Autora: Emma Donoghue
Editora: Verus
Gênero: Drama/Romance
Ano: 2011
Páginas: 350
Nota: ★★★★★
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Sinopse: Para Jack, um esperto menino de 5 anos, o quarto é o único mundo que conhece. É onde ele nasceu e cresceu, e onde vive com sua mãe, enquanto eles aprendem, leem, comem, dormem e brincam. À noite, sua mãe o fecha em segurança no guarda-roupa, onde ele deve estar dormindo quando o velho Nick vem visitá-la.
O quarto é a casa de Jack, mas, para sua mãe, é a prisão onde o velho Nick a mantém há sete anos. Com determinação, criatividade e um imenso amor maternal, a mãe criou ali uma vida para Jack. Mas ela sabe que isso não é suficiente, para nenhum dos dois. Então, ela elabora um ousado plano de fuga, que conta com a bravura de seu filho e com uma boa dose de sorte. O que ela não percebe, porém, é como está despreparada para fazer o plano funcionar.
Resenha: Quarto, escrito pela autora irlandesa Emma Donoghue, havia sido publicado em 2011 pela Verus e com a adaptação cinematográfica da obra o livro foi relançado em 2016.
Nele conhecemos a história de Jack, um garotinho de cinco anos que vive preso com sua mãe num quarto desde que nasceu. Há sete anos ela fora sequestrada e mantida em cativeiro e Jack é fruto dos abusos que sofreu na mão do velho Nick, o sequestrador.
Para a mãe de Jack, o quarto é uma prisão, porém, devido ao amor incondicional pelo filho, ela usa e abusa da criatividade e da paciência para que a gravidade da situação não transpasse para o garoto. Somando as atitudes da mãe à ingenuidade de Jack, o garoto acredita estar seguro e que o quarto se resume ao que o mundo tem a oferecer. Mas sua mãe sabe que é impossível levar a vida dessa forma e começa a bolar um plano a fim de tentar fugir.
O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista do próprio Jack, logo ficamos limitados a sua visão e a sua forma de encarar o que lhe é mostrado como sendo um mundo. O "Lá fora" é o que o assusta já que é o desconhecido. Algumas palavras que Jack fala são escritas de forma errada de forma proposital para mostrar que uma criança nessa idade ainda está em fase de aprendizagem. A narrativa é fluída e o teor de inocência do garoto é o que mais se evidencia. A ideia de mãe e filho estarem em cativeiro sofrendo abusos constantes que se disfarçam pelo olhar do garoto causam no leitor momentos de angústia, desespero, agonia e até mesmo claustrofobia devido ao espaço minúsculo em que eles vivem.
A escassez de personagens é um ponto bastante positivo nessa obra visto que o foco está na situação vivida por mãe e filho que vivem enclausurados, mas os poucos que fazem parte da trama são importantes, consistentes e com profundidade e intensidade na medida certa para que se tornem reais.
A trama como um todo é bem desenvolvida e tira o leitor de sua zona de conforto já que é um pouco exaustiva devido a perspectiva ser de uma criança. Os diálogos que ele escuta e transcreve evidenciam a presença de adultos, dando um aspecto mais maduro e que tira o ar totalmente infantil e sem maldade de Jack.
Com o desenrolar da trama e dos acontecimentos, percebemos as mudanças drásticas que ocorrem em suas vidas, seja pela questão da obsessão que Jack tem por sua mãe, afinal, ela era a única que ele tinha contato, quanto pela adaptação que eles precisam sofrer ao encarar uma nova realidade. E a abordagem acerca do comportamento dos personagens com relação a mudanças é bastante crível e verdadeiro.
Quarto é um livro ousado, único e original, que mostra como o amor de uma mãe é incondicional e intenso. A leitura causa incômodo pela forma como mexe com o psicológico, tanto dos personagens quanto dos leitores já que aborda a violência e os abusos que muitas mulheres estão sujeitas, e serve como uma crítica social que faz com que os leitores reflitam acerca desses problemas, porém, com o grande diferencial da autora, que conseguiu inserir leveza, sutileza e muita sensibilidade para abordar essa temática.
Pra quem procura por uma leitura marcante e com uma carga emocional e psicológica intensa, é livro mais do que indicado.