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A Fogueira - Krysten Ritter

13 de janeiro de 2018

Título: A Fogueira
Autora: Krysten Ritter
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Suspense/Thriller
Ano: 2017
Páginas: 288
Nota:★★★★☆
Sinopse: Abby Williams é uma advogada de 28 anos especializada em questões ambientais. Hoje uma mulher independente vivendo em Chicago, Abby teve uma adolescência problemática numa cidadezinha no estado de Indiana que até hoje ela luta para esquecer. Mas um caso de contaminação envolvendo uma grande empresa obriga Abby a voltar à pequena Barrens e confrontar seu próprio passado. Quanto mais sua equipe avança nas investigações sobre a Optimal Plastics, mais Abby se aproxima também da verdade sobre o misterioso desaparecimento de sua antiga melhor amiga anos atrás e de outros acontecimentos até então sem resposta.

Resenha: Abigail Williams tem vinte e oito anos e é uma advogada especializada em direitos ambientais. Ela é uma mulher independente, desapegada e muito bem sucedida. Abby nasceu em Barrens, uma cidadezinha bem pequena no estado do Indiana onde ela não foi muito feliz, mas já faz vários anos que ela mora em Chicago.
Aparentemente tudo ia bem na vida dela, até que Abby se depara com um caso relacionado a Optimal Plastics, a principal fonte de economia de Barrens. A empresa foi acusada de contaminar a água da cidade com seus poluentes, o que desencadeou várias doenças nos moradores.
Assim, depois de dez anos, Abby precisará retornar para sua cidade natal a fim de descobrir o que está acontecendo e em paralelo ao caso, ela descobre que sua antiga amiga de infância, Kaycee, desapareceu, e quanto mais ela investiga, mais próxima fica de uma verdade inquietante e rodeada por mistérios.

A história é narrada pelo ponto de vista de Abby e embora seja muto fluída e com detalhes o bastante para ambientar o leitor à trama, alguns deles bastante pesados inclusive, não traz elementos realmente novos. Obviamente a história tem seu próprio rumo, que confesso ser bem surpreendente, mas a impressão é de que a autora juntou fórmulas de várias histórias que todos nós já vimos em algum lugar, e é impossível ler sem levar este ponto em consideração.

Abby e Kaycee eram melhores amigas na infância, mas as coisas mudaram durante a adolescência. Abby passou a ser constantemente humilhada por Kaycee, que se tornou uma "Regina George" do colégio, cheia de súditas que sempre faziam o que ela queria, exatamente como no filme "Meninas Malvadas". Assim, após sofrer muito bullying, depois de se formar, ela partiu pra Chicago e só queria esquecer todos aqueles traumas. Porém, retornar a Barrens faz com que todas as suas mágoas viessem à tona, principalmente porque a cidade não evoluiu, as pessoas são as mesmas e continuam podres, a diferença é que Kaycee sumiu.
Ao mesmo tempo em que Abby precisa lidar com seu passado trágico, ela faz as investigações e descobre uma rede de corrupções além de outras questões mais pesadas, e, pra mim, essa parte além de previsível e nada envolvente, inicialmente lembrou um pouco da história de "Erin Brockovich". Só não me recordo agora de algum filme ou livro em específico que toca no ponto da personagem que retorna às origens e enfrenta seus demônios particulares, mas não acho que seja difícil encontrar algo do gênero. Os conflitos pessoais da protagonista foram trabalhados de uma forma bem mais interessante e que, devido ao teor, mexem muito mais com nossos sentimentos. O fato de que Abby bebe em excesso não seria um problema se isso não afetasse seu juízo e a própria voz narrativa em si. Se ela esquece de algo, nós leitores, como expectadores dependentes do ponto de vista dela, ficamos igualmente a ver navios. Ao meu ver o caso envolvendo a empresa foi um elemento que poderia ser substituído por qualquer outro, e o que importava mesmo era a história de Abby.

Abby é uma personagem introspectiva, que não se abre com facilidade e vive de mal humor (não sei até onde a autora se deixou influenciar pela personagem que ela interpreta nas telinhas, mas são idênticas), e acompanhar a história através do seu ponto de vista foi interessante pois as descobertas dela também são as nossas. Ao sabermos mais dos detalhes de seu passado, ficamos comovidos com tudo o que ela sofreu, e a forma como ela lida com esses assuntos inacabados também é algo fundamental para o desenrolar no caso como da trama em si.

Enfim, A Fogueira não foi uma leitura que trouxe algo realmente novo ou original, mas rendeu bons momentos e é livro indicado pra quem tem interesse em temas polêmicos da atualidade, como corrupção, abuso, misoginia e bullying de uma forma bem diferente do que já vi por aí.

O Urso e o Rouxinol - Katherine Arden

16 de outubro de 2017

Título: O Urso e o Rouxinol - The Winternight #1
Autora: Katherine Arden
Editora: Fábrica231
Gênero: Fantasia
Ano: 2017
Páginas: 320
Nota:★★★★★
Sinopse: O urso e o rouxinol mistura aventura, fantasia e mitologia ao acompanhar a jornada da jovem Vasya, criada, junto aos irmãos, num vilarejo próximo de uma floresta, e que cresceu ouvindo de sua ama contos e lendas sobre criaturas que vivem nas matas e que precisam receber oferendas para manter o mal adormecido em seu interior. Mas a chegada de Anna, madrasta de Vasya vinda da capital, de hábitos católicos, e de um padre ortodoxo que resolve instituir as práticas cristãs no vilarejo, provoca uma mudança na rotina da menina e abre as portas para uma terrível catástrofe. Sensível e determinada, Vasya é a única que consegue enxergar e conversar com esses seres fantásticos e torna-se a última esperança para salvar o povoado onde nasceu da destruição.

Resenha: O Urso e o Rouxinol é o primeiro livro da trilogia The Winternight, baseada no folclore russo, escrita pela autora estreante Katherine Arden e publicado no Brasil pelo selo Fábrica231 da Editora Rocco.

Ambientada na época medieval, nas terras distantes do norte da Rússia, onde o clima gelado castiga os aldeões e os animais, conhecemos Vasya, uma adorável garotinha com espírito livre e que odeia qualquer tipo de limitações.
Vasya vive com seus irmãos mais velhos e protetores, e é sempre agraciada por contos fantásticos que Dunya, a ama, lhes conta para espantar o frio e chamar o sono. São histórias sobre o temido Rei do Inverno, que é considerado a própria Morte, e também seu irmão gêmeo, o Urso, que se alimenta do medo e das guerras ficando cada vez mais forte. Embora Dunya sempre tenha ensinado que os espíritos que protegem sua família devem ser honrados para que a proteção não se quebre, Vazya acredita que os gêmeos são reais e representam uma ameaça terrível para seu povo.

Depois que a mãe de Vasya morre, seu pai, Pyotr, parte para Moscou, mas a vida despreocupada e feliz da garota chega ao fim quando ele retorna com Anna, uma nova esposa. Isso não só surpreende a família, como traz consequências terríveis para toda a comunidade. Anna também é capaz de ver os espíritos da terra, assim como Vasya, mas ao contrário fa garota, ela os considera como demônios. Assim, Anna alimenta as próprias crenças e repreende o que for diferente do que ela acredita, assim, os espíritos guardiões que os protegem começam a ser desonrados... Movidas pelas crenças cristãs pregadas por Konstantin, um jovem padre que veio à comunidade pregar contra as crenças locais a pedido de Anna, as pessoas começam a abandonar suas crenças e seus espíritos guardiões, a intolerância gera caos e discórdia, e a medida que os espíritos se enfraquecem, coisas assombrosas que assolam toda a aldeia começam a acontecer.
A pedido da Anna, um jovem padre chamado Konstantin vem à comunidade e começa a pregar contra as antigas crenças locais, o que gera discórdias e afeta os espíritos guardiões, que, enfraquecidos, se tornam vulneráveis a um inimigo demoníaco.
Agora Vasya deverá correr contra o tempo e lutar pelo que seu povo acredita, antes que seja tarde.

Narrado em terceira pessoa, a trama se desenvolve de forma lenta e gradual, mas é intrigante e envolvente o bastante para manter o leitor atraído a cada página. Os nomes dos personagens e alguns termos utilizados podem soar estranhos à primeira vista devido a serem de origem russa, mas a atmosfera criada pela autora é muito rica, digna de contos de fada, tão mágica quanto sombria, e a pequena aldeia num bosque ao norte da Rússia é cenário mais do que perfeito para o desenrolar da história. As descrições da vida cotidiana na época medieval são bem realistas e as metáforas embutidas nas histórias contadas pela ama só enriquecem ainda mais o enredo.

Vasya é uma garota determinada, rebelde e teimosa, mas também tem um coração enorme e cheio de amor. Sua conexão com a natureza é intensa e é como se uma fizesse parte da outra. Suas crenças pagãs acabam despertando a fúria de sua madrasta, que decide controlar a menina baseada nas próprias crenças que ela acredita tão cegamente.
Os personagens, então, passam a acreditar na religião moderna, o cristianismo, mas muitas ainda não perderam a ligação com as histórias antigas, e é através disso que a autora traz reflexões relevantes acerca da fé e o que as pessoas fazem em nome dela, da intolerância perante outras práticas religiosas, e ate mesmo do feminismo frente a uma sociedade totalmente machista. Ela mostra o estrago causado quando as pessoas são movidas a acreditarem em algo pelo medo, principalmente quando elas se encontram num estado de fraqueza, e que há uma diferença enorme quando a devoção religiosa é despertada pelo terror em vez do amor...

O Urso e o Rouxinol é uma história incrível e necessária, por ser capaz de abordar temas atuais de forma delicada e reflexiva, e que questiona papeis sociais mostrando como a intolerância e os discursos de ódio são prejudiciais para as pessoas, e tudo isso através de uma mitologia que envolve os mais assombrosos e fascinantes contos de fadas.

Do Outro Lado - Carrie Hope Fletcher

9 de outubro de 2017

Título: Do Outro Lado
Autora: Carrie Hope Fletcher
Editora: Fábrica231
Gênero: Romance/Fantasia/Juvenil
Ano: 2017
Páginas: 272
Nota:★★☆☆☆
Sinopse: Evie Snow tem 82 anos quando parte calmamente desta vida durante o sono, cercada pelos filhos e netos. Esta é a forma como a maioria de nós deseja partir, mas quando ela chega ao seu céu particular, descobre que voltou aos 27 anos e não consegue abrir a porta para entrar.
A alma de Evie precisa estar leve o suficiente para que possa fazer a travessia, então ela deve se livrar de tudo que a esteja tornando pesada. Isto significa enfrentar seus três maiores segredos, carregados por mais de cinquenta anos feito um fardo, e buscar uma maneira de revelá-los antes que seja tarde demais. Ao dar início à jornada mais importante de sua vida, Evie aprende mais sobre a existência e o amor do que imaginava ser possível e, de alguma maneira, poderá também retomar sua verdadeira e secreta história de amor.

Resenha: Você já parou pra pensar como seria a vida após a morte caso tivesse uma segunda chance? Evie Snow é uma senhora que morreu aos oitenta e dois anos anos enquanto dormia. Agora que ela havia partido, seu espírito, enfim, poderia descansar. Porém, ao aguardar numa "sala de espera", um prédio antigo onde ela morou há mais de cinquenta anos, ela descobre que não consegue atravessar para chegar ao seu céu particular. Evie ainda tem pendências, segredos que ao longo dos anos se tornaram um verdadeiro fardo pra ela, que deixaram sua alma pesada demais, e isso acaba impedindo que ela passe.
Agora, de volta ao seu eu de vinte e sete anos, Evie não só tem uma segunda chance de reparar seus erros do passado, como de aprender mais sobre sua própria existência e de seus sentimentos mais intensos.

A história é, basicamente, dividida em três partes e vamos acompanhando uma jornada de vida após a morte envolvendo a exploração dos relacionamentos familiares e românticos da protagonista para que ela possa resolver suas pendências. Assim, ela deve revisitar momentos passados, encontrar as pessoas que fizeram parte de sua vida e, gradualmente, desbloquear as portas das quais ela precisa passar ao encarar os segredos que ela manteve a vida inteira. Para isso ela deve se libertar de problemas, amarguras, frustrações e demais sentimentos que ainda são responsáveis por prendê-la.

Além de eu ter ficado com a impressão de que a história tenha um toque de autoajuda na questão de levantar questões e trazer reflexões sobre a forma como levamos a vida, alguns pontos me incomodaram e foram eles os responsáveis por minhas humildes expectativas não terem sido superadas. O primeiro deles foi o fato da ambientação da história. A autora discorre os fatos e não percebi muita preocupação com os detalhes da época, e todos sabemos que a mais de cinquenta anos atrás as coisas não eram como atualmente.
Talvez por se tratar de um livro de estreia, ficou evidente pra mim o amadorismo da autora. Li que ela é famosa, tem canal no Youtube e não sei até onde a preocupação em agradar os fãs pode ter ido para limitar o desenvolvimento da história.
O excesso de adjetivos, repetidos várias vezes e utilizados para florear o texto, as metáforas sem muito sentido e fora do lugar, talvez usadas para causar impacto ou dar mais intensidade e "beleza" ao que está sendo contado, e até os nomes caricatos dos personagens (Snow, Summer, Winter, Autumn, e por aí vai) muitas vezes dispersaram minha atenção.

Embora a história trate de questões relacionadas a casamento, arrependimento, perda, culpa, abuso, álcool, sexualidade, relacionamentos de forma geral e afins, a maneira como são abordadas parece ter sido para atingir - e agradar de propósito - o público mais jovem a que se destina. A sexualidade tratada aqui foi um problema pra mim, pois há vários tipos de orientação sexual incluídas sem um propósito maior. Pra mim, isso é um artifício para forçar uma representatividade que acaba não soando muito natural, e o que piora ainda mais é não haver o mínimo de sutileza para inserir aspectos na construção dos personagens e retratar suas experiências. É tudo muito direto e sem maiores introduções.

Talvez o que tenha pegado mal foi a questão da abordagem para a causa e consequência. Do Outro Lado é um livro que passa uma mensagem que não consigo encarar como sendo tão boa, e muito menos útil, sobre as escolhas pessoais de cada um e o quão difícil é lidar com suas consequências. Pode haver alegria, mas também há perdas e danos no meio do caminho, porém, o que fica claro aqui é que a recompensa final só vem para os bons, e para os que não agem certo (mesmo que seus atos possam ser justificados) só resta o castigo, que muitas vezes vem de uma forma dolorosa demais pra se suportar. Não existe um meio termo, principalmente para aqueles que não fazem nada demais, e as experiências dos personagens ilustram isso muito bem. Enfim, foi uma pena que minha experiência com a leitura não tenha sido muito positiva, mas ainda assim reconheço que algumas pessoas podem, sim, encarar a proposta da autora de outra forma e gostarem. Então, leia e tire as próprias conclusões.

O Bom do Amor - Chris Melo e Laís Soares

3 de julho de 2017

Título: O Bom do Amor
Autora: Chris Melo
Ilustradora: Laís Soares
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Tirinhas/Romance/Nacional
Ano: 2017
Páginas: 88
Nota:★★★★★
Sinopse: “O bom do amor é aumentar o volume do rádio quando a música preferida do outro toca.” “O bom do amor é gostar de dormir agarradinho no inverno e saber dividir o ventilador no verão.” “O bom do amor é apreciar cada qualidade, mesmo rodeada de defeitos.” O bom do amor reúne tirinhas de Chris Melo, autora de romances de sucesso entre o público feminino, e aquarelas de Laís Soares que retratam, de forma delicada, sincera e bem-humorada, os pequenos gestos que dão real significado a palavras como companheirismo e cumplicidade na vida de um casal. A cada página, o leitor encontra uma tirinha mostrando uma situação do dia a dia que comprova que o amor – e a felicidade – está nos pequenos prazeres do cotidiano.

Resenha: Quem lembra daqueles albúns de figurinhas do "Amar é..." que fez o maior sucesso nos anos 80? A proposta de O Bom do Amor, da autora Chris Melo em parceria com a ilustradora Laís Soares, é bem parecida, mas com um toque bastante original e que tem tudo a ver com a atualidade!

O Bom do Amor é um daqueles livros cujo propósito não é apenas ser fofo, mas mostrar através de frases verdadeiras e ilustrações delicadas que o amor é algo simples e descomplicado, e ter alguém com quem dividir os pequenos e grandes momentos do cotidiano, ou da vida, independente de serem bons ou ruins, é algo imensurável.


É um livro curtinho que pode ser lido em questão de minutos, mas embora pequeno, tráz uma reflexão bastante relevante quando o assunto é relacionamento.
As frases que acompanham as ilustrações descrevem muitos dos momentos que um casal pode vivenciar quando se amam de forma intensa e verdadeira, mesmo que haja altos e baixos ou que entre eles haja algumas diferenças. As ilustrações retratam com uma fidelidade sem igual o cotidiano de um casal que é "gente como a gente", com desejos, anseios e sonhos bem próximos aos de qualquer pessoa que está num relacionamento e só espera ser, e fazer, o outro feliz.


O bom do amor
é cuidar e ser cuidado.
- Pág. 49
A edição é linda demais, as ilustrações em aquarela são muito fofas, coloridas em tons leves e traços delicados, com as páginas são brancas, lisinhas e com uma gramatura superior as dos livros tradicionais.


Confesso que depois dessa leitura, olhei pro meu próprio relacionamento e percebi que sou resistente em muitos aspectos, e acabei considerando o livro uma motivação para que eu saia da minha "zona de conforto" e me esforce pra ser mais receptiva, mais paciente e mais amorosa com aquele com quem sou casada há doze anos, que amo demais mas demonstro de menos...

O Bom do Amor é um livrinho cheio de sensibilidade, que emociona e nos toca com detalhes pequenos e frases simples, mas muito verdadeiras e que ilustram com perfeição o significado do que o companheirismo deve ser. Simplesmente apaixonante!

A Busca Sofrida de Martha Perdida - Caroline Wallace

20 de junho de 2017

Título: A Busca Sofrida de Martha Perdida
Autora: Caroline Wallace
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: YA
Ano: 2017
Páginas: 304
Nota:★★★★☆
Sinopse: Liverpool, 1976. Martha tem 16 anos e mora numa estação de trem desde que se entende por gente. Mais especificamente, desde que foi encontrada, ainda bebê, em uma mala na estação Lime Street, ficando sob os “cuidados” da dona da loja de achados e perdidos do local. Proibida de deixar a estação, sob a ameaça de uma maldição, Martha espera diariamente que alguém venha buscá-la. Enquanto isso, passa seus dias atendendo os passageiros que circulam por ali, conhece todos os segredos da estação e acaba se envolvendo em alguns mistérios, entre eles o aparecimento de uma mala que talvez tenha pertencido aos Beatles e que coloca a cidade em polvorosa. Mas o maior mistério começa quando ela passa a receber livros com cartas de um desconhecido que parece saber tudo sobre a sua vida. Martha precisará correr contra o tempo se quiser encontrar respostas e não se perder novamente.

