Autora: Emma Chase
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance
Ano: 2017
Páginas: 304
Nota:★★★★☆
Sinopse: Como advogado em Washington, DC, Stanton Shaw mantém as perguntas afiadas e os argumentos irrefutáveis, além de ser conhecido como “Encantador do Júri” com seu sotaque do sul, sorriso irresistível e olhos verdes cativantes. Embora pareça que sua vida está seguindo pelo caminho que sempre desejou, o advogado perde o rumo ao descobrir que Jenny, sua namorada do colegial e mãe de sua filha, irá se casar.
Como uma medida desesperada, ele implora que Sofia – a amiga alucinantemente colorida – o acompanhe ao Meio do Nada, no Mississippi, para ajudá-lo a reconquistar a mulher que ama. Sofia aceita, mesmo que seu lado racional diga uma coisa e seu coração outra…
O que pode acontecer quando você mistura uma cidade com um único semáforo, dois advogados profissionais, uma rainha do baile de formatura, quatro irmãos mais velhos, a salsicha de Jimmy Dean e uma vovó armada? O uísque rola solto, a paixão cresce e até o mais detalhado dos planos é atropelado pelos desejos do coração.
Resenha: Stanton e Jenny se conhecem desde a infância. Eram crianças que viviam se implicando por qualquer tipo de bobagens e isso só poderia significar uma coisa: amor. O tempo passou, eles cresceram e Jenny foi a primeira em tudo para Stanton. Esse primeiro amor duraria para sempre, mas, quando eles tinham dezessete anos, uma gravidez indesejada no último ano do colégio aconteceu, e isso mudaria a vida dos pombinhos para sempre. Stanton tinha planos de ir para a Universidade de Columbia mas, com um bebê a caminho, ele teria que desistir e se conformar com a vidinha interiorana na cidadezinha sulista de Sunshine, Mississipi. Ele foi criado com a ideia de que o homem deve ser o provedor da casa e não poderia permitir que sua amada ficasse sozinha e sem sua proteção. Mas Jenny, sempre pé no chão e realista, jamais permitiu que ele abrisse mão dos sonhos, de um futuro promissor, e dois meses depois que Presley, a filhinha deles, nasceu, Stanton partiu de mala e cuia com a promessa de que voltaria para buscá-las quando estivesse com a vida financeira bem estruturada. Stanton levava seus estudos a sério e se dedicava muito ao propósito que traçou para sua vida, e visitava Jenny e Presley em raras ocasiões, mas o relacionamento se resumia somente a essas curtas visitas. Ao voltar para Washington, Stanton já estava livre para ficar com a mulher que quisesse, quando quisesse. Pra ele não se tratava de traição, era só uma forma de suprir suas necessidades sexuais desenfreadas já que ele é homem com H maiúsculo, e por mais que Jenny, no começo, ficasse magoada, ela seria seu único amor e o esperaria para sempre, e consequentemente, aceitava que ele se aventurasse por aí.
Dez anos se passaram desde o primeiro aniversário de sua filha, e Stanton teve o tão almejado sucesso como advogado criminal, mas Jenny não abriu mão de Presley crescer feliz no interior, levando uma vida saudável e tranquila em vez da vida corrida e sufocante da cidade grande. Durante esse tempo, Stanton subia na carreira e se aventurava com várias mulheres, incluindo sua conselheira de trabalho, Sofia. Até que um dia, Jenny faz com que o "tão sonhado futuro" de Stanton desmorone ao enviar para ele um convite de seu casamento.
Stanton surta, não aceita que a mulher de sua vida, seu primeiro e único amor, esteja prestes a se casar com outro, e ele leva Sofia como companhia rumo a Sunshine, determinado a impedir o casamento e reconquistar Jenny.
Mas Sofia, diante de tal situação, percebe que essa amizade colorida da qual Stanton não pretende abrir mão, se tornaria muito mais complexa e difícil do que ela poderia imaginar...
