc... Podemos perceber uma enorme referência a X-Men e não pude deixar de "identificar" poderes de alguns personagens já conhecidos e bem famosos nesta história mas que, considerando personalidade e objetivos, seguem por um caminho totalmente diferente usando seus poderes para outros propósitos.
Já os vermelhos são a escória, são escravizados, desumanizados, e representam o povo oprimido e sofredor que está em busca da liberdade que parece impossível ter.
A capa dá ideia do que a história nos reserva e, mesmo que seja aparentemente simples, é cheia de significado e nos permite supor onde a protagonista poderá chegar em sua trajetória...
A Rainha Vermelha é uma história recheada de violência e conspirações, que faz o leitor refletir sobre a inversão de valores, o preconceito e a opressão que alguns enfrentam, mas retrata uma verdadeira luta pelo autoconhecimento e pela superação a fim de atingir objetivos importantes e realmente dignos de se alcançar.
Já entrou para os favoritos e resta aguardar os próximos livros ansiosa...