Resenha: Martha Perdida mora e trabalha na Estação Lime Street desde que se entende por gente. Ainda bebê, Martha foi deixada no Achados e Perdidos e nunca foi reivindicada por ninguém. Desde então, a responsável pelo escritório, mais conhecida como "Mãe", foi obrigada a reinvindicar a menina para si, e a criou para que ela acreditasse que, caso fosse embora, Lime Street desmoronaria, destruindo o único lugar que ela poderia chamar de lar.
Mãe é uma mulher fanática que não só tenta converter os outros com baldes de água benta, como também acredita que tudo é obra do diabo, e por mais que essa mulher seja abusiva e manipuladora, Martha é um doce de menina que vive para obedecê-la. Ela é ingênua, iludida ao acreditar em tudo que dizem, adora rodopiar pela estação, gosta de cumprimentar as pessoas em francês e, embora a Mãe diga que livros são demoníacos, Martha adora ler, principalmente os livros perdidos. Apesar de ter se conformado com aquela vidinha limitada a qual foi submetida, Martha também tem vontade de conhecer o mundo lá fora e espera que alguém apareça para buscá-la, mas enquanto isso não acontece, e por medo de por os pés pra fora da estação e ela perecer, ela passa os dias atendendo os passageiros que circulam pela estação, e dá atenção aos poucos amigos que fez no local: Drac, o carteiro que vive sendo perseguido pela Mãe, Elisabeth, a garçonete do café ao lado que parece uma atriz de Hollywood, e Stanley, o faxineiro.
Seria difícil para Martha sair de sua zona de conforto e quebrar essa redoma sobre si mesma, mas em determinado momento, ela precisa descobrir como quebrar a maldição para, enfim, poder encarar a realidade do mundo lá fora.
Martha quer saber sobre os primeiros capítulos de sua vida, de onde veio, quem são seus pais verdadeiros e, principalmemte, quem ela é. E com a ajuda de Elisabeth e outros amigos que faz, Martha parte numa jornada de descobertas, aprendizados e autoconhecimento que ela jamais imaginou.

Posso dizer que a primeira coisa que me chamou atenção nesse livro foi o título grande e sugestivo seguido pela capa, e só depois fui me atentar a sinopse. No decorrer da leitura, que é feita em primeira pessoa pelo ponto de vista de Martha (onde alguns pontos não soa muito confiável), fui fisgada pelo universo criado pela autora em transformar uma simples estação de trem em um lugar tão peculiar e convidativo a ponto de parecer um personagem a parte em vez de mero pano de fundo. Até então a única autora que me fez ver uma estação de trem de forma tão mágica foi J.K. Rowling em King's Cross e a plataforma 9 ¾.

Martha é uma protagonista que amamos ou odiamos. É impossível ficar num meio termo e o sentimento com relação a ela vai depender de como a enxergamos. Como ela é extramente ingênua, sensível e inocente, pode ser muito irritante acompanhar uma personagem tão frágil e manipulável que em alguns pontos parece ser irreal pelo tipo de comportamento que ela apresenta. Compreendo que ela cresceu num espaço limitado, com uma megera que a criou de forma totalmente absurda, e que a levou a acreditar em coisas irreais e sem sentido as quais a menina ouvia desde pequena, mas penso que o mínimo de contato com outras pessoas seria o bastante para que ela não fosse tão paspalhona. Em alguns momentos fiz algumas comparações e imaginei a mãe psicótica de Carrie, a Estranha, ao lado de Matilda, aquela garotinha pura e autodidata interpretada nas telinhas pela atriz Mara Wilson. Tal contraste chega a ser meio assustador, convenhamos.
Não odiei Martha pra ser sincera. Apesar de ter minhas dúvidas com relação ao funcionamento de sua cabeça, eu adorei o fato dela amar livros e ter uma conexão emocional com eles, tanto que foi através dos livros que ela, enfim, desperta para a busca da verdade sobre si mesma.

Os demais personagens preenchem o mundo de Martha e a maioria deles é adorável e de grande importância para o desenrolar do enredo e amadurecimento da protagonista. O romance presente na história é questionável e de cara já causa aversão. Pra mim quando amor se mistura a oportunismo e interesse a coisa desanda e esse elemento só me fez revirar os olhos e querer evitar as páginas destinadas a essas cenas.

Pela época em que a história se passa e elas referências musicais presentes, é possível que o leitores um pouco mais velhos se deparem com algumas cenas nostálgicas ou frases memoráveis, mas eu particularmente não dei muita importância para essa parte por não considerar fundamental para o desenvolvimento da trama, apesar de ser interessante.

A capa tráz uma ilustração simples, mas o título em dourado dá um toque todo especial ao livro. A diagramação é simples, os capítulos não possuem títulos ou numeração, somente o espaço superior da página que fica em branco. Cartas, bilhetes, artigos, e pequenos questionamentos que a protagonista escreve por aí se intercalam com a narrativa tornando a história mais dinâmica e divertida com essas informações extras.

De forma geral, A Busca Sofrida de Martha Perdida é um livro bem poético e que funciona, sim, como um conto de fadas, mostrando que as pessoas de boa índole, apesar de escassas nesse mundo, ainda existem e podem ter finais felizes.

Resistência - Affinity Konar

22 de maio de 2017

Título: Resistência
Autora: Affinity Konar
Editora: Fábrica 231
Gênero: Romance/Holocausto
Ano: 2017
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Sinopse: Auschwitz, 1944. As gêmeas Pearl e Stasha têm 12 anos quando desembarcam no campo de concentração nazista na Polônia. à medida que conhecem o horror e têm suas identidades fraturadas pela dor e sofrimento, tentam confortar uma à outra e criam códigos e jogos para se proteger e recuperar parte da infância deixada para trás. Mas quando Pearl desaparece sem deixar pistas, Stasha se recusa a acreditar que a irmã esteja morta e embarca numa jornada desesperada em busca de justiça, paz e de si mesma. Livro notável pelo The New York Times; Livro do Ano pela Amazon e pela Publishers Weekly; indicação de leitura dos principais veículos de imprensa norte-americanos, Resistência narra, com uma voz poderosa e única, a trajetória de duas irmãs lutando pela sobrevivência em um dos períodos mais devastadores da história contemporânea e mostra que há beleza e esperança até diante do caos.

Resenha: Histórias sobre o Holocausto revivem lembranças amargas, emocionam e nos mostram como a vida das pessoas que o enfrentaram foi trágica o bastante para fazer com que nossos problemas do dia-a-dia sejam reduzidos a nada.
Resistência, romance da autora americana Affinity Konar, foi baseado na história das romenas Miriam e Eva Mozes Kor, irmãs gêmeas sobreviventes dos campos de concentração nazistas, trazendo à tona uma pequena parcela dos horrores dessa época terrível que marcou a humanidade de forma indelével. Uma pequena pesquisa basta para qualquer um ficar aterrorizado com o que é encontrado... Mas em meio aos eventos do Holocausto também foi possível encontrar pequenos gestos e momentos de pessoas que se apoiaram na esperança e no amor a fim de superar as adversidades, ou pelo menos para tentar lutar pela sobrevivência quando tudo parecia estar perdido.

Pearl e Stasha são irmãs gêmeas, inseparáveis desde o útero. Elas se completam, se admiram e se preocupam uma com a outra de uma forma que não se pode medir. Aos doze anos, quando as irmãs são levadas para Aushwitz e são separadas da mãe, que assim como outros pais, acreditou estar protegendo as filhas dos nazistas, elas só podem contar uma com a outra já que tudo o que elas conheciam já não fazem mais parte de suas vidas. Confinadas de maneira sub humana no lugar chamado Zoológico de Mengele junto com várias outras crianças gêmeas ou com características genéticas consideradas peculiares, elas ficam sob o poder de Josef Mengele, o cirurgião nazista mais sádico e sanguinário da história do Holocausto, que podia ser considerado a personificação da própria morte.
As crianças passavam por experimentos genéticos que não serviram para nada a não ser trazer dor, sofrimento, sequelas irreversíveis ou morte.

Quando Stasha e Pearl chegam em Aushwitz e percebem que estão numa nova e sombria realidade, o que lhes resta são suas lembranças, as brincadeiras que criam como válvula de escapa para se desligarem daquela situação e a esperança de que no final tudo vai dar certo, porém, a cada novo teste que elas e as demais crianças são submetidas, mais difícil e doloroso fica para suportar. Por amor a irmã, Stasha ainda deixa com que Mengele a use como cobaia em vários experimentos a fim de poupar mais sofrimento a Pearl, sem considerar as consequências que isso teria futuramente.
Até que Pearl desaparece, e Stasha já não sabe mais como levar o que lhe resta de vida sem a irmã, aquela que é sua metade.

O livro é dividido em duas partes. A primeira mostra o confinamento das irmãs no campo de concentração, e a segunda trabalha os acontecimentos após a invasão da União Soviética ao libertar o campo. O livro é narrado em primeira pessoa e os capítulos se intercalam entre Stasha e Pearl. A história já é iniciada com as meninas sendo levadas, logo não há uma introdução para que o leitor possa conhecê-las melhor antes dos acontecimentos no Zoológico de Mengele, mas logo de início já fica claro o quanto Stasha parece depender muito da irmã.
A escrita da autora é poética e possui uma delicadeza sem igual. Não acredito que seja muito fácil descrever tais horrores de forma que os leitores não queiram largar o livro agoniados com tanto sofrimento, mas a doçura presente na forma de descrever as coisas, talvez pelas personagens serem crianças e ainda não terem plena noção do que realmente estava acontecendo, muitas coisas acabam ficando nas entrelinhas, mexendo com a imaginação do leitor que, obviamente vai saber que alguma coisa muito ruim aconteceu alí, então só nos resta torcer pelas meninas, mesmo que com um aperto no coração. Embora as descrições acerca dos experimentos, e até da obsessão que Stasha desenvolve por essa "ciência", sejam leves, ainda causam um impacto muito grande, nem que seja apenas pela ideia de fazer algo do tipo. Em meio ao sofrimento, é possível perceber que o amor que une as irmãs é algo maior e que vai muito além.

