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Os Números do Amor - Helen Hoang

11 de novembro de 2018

Título: Os Números do Amor - The Kiss Quotient #1
Autora:  Helen Hoang
Editora: Paralela
Gênero: Romance/Chick-lit
Ano: 2018
Páginas: 304
Nota:★★★★★
Sinopse: Já passou da hora de Stella se casar e constituir família — pelo menos é isso que sua mãe acha. Mas se relacionar com o sexo oposto não é nada fácil para ela: talentosa e bem-sucedida, a econometrista é portadora de Asperger, um transtorno do espectro autista caracterizado por dificuldades nas relações sociais. Se para ela a análise de dados é uma tarefa simples, lidar com os embaraços que uma interação cara a cara podem trazer parece uma missão impossível. Diante desse impasse, Stella bola um plano bem inusitado: contratar um acompanhante para ensiná-la a ser uma boa namorada.
Enfrentando uma pilha cada vez maior de contas, Michael Phan usa seu charme e sua aparência para conseguir um dinheiro extra. O acompanhante de luxo tem uma regra que segue à risca: nada de clientes reincidentes. Mas ele se rende à tentação de quebrá-la quando Stella entra em sua vida com uma proposta nada convencional.
Quanto mais tempo passam juntos, mais Michael se encanta com a mente brilhante de Stella. E ela, pela primeira vez, vai se sentir impelida a sair de sua zona de conforto para descobrir a equação do amor.

Resenha: Stella Lane é uma mulher de trinta anos, talentosa, super inteligente e bem sucedida em todos os aspectos da sua vida, menos no amor... Sua mãe não pára de pressioná-la pois já passou da hora dela arranjar um marido pra que ela possa constituir uma família e lhe dar netos. Stella é uma mulher solitária e, muitas vezes, acaba sendo incompreendida. Ela é portadora da síndrome de Asperger, um transtorno do espectro autista, e isso faz com que ela tenha uma enorme dificuldade de se relacionar com outras pessoas. Ele se constrange com muita facilidade e é cheia de excentricidades que, segundo ela, são um enorme obstáculo para um futuro relacionamento. O que ela queria era passar a vida com alguém que a aceite do jeitinho como ela é, mas ela acha que seu autismo é um grande impedimento, não só no âmbito da interação social em si, mas também numa possível intimidade mais "caliente", onde ela não sabe se será boa no assunto, ou que pelo menos vá tomar gosto pela coisa... E é aí que ela tem a ideia genial de contratar Michael Phan, super entendido no assunto, para poder ensiná-la tudo sobre ser uma boa namorada, e também o que deve ser feito entre quatro paredes.
Michael é um cara lindo e trabalha como designer de moda. Ele preza muito por sua família, principalmente depois do seu pai ter os abandonado. Sua mãe está lutando contra o câncer, as despesas médicas não param de crescer, e as contas não se pagam sozinhas, então ele usa todo o seu charme e poder de sedução para ganhar uma graninha extra como acompanhante. Mas ele tem uma condição: Não faz mais do que uma sessão por cliente. Porém, depois da sua primeira noite com Stella, ele pode estar disposto a abrir uma pequena exceção.

São poucos os livros/filmes que trazem personagens com algum transtorno do tipo, acho que o que me vem a mente agora é o livro O Projeto Rosie, e a animação Mary & Max. Não posso dizer que há um estereótipo nesses personagens, pois o comportamento de quem tem a Síndrome de Asperger é ser basicamente alguém muito inteligente e habilidoso com números, ter várias fobias e manias "esquisitas", e ter bastante dificuldade na socialização. Claro que há variáveis, mas não tem como fugir muito dessas características principais. E considerando que dessa vez a portadora do Asperger é uma personagem feminina, e que a história envolve muito do lado da sexualidade dela, achei que a autora foi bem feliz na escolha do que escrever, mesmo que alguns clichês tenham sido invertidos.
A visão que a autora deu desse espectro foi maravilhosa, mostrando o dia-a-dia de Stella desde como ela enxerga a mundo à sua volta, qual a importância que ela dá pra listas, horários e afins, até a forma como ela reage a sons, luzes, sons e toques... A forma como a autoaceitação é explorada também é incrível, pois Stella sabe de sua condição, aceita a si mesma com todas as suas diferenças, e não tem intenção nenhuma de mudar por causa de ninguém.

As cenas de sexo são ótimas, e mesmo que sejam bem explícitas, são muito bem descritas, naturais e nada exageradas. Mas além do sexo fumegante, o romance que vai surgindo aos poucos e as ​​mensagens adoráveis que estão dentro deste livro acabam dando aquele quentinho no coração e arrancando aquele sorriso no canto da boca, principalmente quando evidencia a importância do consentimento e dos limites. Michael é sempre muito atencioso e paciente, e nunca pensa duas vezes ao colocar as necessidades dela em primeiro lugar, sem avançar nenhuma linha que Stella não queira ou não esteja pronta para ultrapassar.

A capa do livro foi o que me chamou atenção inicialmente. Adoro capas com silhuetas, e aqui elas ainda são estampadas com flores, borboletas e fórmulas matemáticas estrambólicas que ilustram perfeitamente um pedacinho de quem é a protagonista. A diagramação segue o padrão da Paralela: é simples, capítulos {numerados} entre chaves, com diálogos indicados por aspas e páginas amarelas.

Enfim, nessa época onde a representatividade é tão importante, acho mais do que válido destacar aqueles que fazem parte de uma minoria, mesmo que eles não tenham nada de "inferiores" frente aos outros, muito pelo contrário. A história, no geral, é muito bacana, e mesmo que seja previsível, penso que deve ser exatamente este o tipo de leitura que foge um pouco da mesmice e que veio para atingir um público maior no gênero de romance. Basta dar uma chance para se apaixonar por esse casal super improvável mas que combinam perfeitamente bem.

Salve-me - Rachel Gibson

19 de junho de 2016

Título: Salve-me - Lovett, Texas #3
Autora: Rachel Gibson
Editora: Jardim dos Livros/Geração Editorial
Gênero: Chick-lit/Romance
Ano: 2016
Páginas: 272
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: A salvação de Sadie Hollowell e Vince Haven depende de muitos fatores. Ele voltou traumatizado da guerra ao terrorismo no Afeganistão e ela, aos 33 anos, acha ridículo ser convidada para ser dama de honra do casamento de uma prima no interior do Texas, onde nasceu. Ambos estão perdidos, à procura das raízes e de uma identidade que a vida foi esfacelando, e são atormentados por uma atração sexual violenta que demora muito a se transformar em amor e compromisso.
O que se oferece aos leitores é uma história tensa, em que preconceitos e hesitações lutam contra o amor, sem saber qual dos lados terá o triunfo final. Vale a pena ler e torcer por ele.

Resenha: Salve-me é o terceiro livro da série Lovett, Texas da autora Rachel Gibson e publicado no Brasil pelo selo Jardim dos Livros da Geração Editorial.
Embora seja o terceiro volume, os livros são independentes um do outro já que abordam a vida de personagens diferentes, porém, as histórias se passam na cidadezinha de Lovett, no Texas.

Lovett é uma cidade que nunca combinou com Sadie. Seu temperamento não é fácil desde quando ela se entende por gente e o relacionamento dificil com o pai nada compreensivo fez com que ela fosse embora aos dezoito anos, assim que se formou no colégio. Agora com trinta e três, Sadie, solteira e sem filhos, o que é praticamente uma heresia na cidade, volta a Lovett para o casamento da prima em que seria dama de honra. No meio do caminho, cheia de desconfinança, ela resolve ajudar um cara encalhado na estrada com o carro enguiçado, Vince, mas mal sabia ela que esse ex-militar iria fazer com que sua vida tivesse um rumo totalmente diferente do que ela imaginou...
Eles se reencontram no casamento e mesmo que a atração seja inevitável, eles não tem a menor intenção de se envolverem mais a sério.
Vince já passou por muita coisa e carrega uma forte carga emocional devido as lembranças que teve da guerra, e Sadie só queria ficar livre daquela cidade pra continuar aproveitando sua vida ao máximo, mas acaba sendo obrigada a ficar em Lovett por motivos familiares. Essa estadia com prazo indeterminado a aproxima ainda mais do bonitão, e por aí podemos esperar por muitas emoções...

Narrado em terceira pessoa, Salve-me é o típico romance contemporâneo que parece seguir uma fórmula base: A protagonista que já foi magoada no passado, tem azar no amor e que conseguiu ser bem sucedida e independente. Ela conhece um homem lindo, de personalidade forte, que resiste a tudo mas tem seus segredos que o impedem de se envolver com alguém.
Mas embora seja um tema clichê, Rachel Gibson retrata personagens que vivem dilemas realistas, que levam diálogos dinâmicos e inteligentes e ainda acrescenta toques de muito bom humor mesmo que haja temas delicados pelos quais os personagens devem lidar.
O que os personagens vivem acaba sendo uma lição muito válida da definição de amor e o que as pessoas fazem - ou abrem mão - em nome dele.
Sadie é forte e decidida em seus objetivos e não tem medo de enfrentar quem quer que seja. Ela também tem seus defeitos, é orgulhosa e atrevida, mas é uma personagem muito humana e que faz com que qualquer um se identifique com ela.
Vince tem toda aquela pose de bonitão sedutor cheio de mistério, mas seu passado trágico o torna vulnerável e até frágil, e não poderia haver melhor momento para Sadie entrar em sua vida pois eles acabam encontrando o que precisavam para juntar os cacos e se refazerem um no outro.

A construção do romance convence pois o sentimento se desenvolve aos poucos a medida que Sadie e Vince se aproximam e se conhecem mais. É aquela coisa que, a princípio, nem eles mesmos sabem o que está acontecendo e quando percebem já estão envolvidos demais... Os sentimentos são mais intensos, as histórias de cada um são mais profundas e esses pontos fisgam o leitor fazendo com que fiquemos envolvidos, torcendo pelos personagens a todo momento.

Os personagens secundários são presentes e não estão na história só por estar... Eles têm papéis importantes e são essenciais para o desenvolvimento da trama. Mesmo que haja algumas pequenas subtramas sem muita relação com o romance prinicipal, elas não desviam o foco do leitor do que realmente importa.
Sadie e seu pai eram muito distantes e sempre tiveram problemas de relacionamento, e a forma como esse problema foi abordado na história foi bastante verdadeiro e convincente.
O cenário texano carrega vários estereótipos mas pra mim isso só serviu pra acentuar o estilo de vida das pessoas de lá, principalmente porque como a cidade é pequena, fica aquela sensação acolhedora no ar, mesmo que haja muita fofoca solta.
O final foi um pouco corrido e fiquei curiosa pra saber o que aconteceu com os personagens depois de tudo.

