Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Não ficção
Ano: 2015
Páginas: 64
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente do dia em que a chamaram de feminista pela primeira vez. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. "Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: 'Você apoia o terrorismo!'". Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e começou a se intitular uma "feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens". Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.
Resenha: Chimamanda Ngozi Adichie é uma escritora nigeriana que ficou conhecida como uma das autoras mais influentes no que diz respeito a suas obras de cunho feminista.
Sejamos Todos Feministas é um livro com apenas 64 páginas, adaptado e baseado em um discurso que a autora fez no TEDxEuston em 2012, um evento destinado a palestras dedicadas à ideias inspiradoras sobre questões políticas, sociais ou ambientais.
O discurso se referiu à sua própria experiência e teve tanta repercursão que em 2013 foi incorporado na música Flawless, da cantora Beyoncé, ganhando ainda mais notoriedade e visibilidade.
O livro foi publicado pela Companhia das Letras e está disponível para download gratuito no site da Amazon.
Somos Todos Feministas é um tipo de conversa com o leitor onde a autora expõe suas experiências, seus pensamentos e sua opnião sobre a problemática que se refere às questões de gênero tão polêmicas presentes na sociedade com bastante leveza, legividade e de forma direta dando uma ótima perspectiva sobre o tema.
"...os homens não pensam na questão de gênero, nem notam que ela existe."
- Pág. 44
Quantas vezes as mulheres foram taxadas de forma negativa apenas por serem mulheres?
O fato é que o feminismo ainda é mal interpretado, e muitas vezes é considerado como um conceito negativo, e a autora começa seu discurso assim, contando uma ocasião em que um amigo a chamou de feminista pela primeira vez, em tom acusatório e desaprovador. E ao descobrir que o feminismo é um movimento que busca e luta pela igualdade do gênero, onde homens e mulheres devem ter os mesmos direitos, ela abraçou o conceito e passou a levá-lo como um lema em sua vida.
Hoje em dia vemos vários movimentos que apoiam a causa, enquanto há quem seja contra por simplesmente não entender do que se trata sem ao menos se dar ao trabalho de procurar saber seu funcionamento e seu real objetivo.
Até quando as mulheres serão diminuidas ou privadas de direitos, escolhas e conquistas que a sociedade acredita serem destinadas exclusivamente aos homens? Até quando se submeterão a certos tipos de coisas somente para superar ou cumprir as expectativas alheias?
O problema, no meu ponto de vista, é que pra cada ação há uma reação e a luta das mulheres em busca de direitos iguais talvez seja encarada pelos homens como um desafio, uma afronta. Seria porque a ideia de perder o título de "dominador" seja incômoda e dê a impressão de fracasso ou de submissão? É difícil para alguns entender ou aceitar conceitos que não foram inseridos na educação desde a infância e, dessa forma, crescem acreditando que cada um tem um papel definido na sociedade, na família, no trabalho e afins, e o que foge disso é anormal ou errado...
Basta entender que o feminismo não é o oposto de machismo, muito pelo contrário. O feminismo tenta mudar a realidade das mulheres que vivem constantemente sendo discriminadas por sua condição de ter nascido mulher, enquanto o machismo se baseia na crença de que os homens são superiores a elas, como se isso lhes dessem o "direito" de humilhá-las, abusá-las e colocá-las em seu lugar. Mas o que me pergunto é qual lugar seria este na cabeça desses pobres coitados?
Sou mulher e meu lugar é onde eu quero estar. Trabalho e cuido da casa e dos filhos, sim, mas tenho opinião própria, falo palavrão, jogo video game, não dependo de ninguém pra nada, não me deixo levar por influências que considero negativas, cuido da minha vida sem interferir na vida de ninguém e ser respeitada por ser quem eu sou é o mínimo, é simples. E se isso incomoda aqueles que discordam ou pensam que o lugar da mulher é na cozinha, é uma pena. Não vou mudar, e as mulheres que querem respeito por serem quem são e por suas escolhas também não.
Sejamos Todos Feministas é um livro curto, sim, mas com um conteúdo grandioso, poderoso e de utilidade pública.
Confira o discurso da autora (em inglês, sem legendas) que já conta com mais de 2,5 milhões de visualizações atualmente: