Autora: Clara Alves
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem adulto/Literatura Nacional/LGBT
Ano: 2020
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
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Sinopse: Raíssa e Ayla se conheceram jogando Feéricos, um dos games mais populares do momento, e não se desgrudaram mais — pelo menos virtualmente. Ayla sente que, com Raíssa, finalmente pode ser ela mesma. Raíssa, por sua vez, encontra em Ayla uma conexão que nunca teve com ninguém. Só tem um “pequeno” problema: Raíssa joga com um avatar masculino, então Ayla não sabe que está conversando com outra menina.
Quanto mais as duas se envolvem, mais culpa Raíssa sente. Só que ela não está pronta para se assumir — muito menos para perder a garota que ama. Então só vai levando a mentira adiante… Afinal, qual é a chance de as duas se conhecerem pessoalmente, morando em cidades diferentes? Bem alta, já que foi anunciada a primeira feira de Feéricos em São Paulo, o evento perfeito para esse encontro acontecer.
Em um fim de semana repleto de cosplays, confidências e corações partidos, será que esse romance on-line conseguirá sobreviver à vida real?
Resenha: Feéricos é um jogo online que está em alta no momento, mas, devido ao machismo gratuito por parte dos garotos, ser uma garota nesse meio é uma tarefa muito complicada. Raíssa é viciada no game e sabe como é terrível a sensação da opressão e das humilhações que as garotas sofrem com esse posicionamento odioso, então ela decide criar um perfil fake para se passar por um garoto e ajudar as meninas que quiserem jogar também.
Ayla, uma garota doce e simpática que também estava sofrendo com esse machismo absurdo enquanto jogava Feéricos, mas quando conhece Leo, ela percebe que ele é bem diferente de todos aqueles babacas, e as diversas partidas que jogaram juntos, assim como as muitas horas de conversa fizeram com que eles ficassem bem amigos. Mas o que Ayla não sabe ainda, é que Leo é o fake de Raíssa...
Tudo estaria ok, afinal, elas moram bem longe uma da outra e não teriam a chance de se encontrar, mas quando a desenvolvedora do jogo anuncia um concurso de cosplay valendo ingressos para um grande evento que aconteceria em São Paulo, as meninas ficam bem animadas para participar. Mas, além de ter perdido o controle da situação, Raíssa se apaixonou por Ayla, e agora não consegue contar a verdade pra ela.
Com uma narrativa em primeira pessoa que se intercala entre as duas protagonistas, Conectadas é um livro que aborda a temática LGBT de uma forma leve, descontraída e um tanto real, mostrando os dois lados da história, principalmente ao se levar a reação da família frente a essa orientação em consideração, a medida que os sentimentos das personagens vão sendo explorados diante dessa situação. O romance adolescente é até bem fofinho, mas a questão da mentira, que vai virando aquela bola de neve, chega a dar agonia. Eu só imaginava a frustração e o desgosto eterno de Ayla por estar presa nesse "catfish". Sei que a intenção de Raíssa não era enganar ninguém, e inicialmente sua motivação para jogar como Leo era bem nobre, mas a coisa vira um desastre tão grande que a vontade é de pegar a menina pelo ombro e dar uma sacudida mandando ela resolver logo esse problemão pra evitar decepções e sofrimento.
No mais, a escrita da autora é bem sensível, explorando personagens com muita representatividade que vão viver uma história cheia de altos e baixos nesse mundo gamer e nerd (que eu particularmente curto muito já que também gosto de jogar online), mas que traz uma mensagem muito bonita e importante sobre amor próprio, inseguranças, autoconhecimento e aceitação. Acho que é uma leitura muito válida e importante para o público mais jovem, tanto pela história se passar num cenário do qual a maioria já está bem familiarizada, quanto pelas questões levantadas de forma tão natural que, com certeza, muitos leitores e leitoras vão se identificar.