A parte gráfica do livro segue o mesmo padrão das demais obras da autora publicadas pela editora e é bastante caprichada. Os capítulos são curtos (o que ajuda na leitura), a fonte tem um tamanho agradável e as páginas são amarelas.

Salve-me é uma leitura muito fluida e divertida, que mesmo tendo seus clichês e sendo um pouco previsível ganha o leitor pela narrativa e pelo bom humor típico da autora.


Mentira Perfeita - Carina Rissi

5 de maio de 2016

Título: Mentira Perfeita (Spin-off de Procura-se um Marido)
Autora: Carina Rissi
Editora: Verus
Gênero: Romance/Chick-lit/Literatura Nacional
Ano: 2016
Páginas: 462
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas | FNAC
Sinopse: Júlia não tem tempo para distrações. Ela é brilhante e sempre se esforça para ser a melhor naquilo que faz; por essa razão, sua vida pessoal acabou ficando de lado. Algo que sempre preocupou sua tia Berenice. Gravemente doente, a mulher teme que Júlia acabe completamente sozinha quando ela se for. Júlia faria qualquer coisa qualquer coisa mesmo! por tia Berê e, em seu desespero para agradar a única mãe que já conheceu, inventa um noivo enquanto torce por um milagre... E então o milagre acontece: Berenice se recupera e, assim que deixa o hospital, gasta todas as suas economias com o casamento dos sonhos para a sobrinha. Como Júlia pode contar a ela que mentiu, com a saúde da tia ainda tão frágil? É quando Júlia conhece Marcus Cassani. Ele é irritantemente cínico, mulherengo e lindo de um jeito que a deixa desconfortável. Marcus também está enfrentando problemas, e um acordo entre eles parece ser a solução. Tudo o que Júlia sabe é que deveria se afastar de Marcus. Mas seu coração tem uma ideia muito diferente... Mentira Perfeita é um spin-off de Procura-se Um Marido, uma história que se passa no mesmo universo da primeira. Aqui você vai conhecer novos personagens inesquecíveis, além de rever aqueles que já moram no seu coração.

Resenha: Mentira Perfeita, escrito pela autora nacional Carina Rissi e publicado pela Verus, é um spin-off do livro Procura-se um Marido. Embora não seja necessário a leitura prévia do livro anterior, eu, particularmente, recomendo que seja lido devido aos personagens marcarem presença neste volume e terem alguma influência ou relação com os personagens novos.

Julia é um jovem que trabalha com programação de computadores e que se dedica e se esforça muito ao que faz. Por viver pra trabalhar, sua vida pessoal sempre fica em segundo plano, o que preocupa muito sua tia Berenice, que não esta bem de saúde e tem muito receio de que quando morrer vá deixar Júlia sozinha. Mas o sonho de tia Berê é ver Júlia se casando antes de partir, e pra não contrariar a tia que estava praticamente no leito de morte, Júlia diz que ela poderia morrer em paz pois tinha arranjado um compromisso sério. Mas indo contra as espectativas, tia Berê se recupera e começa a gastar todas as suas economias nos preparativos do casamento da sobrinha. Mas como Júlia vai dizer a verdade sabendo que o estado da tia ainda é frágil?

Marcus é um cara bonito, inteligente e há alguns anos sofreu um acidente que lhe causou uma lesão na medula. Ele perdeu o movimento das pernas e ficou numa cadeira de rodas. Marcus não perdeu as esperanças de que um dia ainda poderá voltar a andar, então além de se dedicar a fisioterapia e ter voltado a trabalhar, ele se viu num momento de sua vida em que precisa provar pra si mesmo de que consegue se virar sozinho. Ele já havia saído da casa dos pais pra ir morar com Max, seu irmão mais velho, mas queria ter seu próprio canto. O problema é que sua família não permite que ele saia de casa sozinho e Marcus teria que dar um jeito de convencê-los...

Então quando Júlia e Marcus se encontram e percebem que podem usar um ao outro em seus propósitos malucos, ela, desesperada por arrumar um noivo para apresentar à tia, e ele, precisando de uma cuidadora para apresentar à família pra poder morar sozinho sem que a mãe caia dura de preocupação, eles entram em acordo para levar a mentira perfeita adiante. Pronto, temos a premissa e a partir daí a história se desenvolve.

Claro que, assim como todos os livros da autora, à primeira vista fui fisgada pela capa. O vestido de noiva característico dá um charme à modelo ruiva com os cabelos soltos e bem despojada segurando a foto da tia enquanto parece tão reflexiva. Os capítulos são curtos, as páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho padrão. Os capítulos se iniciam com o nome do personagem ao qual se destina o ponto de vista da vez, Júlia ou Marcus. A revisão está impecável e de forma geral, o trabalho gráfico está de arrasar.

A narrativa é feita em primeira pessoa e se alterna entre os pontos de vista de Júlia e Marcus.
Vamos conhecendo os personagens mais a fundo, seus desejos e seus medos, além de acompanharmos os dois precisando lidar com o fato de que a mentira em que se meteram irá mudar suas vidas.
A escrita da autora é muito fácil e envolvente e apresenta personagens humanos e bastante reais quando o assunto é personalidade e escolhas que fazem.
O fato de Marcus ser portador de necessidades especiais (termo que ele odeia) não o faz de vítima e nem o inclui em estereótipos que a sociedade impõe às pessoas que são cadeirantes em momento algum. Ele não anda, mas isso não o faz ser menor que ninguém e muito menos incapaz, e por sair do padrão das características mais comuns dos personagens de chick-lits que vemos por aí, este foi um ponto super positivo na trama, pois além de essa característica ser fundamental para o desenrolar da história, a forma como a vida de Marcus é exposta é uma forma bastante eficaz para desmistificar preconceitos sem nexo que alguns possam vir a ter sobre quem tem algum tipo de limitação física, mesmo que a dependência não o impeça de fazer o que tem vontade. Foi super legal ver que Marcus quer viver a vida da forma mais intensa possível, procurando aproveitar cada momento.

Confesso que a história, embora seja bem desenvolvida, muito bem escrita e ser recheada de momentos ótimos, não me surpreendeu como imaginei e alguns pontos me fizeram pensar na boa e velha fórmula tão presente nos demais livros e que os tornam previsíveis. Por que os parentes mais velhos das protagonistas sempre estão com o pé na cova e forçam a barra quando o assunto é compromisso e casamento? Ficar sozinha é algo tão trágico e terrível assim a ponto de alguém precisar forjar namoros, arranjar noivos de mentira (que convenientemente são a desculpa e a solução pra um problema qualquer), e coisas do tipo só pra agradar ou ficar a mercê dos sonhos que não lhes pertencem para superar as expectativas alheias? A vida segue e as pessoas dão um jeito de se virarem na falta de outras, isso é fato. É possível, sim, ir muito longe em nome do amor, da gratidão e da consideração que sentimos por um ente querido, mas a abordagem poderia ser mais original, deixando a questão das farsas amorosas de lado já que são tão manjadas. Dar características pouco usuais aos personagens, como é o caso de Marcus ser cadeirante, ou variar um pouco suas personalidades não torna a história "inédita". Talvez eu teria gostado infinitamente mais se a abordagem fosse outra (ou se eu nunca tivesse lido os outros livros e não estivesse familiarizada com a "receita").
Eu gostei do livro ser um spin-off. Mesmo que eu não tenha adorado Procura-se um Marido confesso ter sido bem legal rever Alicia e Max (que continua lindo de morrer) e sabendo que eles estão dando um passo super importante no relacionamento que cultivam.
A história não se foca exclusivamente na farsa do casal. Há sub-tramas interessantes e divertidas que tornam a história dinâmica e flexível, sem que fique parada numa coisa só, principamente por Júlia ter que lidar com problemas na empresa enquanto precisa cuidar da vida fora da área profissional, coisa que ela não estava tão habituada assim...

Mentira Perfeita é um bom livro, tanto por abordar questões sociais importantes de forma leve e realista, quanto por trazer personagens cativantes e que dão vida à história. Um livro com toques de drama leve e divertido, mas com um romance que com certeza vai emocionar.



A Mulher que Roubou a Minha Vida - Marian Keyes

10 de março de 2016

Título: A Mulher que Roubou a Minha Vida
Autora: Marian Keyes
Editora: Bertrand
Gênero: Romance/Chick-lit
Ano: 2015
Páginas: 476
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Um dia, andando de carro em meio ao tráfego pesado de Dublin, Stella Sweeney, mãe e esposa dedicada, resolve fazer uma boa ação. O acidente de carro que resulta disso muda sua vida. Porque ela conhece um homem que lhe pede o número do seu celular para o seguro, plantando a semente de algo que levará Stella muitos quilômetros para longe de sua antiga rotina, transformando-a em uma superestrela e também, nesse processo, virando a sua vida e a de sua família de cabeça para baixo. Em seu novo e divertido romance, Marian Keyes narra a história de uma mudança de vida. É tudo muito bom quando se passa de um cotidiano banal para dias cheios de eventos glamorosos - mas, quando essa vida de sonhos é ameaçada, pode-se (ou deve-se) voltar a ser a pessoa que se costumava ser?

Resenha: A Mulher que Roubou a Minha Vida é o mais novo chick-lit escrito pela autora irlandesa Marian Keys. O livro foi publicado no Brasil pela Bertrand.

Stella Sweeney é mãe e esposa dedicada, já passou dos quarenta anos e está tentando vencer um bloqueio criativo a fim de escrever seu segundo livro. "Uma piscada de cada vez", seu primeiro livro de autoajuda, teve seus momentos de auge e se tornou best-seller, mas acabou não tendo todo o sucesso que era esperado e caiu no esquecimento... Stella quer dar a volta por cima depois de ter passados por maus bocados, mas as coisas não são tão fáceis quando há problemas na vida que parecem se sobrepor a todo o resto.