Uma coisa que me deixou um pouco incomodada foi o fato de Stasha amar tanto a irmã que seu maior desejo não era só estar junto com a irmã, mas também SER Pearl. Esse amor me soou mais como uma fixação, um sentimento de posse que não me parecia nada saudável e muito da história se foca nessa relação, talvez a fim de amenizar as partes destinadas as atrocidades cometida por Mengele em seus experimentos horrorosos. Ele inclusive não só realizava testes bizarros e brutais, mas também se comportava de forma amigável a fim de conquistar a confiança das crianças como se aquilo tudo fosse muito normal, o que ainda é mais perturbador. O ponto positivo é que por mais que o leitor fique ciente de quem foi esta criatura abissal, o que ele foi capaz de fazer com milhares de crianças e o quão sombria foi essa atmosfera onde elas se encontravam, isso serviu como pano de fundo para evidenciar o amor entre as irmãs e a jornada que precisaram seguir, mostrando que, por mais árduo e difícil que um caminho seja, em meio ao terror ainda existia o bem, em meio a escuridão ainda era possível encontrar a luz.
Porém, em muitos momentos eu senti que houve algumas divergências com relação ao comportamento das meninas, principalmente Stasha, pois ser testemunha de tantas mortes e ao mesmo tempo acreditar que Mengele era um "tio" legal não me convenceram. De um lado a autora quis mostrar que as duas eram inteligentes, mas em outros tentou forçar uma ingenuidade que não cabia alí, então fiquei agradecida pela história não se concentrar somente nos experimentos, mas também no que estava além daquilo, nos sentimentos e nos pensamentos diante daquele fardo terrível e nas poucas - e arriscadas - escolhas que elas poderiam fazer, Stasha sendo movida pela vingança, e Pearl pelo perdão.

Alguns termos que os nazistas usavam para denominar todos aqueles que eram considerados inferiores também são usados no decorrer da trama, então a história também acaba sendo bastante informativa, nem que seja a título de curiosidade.

As flores presentes na capa tem um significado impossível de se ignorar, e unindo esse pequeno detalhe a esta história tão tocante com um dos maiores exemplos de força, coragem, amor incondicional e esperança que alguém pode ter, mesmo sendo tão jovem.

Resistência mostra a jornada de duas irmãs movidas pelo amor, que estão lutando uma pela outra a fim de sobreviverem num dos eventos mais trágicos presenciados pela humanidade. O caos foi inevitável, mas ter forças para resistir a ele de forma tão marcante como Stasha e Pearl tiveram é coisa pra se ficar na memória...


Uma Pequena Mentira - K.A. Tucker

28 de março de 2017

Título: Uma Pequena Mentira - Ten Tiny Breaths #2
Autora: K.A. Tucker
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: New Adult
Ano: 2017
Páginas: 352
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas | Amazon
Sinopse: Livie, a mais centrada das irmãs Cleary, segurou as pontas após a morte dos pais num acidente em que Kacey, a mais velha, foi a única sobrevivente, e cuidou da irmã quando ela caiu em depressão. Aos poucos, Kacey superou seus traumas e encontrou a felicidade, enquanto Livie se dedicava aos estudos. Agora, no segundo do livro da série de sucesso Ten Tiny Breaths, K. A. Tucker joga o foco de sua envolvente narrativa sobre a caçula. Livie acaba de ingressar na tradicional Universidade de Princeton e está pronta para viver as emoções típicas de uma caloura, o que inclui frequentar as festas no campus, fazer novos amigos e encontrar um namorado bacana com quem possa tecer planos para o futuro. Ela só não esperava se envolver justamente com um cara como Ashton Henley, o capitão do time de remo com fama de garanhão. Com medo de ser apenas mais uma na lista de conquistas de Ashton, Livie tenta agir com a razão, como sempre fez. Mas até que ponto vale a pena dominar seus sentimentos por medo de se machucar?

Resenha: Uma Pequena Mentira é o segundo volume da série Ten Tiny Breaths da autora K.A. Tucker.
Cada livro da série é destinado a um personagem distinto e sua experiência de acordo com a situação, logo é possível ler de forma independente sem que se perca muita coisa. O primeiro, Respire, trouxe Kacey como protagonista abordando seus problemas emocionais e a forma de lidar com eles após a perda dos pais, melhor amiga e namorado, e desta vez o foco fica sobre Livie, a irmã dela, que mesmo tendo passado pelo mesmo trauma de perder os pais de forma tão trágica, se manteve mais centrada sobre o ocorrido, focando nos estudos e lidando de forma totalmente diferente com essa perda, mesmo que Kacey acredite que Livie guarde sentimentos relacionados à tragedia que podem explodir a qualquer momento.

Livie, então, vai pra Universidade de Princeton. Ela é uma jovem inexperiente e acaba seguindo os conselhos de seu terapeuta e tendo ajuda da irmã para se "comportar de acordo com os moldes da vida universitária". Obviamente experimentar álcool, ter envolvimentos amorosos e outras experiências do tipo faz parte, e, mesmo estranhando o que é novo, ela decide se soltar... Numa festa, Livie conhece Ashton, capitão da equipe de remo. Um cara gato e sarado com fama de pegador que desperta seu interesse (e o de todas as outras garotas, claro), mas que, no fundo, ela sabe que ele não é o tipo de cara pra se envolver de um jeito mais romântico e duradouro. E em meio a relutância de Livie, ela conhece Connor, um rapaz super fofo e educado que a deixa encantada, mas logo descobre que ele e Ashton dividem a mesma casa, são amigos e integram o time de remo da universidade.
E em meio a tudo isso, resta a Livie decidir o que fazer com a forte atração que sente por Ashton, mesmo que ele insista que não é o cara certo pra ela, ou investir em um relacionamento com Connor, que parece ser o cara ideal.

O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Livie e, embora também tenha seus momentos clichês, se desenvolve de forma fluida e gradual, mesmo que tenha alguns problemas estruturais, além daquilo que me mata de tanto desgosto: os "benditos" triângulos amorosos nada originais e mais do que desnecessários para que "reviravoltas" ou maiores dramas aconteçam. E o que mais me incomoda e irrita nesse tipo de romance é que não há como negar o óbvio. Desde o início o leitor já sabe quem vai ficar junto com quem e a questão é apenas como isso seria feito. Logo a participação de um segundo pretendente é pura bobagem.

Foi impossível pra mim não fazer uma comparação entre a Livie centrada e madura pra idade de antes e a Livie universitária de agora. Ela foi apresentada como uma menina inteligente e bem tímida, e algumas das suas atitudes eram sempre tomadas em nome do agrado alheio. E dessa vez, por estar num ambiente diferente, com pessoas novas com outros propósitos e interesses, ela também precisou acompanhar tais mudanças de forma a se desprender do que era antes passando a se focar no que a fazia feliz, e não no que era totalmente certo. Agora ela é determinada e está disposta a arriscar, mesmo que isso não lhe traga bons frutos. Não que ela esteja errada. Mudanças, quando pra melhor, são bem vindas e é mais do que normal as pessoas mudarem com o passar do tempo, mas a forma como isso foi feito aqui não me convenceu 100% e em vários pontos achei Livie muito irritante.

Os demais personagens tiveram seus destaques, tanto os antigos quanto os novos, e todos colaboram para a construção da trama. Até mesmo a participação de Kacey e Trent para matar a saudade, mas, claro, preciso dar um destaque maior para Ashton já que, devido ao gênero, era de se esperar que a mocinha se envolveria com alguém misterioso cujo passado também estaria marcado por algum tipo de trauma horrível que o deixasse quebrado internamente e que servisse de motivo para que ele evitasse relacionamentos a qualquer custo como mecanismo de defesa. Durante um tempo fiquei pensando no que poderia ser, mas acabei sendo surpreendida e no final das contas fiquei muito mal pois não foi nada agradável... De qualquer forma Ashton foi um personagem que me agradou bastante e foi um dos melhores, se não o melhor e mais bem construido, da história.

Enfim, Uma Pequena Mentira fala sobre as mudanças necessárias pelas quais as pessoas tem que passar para amadurecerem e continuarem levando a vida de forma plena e como é importante ter apoio de alguém para ajudar na superação daquilo que mais nos atormenta.

Respire - K.A. Tucker

25 de março de 2017

Título: Respire - Ten Tiny Breaths #1
Autora: K.A. Tucker
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: New Adult
Ano: 2016
Páginas: 320
Nota:★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas | Amazon
Sinopse: Kacey Cleary não chora, não suporta o toque das pessoas e canaliza sua energia para treinos intensos de kickboxing. Tudo isso depois de um ano de reabilitação física e de mergulhar num mundo de drogas e álcool para tentar lidar com a perda dos pais, da melhor amiga e do namorado, num acidente de carro do qual ela foi a única sobrevivente. Kacey chegou ao fundo do poço, mas resolve lutar para sair de lá por Livie, a irmã caçula. Depois de irem morar com uma tia religiosa fanática e seu marido alcoólatra, as duas fogem para Miami para tentar recomeçar, e Kacey terá que enfrentar seus fantasmas para derrubar o muro que ergueu ao seu redor. Às vezes, respirar torna-se uma missão quase impossível, mas K.A. Tucker mostra que é preciso neste romance sobre perdas, amizade, amor e superação.

Resenha: Respire é o primeiro volume da série Ten Tiny Breaths, da autora K.A. Tucker publicado no Brasil pelo selo Fábrica 231 da Editora Rocco.

