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Lobos de Loki - K.L. Armstrong e M.A. Marr

21 de outubro de 2015

Título: Lobos de Loki - Crônicas de Blackwell #1
Autoras: K.L. Armstrong e M.A. Marr
Ilustradora: Vivienne To
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Fantasia/Aventura/Infanto Juvenil
Ano: 2015
Páginas: 320
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Aos 13 anos, Matt Thorsen, não dava muita importância ao fato de ser um dos descendentes de Thor, o deus do Trovão. Até porque, na pequena Blackwell, a maior parte da população é descendente de deuses. Mas, quando as runas revelam que o Ragnarok – uma batalha capaz de provocar o fim do mundo – está próximo, Matt se vê obrigado a cumprir um destino pelo qual ele não esperava e embarca numa incrível aventura para salvar o mundo, com a ajuda dos primos Fen e Laurie, descendentes do deus Loki. Repleto de ação, fantasia e reviravoltas, Lobos de Loki é um início arrasador para uma saga única. 

Resenha: Lobos de Loki é o primeiro volume das Crônicas de Blackwell escrito pelas autoras K.L. Armstrong e M.A. Marr. O livro é uma publicação da Rocco Jovens Leitores no Brasil.

A história se passa na pequena cidade de Blackwell, Dakota do Sul. A maioria das pessoas são descendentes diretos de Thor e Loki, deuses nórdicos de Asgard. Matt Thorsen é um garoto de treze anos e, pra ele, família e tradição são as coisas mais importantes do mundo. Não é só questão de orgulho ser um descendente de Thor, mas uma questão de responsabilidade, afinal, é Thor quem deve liderar os deuses em sua batalha final quando o fim do mundo chegar. Mas, Thor está morto, assim como todos os outros deuses nórdicos. Então, quando há sinais de que o Ragnarök está chegando, as principais famílias de Blackwell se reúnem para encontrar os que vão substituir os deuses nessa batalha final.

Desta reunião, as Nornes - conhecedoras do futuro e do destino de deuses e humanos - jogaram as runas e fizeram uma grande revelação: O Ragnarök está próximo e Matt é o escolhido para representar Thor na batalha contra a Serpente de Midgard. Tal revelação surpreende a todos, incluindo Matt que fica totalmente desanimado com a nova tarefa de montar uma equipe de novos deuses, e sem ajuda de ninguém da família. Ele deve encontrar outros descendentes e sua ideia é começar pelos descendentes de Loki, mais especificamente Jen e Laurie. Ao começar a leitura já percebemos como o relacionamento dos dois é arisco. Os garotos não se batem, brigam feito loucos e parece que se odeiam, logo, Matt não sabe como fazer Fen lutar ao seu lado já que são "rivais" e as brigas fazem com que Laurie ainda se afaste de Matt por achá-lo um porre.
Mas querendo ou não, Laurie e Fen devem trabalhar juntos com Matt para encontrar as outras crianças que descendem dos outros deuses, além de encontrar artefatos mágicos que pertenceram a Thor para servir de auxílio na tentativa de livrar o mundo do seu iminente fim.

A narrativa se alterna entre Matt e os primos Fen e Laurie. Sendo em terceira pessoa, o leitor não fica limitado a pensamentos particulares de cada um e isso acaba dando um tom mais diversificado para a história, mostrando as coisas de uma forma geral e mais ampla.
Não nego que a premissa não seja boa e interessante, mas não é lá muito original: Um bando de garotos que vão combater um monstro terrível prestes a desencadear o fim do mundo enquanto eles são guiados por lendas antigas para tentarem mudar esse destino trágico. Pra quem leu a série Percy Jackson vai ver claramente que a comparação é inevitável.

Dentro do contexto eu gostei dos personagens. Matt é um garoto que vive frustrado por tentar sem sucesso agradar e família e ser exemplo de filho perfeito. Como é o irmão mais novo, ninguém acredita em seu potencial e os pais pensam que ele deveria ser como os irmãos. Como não é, ele se vê como uma grande decepção. Diferente da família que gosta de futebol, ele gosta de boxe, e talvez essa seja a maneira que ele encontrou para canalizar sua raiva, e consequentemente faz com que ele se revele um ótimo lutador e ainda um bom líder.
Confesso que gostei de ver o crescimento do garoto e a descoberta de seus dons especiais Ele inicialmente estava inseguro com sua tarefa mas ao final se superou ao se transformar em um líder que aprendeu e ensinou o trabalho em equipe.