Depois de ter lido outros livros da autora, cheguei a conclusão que apesar do desenvolvimento e dos acontecimentos seres distintos, existe uma "fórmula" para os enredos criados por ela. Não que a fórmula seja algo ruim, muito pelo contrário, o que acontece é que o desfecho ou certos tipos de acontecimentos se tornam um pouco previsíveis pra quem conhece o estilo de Marian Keyes então algumas coisas perdem o fator surpresa que esperamos encontrar: Histórias ambientadas em Dublin, Irlanda, com protagonistas mais velhas, na casa dos trinta ou quarenta anos, que estão enfrentando algum problema ou crise séria enquanto tentam, na maioria das vezes, levar, firmar ou até se livrar de um relacionamento amoroso. Logo, acompanhamos a saga da personagem para superar todas as adversidades que a vida lhe impôs de uma forma leve e até descontraída, e mesmo que durante esse percurso nos deparemos com pitadas de bom humor ou situações malucas e engraçadas, há uma mistura com problemas delicados e difíceis, proporcionando também momentos de tensão ou tristeza ao leitor. A Mulher que Roubou a Minha Vida não foge muito dessa fórmula mas, claro, possui alguns diferenciais.

O que inicialmente move a trama é um pequeno acidente de carro, e logo depois uma doença grave que acomete Stella e faz com que ela fique internada por vários meses, a Síndrome Guillain-Barré. Ela fica totalmente paralizada mas sua consciência se mantém intacta, o que a faz prisioneira do próprio corpo. Ambos os acontecimentos a ligam a Mannix Taylor, o médico neurologista que passa a acompanhá-la em busca da cura. O problema é que com a ausência de Stella em casa devido a doença, as coisas com seu marido e filhos começam a sair do controle pois eles simplesmente não sabem se virar sem a presença dela. E mesmo incapacitada ela ainda se sente culpada por ter ficado doente e deixado a família na mão. Nos momentos que se extendem sobre sua condição no hospital, a leitura é inevitavelmente angustiante, pois além de ela se sentir sozinha e desconfortável, a única forma de Stella se comunicar é através de piscadas (que serve de inspiração para o título do livro) que somente Mannix consegue decifrar, os demais não entendem ou simplesmente não tem paciência, inclusive Ryan, o marido dela.

O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Stella, e a história se revela aos poucos sem respeitar uma ordem cronológica, mesclando flashbacks e momentos presentes, o que pode deixar a história muito, mas muito confusa no início. Ficamos limitados ao ponto de vista dela para tudo o que acontece. Todas as interpretações para determinados acontecimentos e pela forma que ela tem de pensar e enxergar as coisas são unicamente dela, e por ela se submeter a coisas que muitos julgam inadimissíveis, ela acaba sendo uma protagonista que não vai necessariamente despertar a simpatia de qualquer um de forma fácil e, mesmo que sua condição seja difícil, também não desperta nossa compaixão, mas ainda assim fica a curiosidade para desvendarmos o que realmente lhe aconteceu. A demora para as coisas acontecerem é algo que torna a história um pouco cansativa de se acompanhar e mesmo que ela tenha seus picos de fluidez, empolgação e momentos em que não conseguimos parar de ler, na maioria das vezes o ritmo é lento e cheio de informações que não fazem tanta diferença assim e poderiam ser descartados sem que fizessem falta na trama. Há vários personagens secundários que são importantes e suas personalidades e motivações despertam nossa curiosidade, mas ganham pouco aprofundamento e espaço.

Stella é uma personagem que possui características que irritam. Mesmo que ela seja a responsável por manter sua casa em pleno funcionamento, ela não é respeitada como mãe ou mulher e podemos ver isso quando seu marido, que não tem o menor senso de noção, a culpa por tudo, inclusive pelo fracasso do casamento por ela ter ficado doente, ou quando a recrimina por coisas que, na teoria, ele deveria apoiá-la. Seus filhos são ingratos, exigentes, mal educados e mal acostumados e também a condenam por coisas que eles nem ao menos deveriam se intrometer. E o que Stella faz diante de tudo isso? Se desculpa e se conforma, pois ela realmente acredita que a falha é dela. Então quando sua situação muda e a vida de todos vira de pernas pro ar, ela se vê obrigada a encarar uma outra realidade, saindo de sua zona de conforto e submissão a fim de por a vida nos eixos e colher alguns louros. Com a publicação de seu livro ela se muda pra Nova York, se envolve com pessoas ambiciosas e gananciosas do meio literário que a obriga a fazer coisas das quais ela não está acostumada, desconhece e nem mesmo concorda, e aí que as coisas saem fora de controle mesmo. Ela só tem uma pessoa com quem contar, mas diante da situação em que se encontra, passa a duvidar de sua própria capacidade, seja pessoal ou profissional.
Passei o livro inteiro querendo estapear Stella na cara, torcendo para ela dar um basta naquilo tudo para tomar as rédeas da própria vida, mas essa mudança não ocorre da forma que esperei. Talvez porque na vida as coisas não aconteçam da forma como gostaríamos, mas sim como se deve ser... Devagar, ao seu tempo, tendo surpresas agradáveis mas também passando por decepções, infortúnios e até mesmo traições, mas basta ter esperança e correr atrás do prejuízo para que tudo se encaixe. Por esse motivo, apesar de toda a frustração que senti com Stella, entendi que a autora criou uma história real e humana, que poderia ser vivida por pessoas comuns, principalmente no que diz respeito a parte romântica da história. É mais fácil do que parece encontrarmos pessoas tão complacentes como Stella por aí e não podemos julgar se não conhecemos sua verdadeira história.

É uma boa história, apesar de eu não ter mexido comigo, mas ficou a mensagem de que além de ser importante correr atrás daquilo que nos faz feliz, é preciso deixar de se submeter aos caprichos alheios ao ponto de esquecermos de nós mesmos.
Em suma, A Mulher que Roubou a Minha Vida não tem foco na superação dos problemas, mas sim em como a protagonista tenta lidar e se adaptar às mudanças que surgem em sua vida e acredito que isso é algo que todos nós estamos passíveis em algum momento.
Então, mesmo que não seja o melhor livro da autora que li, recomendo.

Minha Sexlist - Joanna Bolouri

6 de dezembro de 2015

Título: Minha Sexlist
Autora: Joanna Bolouri
Tradução: Débora Chaves
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Chick lit
Ano: 2015
Páginas: 416
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Esqueça a tradicional lista com resoluções de início de ano do tipo parar de fumar, entrar na academia, arrumar um novo emprego e embarque com Phoebe Henderson num desafio bem mais ousado e original. Depois de flagrar o ex com outra, a protagonista de Minha sexlist inova em suas promessas de ano novo e estabelece a meta de realizar dez desafios sexuais em um ano. Entre tentativas e erros envolvendo desde o bonitão do escritório ao melhor amigo, Phoebe percebe, do alto de seus 32 anos, que pôr o plano em prática não é das tarefas mais fáceis, e registra suas descobertas, alegrias e frustrações nessa espécie de diário sexy franco e bem-humorado.

Resenha: Phoebe Henderson protagoniza esse hilário chick lit escrito pela autora Joanna Bolouri e publicado no Brasil pelo selo Fábrica 231, da Editora Rocco.

Um ano se passou após Phoebe ter flagrado o namorado Alex a traindo com outra mas ela ainda não o esqueceu por completo. Ela até curte a solteirice mas cansou de perder tempo com homens que não lhe acrescentam em nada. Com o início de um novo ano, ela é desafiada pela amiga e decide ficar livre de uma vez por todas do sentimento que ainda nutria pelo ex, principalmente quando assume que nunca foi feliz, sexualmente falando. E no auge de seus 32 anos, Phoebe inova ao criar uma lista de desafios sexuais que ela tem vontade de fazer, alguns malucos, outros nem tanto, mas que, obviamente, não seriam tão fáceis de se por em prática.
Depois de alguns encontros fracassados, resta a Phoebe recorrer a Oliver, seu melhor amigo, para ajudá-la nas suas metas. Sua trajetória é registrada em forma de diário, e a situação em que se encontra não poderia ser contada de forma mais honesta e bem humorada.
E entre itens que envolvem falar sacanagem, masturbação, sexo grupal, bondage e afins, vamos acompanhando as peripécias e as aventuras sexuais dessa protagonista cômica e que nos arranca boas risadas,

Minha sexlist tem uma narrativa espirituosa e divertida, feita em forma de diário e em primeira pessoa. A leitura é tão fluída que é possível que o livro seja lido em poucas horas.
A capa lembra um pouco as de alguns livros de autoajuda, mas não se engane. A história que será encontrada aqui foge completamente desse tema, principalmente porque é desenvolvida de uma forma bastante diferente da esperada quando a leitura é iniciada. As coisas esquentam e pronto: Impossível largar!
Durante o ano que se passa, acompanhamos Phoebe descrevendo seus pensamentos e sensações enquanto ela conta com bom humor, orgulho e sem pudor e sem vergonha alguma as formas que encontrou para realizar os itens que compõe sua lista. Alguns dão certo, outros dão muito errado, mas tudo serve de experiência para que ela se torne segura e confiante em si mesma, e claro, dão um toque de realidade à história já que nem tudo pode ser perfeito como queremos.
Um ponto bacana é que a história não se concentra apenas no cumprimento da lista. Phoebe também fala sobre o passado com o ex, de relacionamentos falidos, dos seus amigos e do trabalho, o que faz com que a história tenha uma gama de opções que se devenvolvem e que fazem com que o leitor fique por dentro da vida da protagonista, conhecendo-a mais a fundo.
Os personagens secundários são ótimos, mas não ganham tanto destaque assim visto que o foco é Phoebe.
A protagonista é o tipo de personagem que sabe que nao é perfeita e que nem sempre as coisas que quer darão certo, mas ela é determinada e corajosa o bastante pra assumir os riscos quando decide se comprometer com seu projeto. Tudo serve de experiência e faz com que ela aprenda muito sobre si mesma e sobre o que ela quer pra sua vida.

Confesso que algumas coisas eu não teria a menor coragem de realizar, e outras não tinha ideia de que existiam, e ler sobre elas de uma forma tão honesta e bem humorada acabou despertando minha curiosidade. XD

O final é um pouco previsível, mas posso garantir que Phoebe é uma personagem cômica e engraçada, que começa meio pra baixo, mas veio pra mostrar que se deve arriscar ao se experimentar as coisas boas da vida.
Largue mão do conservadorismo e mantenha a mente aberta. Com certeza você vai curtir essa leitura peculiar e dar boas gargalhadas com Phoebe!