Há quatro anos Kacey perdeu os pais, a melhor amiga e o namorado num trágico acidente de carro em que ela foi a única sobrevivente, e desde então, sua forma de lidar com essa perda dolorosa foi mergulhar num mundo regado a vários vícios destrutivos até encontrar no kickboxing uma forma de canalizar seu trauma. Seu único motivo pra não desistir de viver e ter forças pra sair do buraco em que se enfiou é Livie, sua irmã mais nova. As duas vão morar com os tios mas depois de vários problemas sérios, como a tia que é uma fanática religiosa que condena severamente o comportamento de Kacey sem sequer tentar entendê-la, e o marido dela que é um alcóolatra sem a menor noção, elas decidem que aquilo jamais poderia dar certo, o que as leva a fugir pra Miami e recomeçarem suas vidas. As irmãs encontram um novo lar num complexo de apartamentos e lá conhecem algumas pessoas bastante interessantes. O problema é que Kacey se recusa a falar do passado, e construiu uma muralha ao seu redor não permitindo que ninguém se aproxime, mas seu vizinho, Trent, talvez mude isso quando começa a mexer com suas emoções e a atração entre ambos é algo que se torna inevitável. Mas e se nessa história Kacey não for a única a guardar segredos, que podem, inclusive, botar tudo a perder?

O livro é dividido em fases que retraram uma linha de acontecimentos que estão ligados ao vício e que conseguem captar bem a situação da protagonista naquele momento em específico.
Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Kacey, o leitor vai acompanhar como o lado emocional da protagonista foi abalado e como ela irá superar seus traumas através da aproximação com o bad boy encantador e tão destruído psicologicamente quanto.
É praticamente inquestionável que exista uma fórmula para o gênero new adult, tanto com relação aos problemas dos personagens quanto a ambientação típica, fora os clichês, e o problema não é a fórmula ou a previsibilidade da trama em si, mas a forma como ela se desenvolve ou apresenta certos tipos de elementos. Não curti a forma como o romance começou de forma instantânea (e até meio doentia) e foi sendo levado com um ar de mistério cujo intuito é surpreender (mas que pra mim foi bastante previsível), mas posso dizer que gostei da ideia de esse relacionamento não ser o motivo principal para Kacey superar o trauma que tanto lhe afeta. A aproximação com Trent ajuda, mas o que realmente faz a diferença são as amizades verdadeiras que ela cultiva e, claro, a terapia, que é abordada de forma natural, descontruindo estereótipos ou preconceitos sobre quem procura esse tipo de ajuda.

Eu tive impressões sobre a protagonista que variavam a cada capítulo e não acho que isso seja um ponto favorável à ela. Por mais que eu entenda que cada um tem sua forma de encarar uma situação traumática, é meio difícil engolir uma pessoa que não tem uma personalidade constante e que a cada momento age de uma forma. Em alguns momentos ela parece uma maluca, outros parece uma criança de cinco anos de idade cheia de mimimis, outros uma adolescente rebelde sem causa, e em outros age como uma adulta super madura e resolvida. Não entendi o motivo dessa variação, principalmente se levarmos em consideração que Livie, que é mais nova e também teve a mesma perda trágica, encara as coisas com muito mais maturidade do que Kacey.

Apesar de algumas falhas, o livro tráz uma história bem bacana sobre perda, luto, medo e inseguranças, mas também fala sobre a amizade sincera, o amor, o perdão, a superação e a esperança de que, embora a vida nos pregue peças que nos deixam em ruínas, grandes reviravoltas podem acontecer onde os envolvidos, enfim, podem encontrar a paz que tanto buscavam e retomarem o controle de suas vidas.

Sob Um Milhão de Estrelas - Chris Melo

22 de fevereiro de 2017

Título: Sob Um Milhão de Estrelas
Autora: Chris Melo
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Romance/Drama/Literatura Nacional
Ano: 2016
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Alma Abreu está prestes a lidar com um inventário e uma série de histórias de um passado tumultuado que pertence mais aos seus pais do que a ela mesma. Mas este parece o menor de seus problemas no momento. Passar alguns dias na pacata Serra de Santa Cecília veio bem a calhar para a jovem médica, após um incidente no hospital que a deixou sem chão. Ela só não esperava se envolver tanto com a pequena cidade – e com o prestativo vizinho da charmosa casa que sua avó lhe deixou, além de um animado grupo de amigas, filhas das melhores amigas de sua mãe –, a ponto de pensar em deixar sua vida em São Paulo para trás. Será que a vontade de ficar é apenas medo de enfrentar seus problemas? Mas como voltar à velha rotina depois de tudo o que descobriu e viveu em Serra? Em seu segundo romance pela coleção

Resenha: Sob Um Milhão de Estrelas é o mais novo romance escrito pela autora nacional Chris Melo, publicado pelo selo Fábrica 231 da Editora Rocco.
Alma é uma jovem médica que se encontra numa situação muito delicada após um incidente no hospital em que trabalha. Praticamente inconsolável, ela ainda precisa sair da cidade grande e viajar rumo a cidadezinha de Serra de Santa Cecília, interior de São Paulo, para lidar com um inventário e a herança deixada por sua avó.
O que Alma não sabia era que na simplicidade daquela vidinha no interior, ela iria descobrir coisas que lhe foram escondidas a vida toda sobre o passado de seus pais, além de envolver com a cidade e seus moradores de forma tão intensa, e com Cadu, o vizinho da casa que herdou da avó.
Cadu é professor universitário e ainda carrega mágoas por não ter superado por completo seu último relacionamento, tanto que abandonou sua vida no Rio de Janeiro pra viver no interior, e sendo vizinho da falecida, ficou encarregado de cuidar da casa até que Alma chegasse. E quando ela aparece, claro, as coisas começam a mudar.
A história desses dois se cruza de forma intrigante, singela e bonita, e logo é feita a descoberta de um sentimento que seria responsável por ajudá-los a superar um passado conturbado, mas ainda muio presente em suas vidas.

Narrado em primeira pessoa com pontos de vistas alternados entre Alma e Cadu, a autora desenvolve com muita fluidez uma história doce e leve mostrando as particularidades dos personagens e resgatando bons momentos que promovem uma enorme nostalgia com relação a detalhes de coisas passadas e interioranas, e sentimentos verdadeiros e realistas.
A combinação de assuntos abordados fluiu muito bem, dando um toque natural aos acontecimentos que se desenvolvem gradualmente, fazendo com que os acontecimentos presentes preencham as lacunas das escolhas feitas no passado. Os relacionamentos, tanto o familiar quanto o amoroso, também se desenvolvem aos poucos, sem precipitações e sem que soem forçados. É possível perceber que os personagens, apesar de terem suas diferenças, são bem resolvidos, maduros e que valorizam o amor por compreenderem que é um sentimento que ultrapassa as barreiras, desde que seja verdadeiro.

O que mais me surpreendeu foi a total ausência daquele amor instantâneo e impossível, à primeira vista e cheio de fogo. O interesse entre os protagonistas surge aos poucos, com sutileza, dando um passo decada vez, pois eles ainda estão marcados de forma negativa pelas experiências que tiveram e não se jogam sem pensar para o primeiro que passa como se isso fosse a solução pra todos os problemas. É a rotina do dia-a-dia que os aproxima e é exatamente isso que torna a trama plausível, torna o romance intenso e convence o leitor de que é real. O foco maior fica na forma como eles superam o que os aflige, como encontram apoio um no outro, e como isso faz tudo dar certo.

A capa é uma graça, cheia de pontinhos simulando estrelas com aplicação de verniz. A diagramação é muito bem feita, com estrelas a cada início de capítulo, cujos títulos são citações de Mario Quintana bastante reflexivas e que combinam bem com a história.

Sob Um Milhão de Estrelas é delicado e cheio de encanto, e consegue retratar bem a forma como um casal é capaz de enfrentar os problemas e as adversidades da vida, desde que estejam juntos e preparados para caminhar na mesma direção.

Fellside - M.R. Carey

28 de janeiro de 2017

Título: Fellside
Autor: M.R. Carey
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Terror/Suspense
Ano: 2016
Páginas: 464
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Uma história de terror moderna, perturbadora e emocionante, assinada pelo mestre dos quadrinhos M. R. Carey, pseudônimo de Mike Carey, roteirista de sucessos como X-Men e Hellblazer e autor do cultuado A menina que tinha dons, adaptado para a telona pela Warner Bros (ainda sem previsão de estreia no Brasil). Em seu segundo romance, Carey conta a história de uma mulher que vive em Fellside, uma prisão de segurança máxima localizada nos confins da Inglaterra. Acusada de ter incendiado o seu apartamento e matado por acidente uma criança, Jess Moulson vive afundada em culpa e medo, e sabe que não pode confiar em ninguém ali. Até que começa a ouvir a voz de uma criança. Uma criança morta, que tem uma mensagem para Jess. 

Resenha: Fellside é o segundo livro do autor M.R. Carey publicado no Brasil pelo selo Fábrica 231 da Editora Rocco.
Nele vamos acompanhar a história de Jessica Moulson, uma mulher viciada em heróina que foi acusada de ter matado Alex Beech, um garoto de dez anos que morava no andar de cima, após ter incendiado o próprio apartamento. Agora Jess é prisioneira em Fellside, uma prisão de segurança máxima localizada em Yorkshire. Diariamente ela sente o gosto amargo da culpa pelo que fez pois Alex, mesmo sendo uma criança, era um amigo por quem ela tinha um grande apreço. Nada do que passou ainda é o suficiente para servir como uma punição e, mesmo sem ter muitas lembranças do ocorrido, ela quer esquecer tudo de forma definitiva e até para de se alimentar, se entregando a própria morte. Jess vai ficando cada vez mais fraca e começa a ter visões de uma criatura fantasmagórica, e é quando ela percebe que aquele visitante é Alex, que lhe faz algumas revelações confusas por também não se lembrar de muita coisa. Jessica decide ajudar o garoto a descobrir o mistério que está por trás da verdadeira causa de sua morte...

