Editora: Suma de Letras
Gênero: Suspense/Fantasia
Ano: 2022
Páginas: 208
Nota:★★★★☆
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Sinopse: O primeiro livro de Stephen King em edição especial com capa dura, nova tradução e conteúdo extra. Clássico moderno, Carrie conta a história da adolescente com poderes telecinéticos, do bullying que sofreu e de sua jornada violenta de vingança ― até hoje, a estreia revolucionária do mestre do terror é um dos romances mais inovadores e chocantes de todos os tempos.
Carrie White é uma adolescente tímida, solitária e oprimida pela mãe, cristã ferrenha que vê pecado em tudo. A rotina na escola não alivia o dia a dia em casa. Para os colegas e professores, ela é estranha, não se encaixa e, por consequência, é alvo constante de bullying.
O que ninguém sabe ainda é que, por trás da aparência frágil e indefesa, Carrie esconde um enorme poder: ela consegue mover objetos com a mente. Trancar portas. Derrubar velas. Dom ou maldição, isso mudará para sempre o destino das pessoas que algum dia lhe fizeram mal.
Resenha: Publicado pela primeira vez em 1974, Carrie foi o primeiro livro escrito por Stephen King e se tornou um clássico moderno da literatura que já teve várias edições e cinco adaptações cinematográficas.
Agora em 2022, a Suma trouxe a obra para compor a belíssima coleção Biblioteca Stephen King (que, diga-se de passagem, é indispensável para os fãs do autor) sob nova tradução, capa dura e novo projeto gráfico.
A história vai falar sobre Carrieta White, ou Carrie, uma adolescente que vivia na cidade de Chamberlain, no Maine. Carrie tinha a aparência frágil e indefesa, era muito solitária e retraída, e que além de ser muito oprimida pela mãe, uma fanática religiosa que vê pecado em tudo e todos, ainda era vítima de constantes episódios de bullying na escola. O que ninguém sabia é que Carrie tem o dom da telecinese, que a torna capaz de mover objetos com o poder da mente. Ter sido convidada pro baile da escola pra ser alvo de mais uma "brincadeira" de mal gosto foi a gota d'água, e por estar saturada de ser alvo de tantas humilhações, ela chega ao seu limite a ponto de usar seus poderes para se vingar de todos aqueles que lhe fizeram mal.
A narrativa do livro é um apanhado feito por um jornalista sobre a investigação e tudo o que foi publicado a respeito do caso: transcrições de relatos, entrevistas, depoimentos e trechos extraídos de livros e artigos que foram feitos sobre a vida de Carrie, seu poder, e a fatídica noite do famigerado baile. Não há capítulos, mas sim uma alternância entre tempo e foco pra falar sobre as características e particularidades dos personagens, que, de alguma forma, tiveram algum envolvimento ou ligação com a protagonista. Esse formato epistolar de escrita, apesar de ter sido um pouco confuso, é interessante, pois, mesmo que seja fictício, deixa o leitor bem envolvido com a história, como se tivesse acesso a um tipo de dossiê sobre o ocorrido em Chamberlain e as explicações para o poder sobrenatural de Carrie.
Mesmo que Carrie tenha sido o primeiro livro escrito pelo autor, já fica evidente o talento dele em criar suspenses envolventes e com detalhes que deixam a história bastante rica. Confesso que me incomodou um pouco a forma como ele descreve as situações que envolvem a primeira menstruação da protagonista, mas acabei relevando por entender que foi um fator utilizado para que a pobre da Carrie fosse ainda mais humilhada do que já costumava ser, o que contribuiu para que seu ódio e seu desejo por vingança contra todos aqueles trastes só aumentassem mais. A aflição de acompanhar Carrie tendo cada passo reprimido e condenado pela mãe lunática e dominadora, assim como as constantes implicâncias e agressões que os alunos da escola fazem com ela, simplesmente por ela ser diferente, é inevitável.
No final das contas não acho que esse livro seja uma leitura de terror, mas sim um suspense com toque sobrenatural sobre uma garota que depois de viver reprimida por toda sua vida, chegou ao seu limite e se vingou de um bando de hipócritas intolerantes. Pessoas estas que fingem ser idôneas e decentes, mas a única coisa que sabem fazer é prejudicar o próximo pra se darem bem e fazer o mal contra quem, aparentemente, não pode se defender, e ainda se fazem de vítimas quando a hora de enfrentar as consequências dos próprios atos chega. Sendo assim, talvez seja possível considerar que Carrie não foi atrás de vingança, mas sim de justiça.
Essa nova edição que compõe a Coleção Biblioteca Stephen King é bem caprichada e ainda tráz um texto do autor sobre o processo de escrita do livro. Pra quem gosta de suspenses clássicos e quer experimentar uma leitura mais leve de King, Carrie é uma boa pedida.