Quando Saturno Voltar - Laura Conrado

2 de novembro de 2015

Título: Quando Saturno Voltar
Autora: Laura Conrado
Editora: Globo Livros
Gênero: Chick lit/Romance/Nacional
Ano: 2015
Páginas: 248
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Em seu novo romance, Laura Conrado conta a história de Déborah Zolini, uma jornalista sonhadora e fã de Pablo Neruda que trabalha como assessora de imprensa de um clube de futebol da segunda divisão e namora o médico Sérgio há quatro anos. Ela faz planos de construir uma vida a dois, arrumar um emprego melhor e correr atrás de desejos que ainda não realizou. Só que a vida, ou as estrelas, guardam surpresas para Déborah. Em uma viagem ao Chile, ela encontra uma mulher misteriosa que lhe fala sobre o retorno de Saturno. O planeta, que leva, em média, 29 anos para dar uma volta no sistema solar, voltará à posição em que se encontrava quando a jornalista nasceu. Para quem acredita em astrologia, esse é momento em que as pessoas passam por várias mudanças, que vão prepará-las para encarar o resto de sua vida. Déborah não leva a moça muito a sério, mas pede às estrelas que a ajudem a realizar seus desejos. No entanto, no voo de volta ao Brasil, um encontro inesperado começa a abalar a vida aparentemente certinha da protagonista. Aos poucos, Déborah começa a notar que seu namoro anda meio morno, a falta de reconhecimento no trabalho a incomoda. Ela começa a admitir que não está gostando do rumo que as coisas estão tomando. Será a hora de partir para novos desafios? Trocar aquele relacionamento confortável pelo frio na barriga? Sair de vez da zona de conforto e ver o que acontece?  

Resenha: Quando Saturno Voltar é um chick lit escrito pela autora nacional Laura Conrado.
Explicando o título para nos situarmos, o que acontece é que Saturno demora pouco mais de 29 anos para completar sua translação (o movimento em torno do sol) e os astrólogos apontam que quando o planeta retorna para o mesmo ponto do nascimento de uma pessoa, ocorrem mudanças. O que a astrologia chama de "retorno de Saturno", o resto dos mortais chama de "crise dos 30".
E levando isso em consideração, somos apresentados a Déborah Zolini, uma mulher beirando os trinta que leva uma vida bem rotineira. Ela trabalha como assessora de imprensa de um time de futebol de segunda divisão de Minas Gerais, o Tricolor Associação Esportiva (ou Taes) e está num relacionamento confortável, mas bem desgastado, há quatro anos com Sérgio, um médico residente que vive para estudar. Até que um dia Déborah vai para o Chile a trabalho e se depara com Saphyra, uma cigana que lhe faz um alerta de que Saturno estaria voltando e isso traria mudanças bem significativas para ela.

Déborah não acreditou na cigana mas acabou se surpreendendo quando conheceu Henrique, um cara gato e com aquela pegada. Seria a primeira mudança? A aproximação faz com que eles descubram ter várias coisas em comum e Déborah começa a repensar sua vida que sempre foi totalmente estagnada com um namoro sem graça e falido, e um emprego cheio de cobranças onde ela nunca é reconhecida. Ela sempre optou pela segurança de sua vida, ainda que seja monótona e não lhe traga muita felicidade, por ter medo de mudanças, sem confiar que as coisas podem dar certo se ela arriscar, e por sempre considerar o lado negativo do "e se", ela se recusava a sair de sua zona de conforto. Mas até quando?

A narrativa é feita em primeira pessoa e é super leve, flúida e com várias frases de impacto que dizem muito em poucas palavras.
Déborah faz com que várias pessoas se identifiquem com ela. Dona de uma personalidade e um temperamento ótimos, ela é desbocada e tem percepções super inteligentes. Por mais que ela tenha planos e sonhos, Déborah é acomodada, insegura e tem medo de dar um passo que vá mudar o que não está "estragado". Mas por tudo o que a protagonista passa, é possível acompanhar seu amadurecimento, as mudanças de sua concepção sobre determinados assuntos, seus questionamentos sobre seu emprego e refletir que o que aconteceu na vida dela é algo que todas nós estamos sujeitas, e que pra mudar basta um impulso. Esses pontos tornam a protagonista alguém muito real e humana.
No caso de Déborah, seu impulso foi Henrique, ou melhor, o que ele despertou nela. Através disso, ela percebe que precisa mudar e aos poucos vai adquirindo confiança em si mesma, tomando as rédeas de sua vida e dando um novo rumo a ela, além de entender que o caminho mais curto nem sempre é o que trará os louros que ela tanto deseja. Se desejamos e sonhamos com alguma coisa, temos que gostar de nós mesmos e correr atrás do que queremos, sem medo.

Apesar de não gostar de futebol e não achar a menor graça nesse esporte, não achei de todo ruim que a autora tivesse aproveitado desse tema para construir a história porque foge um pouco da ambientação padrão. Déborah é jornalista, o que não é nenhuma novidade já que quase todas as personagens de chick lit são, mas ao trabalhar com um time de futebol e ser torcedora fanática, a história sai um pouco daquele ambiente de escritório num empresa multimilionária. Mas, a impressão que tive foi que pela autora gostar e entender de futebol, quis mostrar um pouco disso alí (talvez um pouco dela mesma?), e pra mim foi bem boring saber de alguns detalhes desse universo já que não é algo relevante pra mim.

Eu gostei muito das descrições dos cenários, do Chile e principalmente pela história ter um pé aqui em Belo Horizonte. Pra mim, quando outras cidades assim servem de cenário na literatura é um meio de fazer com que tenham destaque e mostre que o Brasil não é feito só de Rio e São Paulo.

A capa é uma graça e com detalhes em verniz que a deixam bem enfeitada. É simples mas ilustra bem a ideia de Saturno. A diagramação é simples, cada início de capítulo traz um trecho de Ode a uma Estrela, do poeta chinelo Pablo Neruda (de quem Déborah é fã). Os capítulos são bem compridos mas o livro é tão bem escrito e a leitura flui tão bem que foi algo que não me incomodou.

Quando Saturno Voltar é um livro que expõe as pessoas como elas são, em conflitos e situações cotidianas, mostrando hábitos e costumes rotineiros, mas acima de tudo, que deixa a reflexão de que mudanças, ainda que inesperadas, muitas vezes são inevitáveis, mas independente de qualquer coisa, o que importa é seguir em busca da felicidade.

Becky Bloom em Hollywood - Sophie Kinsella

24 de setembro de 2015

Título: Becky Bloom em Hollywood - Becky Bloom #7
Autora: Sophie Kinsella
Editora: Record
Gênero: Chick lit
Ano: 2015
Páginas: 560
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Americanas | Submarino | Saraiva
Sinopse: Los Angeles, reduto das celebridades mais famosas do mundo, de estilo de vida enlouquecedor e perdulário, cenário perfeito para que Rebecca Brandon (ex-Bloom) possa realizar suas fantasias mais glamorosas. E é para lá que ela e a família vão quando seu marido Luke é contratado para cuidar da carreira da famosa atriz Sage Seymour - e para Becky isso é um sinal de que ela está destinada a ser produtora de moda da badaladíssima celebridade e, quem sabe, também das maiores estrelas de Hollywood. Mas, assim que chega a LA, Becky descobre que sua rotina não será apenas de luxo e glamour. Alicia, uma rival do passado, também está na cidade. E o pior, é a queridinha das mães da concorridíssima pré-escola de Minnie. E o sonho de cuidar do look de Sage parece mais difícil do que ela imaginava. Até porque Luke vive adiando apresentar as duas. Então, por uma manobra do destino, Becky tem a chance de produzir a arqui-inimiga da atriz, e isso pode trazer alguns probleminhas. Pré-estreias, vestidos de gala, muitos paparazzi à sua volta, aulas de ioga e infinitas compras na Rodeo Drive. Claro que isso não acontecerá sem muitas encrencas e confusões. Será que Becky está mesmo perto de conseguir tudo o que sempre sonhou?

Resenha: Becky Bloom em Hollywood é o sétimo volume da série Becky Bloom escrita pela autora Sophie Kinsella e publicado no Brasil pela Editora Record.
Ainda que o livro faça parte de uma série, não é obrigatório ler todos os livros na ordem certinha para entender o que se passa. Obviamente quem optar por ler fora de ordem irá se deparar com alguns spoilers, mas nada que realmente estrague a surpresa, pelo menos não na minha opinião. Eu não li alguns volumes e não achei que isso tenha mudado minha opinião sobre a série e sobre a protagonista mais maluca e divertida da literatura estrangeira.
Becky, a pessoa mais viciada em compras do mundo, está de volta com seu carisma, falta de noção e muito estilo. Luke Brandon, seu marido, foi contratado para ser assessor da famosa atriz Sage Seymour e a ideia de se mudar para Hollywood faz Becky acreditar que seu destino é se tornar produtora de moda não só da nova cliente do marido, como de várias celebridades, vivendo no meio do luxo e do glamour. Mas assim que ela chega na cidade, percebe que as coisas seriam bem diferentes do que ela imaginou... Situações inesperadas e muita confusão é o que aguarda Becky nesse volume da série.

O livro é narrado em primeira pessoa de forma bastante fluída e com muitos toques de bom humor. Acompanhamos Becky tentando viver um sonho em que ela acredita que tudo o que ela sempre desejou está, enfim, diante de seus olhos, como se tudo fosse fácil e acessível. Ela sente necessidade de fazer parte desse mundo de celebridades mas acaba não tendo muita noção das coisas, não enxerga que sua vida pessoal e profissional poderão ser alvo de confusões e intrigas pois, por ser muito sonhadora, ela age no impulso e de forma impensada, acreditando que o que ela quer vai acontecer do dia pra noite como mágica.

Becky é completamente surtada e não admite seu problema com compulsão em comprar. Talvez isso seja alguma válvula de escape para compensar outras frustrações, mas vendo a protagonista investindo em coisas fúteis e inúteis o tempo todo faz com que o leitor perca a paciência e queira estapeá-la. Devido a esse jeito maluco dela é que a história se desenrola, pois uma pessoa desprovida de senso como ela só pode se meter nas piores confusões... Quando há um objetivo em vista ela parece usar um tipo de viseira que a impede de avaliar a situação e as consequências daquilo de acordo com suas escolhas, e isso chega a ser bem irritante.
Luke é um amor de pessoa. Ele é objetivo, realista e não deixa se influenciar por nada. Sua vida não gira em torno de dinheiro e quando ele quer algo ele luta pra conseguir em vez de esperar que as coisas aconteçam.