O livro é narrado em primeira pessoa e os capítulos se alternam entre Stanton e Sofia. O leitor já sabe desde o início que Stanton e Jenny tiveram uma história muito bonita, assim como sabe que houve motivos justificáveis e plausíveis para que esse relacionamento se dissolvesse cada vez mais com o passar dos anos, então não há surpresas com relação a isso. E todo o processo é isento de dramas, pois da mesma forma que Stanton é focado em seus objetivos, Jenny é direta e determinada em decidir o que acha que será o melhor para ela e Presley, quer Stanton goste ou não.
A escrita da autora é uma delícia, muito fluída, cheia de toques bem humorados, diálogos realistas e sem moderação. Os personagens são gente como a gente. Mesmo que a base da trama não seja muito original, o desenvolvimento em si, apesar de previsível devido aos típicos clichês, foi bem satisfatório. A ideia do primeiro amor ser eterno é trabalhada de uma forma que, propositalmente, só funciona na cabeça limitada de Stanton, e da forma como é conveniente pra ele, e somando isso às suas atitudes extremamente machistas, egoístas e vergonhosas, a história acaba tendo um lado um pouco cansativo e bem irritante, por mais divertida que seja.
Os detalhes acerca da ambientação são bem descritos e funcionam muito bem como pano de fundo da história. As cenas que envolvem as rotinas do juri e afins não são muito aprofundadas, até mesmo porque o foco da história não é a carreira de ninguém, mas, sim, as descobertas íntimas e pessoais dos personagens, assim como o processo de transformação pelo qual eles passam com toda essa confusão.
Durante a leitura é simplesmente impossível torcer a favor de Stanton. Só nos resta rir alto de suas tentativas frustradas de reconquistar Jenny e pensamentos imbecis de que ela é propriedade dele. E o pior é que sabemos que na vida real existem vários Stantons à solta por aí, que querem curtir a vida adoidado enquanto mantém uma pobre iludida como porto seguro, e alegam fazer isso por amor.
O ponto é que os dois possuem uma relação de carinho por terem tido toda uma história juntos, mas parece que ele é o único que não percebeu que nada iria além disso. A fila anda, colega.
Em contrapartida, a relação que ele tem com Sofia é o que mantém as chamas da trama acesas. Eles possuem muita química, seja profissional ou sexualmente, combinam em praticamente tudo e as cenas mais quentes que eles compartilham são de tirar o fôlego.
Sofia é ótima e uma das personagens mais legais que já encontrei. Ela é inteligente, focada, super divertida e sempre está pensando no próximo, mesmo que isso signifique apoiar Stanton em sua missão mirabolante por saber que o homem é teimoso e não desistiria fácil dessa ideia que pôs na cabeça oca. Ela entende que é uma situação que não é nada fácil de encarar já que gosta do imbecil, mas também não fica se fazendo de coitada, e muito menos fica contra Jenny em momento algum.
Stanton já despertou sentimentos controversos em mim. Ele é ridículo por não ter aceitado "perder" Jenny sendo que o maior responsável por cada um seguir com a vida foi ele mesmo, que se acomodou como a maioria dos homens faz. Onde, em nome de Deus, está o bom senso desse sujeito? Por mais que a autora abuse de alguns clichês e fique meio óbvio que fim essa história vai levar, é impossível não querer matar esse cara pela forma como ele age e pensa, por mais que ele tente justificar suas atitudes odiosas e desprezíveis.
Com relação ao projeto gráfico, posso dizer que gosto de capas onde os rostos das pessoas não aparecem, assim é possível deixar a imaginação livre para montarmos os personagens ao nosso modo a partir de suas descrições. A diagramação é simples, os capítulos são numerados e o nome do personagem aparece para sabermos de quem é a voz da vez. Os capítulos são curtinhos, dão brecha para o próximo e não percebi erros na revisão.
No final das contas, entendi que o primeiro amor nem sempre será o último, e que, as vezes, ele está bem na nossa frente, mas não enxergamos por estarmos cegos devido a algum tipo de frustração ou sentimento de impotência. Por essas e outras, posso dizer que Sem Juízo tráz uma história divertida sobre aceitar o óbvio, se conformar que é impossível se ter tudo, e enxergar o que está diante do próprio nariz.