Narrado em terceira pessoa, a história se inicia num ritmo lento, alterna os pontos de vistas entre outros personagens e esse desenvolvimento dinâmico ganha uma guinada que envolve o leitor de forma que fica impossível largar o livro.
O mistério que envolve Alex começa a ganhar profundidade mas outros temas que fazem parte da vida de Jess começam a ser trabalhados, mostrando o lado obscuro da vida de um viciado, mas também a vida dentro da prisão, o que dá mais camadas à trama e faz com que as peças desse suspense comecem a se encaixar relevando algo muito pior e mais sinistro.
Eu gostei de Jess, e mesmo que seu estado seja de total desesperança, ainda há aquela faísca de que tudo vai dar certo, mesmo que a ajuda venha de alguém improvável... Ela não é uma pessoa ruim, só fez escolhas erradas que a levaram a própria ruína e agora quer consertar as coisas pois acredita que não é insistindo nos mesmos erros que ela vai ter sua tão almejada redenção.
Os demais personagens também são bem construídos e desenvolvidos, mas nem sempre as coisas sobre eles ficam tão claras, pelo menos até que o leitor se aproxime do desfecho e comece a entender tudo o que parecia não fazer sentido.

Não sei se o gênero desse livro pode ser considerado como terror, pois ele é mais voltado pro lado do mistério, do sobrenatural já que envolve o lance de aparições fantasmagóricas e afins.
A capa, apesar de simples, é bem caprichada e os arames farpados são ásperos e em altorelevo. A diagramação é bem simples, as páginas amarelas e os capítulos são numerados e possuem poucas páginas, o que colabora para a fluidez da leitura.
Um ponto interessante é que a cada capítulo temos um novo ponto de vista, e isso impulsiona o leitor a prosseguir com a leitura de forma frenética, mesmo que, às vezes, ele seja levado em direções completamente diferentes do que se espera.

Fellside traz uma história inteligente e bem construída que mostra que, às vezes, só quando a pessoa chega no seu limite e está no fundo do poço, é que ela percebe que precisa sair dessa já que se entregar às drogas é o mesmo que abdicar da capacidade de levar uma vida social, se autodestruir e ainda corroer a vida das pessoas que estão ao redor. Não é fácil se redimir, não é fácil aceitar que ter ajuda é necessário, mas só com a devida ajuda é possível escapar desse terrível abismo...


Eu Estou Aqui - Clélie Avit

27 de janeiro de 2017

Título: Eu Estou Aqui
Autora: Clélie Avit
Editora: Fábrica 231
Gênero: Romance
Ano: 2016
Páginas: 288
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Thibault está no hospital visitando seu irmão. Ele entra por acidente no quarto de Elsa, e alí ele encontra uma paz há muito perdida. Thibault passa a visitá-la frequentemente. E só duas certezas passam a habitar seu coração: a primeira, é que ele está apaixonado por ela. E a segunda, que ela ouve cada uma de suas palavras.

Resenha: Eu Estou Aqui é romance escrito pela autora francesa Clélie Avit e publicado no Brasil pelo selo Fábrica 231 da Editora Rocco.

Elsa é uma mulher de vinte e nove anos que praticava montanhismo até sofrer um acidente e entrar em coma. Já faz vinte semanas que ela se encontra no hospital, mas ninguém sabe que há seis semanas ela consegue ouvir e perceber o que está acontecendo ao seu redor, só não consegue fazer seu corpo "desligado" reagir. É como se os médicos e as enfermeiras já não demonstrassem interesse pelo caso dela, as visitas estão cada vez menos frequentes e tudo indica que ninguém mais tem esperanças de que ela saia dessa.
Thibault é um jovem que visitava o irmão que está internado devido a um acidente de carro no mesmo hospital onde Elsa está. Ele não consegue aceitar que o irmão tenha causado um acidente com duas vítimas fatais por pura irresponsabilidade e não quer mais continuar com essas visitas. Porém, ao ir embora, ele se confunde e entra no quarto onde Elsa está. Ele fica curioso ao sentir um cheiro de jasmin e se aproxima um pouco mais, percebe que Elsa está num estado bastante delicado mas ao mesmo tempo sente conforto em estar alí, dessa forma, visitá-la se torna um refúgio pra ele se desligar do que o perturba.

O livro é narrado em primeira pessoa e os capítulos se alternam entre Elsa e Thibault. As vozes de cada um deles são distintas, eles possuem peculiaridades e características próprias e é possível saber quem é quem pela forma de falar ou pensar, não sendo necessário nem a indicação do nome deles nos capítulos. A escrita é delicada, cheia de sutilezas e até poética, mas ao mesmo tempo muito intensa. Acredito não ser nada fácil descrever como alguém que está preso no próprio corpo não é capaz de reagir a estímulos, sem poder dizer com todas as letras que está alí, que está viva e não quer desistir, e a autora conseguiu realizar esse feito com maestria. Não é frustrante só para Elsa essa sensação de impotência, o leitor também se pega extremamente angustiado por considerar essa situação.
E é aí que entra Thibault, pois a aproximação dele faz com que o coração de Elsa bata mais forte, mais rápido e ele é o único que parece perceber isso já que com o passar do tempo ele se apaixona e sua necessidade de proteger e cuidar dela são suas únicas motivações.
Thibault compartilha fatos sobre si mesmo com Elsa, e mesmo que ela não reaga e não responda, ele está convencido - e com razão - de que ela pode ouví-lo. Isso mexe com Elsa pois, até então, ninguém lhe tratava dessa forma nem lhe dava tanta atenção como ele faz, e mesmo que tudo o que ela sinta e pense fique guardado só pra ela, no fundo Thibault sente que o sentimento é recíproco.

O que não me convenceu 100% foi a forma como Thibault se apaixonou, mas isso não foi um fator que me fez desgostar da história, muito pelo contrário. Acho bastante improvável que alguém se apaixone por outra pessoa sem conhecê-la, sem poder ouvir o que ela tem a dizer e que não pode reagir a nada do que lhe é dito, mas pelo fato de Elsa dar conforto e trazer a sensação de que Thibault esta livre de seus problemas e preocupações quando está na companhia dela, e levando em consideração e última decepçõ amorosa que ele teve com a ex esposa, tudo isso foi bastante compreensível.
Pelo fato da trama se passar num hospital, a sensação de frieza fica no ar, como se a história estivesse estagnada, logo o que dá fluidez ao desenvolvimento são os momentos que os dois passam juntos enquanto o sentimento cresce cada vez mais no peito deles.

Claro que nada são flores e em determinado momento o livro começa a abordar o lado da família de Elsa, que já está prestes a desistir de sua recuperação e passa a considerar que os aparelhos sejam desligados, e isso gera momentos de tensão pois seria difícil para Thibault, um mero desconhecido, convencer a todos de que eles deviam mantê-la viva se baseando apenas em seus argumentos.

Eu Estou Aqui é um livro doce e singelo, e mesmo que aborde temas difíceis como conflitos familiares e eutanásia, também fala sobre o amor em sua forma mais verdadeira e como ele pode surgir nas circunstâncias mais improváveis que se possa imaginar. Pra quem procura por um livro que vai ficar na memória e causa uma péquena ressaca literária, é leitura mais do que indicada.

Recomeços - K.A. Robinson

22 de janeiro de 2017

Título: Recomeços - Torn #2
Autora: K.A. Robinson
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Romance/New Adult
Ano: 2016
Páginas: 320
Nota:★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: No segundo livro da série Torn, que faz parte da coleção Curti,voltada para quem não abre mão de uma boa história romântica com final feliz, Chloe Richards tem que encarar um difícil reencontro com sua mãe, com quem sempre teve uma relação complicada, e superar muitas dificuldades para manter o relacionamento com Drake Allen, o charmoso vocalista de uma banda de rock que ela conheceu em seu primeiro dia na universidade.
Depois de Cicatrizes, K.A. Robinson põe sua protagonista frente a frente com o passado, o que inclui não só um acerto de contas com Andrea Richards, mas também um antigo namorado que vai ajudar Chloe nessa missão, despertando o ciúme de Drake. E o casal mais uma vez vai precisar contornar uma série de mal-entendidos para, enfim, seguir em frente e recomeçar.

Resenha: Recomeços é o segundo volume da trilogia Torn que dá sequência a história iniciada em Cicatrizes.
O livro começa de onde o anterior parou, por esse motivo a resenha pode ter spoilers!

Depois de tantos problemas, Chloe e Drake estão juntos, felizes e tudo parece perfeito entre o dois. Drake iria aproveitar o verão para sair em turnê, Chloe o acompanharia mas o inesperado acontece: Jen, a tia de Chloe, está a beira da morte e quer vê-la. O que ela não esperava era ser chantageada por Andrea, sua própria mãe, que está louca para por as mãos na herança que Jen deixaria, e caso Chloe não colabore, Andrea não hesitará em tornar a vida da filha um verdadeiro inferno.
Drake precisa seguir viagem enquanto Chloe, sem poder recusar o pedido da tia, fica para ajudar e confortar Danny, seu primo.
E como se a ideia de perder a tia e a volta de Andrea já não fosse um problema para Chloe, a ex de Drake passa a infernizar a vida dos dois, forjando fotos para fazê-lo pensar que Chloe está traindo-o, e como Chloe já teve um relacionamento com Jordan, amigo do seu primo, as coisas ficam ainda mais complicadas. Tudo começa a dar errado, o mundo dos dois parece estar desmoronando, e a distância não é um fator que ajuda muito nesse momento... Mal entendidos e falta de confiança deverão ser superados para que ambos se entendam e possam recomeçar.