A participação de Alicia na história, inicialmente, me fez imaginar que tudo o que estava ruim se tornaria ainda pior, mas ela não teve tanto destaque na história.
Os demais personagens são hilários, bem construídos e com personalidades distintas. Todos encantam com suas particularidades, principalmente Suze, a melhor amiga de Becky.
Eu gostei da leitura ainda que não tenha considerado o melhor volume da série. Achei que a questão do segredo envolvendo o pai de Becky foi bem apresentada ainda que não tenha sido esclarecida e talvez a falta de um final é que me fez ficar com um pé atras. Geralmente os livros de Becky possuem pontos que ficam em aberto e são resolvidos ao longo da trama, mas a impressão que tive aqui é que houve uma inserção de coisas novas que ficaram sem resposta e quem quiser saber vai ter que esperar o próximo livro, e essa "obrigação" é algo que me soa forçado e não aprovo muito pois prefiro enredos fechados.

A capa e a lombada seguem o mesmo estilo de cores e fontes dos livros anteriores, mas a ilustração propriamente dita foge um pouco do padrão. É uma graça, confesso, e adorei os detalhe de estrelinhas prateadas.
A diagramação é simples, as páginas são brancas e a fonte é grande. Durante a leitura nos deparamos com cartas, relatórios e até notas fiscais das compras exageradas de Becky.

Becky Bloom em Hollywood foi uma leitura super agradável e bastante rápida. Pra quem procura por uma série do gênero Chick lit que apresenta uma personagem completamente desvairada mas que mesmo não sendo perfeita é super divertida, recomendo.

O Primeiro Marido - Laura Dave

21 de setembro de 2015

Título: O Primeiro Marido
Autora: Laura Dave
Editora: Bertrand
Gênero: Romance/Chick lit
Ano: 2015
Páginas: 308
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Annie Adams acredita ter tudo. Ela atravessa o mundo escrevendo sua coluna de viagens e acredita que seu relacionamento de cinco anos com o cineasta Nick é perfeito... Até ele resolver deixá-la. Pouco depois, Annie conhece Griffin, um charmoso e atencioso chef de cozinha, diferente de Nick em quase todos os sentidos. Ela rapidamente se casa com ele e os dois se mudam para uma pequena cidade rural no Massachusetts.
Uma vez lá, no entanto, ela percebe o quão pouco conhece Griffin e acaba se perguntando se o relacionamento é pra valer ou se o casamento às pressas foi pura e simplesmente um equívoco. Quando Nick retorna, pedindo uma segunda chance, Annie fica dividida entre o marido e o homem com quem tivera a intenção de casar-se e é forçada a escolher entre um deles.

Resenha: O Primeiro Marido, escrito pela autora laura Dave e publicado no Brasil pela Bertrand conta a história de Annie Adams, uma jornalista de trinta e dois anos que escreve a coluna "Fechando a Conta", onde ela fala sobre viagens em geral dando várias dicas aos leitores, e que, por isso, trabalha viajando pelo mundo. Seu emprego é uma maravilha e sua vida é invejável. Ela tem uma superstição baseada no filme "A Princesa e o Plebeu" e acredita que sempre que assiste ao dito filme, nem que seja parte dele, alguma tragédia lhe acontece. Seus pais já se separaram, ela já perdeu um emprego, já perdeu móveis num incêndio e tudo isso acontece sempre depois que ela assiste ao filme.
Ela namora Nick há cinco anos e tudo parece estar perfeito... Até que ela assiste o bendito filme e na manhã seguinte Nick, que na noite anterior havia lhe feito juras eternas de amor, decide terminar o namoro por causa de outra pessoa...

Coincidência ou não, Annie fica arrasada pois não esperava ser trocada dessa forma. O momento é tão difícil que sua alternativa é recorrer a Jordan, sua melhor amiga, e também irmã de Nick...
Depois de esfriar a cabeça, ela decide sair e conhece Griffin, um chef de cozinha super charmoso e bastante atencioso que é o completo oposto de Nick. Eles engatam num romance rápido e sério, e, ainda que mal se conheçam por tudo ser muito recente, acabam se casando!
Ao se mudarem para uma cidadezinha do interior, onde Annie não conhece nada nem ninguém, vários problemas começam a acontecer deixando sua vida de pernas pro ar e ela fica entre a cruz e a espada, principalmente porque Nick retorna e resolve pedir uma nova chance.
Agora Annie deve escolher entre Nick, seu antigo amor com quem planejava construir uma vida, e Griffin, seu marido que ela mal conhece e que a faz pensar se o casamento as pressas não passou de um grande erro.
"Quando tudo se torna confuso, difícil e complicado, a verdade é a primeira a ser sacrificada, não é mesmo? Todos tentam ocultá-la, modifica-la ou consertá-la. Como se consertar os fatos pudesse tornar a situação menos confusa, difícil e complicada, não piorá-la."
- Pag. 9
O livro é narrado em primeira pessoa, pelo ponto de vista de Annie, então ficamos limitados ao que se passa em sua cabeça, quais são os seus sentimentos e sua forma de percepção das coisas.
Com toques bem humorados, cheio de cenas de confusão total em que a protagonista de mete e com bastante ironia, a história, ainda que não seja tão original assim, cumpre com o papel de entreter.
Em diversos momentos me peguei torcendo por Annie fazer as melhores escolhas para que ela pudesse sair da furada em que se meteu, usando tudo o que viveu como exemplo para não se deixar levar para uma situação em que fosse se ferrar. Gosto quando há um personagem por quem eu deseje tudo de bom, e Annie foi exatamente alguém que eu queria que de desse bem por achar que ela não merecia passar por poucas e boas apenas por uma decisão impensada e sem segundas intenções.
O livro é curto e de leitura rápida. A escrita da autora é bastante fácil mas alguns trechos da história parecem ter sido construídos às pressas e faltou um pouco mais de explicações ou até diálogos que pudessem facilitar o desenrolar das coisas.

Uma coisa que não me agradou muito foi o fato do que posso chamar de "submissão" de Annie, pois ao se casar ela abre mão de tudo o que havia conquistado quando resolve apostar no desconhecido, e ainda que, às vezes, seja bom dar um passo assim na vida para mudá-la radicalmente quando as coisas não vão tão bem como queremos, não acredito que tais escolhas devam ser feitas de forma tão impensada assim, afinal, um casamento não é uma brincadeira de casinha e temos que, no mínimo, conhecer bem a pessoa que escolhemos para dividir a vida, dessa forma não somos pegas de surpresa quando o passado, por ironia do destino, resolve bater a nossa porta...
Livros que tratam de relacionamentos, principalmente os conturbados, na maioria das vezes fazem com que as leitoras se identifiquem com a protagonista e seus problemas, e essa sensação "familiar" acaba tornando a história bastante real aos olhos de quem lê, e acho que este livro é um exemplo ótimo disso.

Falando da parte gráfica, a capa é simples mas com detalhes que a deixam a coisa mais linda. A claquete, que faz referência aos filmes, tem tudo a ver com a história e os corações ao fundo possuem aplicação em verniz fazendo com que fiquem brilhantes, tendo destaque sobre a capa fosca. O título é em alto-relevo e também de destaca sobre o objeto. As páginas são amarelas e a diagramação é simples. A fonte é grande e o espaçamento entre as linhas e das margens externas também são  muito bons.

Esse é o tipo de livro em que é possível absorver a ideia de que devemos sempre investir em quem somos, sem pensar em mudar nosso jeito ou abrir mão dos nossos sonhos em prol de alguém, refletindo sobre as coisas que queremos só por acreditarmos ser algo bom, mesmo que não seja... Assim, acho que O Primeiro Marido é um livro que mostra que erros e acertos fazem parte da vida e que só podemos ter certeza do que queremos e se aquilo tudo vale a pena se partimos para a descoberta através da própria experiência... Pode ser que dê tudo errado, mas... e se der certo?

Uma Pitada de Amor - Katie Fforde

20 de setembro de 2015

Título: Uma Pitada de Amor
Autora: Katie Fforde
Editora: Record
Gênero: Romance/Chick lit
Ano: 2015
Páginas: 400
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva
Sinopse: Uma aspirante a cozinheira em um programa de TV. Um jurado muito atraente. Um amor proibido.
Quando Zoe Harper conquista uma cobiçada vaga em um reality show de culinária, ela mal pode esperar para pôr suas habilidades à prova. Sua principal motivação é o prêmio em dinheiro: um valor que certamente a ajudaria a abrir sua tão sonhada delicatéssen.
No entanto, ela logo percebe que a competição vai muito além da cozinha. Cher, outra concorrente, está disposta a tudo para ganhar, incluindo jogar seu charme para cima dos jurados. E as coisas se complicam ainda mais quando Zoe percebe que está se apaixonando por um deles: o incrivelmente sexy Gideon Irving. Com tudo o que está em risco, os dois têm muito a perder caso se envolvam, algo que parece cada vez mais inevitável.
De repente, Zoe percebe que há mais em jogo do que apenas canapés, cupcakes e técnicas de corte. Uma pitada de amor é um livro engraçado e doce na medida certa.

Resenha: Uma Pitada de Amor, escrito pela autora Katie Fforde e publicado no Brasil pela Editora Record conta a história de Zoe Harper, uma aspirante a cozinheira que consegue uma vaga para participar de um reality show de culinária. O que a motiva para participar do programa é o dinheiro que poderia ganhar, pois assim poderia realizar seu sonho de abrir sua própria delicatéssen, mas a competição não é nada daquilo que ela imaginou, principalmente quando ela percebe que uma das participantes é uma completa bitch, e um dos jurados exerce um incrível poder de atração sobre ela... Gideon Irving, um crítico gastronômico muito famoso nesse meio, e muito sexy também.
Quando Zoe chega a Somerby, a propriedade onde a equipe da produção faria as filmagens ela é recebida por Fenella. Ela e o marido Rupert são os donos da casa que mais parece um palácio e mal sabem o que fazer com ela. Alugar seria uma boa pois o dinheiro seria bem vindo então resolveram entrar nessa. Muito inquieta com o novo ambiente e com a ideia de participar do programa, Zoe resolve dar um passeio e esbarra em Gideon, e é aí que tudo começa...

Narrado em terceira pessoa com foco na protagonista Zoe, acompanhamos uma comédia romântica despretensiosa e bastante original sob uma escrita fluída, direta e super convidativa. A história leva o leitor aos bastidores de uma competição culinária e a autora consegue descrever com maestria a tensão dessa competição passando com bastante realidade o funcionamento de um programa do tipo.
O romance desabrocha lenta e gradualmente do decorrer do concurso e tudo mantém um ritmo certo para manter o leitor preso à história. Os personagens são bastante bem construídos, cheios de carisma (exceto Cher, claro), com personalidades e objetivos distintos.
Zoe é atenciosa e altruísta e está sempre pronta a ajudar os outros ainda que ela se meta em situações complicadas e de risco. Só achei ela muito passiva em aceitar todas as sacanagens vindas de Cher.
Mas isso não a torna boba, muito pelo contrário. Zoe ajuda os outros por ser generosa e ter um coração bom e, justamente por ela ser uma boa pessoa, ela cativa e faz com que o leitor torça por ela e anseie por seu final feliz.