Fen é aquele personagem antipático e que não conquista a simpatia do leitor logo de cara. Ele é problemático, atrevido e parece gostar se ser visto como alguém encrenqueiro. Mas a medida que a história se desenrola, vemos que ele tem uma ligação muito forte com Laurie e como ele é preocupado com a segurança dela. Ele faria qualquer coisa pra proteger a prima mas confesso ter achado um pouco estranho o fato de eles serem tão próximos assim. Como ele é descendente de Loki, ele consegue se transformar em lobo e tal poder tem tudo a ver com a história.
Eu gostei de Laurie pois ela serve como uma mediadora entre Matt e Fen quando os dois estão em conflito. Ela também é preocupada com o primo e parece ter uma enorme necessidade de cuidar dele.
Há outras crianças que se juntam ao grupo e têm importância na história, alguns guardam segredos, outros têm habilidades incríveis, mas todos colaboram para os acontecimentos.

Pelo fato de ser um livro infanto juvenil, acho até justo que os heróis estejam numa faixa etária que corresponda ao público para o qual o livro se destina: crianças e pré adolescentes. Não que o livro não possa ser aproveitado por leitores mais velhos, mas, para leitores mais exigentes, a falta de aprofundamento no desenvolvimento da história ou outros acontecimentos "inexplicáveis" podem incomodar. Acho muito legal quando autores inserem alguma mitologia conhecida num ambiente atual e que possa remeter ao dia-a-dia, desde que sejam críveis mas aqui não há uma explicação sobre o motivo dos descendentes dos deuses viverem reunidos em Blackwell e a questão do Ragnarök e as catástrofes que antecedem este evento não foram bem pensadas se levarmos em consideração o ambiente e a época em que a história se passa, pois se os desastres naturais são provocados por figuras mitológicas, no caso a Serpente de Midgard, o que a ciência fez pra explicar eventos desse tipo durante todo esse tempo para os meros cidadãos que não têm conhecimento sobre os deuses? E o Monte Rushmore que é composto por trolls que saem vagando por aí? Quando eles saem ninguém percebe que algo está faltando naquela montanha enorme que pode ser vista a quilômetros de distância?

Talvez eu não teria percebido essas "falhas" ou não faria esses questionamentos se fosse uma leitora mais jovem e poderia encarar como mera fantasia, então precisei relevar e tentar ler como se eu fosse uma, mas foi difícil me conectar à história, principalmente por achar a narrativa um pouco arrastada e pouco envolvente. Só senti um gás no final do livro e por isso bateu a curiosidade de continuar a série. Então, para um livro voltado ao público infanto juvenil, acredito que a trama e a construção dos personagens foi, de certa forma, satisfatória e o que foi desenvolvido, apesar do primeiro livro ser mais introdutório, é o bastante pra termos noção da personalidade de cada personagem e nos familiarizarmos com o universo criado pelas autoras.

Com relação desenvolvimento da história, posso dizer que as coisas tiveram uma evolução bem rápida e dinâmica mas o que resume tudo é o progresso da amizade entre dois garotos que não se davam bem quando precisam arriscar as próprias vidas ao lutarem lado a lado contra monstros.

O projeto gráfico do livro é super caprichado. A capa é bem chamativa e bonita e já dá uma boa ideia do tipo de aventura que as crianças enfrentam. A diagramação é perfeita. Cada início de capítulo tem o nome do personagem da vez seguido por um título e há várias ilustrações representando alguma cena de destaque da história. As páginas são amarelas e tamanho de fonte e das margem são ótimos.

Lobos de Loki é um livro que não é só feito de aventuras e mitologia. Ele fala de amizade verdadeira e laços familiares, mas também inseguranças, decepções e sobre encontrar um lugar onde você se encaixa e pertence.