Recomeços é narrado em primeira pessoa mas neste volume o leitor também irá acompanhar o ponto de vista de Drake, que se alterna com o de Chloe. A escrita da autora continua fluída e neste volume percebi um certo amadurecimento no desenvolvimento da história, e a ideia de não haver mais aquele ridículo triângulo amoroso para fazer com que o leitor perca tempo com o que não acrescenta em nada me agradou muito mais. A preocupação agora gira em torno dos drama vivenciados pelos protagonistas e a forma como eles encaram os problemas diantes das dificuldades.
Enquanto em Cicatrizes o foco fica sobre o triâgulo amoroso, Recomeços tem uma pegada totalmente diferente ao abordar um relacionamento que já enfrentou poucas e boas (e ainda vai enfrentar um pouco mais) e agora está em outro nível, assim como os dramas familiares e os problemas que surgem daí.

Drake é retratado como um cara bastante real dessa vez, mas irracional. Ele não parece saber lidar com os problemas que aparecem em sua frente, tem recaídas e começa a estragar tudo. A vontade é de sacudí-lo para que acorde pra vida. Claro que fica no ar aquela ideia de que isso tudo não passa de um ponto de tensão na história e que mais cedo ou mais tarde tudo vai ser resolvido, a trama é previsível, mas ainda assim foi melhor do que o primeiro livro. Jordan é um personagem que dá a ideia de que mais um triângulo amoroso iria aparecer alí, mas não foi bem assim. Por mais que soasse que eles poderiam ter um algo a mais, não há. Chloe só tem que seguir seus instintos para resolver a bomba que está em suas mãos e esperar que Drake confie nela. Fiquei muito satisfeita por ver que agora Chloe não age sem pensar e usou as experiências que teve para amadurecer, mas fiquei decepcionada com Drake pelas atitudes que tomou.

O trabalho gráfico é caprichado e manteve o mesmo padrão do livro anterior, seja com relação aos tons alaranjados e a iluminação ou com a fonte utilizada. A diagramação também está ótima e os capítulos apresentam o nome do personagem da vez no lugar de um título.

Depois da decepção que tive com Cicatrizes, comecei a ler Recomeços cabisbaixa e sem expectativa alguma, mas no decorrer da leitura acabei me surpreendendo com a guinada que a autora deu à história e como ela conseguiu mudar o foco para consertar as coisas ao explorar as fraquezas dos personagens de forma íntima e ate dolorosa. Não digo que o livro seja perfeito mas me animou um pouco mais para dar uma chance ao próximo volume.

Cicatrizes - K.A. Robinson

15 de janeiro de 2017

Título: Cicatrizes - Torn #1
Autora: K.A. Robinson
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Romance/New Adult
Ano: 2016
Páginas: 288
Nota:★★☆☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Foram poucos os relacionamentos de Chloe até a chegada à universidade. Ela escolheu ingressar na West Virginia e cursar Psicologia pela oportunidade de permanecer perto de Amber, a melhor amiga, e Logan, o fiel escudeiro e amigo desde os tempos de ensino médio. Chloe nunca teve uma boa convivência com a mãe, drogada e desequilibrada.
Mas justamente no primeiro dia de aula, o destino de Chloe começa a ser traçado em outra direção. É quando ela senta ao lado de um típico bad boy tatuado, piercings nos lábios e nas sobrancelhas. O coração bate mais forte, a respiração fica alterada, e a boca seca. Drake Allen é o motivo. Dono de um mustang e vocalista da banda Breaking the Hunger, o rapaz é bastante assediado pelas fãs e não se prende a ninguém.
Drake não resiste à troca de olhares com Chloe, quando se esbarram pela primeira vez na sala de aula. É o início de uma relação com muitos obstáculos, movida por desejo e paixão intensos. Mas Drake se declara num momento em que Chloe, desiludida, resolve ceder aos encantos de Logan, o melhor amigo, que há anos nutre um amor platônico, e que finalmente tem coragem de se declarar.
Seria válido trocar um amor seguro por um músico bad boy, ou mais cômodo manter a amizade disfarçada de namoro? De um lado, Logan, lindo, gentil e carinhoso. De outro, Drake, uma paixão rude e avassaladora. Mas por que será que os caminhos do coração indicam sempre as curvas mais tortuosas? Chloe decide então seguir em frente na busca pela felicidade, mas não contava que o passado voltaria a bater em sua porta. 

Resenha: Cicatrizes é o primeiro volume da trilogia Torn escrito pela autora K.A. Robinson e publicado no Brasil pelo selo Fábrica 231 da Editora Rocco.

Chloe é uma jovem que sempre teve problemas em casa com a mãe viciada em drogas e totalmente desequilibrada. Ingressar na faculdade seria uma forma de deixar esses problemas pra trás e ficar livre, ou pelo menos ela pensou que sim, e ela está bem satisfeita por ficar mais próxima da amiga, Amber, e de seu antigo e "fiel escudeiro", Logan que também estão na faculdade junto com ela.
Mas logo no primeiro dia de aula, Chloe se senta ao lado de Drake, o clássico bad boy cheio de piercings e tatuagens, vocalista de uma banda e super cobiçado pela mulherada. A atração é instantânea mas, segundo Chloe, seria impossível que Drake a notasse.
Desiludida, Chloe resolve dar uma chance a Logan, que sempre fora apaixonado por ela, mas com a aproximação, Drake, enfim resolve se declarar...
O que fazer diante dessa situação? Dar uma chance a Logan, tão amável e gentil, ou investir numa paixão avassaladora com o misterioso Drake? A ideia de Chloe é ser feliz, mas isso será um pouco complicado quando ela tiver que confrontar o passado outra vez...

A escrita da autora é bastante leve e envolvente, mas isso não significa que a história tenha me surpreendido de forma muito positiva... O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Chloe, e entendo em partes que isso seja um fator que não proporcione ao leitor tantas informações sobre os demais personagens quanto eu gostaria, afinal, é a protagonista descrevendo as coisas a partir do que vê e do que sente. Mas, a partir do que Chloe descreve, os personagens aparentemente são adoráveis, mas foram explorados com tanta superficialidade que se tornaram vazios, comose estivessem alí pra enfeitar.
Geralmente livros New Adult são clichês e apresentam personagens com algum trauma vivenciado no passado para que a história tenha a devida carga dramática, mas em Cicatrizes, esse fator não é aprofundado e acaba não ganhando a importância que deveria para fazer jus ao gênero. Não importa que o livro seja recheado de clichês, desde que eles sejam inseridos de uma forma convincente, que cative e que envolva, e isso não acontece aqui...
E como se isso já não fosse um problema considerável o suficiente, ainda temos o famoso - e terrível - triângulo amoroso. Confesso que já me deparei com alguns poucos livros abordando triângulos que, pela situação em si, convenceram e até me arrancaram lágrimas ou suspiros, mas o que dizer quando uma protagonista intragável e sem personalidade resolve se aventurar com dois caras sem saber o que quer? E não, se envolver com dois garotos não vai curar as cicatrizes de ninguém, muito pelo contrário, só vai causar mais dor de cabeça e trazer mais confusão pra vida dos envolvidos. O que parece é que o drama está alí por acaso e o foco da história fica sobre o triângulo e as experiências mais quentes vivenciadas pelos personagens, como se tudo se resumisse a isso.

O que posso, de fato, elogiar nessa obra é o trabalho gráfico. A capa é muito bonita, a fonte utilizada é bastante adequada e os detalhes em alto relevo dão um charme a mais ao livro, mas não se deixe enganar por ela, por favor... A escrita da autora é boa, e esse foi o único fator que me manteve lendo até o fim, mas ao fechar o livro, minha única reação foi revirar os olhos e pensar no tempo que perdi.

De forma geral, posso dizer que não faz mal uma autora utilizar de fórmulas tão batidas quanto essa para criar a própria história: garota linda que não enxerga atrativos em si mesma, melhor amigo apaixonado por ela, jovens quebrados que precisam recomeçar de alguma forma e encontram o que procuravam um no outro, até surgir mais alguém... Mas, a forma como a história foi desenvolvida, a falta de profundidade nos personagens, a total previsibilidade da trama e os incontáveis clichês fizeram de Cicatrizes uma grande decepção pra mim, infelizmente.

Hudson - Laurelin Paige

23 de dezembro de 2016

Título: Hudson - Fixed #4
Autora: Laurelin Paige
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Romance Erótico
Ano: 2016
Páginas: 568
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Por você, Com você e Sempre você – conquistou as leitoras com a relação explosiva de Hudson Pierce e Alayna Whiters. Agora, a autora Laurelin Paige mostra fatos e passagens da série sob a ótica de Hudson: o que mudou na vida dele depois que o destino dos dois se cruzou? Numa espécie de diário, o milionário frio, dono de um passado destrutivo e traumático, relembra acontecimentos marcantes de sua vida antes e depois de conhecer Alayna, tão diferente dele e, ao mesmo tempo, tão parecida em suas inseguranças. Muitas vezes o relacionamento é posto à prova, e ambos precisam abrir mão de muitas coisas em nome da conexão e do desejo que mantêm suas vidas entrelaçadas. Neste volume extra, as fãs da série Fixed descobrirão que para Hudson Pierce só existe o depois de Alayna Whiters. 

Resenha: Hudson é um livro que funciona como um diário do personagem, um complemento à trilogia Fixed, pois por ele a autora dá às leitoras detalhes de como era a vida de Hudson antes de ter conhecido Alayna, e como eles e transformou a partir da presença dela em sua vida, porém e desta vez, sob a visão dele.