Gideon está na competição como jurado, com o objetivo de ser imparcial, mas uma série de coisas faz com que ele e Zoe de aproximem. Talvez pela narrativa não focar muito em seu personagem acabamos não tendo muita noção de suas intenções, mas seu bom caráter fica evidente e ele desperta a nossa simpatia, tanto pelo poder e influência que exerce no meio culinário quanto por sua sinceridade.

Cher... O que dizer dessa cretina? A impressão é que ela é o tipo de personagem insuportável que é criada com um único propósito: atrapalhar e infernizar. E a autora conseguiu atingir o objetivo com ela. É a personagem odiável que leva os demais personagens ao extremo e a vontade é de sacudi-la feito um boneco até ela virar do avesso. E ela ser colega de quarto de Zoe só fez com que o desejo de matá-la aumentasse.
Acho válido destacar a personagem Fenella e seu barrigão de grávida, pois o desenvolvimento da amizade dela com Zoe é algo que deu um toque agradável e completou a história de uma forma super bacana. Ela e Rupert são os personagens mais adoráveis da história pois, além de hospitaleiros, são engraçados e muito queridos por todos.

Vou assumir que o que me fez optar pela leitura desse livro foi a capa. A ilustração é uma graça e tem tudo a ver com a história. A especialidade de Zoe são as sobremesas então ao longo do livro nos deparamos com bolos e outros tipos de doces que só me fizeram ficar com água na boca, principalmente porque sou uma completa formiga ambulante e não vivo sem um docinho.
Talvez pelo fato de realitys shows que envolvem o meio culinário estarem em alta no momento, o livro pode até ser considerado como algo que está dentro da "moda", mas ainda assim recomendo ir nessa onda e investir na leitura pois Uma Pitada de Amor é um chick lit adorável e bem humorado, que inova ao mesclar a culinária ao romance num cenário campestre aconchegante e super convidativo.

Amor ao Pé da Letra - Melissa Pimentel

18 de agosto de 2015

Título: Amor ao Pé da Letra
Autora: Melissa Pimentel
Editora: Paralela
Gênero: Chick lit
Ano: 2015
Páginas: 304
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: A agente literária Melissa Pimentel, assim como sua personagem, Lauren, se mudou de uma pequena cidade nos Estados Unidos para Londres de um dia para o outro. Assim como a protagonista, seu principal objetivo também era se divertir, sempre que possível acompanhada de britânicos sexy.
Infelizmente, Melissa logo descobriu que conquistar esses homens era mais difícil do que parecia, mesmo quando ela jurava não querer nada sério. Foi aí que surgiu a solução: decidiu seguir os conselhos dos mais populares livros de autoajuda para conquistar homens e criou um blog para narrar suas experiências. Nasceram daí os encontros de Lauren, que em Amor ao Pé da Letra, receberam toques de ficção, como uma legítima comédia romântica.
Um diário de Bridget Jones para uma nova geração, Amor ao Pé da Letra promete conquistar todos que já sofreram na busca do amor verdadeiro. 

Resenha: Antes de conhecer o noivo, a autora Melissa Pimentel gastou boa parte de seu tempo transformando a própria vida num experimento social. Descompromissada e de saco cheio de homens prepotentes, ela decidiu seguir conselhos de guias, revistas e especialistas em encontros além de criar e manter um blog pessoal sobre o assunto iniciando um projeto a fim de descobrir se o problema era com ela ou com sua forma de abordagem ao se envolver com os caras. Depois de alguns meses, vários posts haviam sido publicados, vários encontros fracassados tinham acontecido e, provavelmente, litros de álcool tinham sido ingeridos, mas diante desta situação ela se inspirou na própria história que conta sobre essa coisa de encontrar o amor, principalmente porque realmente encontrou o seu, e escreveu Amor ao Pé da Letra, publicado no Brasil pela Paralela.

O livro conta a história de Lauren Cunninghan, uma mulher de vinte e oito anos, linda e inteligente, mas que não tem a menor sorte quando o assunto é amor. Ela sai de Portland, nos Estados Unidos deixando um relacionamento pra trás rumo a Londres buscando por uma vida de solteira que acredita existir somente lá, assim como conseguir um emprego no Museu de Ciências que lhe abriria portas para várias e diferentes oportunidades. Lauren quer curtir e aproveitar o máximo que pode sem que haja qualquer compromisso, mas os homens não parecem entender que ela não quer nada sério e sempre fogem acreditando que ela quer amarrá-los de alguma forma.

Tudo começa quando ela se dirige a um apartamento localizado à Old Street para alugar um quarto. Lucy a recebe com muita simpatia, Lauren se torna sua inquilina e as duas se tornam amigas. Até que ela conhece Adrian numa festa e os três meses que viriam agraciariam Lauren com um relacionamento casual e descompromissado regado a trepadas incríveis. Era tudo que ela queria, até ter tido a "brilhante" ideia de preparar pra ele um café da manhã com ovos... Adrian se convenceu de que ela queria fisgá-lo e, obviamente, deu no pé. E por causa desses malditos ovos, Lauren teve a ideia de investir num plano mirabolante... Acreditando estar "amaldiçoada", ela transforma a vida num experimento social em que a cada mês seguiria conselhos dos livros de autoajuda mais conhecidos para conquistar os homens se tornando irresistível aos seus olhos sem que pensassem que ela estava agindo com segundas intenções pra cima deles. Ela se empenha nesse projeto científico a fim de testar os homens e conhecer como funciona suas cabeças, mas sabe que precisa partir pra ação já que utilizando somente de técnicas nunca teria "material" para trabalhar. E assim, se arriscando em encontros malucos e conhecendo gente mais maluca ainda, ela embarca numa aventura divertida e super cativante!

O livro é narrado em primeiro pessoa e tem forma de um diário onde Lauren narra os acontecimentos dos seus experimentos que tem duração de um mês de forma crua e natural, solta palavrões sem se preocupar, e fala sobre sexo de forma aberta sem papas na língua, o que contribui ainda mais para que a leitura seja divertida e realista. Ela vai lendo os livros, fazendo seus testes e tirando as próprias conclusões do que aprende, quase sempre debochando de toda a situação.
Lauren é engraçada, super sarcástica, muitas vezes inconsequente e bastante feminista, mas ainda assim consegue transpassar um lado doce e romântico.

Ainda há um toque de mistério acerca do segredo que ela esconde sobre seu passado que foi o motivo de ela ter resolvido se mudar de país e de vida e tudo é pastante palpável.
A história se divide em sete partes principais, abordando o livro e o método que Lauren está colocando em prática no mês em questão, compartilhando seus pensamentos mais íntimos sobre os relacionamentos, assim como as ferramentas utilizadas para tal, e ao fim ela sinaliza a experiência indicando as pessoas ideias para o uso e com que tipo de pessoa o tal método pode funcionar da forma mais satisfatória possível.

A protagonista vivencia situações hilárias, conhece caras interessantes mas também entra em furadas durante suas "pesquisas de campo", mas num determinado momento ela acaba parando pra refletir sobre sua atual condição. Enfrentar o passado e assumir responsabilidades colaboram para que a história tenha um toque dramático e Lauren acaba percebendo que se quer ser feliz, precisa dar um jeito na própria vida e fazer escolhas que podem fugir do que consiste seu experimento. Ela vai conseguir lidar com o que o futuro lhe reserva?

A história é previsível, confesso, mas considerando o conteúdo, que ainda possui um toque autobiográfico da autora, não acho que tenha sido um ponto negativo. Há dicas no decorrer da leitura que tornam tudo bastante evidente sendo possível supor as coisas antes delas serem reveladas.
A capa é bastante sugestiva e todo o trabalho gráfico do livro é perfeito. A textura é aveludada e os óculos escuros vem com aplicação de verniz se destacando do restante da ilustração dando um acabamento bem bacana. As páginas são amarelas e a fonte tem tamanho agradável. Como já informei em outras resenhas, a Paralela procura se manter fiel à diagramação original da obra e os diálogos são apresentados com aspas em vez da habitual travessão, mas não é nada que me incomode mais.

Amor ao Pé da Letra é um livro espirituoso e muito divertido. É uma leitura obrigatória para todas as mulheres!
A capacidade da autora em fazer um tipo de "documentário" usando a própria vida como inspiração para suas aventuras cheias de boas verdades e muito bom humor é fantástica! O livro se tornou um dos meus favoritos e pra quem procura por uma história descontraída e já passou pelas experiências de fugir de compromissos sérios, ler e fazer testes loucos de revistas femininas, ou de se meter em roubadas ou até ter tido lances rápidos mas marcantes, recomendo!

1 Milhão de Motivos para Casar - Gemma Townley

4 de agosto de 2015

Lido em: Agosto de 2015
Título: 1 Milhão de Motivos para Casar - Jessica Wild #1
Autora: Gemma Townley
Editora: Record
Gênero: Chick lit
Ano: 2015
Páginas: 392
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Quatro milhões de libras. Para Jessica Wild, este é um valor que ela nunca mesmo, em seus sonhos mais loucos, conseguiria ter. Porém, é mais ou menos o quanto ganha quando sua amiga Grace morre e a deixa como herdeira. O único obstáculo entre Jess e a fortuna é um detalhezinho no testamento: seu nome aparece como Sra. Jessica Milton.
A questão é que... bem... Grace sempre perguntava sobre a vida amorosa de Jess. Ela, por sua vez, descrente no amor e na felicidade conjugal, acabou inventando um namorado — que viria a se tornar seu marido — de mentira. O sortudo foi Anthony Milton, seu chefe. E agora Jess se vê em um beco sem saída: a única maneira de conseguir a herança é se casar com Anthony. Em cinquenta dias. E sem que ele saiba o verdadeiro motivo.
Jessica então terá de usar todas as manobras possíveis para conseguir o sucesso da nova empreitada: o Projeto Casamento.

