Autora: Dinah Jefferies
Editora: Paralela
Gênero: Romance
Ano: 2017
Páginas: 432
Nota:★★★★☆♥
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Em 1925, a jovem Gwendolyn Hooper parte de navio da Escócia para se encontrar com seu marido, Laurencek no exótico Ceilão, do outro lado do mundo. Recém-casados e apaixonados, eles são a definição do casal aristocrático perfeito: a bela dama britânica e o proprietário de uma das fazendas de chás mais prósperas do império. Mas ao chegar à mansão na paradisíaca propriedade Hooper, nada é como Gwendolyn imaginava: os funcionários parecem rancorosos e calados, e os vizinhos, traiçoeiros. Seu marido, apesar de afetuoso, demonstra guardar segredos sombrios do passado e recusa-se a conversar sobre certos assuntos. Ao descobrir que está grávida, a jovem sente-se feliz pela primeira vez desde que chegou ao Ceilão. Mas, no dia de dar à luz, algo inesperado se revela. Agora, é ela quem se vê obrigada a manter em sigilo algo terrível, sob o preço de ver sua família desfeita.
Resenha: O Perfume da Folha de Chá é um romance da escritora Dinah Jefferies publicado no Brasil pelo selo Paralela, da Companhia das Letras. Ambientado no Sri Lanka, em 1925, a história narra a trajetória de Gwen e Laurence. A jovem se muda da Inglaterra para o Ceilão com 19 anos, para morar com seu marido, que é cerca de 18 anos mais velho. Levando uma vida de esposa dedicada e dona do casarão na fazenda, a moça engravida e a alegria toma conta dos dois. Essa felicidade, no entanto, não dura muito para Gwen. Sua gravidez, além da divina maternidade, traz algo obscuro que ela precisará carregar em segredo.
Esse mistério que a sinopse evidencia é um dos bons motivos para se ler a obra de Dinah. Romances históricos são sempre pratos cheios, sejam eles carregados de humor ou de muito drama. Não se prendendo somente ao sentimento de Laurence e Grew, a história abrange em seu pano de fundo plantações de chá, o requinte da alta sociedade, segredos e personagens que são muito bem construídos.
A narrativa é bem acelerada e não é do tipo que ambienta detalhadamente o leitor numa cena. Para transcorrer um grande espaço de tempo na trama, foi necessária uma escrita mais enxugada e direta. Essa forma de narração se faz necessária, uma vez que anos e anos vão se passando ao decorrer das páginas. Os diálogos são feitos com certa dinâmica e não se delongam muito, Por vezes, a ausência de cenas mais descritas e detalhadas podem fazer falta, mas nada que prejudique o livro como um todo.
Laurence, como dito na contra capa, tem algo a esconder em seu passado. Gwen, que se torna esposa dele apenas com dezenove anos, carrega um segredo em relação sua gravidez. A autora foi feliz na construção da relação dos dois, pois ao decorrer da trama é difícil entender como funciona a mente de Laurence e para onde a relação dos dois caminha. Em certos momentos ele parece amar a esposa, mas em outros não demonstra absolutamente nada, o que supostamente está ligado ao fardo que ele carrega do passado. Já Gwen, que foi uma personagem forte e muito determinada, necessita levar consigo um fato que não pode ser compartilhado com ninguém. Em diversos trechos são dadas pequenas pistas, muito difíceis de decifrar, e a expectativa de descobrir o que ambos escondem só aumenta.
Variety, irmã de Laurence, é a antagonista. O papel dela, além de ser inoportuna na casa do irmão, é tentar a todo custo desafiar Gwendolyn. Essa relação conflituosa e a insistência em desafiar a cunhada intrigam e fazem com que a leitura se torne extremamente tensa em diversos momentos.
O Perfume da Folha de Chá não é somente um romance, mas sim uma história de superação e lições de vida sobre até onde o ser humano vai para proteger sua família. A protagonista é de extrema força e coragem, e numa narrativa simples, a autora conseguiu explorar muito a personalidade dela, o que a maternidade envolve e, ainda, após fazer uma viagem a Índia e a alguns países para compôr sua história com maior fidelidade possível, levantou a questão sobre o quão importante eram as aparências naquela época e de que se misturar com alguém de pele mais escura era visto como um "pecado" diante da sociedade. Com um dilema muito grande, a questão final que fica é: até onde nós iríamos para perdoar?