Este volume traz respostas para muitas das questões que foram levantadas nos livros anteriores das quais não foram muito bem esclarecidas, e todos os sentimentos que atormentavam Hudson ao longo da trilogia enfim puderam ser melhores compreendidos, mostrando o caminho tortuoso que ele percorreu até se tornar aquele homem que nos foi apresentado em Por Você.
Assim, o passado sórdido de Hudson se intercala com seu presente, e vários dos acontecimentos começam a vir à tona para que seja possível entendermos não só o lado dele na história, mas o de Celia também e o motivo de ela ser aquela pessoa tão odiosa... E Hudson foi tão sacana com ela que cheguei a ficar com pena da moça...

Ficamos íntimas de seus pensamentos, de seus sentimentos e de como ele ficou devastado, como foi consumido pela culpa quando, enfim, ele reconheceu o quão canalha era. E claro, como ele foi capaz de mudar quando se rendeu ao amor.
A abordagem sobre o relacionamento de Hudson com sua irmã também é algo muito bonito de se ver, o quanto ele a ama de forma fraternal chega a ser uma inspiração e é muito emocionante.

O trabalho gráfico também é um espatáculo. A capa combina com as demais, os detalhes da diagramação, o conjunto inteiro combina e é muito caprichado.

Enfim, Hudson é uma adição preciosa à trilogia pois acrescenta informações que realmente são relevantes e que explicam muito bem o que havia ficado em aberto, principalmente pelo epílogo que nos permite ter um vislumbre do futuro desse casal tão quente. Eu só não curto muito as cenas repetidas já vistas anteriormente.
Mas pra quem curtiu a trilogia e ficou com aquele gostinho de quero mais, é leitura obrigatória.


Placebo Junkies - J.C. Carleson

19 de novembro de 2016

Título: Placebo Junkies
Autor: J.C. Carleson
Editora: Fábrica 231/Rocco
Tradutor: Edmundo Barreiros
Gênero: Drama
Ano: 2016
Páginas: 304
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Americanas
Sinopse: Audie é uma jovem como qualquer outra, mas encontrou uma forma incomum de descolar uns trocados: ela serve de cobaia para a indústria farmacêutica. Neste irreverente romance, J.C. Carleson, ex-agente da CIA, mergulha no universo pouco conhecido, mas muito impressionante, dos voluntários em série de testes farmacológicos. Na tradição de Trainspotting e Drugstore Cowboy, doses cavalares de humor negro disputam espaço na trama com o drama de jovens que vivem no limite. No caso de Audie, ela precisa juntar dinheiro para oferecer a Dylan, seu namorado que tem uma doença terminal, uma festa de aniversário de 18 anos inesquecível. “Não há ganho sem dor”, ela repete, em meio aos efeitos colaterais das substâncias e procedimentos a que está sujeita e aos esquemas para lidar com eles. Mostrando as entranhas de um mundo desconhecido da maioria das pessoas, Placebo Junkies arrancou elogios da crítica com sua narrativa original e completamente viciante.

Resenha: Audie e a amiga Charlotte levam uma vida nada convencional no que diz respeito ao "emprego" incomum que têm: elas são cobaias humanas, se voluntariam para se submeterem aos mais diversos procedimentos médicos e testes de medicamentos experimentais, e recebem por cada um deles.
Audie planeja juntar dinheiro para realizar uma viagem rumo a um paraíso tropical em comemoração ao aniversário do namorado, Dylan, que tem câncer e está em estágio terminal, e quando Charlotte propõe que elas se inscrevam em todos os testes que virem pela frente, independente do quão perigoso possam ser, Audie topa.
E a partir daí, vamos acompanhando os bastidores da jornada das meninas pelo universo farmacológico, os procedimentos médicos e seus terríveis efeitos colaterais.

A história é narrada em primeira pessoa pelo ponto de vista de Audie. Eu gostei do estilo de escrita e da forma como a história foi contada, e a linguagem vulgar e cheia de palavreados, assim como o humor negro que colaboram para que o leitor fique mais próximo do estilo de vida peculiar e da personalidade dos personagens. Ficamos por dentro da sujeira que há por trás desse universo das cobaias, mas também temos aquela impressão de que vai haver uma luz no fim do túnel. Talvez não seja um livro que vá ser bem aceito por qualquer tipo de leitor justamente pelo tema delicado, pela vida dos personagens e pelo horror que é saber como tal indústria funciona e o que fazem com as pessoas, e ver isso pelos olhos de garotas adolescentes chega a ser doloroso. Mas ao mesmo tempo me peguei pensando que por mais trágico que seja, talvez sirva pra abrir os olhos das pessoas para ver o outro lado da história. Não são somente os animais que sofrem com tais testes... As pessoas também... E aquele creme mágico que serve pra tirar todas as rugas da cara de alguma dondoca pode ter acabado com a vida de algumas pessoas antes de ser reformulado e aprovado para entrar no mercado...

Enfim, Audie tem uma voz muito vívida, mesmo que, às vezes, se encontre em um estado de torpor sem igual. Às vezes ela não soa muito confiável, mas ela faz com que a história seja contada de uma forma cativante e desoladora ao mesmo tempo, o que faz do livro algo simplesmente brilhante e que vai mexer com nossos sentidos.

Não senti muita confiança no relacionamento de Audie com Dylan... A impressão que tive foi que ela faz de tudo por ele mas a coisa toda não é recíproca. Ela vive dizendo o quanto ele é fofo mas as descrições dela pra ausência e falta de interesse dele não parecem ser notadas, e me perguntei se isso é devido ao amor cego que ela sente por ele, ou se pode ser algum tipo de efeito colateral que impede que ela enxergue as coisas com a razão em vez do coração. E isso se extende pelo círculo de amizade dela, pois as coisas vão acontecendo, pois mais trágicas que possam ser, ela fala sobre, divaga, mas ao mesmo tempo não parece se importar muito. Ela é uma boa menina, mas trata tudo com uma frieza e um calculismo que chegam a assustar. A amizade entre ela e Charlotte é um exemplo disso, pois não parece que são amigas que se amam e se respeitam, mas sim que levam a amizade por interesse e conveniência.

Não digo que Placebo Junkies seja um livro totalmente único pois ele tem aquela pegada trash do livro Transpotting, que alguns já devem conhecer, mas posso dizer que a história é bastante diferente e original à sua maneira, prende e é muito empolgante, tanto por trazer uma trama devastadora e cheia de reviravoltas, quanto por ser brilhante em vários aspectos trazendo reflexões que nos fazem questionar a realidade. Até onde uma pessoa é capaz de ir para arriscar sua vida, sua integridade física e emocional por dinheiro?


Soppy - Philippa Rice

6 de junho de 2016

Título: Soppy - Os Pequenos Detalhes do Amor
Autora: Philippa Rice
Editora: Fábrica 231/Rocco
Gênero: Tirinhas/Romance
Ano: 2016
Páginas: 112
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Soppy – os pequenos detalhes do amor, de Philippa Rice, é uma reunião de bem-humoradas tirinhas criadas a partir de momentos da vida real da designer britânica com seu namorado. Bastante popular na web, com mais de meio milhão de postagens no Tumblr, Soppy conquistou as redes sociais com declarações de amor escondidas nos detalhes do cotidiano de um relacionamento, como dividir uma xícara de chá, a leitura de um livro, ou comentários irônicos à frente da TV numa tarde chuvosa. As charmosas ilustrações capturam com delicadeza a experiência universal de dividir uma vida a dois, e celebram a beleza de encontrar o amor em todo lugar. Soppy chega às prateleiras pelo Fábrica231, o selo de entretenimento da Rocco, a tempo de se tornar uma ótima opção de presente para o Dia dos Namorados.

Resenha: Soppy é um livro em forma de tirinhas/quadrinhos escrito e ilustrado pela artista inglesa Philippa Rice e publicado no Brasil pelo selo Fábrica 231 da Editora Rocco.

A autora presenteia o leitor com ilustrações que mostram o verdadeiro amor que há entre duas pessoas através de trechos da vida cotidiana. Eles se conhecem, se aproximam e se apaixonam, e tudo fica diferente - e melhor - quando eles decidem se mudar para irem morar juntos. A simplicidade com que eles levam suas vidas, valorizando as pequenas atitudes, acaba aquecendo o coração de qualquer leitor.


A convivência dá aos dois momentos gratificantes, que vão desde lerem um livro, tomar um sorvete, estender roupas no varal ou se enrolarem juntinhos num cobertor, mas os momentos são sempre cheios de significado, mostrando que nas pequenas atitudes é onde podemos encontrar algo que pode ser levado pra sempre. O amor está no companheirismo e na cumplicidade que um casal compartilha e os menores gestos fazem a diferença num relacionamento e tenho certeza que muitos vão se identificar.


O projeto gráfico do livro é uma graça e acredito que o tom de vermelho utilizado para combinar com o preto e o branco é pra reforçar o tema de amor e união entre o casal. As ilustrações possuem um traço delicado e mesmo sendo simplistas conseguem transpassar as emoções e as características dos personagens. Os diálogos são poucos mas isso não é um ponto negativo, muito pelo contrário. Às vezes uma imagem vale mais do que mil palavras, e Soppy consegue nos mostrar isso muito bem.

E claro, a dedicatória da autora não poderia ser para ninguém menos do que Luke Pearson, seu namorado com quem dividiu momentos tão doces quanto os que são mostrados no livro e que serviram de inspiração para a criação da obra. Tem coisa mais fofa?

Soppy é um livro adorável, é uma declaração de amor despretensiosa e singela que mostra de uma forma muito bonita que a vida a dois pode ser completa e feliz, basta que seja feita de pequenos grandes momentos que fazem tudo valer a pena.