Resenha: 1 Milhão de Motivos Para Casar é primeiro volume da trilogia Jessica Wild escrita pela autora Gemma Townley e publicado no Brasil pela Editora Record.
Jessica Wild é uma jovem ambiciosa que sempre se focou no trabalho. Um relacionamento amoroso ou qualquer compromisso sério é algo que lhe causa aversão pois ela cresceu com a ideia de que homem é uma raça imprestável, de acordo com sua avó. Mas seus problemas estavam apenas começando... Tudo começou quando, ao visitar a avó na casa de repouso, ela conheceu Grace, uma senhora adorável mas bastante sozinha. Mas aconteceu de sua avó morrer lhe deixando várias despesas com o asilo e gentilmente Grace se ofereceu para pagar. Sem intenção de aproveitar, ela concordou e as duas acabaram se tornando grandes amigas. Jessica visitava Grace como se fosse da família e ela gostava de passar um tempo com ela de verdade, conversando, assistindo filmes, trocando segredos e ouvindo dela que o casamento era algo de extrema importância pois constituir família e ter amor na vida são as coisas que realmente importam. Grace começou a sonhar com o dia em que Jessica se casaria e ela, para não contradizer a amiga ou decepcioná-la já que estava bastante doente, inventou que estava saindo com alguém. A história foi aumentando e Jessica confidenciou um casamento em segredo com ninguém menos do que Anthony Milton, o dono de um agência publicitária muito renomada em Londres, seu chefe! Tal notícia deixou Grace radiante de tanta felicidade mas devido a doença ela não resistiu e partiu desta vida. Sendo dona de muitas posses e dinheiro, deixou "Jessica Milton", e não "Jessica Wild" como sua única beneficiária no gordo testamento. Jess teria exatos 50 dias para reivindicar a herança de 4 milhões de libras, mas para isso teria que provar que é casada com Anthony! Resta a ela decidir se vai revelar sua mentira ou se vai embarcar num projeto maluco, o "Projeto Casamento", para conquistar o chefe e ainda convencê-lo a se casar nesse tempo tão curto a fim de botar a mão na bufunfa e ter a vida que sempre sonhou.

A história é narrada em primeira pessoa pelo ponto de vista de Jess de uma forma bastante descontraída. A leitura flui maravilhosamente bem e é super agradável de se acompanhar.
Jessica é a típica protagonista que representa a mulher moderna e ambiciosa, mas acho que devido aos ideais que aprendeu com a avó desde cedo sobre a mulher não precisar ter um homem para crescer na vida ou ser feliz, e caso o relacionamento aconteça mais cedo ou mais tarde ele vai decepcionar e estragar tudo, ela acaba sendo uma personagem passiva, do tipo que permite que as coisas aconteçam enquanto ela apenas observa sua vida passar. Ela cresceu sendo orientada a agir com cautela sempre, mas a falta de maiores explicações por parte da avó acabou levando Jess a ser conduzida por caminhos que, muitas vezes, ela acreditava ser o certo sem saber, de fato, se era mesmo. Jessica era guiada pelas palavras da avó e tudo que ia contra poderia ser um absurdo. Ela é muito fechada e pensa que usar roupas decotadas ou mais curtas faz com que ela passe a impressão de ser alguém oferecida ou promíscua e quando Helen, sua amiga com quem divide o apartamento, propõe que ela se vista de forma mais provocante ou use maquiagem para chamar atenção de Anthony, Jess fica desesperada. Mas diante da oportunidade de faturar a bolada de 4 milhões, Jess não tinha muita coisa a fazer se não topar o Projeto Casamento, mesmo que isso significasse arriscar seu emprego e sua reputação. Ela quer honrar Grace mas ir contra a própria ideologia é algo que a tirou de sua zona de conforto completamente.

O mais legal da história é que a autora não foca tudo na missão de fisgar Milton. Durante a jornada de Jess ela acaba enxergando as coisas de uma outra forma e tudo faz com que ela repense seus próprios conceitos, deixando de se importar com a opinião alheia e buscando ser feliz.
Ao parar pra refletir sobre os motivos que levam duas pessoas a se casarem, a autora fala sobre a necessidade da paixão, o casamento por conveniência, ou até pra manter as aparências. Por que antigamente as pessoas levavam o casamento a sério, independente do motivo que as levou a se casarem, se hoje em dia o divórcio é algo tão rotineiro e normal? Seria o casamento uma instituição fadada ao fracasso?

Os personagens são os responsáveis por tornar a leitura impagável ao assistirem Jess tentando se transformar em quem não é quando no fundo sua consciência lhe mostra a verdade. Mesmo que as investidas, sejam pra ajudar ou pra atrapalhar a protagonista em seu propósito, sejam um pouco rasas, ainda conseguem arrancar risadas.
A edição da Record está divina. A capa é infinitamente mais bonita do que a original. As páginas são amarelas e a fonte é grande. A margem tem um espaçamento ótimo e tudo colabora para a leitura. Alguns capítulos mostram as etapas do Projeto Casamento em fonte diferenciada com as tarefas que Jess tem para o dia em questão.

Acho que a frase "antes tarde do que nunca" se encaixa bem na história desse livro. Muitas pessoas repudiam o casamento ou acreditam piamente que um relacionamento não é algo obrigatório para que alguém seja feliz, como Jess. Mas ao conhecer melhor seu chefe em suas tentativas de conquistá-lo , ela acaba se abrindo um pouco quando conhecer outras pessoas, repensando suas atitudes e investindo em coisas que jamais acreditou...
Acho super válido fugirmos de padrões a fim de evitarmos viver uma vida da qual não podemos ser felizes ou nos passarmos por alguém que não somos para conseguirmos alguma coisa de alguém. Sempre digo que o que é certo pra um pode não ser pra outro, e isso envolve qualquer tipo de assunto.

Ao fim do livro, fiquei com a impressão de que a autora quis dar um final feliz pra todos, talvez como forma de redenção ou segunda chance, não sei, mas confesso ainda não ter me decidido se foi algo que gostei ou não. Vale o divertimento, a escrita da autora é ótima e o livro rende muitas risadas e reflexões.

A trilogia é composta pelos seguintes títulos:
- 1 Milhão de Motivos para Casar (lançado em Julho/2015)
- A Wild Affair (ainda não lançado no Brasil)
- An Ideal Wife (ainda não lançado no Brasil)

Gostei muito da leitura e recomendo pra quem procura por um chick lit divertido, espirituoso e que surpreende.

Você (não) é o Homem da Minha Vida - Alexandra Potter

2 de agosto de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: Você (não) é o Homem da Minha Vida
Autora: Alexandra Potter
Editora: Record
Gênero: Chick lit
Ano: 2015
Páginas: 448
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva
Sinopse: O sonho da maioria das mulheres é encontrar o homem da sua vida. Lucy só quer se livrar dele.
No instante em que Lucy conhece Nate em Veneza, durante o intercâmbio da faculdade, ela tem certeza de que é o amor da sua vida. Com toda a magia do primeiro amor, eles se beijam ao pôr do sol sob a Ponte dos Suspiros, o que, segundo a lenda local, os uniria para sempre.
Passados dez anos, porém, eles perderam contato por completo. Até que Lucy se muda para Nova York, e o destino faz com que se reencontrem. E se reencontrem. E se reencontrem. Mas o Nate atual é muito diferente do que ela conheceu aos 19 anos, e Lucy preferia o antigo.
Será que ele é mesmo sua alma gêmea? Como ela conseguirá se livrar dele? Afinal “para sempre” pode ser muito tempo...
Uma comédia romântica original e mágica sobre o que acontece quando o sonho de toda menina de encontrar sua alma gêmea se torna verdade. 

Resenha: Em 1999, durante um intercâmbio da faculdade, Lucy Hemmingway conhece Nathaniel Kennedy, ou só Nate, e a magia do primeiro encontro foi doce e linda o bastante para abalar as estruturas de qualquer um. Foi quase como se eles tivessem sido atingidos pela seta do próprio cupido. Tudo colaborou para que esse romance se tornasse inesquecível mas após terem vivido algo tão intenso, seus caminhos acabaram se separando... Dez anos depois, Lucy continua apaixonada, ela não consegue apagar as lembranças que guardou de Nate e nem ficar livre daquela sensação de ter perdido o amor de sua vida para sempre. Ela sai de Londres e se muda para Nova York a trabalho, e quando ela pensou ter esquecido Nate, o inesperado acontece: os dois se reencontram por coincidência e ela mal pode acreditar que ele agora está diante de seus olhos, em carne e osso. Lucy acredita que aquele beijo ao pôr do sol sob a Ponte dos Suspiros enquanto os sinos da igreja badalavam sem parar foi um "ritual" cuja lenda rezava ser o responsável por uní-los e ligá-los para sempre... Porém, dez anos é muito tempo... Tempo suficiente por colocá-los numa realidade bastante diferente de quando se conheceram... Mesmo que Lucy tenha dado uma outra chance a esse relacionamento, ela percebe que Nate não tem nada a ver com aquele cara jovem e encantador que ela conheceu aos dezenove anos em Veneza e aquele encanto não existe, e por mais que eles não parem de se reencontrar ao acaso, Lucy acredita que "para sempre" é tempo demais para algo que parece ter, de fato, acabado, mesmo que a lenda pareça ser verdadeira. Logo eles já estão fartos um do outro mas o destino não pára de fazer o caminho dos dois e cruzarem. E agora, como se livrar de Nate de uma vez por todas?

Narrado em primeiro pessoa pelo ponto de vista de Lucy, Você (não) é o Homem da Minha Vida faz um misto de romance e comédia responsáveis por tornar a leitura super agradável e recheada de cenas hilárias. A escrita da autora é conservadora, fluida, cômica e cativante e acompanhar a saga de Lucy e Nate para fugirem um do outro foi algo impagável.
Enquanto Lucy e Nate estavam em Veneza, foi como um filme de amor daqueles melosos e lindos... Tudo era mágico e a vontade era de ter um Nate pra mim... Mas depois de dez anos fica claro o quanto ele mudou se tornando alguém muito desagradável, e misturar uma pessoa assim com a ideia de se agarrar a uma fantasia de uma década atrás não poderia resultar em algo que prestasse.
Lucy é uma protagonista super simpática, sonhadora e acabou se passando por uma personagem mais real do que a maioria das demais. Ela é desastrada mas não de um jeito irritante, e sim cômico e super engraçado. Quando Adam entra em cena as coisas ficam muito mais legais, pois ele, diferente de Nate, é alguém fantástico e se mostrava ideal como par de Lucy. Ela consegue ser ela mesma na companhia de Adam e isso não acontece quando Nate está por perto.
Os personagens secundários também são adoráveis, desde Robyn, colega de quarto de Lucy, até Magda, sua chefe admirável.
Os diálogos são espirituosos na grande maioria das vezes e achei um barato saber mais sobre leis de atração do universo através das conversas das personagens.
Um ponto bacana é que há um subtrama paralela à história principal. Kate, a irmã de Lucy, com seu marido, Jeff. Kate parece ser alguém muito fria a primeira vista, mas com o desenrolar da história podemos vê-la amolecendo um pouco, o que me agradou bastante.

A história foi um pouco lenta em algumas partes, e até previsível em outras, mas posso afirmar que foi uma leitura super divertida e válida. As maneiras em que Lucy e Nate tentaram fugir um do outro foram muito engraçadas, e gostei bastante da forma como os demais personagens estavam inclinados a ajudá-la. Mas entre todos os pontos, o que realmente me fez aproveitar bem a história foi o aspecto mágico/místico que a autora usou e que fez sentido do início ao fim. Mesmo que a autora tenha simplesmente inventado a lenda da Ponte dos Suspiros, foi algo super original e que fez toda a diferença. A ideia de uma libertação de algo que já não convém, mesmo que se trata de uma suposta alma gêmea, é trabalhada de forma bastante satisfatória, assim como a ideia de que tudo o que vivemos serve como experiência ou ainda que devemos ficar atentos ao nosso redor, visto que o amor verdadeiro pode estar onde menos se espera...

Sobre a parte impressa, as manchas de aquarela são super originais no que se refere a capas e conseguiu dar um toque artístico à obra, principalmente ao levar em consideração que Lucy trabalha numa galeria de arte. As páginas amarelas e a fonte grande colaboram com a leitura e o trabalho de edição e revisão da Record estão divinas.

Para quem gosta de chick lits e deseja rir bastante com as situações hilárias pelas quais os personagns passam, super recomendo!

Ninguém Transa às Terças-Feiras - Tracy Bloom

8 de junho de 2015

Lido em: Junho de 2015
Título: Ninguém Transa às Terças-Feiras
Autora: Tracy Bloom
Editora: Bertrand Brasil
Gênero: Chick Lit
Ano: 2015
Páginas: 210
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Katy e Matthew eram um casal inseparável. Mesmo quando ingressaram em universidades diferentes, resistiram por um tempo à distância e às tentações dessa nova fase da vida. Até que Matthew pisou feio na bola e pôs tudo a perder. Dezoito anos depois, eles se reencontram numa confraternização de ex-alunos. Matthew está casado, e Katy, comprometida. Mas aquela festa, embalada por hits dos anos 1980, reacende a velha chama. Quando acordam juntos na manhã seguinte, confusos e arrependidos, decidem nunca mais se ver.
Pelo menos era esse o plano. Agora, Katy está grávida e precisa encarar os desafios de ser mãe ao lado de Ben, seu namorado oito anos mais jovem. Ao mesmo tempo, Matthew vê sua vida perfeita entrar em colapso ao descobrir que pode ser o pai do filho de Katy justamente quando Alison, sua esposa, também está grávida, de gêmeos. Sem saber quem é o pai da criança, Katy se vê mais dividida do que nunca. E, embora saiba que Matthew a magoou como nenhum outro homem, não consegue se desvencilhar dos antigos sentimentos.
Com personagens irresistivelmente humanos, Ninguém Transa às Terças-Feiras nos mostra como a vida adulta e o amor podem ser complicados.

Resenha: Ninguém Transa às Terças-feiras, escrito pela autora Tracy Bloom e publicado no Brasil pela Bertrand, é uma comédia romântica que conta a história de Katy.
No passado, Katy e Matthew formavam um casal fofo e inseparável, mas ele conseguiu estragar tudo deixando Katy com o coração em cacos... Dezoito anos depois, num encontro de confraternização de ex-alunos, os dois se encontraram novamente e envolvidos por álcool e hits dos anos 80, que trouxeram uma enorme nostalgia, Katy e Matthew acabaram a noite na cama. Nada estaria errado, a não ser pelo pequeno detalhe de que Katy era comprometida com Ben (mesmo que fosse um relacionamento mais aberto), e Matthew casado com Alison.

Poucas semanas depois, Katy descobre estar grávida... E a história começa exatamente quando ela e Ben estão chegando na primeira aula do curso de pré-natal. O que ela não esperava era encontrar Matthew com a esposa, grávida de gêmeos, no mesmo curso. Até então, ela tinha preferido ignorar e manter em segredo a aventura que teve com o ex pois seria impossível ter ficado grávida por causa de uma única noite, mas Matthew fez as contas e logo soube que ele poderia muito bem ser o pai do bebê... E a confusão tem início aí, pois Katy não sabe quem é o verdadeiro pai da criança e fica dividida sobre o que fazer. Matthew a magoou no passado mas ela não parece ter esquecido dele, e apesar de ser casado e também estar a espera de seus filhos, é mais velho e responsável e já deixou claro que está disposto a assumir a paternidade. Ben é oito anos mais novo do que ela e por ser meio "moleque" não parece ter um futuro tão promissor, o que não passa segurança nenhuma pra ela.
"- Perceba, terça-feira não é dia de nada. No domingo você faz sexo de fim de semana. Segunda-feira você faz sexo porque pensa: 'Droga, preciso de algo para me animar porque a semana está só começando.' Na quarta-feira você faz sexo porque talvez queira comemorar os nove gols que fez no futebol ou então porque a programação da TV à noite é entediante. Quinta-feira é a nova sexta para que você possa ir ao bar e depois fazer sexo do tipo: 'Oh, céus, não pareço louco e selvagem bebendo assim num dia de semana?'
Na sexta-feira você pensa: 'Graças a Deus, sobrevivi a mais uma semana e mereço sexo.' E sábado... Bem, no sábado você faz sexo porque, afinal, sábado é dia de fazer sexo mesmo.
'Mas terça-feira é diferente. Qual seria a razão para transar numa terça? Pergunte a quem quiser. Aposto que ninguém se lembra da última vez em que transou numa terça-feira.'"
- Pág. 20
Enfim, Ninguém Transa às Terças-Feiras é narrado em terceira pessoa, o que, na teoria, deveria permitir que os demais personagens além da protagonista tivessem um pouco mais de aprofundamento, mas não foi bem isso o que aconteceu. Apesar do título, o livro não tem exatamente o sexo como tema. A história gira em torno de uma gravidez inesperada cujo enredo foca na questão da paternidade da criança enquanto os personagens se metem em confusões e situações, na maioria das vezes, cômicas.

Enxerguei Katy como alguém rancorosa, inconsequente e que parece não ter a menor noção do que o futuro lhe reserva. Ela guardou tanta mágoa devido ao relacionamento falido que teve com Matthew que não conseguia mais se abrir pra ninguém. Por mais que tenha se envolvido num relacionamento com Ben e se divertisse com ele em todos os sentidos, ter intimidade significava um potencial para mais mágoas e decepções e ela cortava isso a qualquer indício de uma aproximação maior que ele tentasse fazer só pra evitar se machucar.

Ben, apesar de ser irresponsável, é muito esforçado. Ele fica completamente perdido com a ideia de ser pai, não tem ideia do que deve fazer, mas mostra que estará alí por Katy custe o que custar e mesmo não sendo um personagem tão simpático, não considerei que fosse terrível. É como se ele representasse a juventude que quer viver o momento sem preocupações. É jovem pra levar a vida a sério, mas não é velho demais pra "sossegar".

No decorrer do livro, Katy se preocupa com a questão de quem é ou não o pai, e com fatores que envolvem o que e quem poderia ser melhor pra ela enquanto Daniel, seu melhor amigo gay - e escandaloso - lhe dá conselhos dizendo que o melhor que ela tem a fazer é se livrar de Matthew. A gravidez, às vezes, parece ficar em segundo plano. Mas ela tem 36 anos, achei seu comportamento infantil pra alguém dessa idade...

Matthew foi um personagem que me matou de raiva. Não acho que um relacionamento ruim justifique traições, e ele, pra mim, demonstrou ser um completo cretino. Ele quer mostrar que tem responsabilidade e consideração, mas só pensa no próprio umbigo e ainda usa desculpas como a obsessão da esposa pela própria gravidez e que ela não o compreende para se achar no direito de ficar com outra mulher.

Não me apeguei nem me afeiçoei em nenhum dos personagens por falta de empatia e por não ter achado nenhum deles simpáticos. Eu até tentei me colocar no lugar deles pra imaginar como eu agiria em determinadas situações, mas a palavra "traição" me dá nos nervos, e acho que nada justifica. Nada.

Mas confesso que seus comportamentos, o modo como pensam e agem são bastante reais, mesmo que irritantes e acredito que isso não seja um ponto totalmente negativo. Conheço várias Katys, vários Bens, e vários Matthews por aí... O egoísmo, a falta de caráter e a falta de senso ainda fazem parte da natureza humana e achei interessante a autora ter criado personagens tão falhos assim, mesmo que o toque de humor possa ter servido como tentativa de amenizar um pouco essas questões.

A capa é chamativa mas simples, o título é em alto relevo e com aplicação de verniz. O livro é fininho, a diagramação é simples e não encontrei erros na revisão.

Apesar de alguns clichês e dos personagens nem sempre agradáveis, Tracy Bloom escreveu um livro divertido no que diz respeito as situações, com várias reviravoltas que tornam o desfecho imprevisível, mesmo que durante todo o livro eu tivesse torcido pra ver Katy sozinha no final. Mas gostei do final.

Gostei das referências musicais dos anos 80 que a autora inseriu na história, mesmo sabendo que foi através dessas músicas que Katy se deixou levar para dormir com Matthew e ter entrado nessa furada.
Confesso que algumas cenas me fizeram rir, principalmente o final quando Katy já está em trabalho de parto e só tem Daniel como companhia. É um livro divertido, sim, mas nada hilário que me fizesse escangalhar e rolar no chão. Acho que o humor britânico não tem o mesmo impacto no Brasil e talvez por isso não tenha achado o livro tão engraçado quando imaginei que fosse.

A situação dos personagens como um todo me fizeram refletir sobre sentimentos passados e presentes, se eles realmente acabam com o fim de um relacionamento mal resolvido ou se apenas ficam adormecidos em algum lugar do coração. Até que ponto as pessoas se deixam levar, usando de motivos ou desculpas para tomarem atitudes que nem sempre são corretas? Os riscos que um relacionamento moderno e aberto podem oferecer a quem se aventurar também são abordados, mas acredito que cada um sabe de si, desde que encare com responsabilidade e maturidade as consequências de seus atos e escolhas.