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Holy Cow: Uma fábula animal - David Duchovny

7 de março de 2016

Título: Holy Cow: Uma fábula animal
Autor: David Duchovny
Editora: Record
Gênero: Fábula/Fantasia
Ano: 2016
Páginas: 208
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Elsie Bovary é uma vaca muito feliz em sua bovinidade. Até o dia que resolve sair sorrateiramente do pasto e se vê atraída pela casa da fazenda. Através da janela, observa a família do fazendeiro reunida em volta de um Deus Caixa luminoso – e o que o Deus Caixa revela sobre algo chamado “fazenda industrial” deixa Elsie e tudo o que ela sabia sobre seu mundo de pernas para o ar.
A única saída? Fugir para um mundo melhor e mais seguro. Assim, um grupo para lá de heterogêneo é formado: Elsie; Shalom, um porco rabugento que acaba de se converter ao judaísmo; e Tom, um peru tranquilão que não sabe voar, mas que com o bico consegue usar um iPhone como ninguém. Munidos de passaportes falsos e disfarçados de seres humanos, eles fogem da fazenda e é aí que a aventura deles alça voo – literalmente.
Elsie é uma narradora marrenta e espirituosa; Tom dá conselhos psiquiátricos com um sotaque alemão um tanto forçado; e Shalom, sem querer, acaba unindo israelenses e palestinos. As criaturas carismáticas de David Duchovny indicam o caminho para um entendimento e uma aceitação mútuos dos quais esse planeta tanto precisa.

Resenha: Holy Cow, escrito pelo escritor (ator, roteirista, produtor, diretor, compositor e também cantor) David multi-tarefas Duchovny e publicado no Brasil pela Record é uma fábula que conta a história de Elsie Bovary, uma vaca que vive tranquila e feliz em sua rotina na fazenda, acordando cedo, sendo ordenhada, jogando conversa fora com a melhor amiga Mallory, sendo ordenhada mais uma vez e indo dormir depois de ouvir uma história.
Elsie sente falta da mãe, que desapareceu assim como todas as outras vacas mais velhas, e sem saber o que realmente aconteceu ou sem poder questionar sobre esse misterioso destino, ela apenas se conforma que no fim todos "somem" sem deixar rastros. Mas a questão que realmente está mexendo com Elsie no momento é que ela e a amiga passaram a sentir interesse e atração pelos touros do outro pasto, e dar uma fugidinha para visitá-los quando o fazendeiro esquecesse a porteira aberta era algo irresistível. Na primeira chance que têm, Elsie e Mallory escapam pra ficarem mais perto daqueles seres encantadores e viris, mas enquanto a amiga flerta, Elsie, curiosa, vai bisbilhotar a casa da fazenda pois alguma coisa alem das janelas parecia muito mais interessante...
Eis que Elsie descobre que os humanos veneram o "Deus Caixa", a TV, mas o que ela não esperava era assistir um documentário que mostrava a realidade dos animais criados para abate em fazendas industriais, o que a deixou desesperada e fez seu mundo virar de cabeça pra baixo. Elsie, enfim, descobriu qual foi o real destino de sua pobre mãe desaparecida. Sem saber o que fazer para evitar um destino tão trágico, a vaca fica inconsolável, tentando arranjar maneiras de escapar de um futuro que até então era inevitável. Motivada pelo medo e pela raiva, ela planeja fugir da fazenda para um mundo melhor e mais seguro para se viver. Até que Elsie descobre, também através do Deus Caixa, que na Índia as vacas são sagradas e então ela não demora a decidir que esse país, cuja cultura é tão peculiar, seria seu novo lar. Em companhia de dois novos amigos, Shalon e Tom (um porco e um peru), munida de um mapa roubado, passaportes falsos e disfarces humanos em sua fuga, Elsie pegaria um avião para assim poderem partir para bem longe da morte certa.

Em primeiro lugar, acho importante ressaltar que ao iniciar a leitura desse livro é necessário abandonar completamente o senso de realidade. Imagine animações em que animais ou qualquer objeto ganhem vida e se tornem personagens, assim como as pessoas... Algumas fantasias possuem uma mitologia crível que faz com que o leitor considere que os acontecimentos irreais poderiam, de alguma forma, existir, mas esse não é o caso de Holy Cow. Logo, com essa ideia em mente, a leitura se tornará mais divertida sem que você fique pensando que a fantasia passou dos limites.

O livro é narrado em primeira pessoa onde acompanhamos as inúmeras divagações de Elsie sobre tudo o que a cerca. Alguns trechos são escritos em forma de roteiro, com inserções de várias referências seguindo as recomendações da sua "editora", alegando que tais elementos colaboram para o sucesso do livro, e as menções que Elsie faz são hilárias. Inclusive seria perfeitamente possível que fosse feita uma animação baseada na hitória, tanto pela forma como foi escrita quanto pela ideia fantasiosa de animais pensantes e cheios de atitude.
A protagonista é cômica e divertida, está por dentro das últimas tendências e embora se encaixe em estereótipos adolescentes, sua personalidade e suas motivações realmente deram vida à história.
Tom é um peru que não sabe voar e é o único fisicamente capaz de usar um IPhone para fazer ligações durante a execução do plano de fuga. Movido pela ideia de não ser assado no Dia de Graças ele se junta a Elsie.
Shalom é o porco mau humorado que resolveu se converter e virar judeu, pois de acordo com a crença religiosa na região, se ele estivesse em um lugar onde é considerado "impuro" jamais teria problemas já que as pessoas o evitariam.
Não achei Tom e Shalom tão cativantes quanto Elsie ou até Mallory, mas cada um deles tem papéis importantes na mensagem da história.
"E fiquei me perguntando se eu seria o último animal na Terra a se dar conta de que os humanos não só nos comem, mas também jogam muitos de nós fora sem nem nos comer. Nos jogam fora como um lixo desprezível. Se vou ser morta para virar comida, pelo menos me coma e me cague e me deixe reingressar no ciclo da natureza. Não me mate sem motivo. E foi aí que vi - um hambúrguer pela metade. E foi minha vez de perder a cabeça. Comecei a mugir como uma banshee. O país inteiro era louco e estava me deixando louca. E pensei, isso é que é ser vaca louca."
- Pág. 119
Holy Cow é uma fantasia recheada de aventura e através dessa história hilariante, o autor conseguiu passar uma mensagem social ignorada por muitos sem forçar uma opinião a ninguém. Os animais são mais do que as pessoas imaginam, não são meras criaturas irracionais que estão alí única e exclusivamente para servir as necessidades dos humanos que parecem ainda não terem percebido o quanto estão esgotando os recursos do planeta. Assim, o livro faz a gente pensar e refletir sobre a situação em que vivemos atualmente e o que estamos fazendo com o mundo.

A versão impressa é super caprichada. A capa mostra Elsie numa ilustração bastante cômica e as cores branco e preto são propositais para fazer referências as suas cores. A parte interna da capa tem manchas pretas, as páginas são brancas e alguns capítulos possuem ilustrações de alguma cena da história. Os capítulos são curtos e devido a fluidez da escrita, o livro é bem fácil e rápido de se ler.
Não há erros na revisão e até a adaptação em diálogos em que o personagem tem algum sotaque e fala errado de forma proposital está ótima e super original.

Pra quem gosta de fantasias malucas e engraçadas é livro mais do que recomendado. Enxergar o mundo através de personagens tão singulares que tiveram coragem e a oportunidade de seguir seus sonhos e irem além é uma forma de mostrar uma realidade que muitos fingem não existir.


Flora Hen - Hwang Sun-mi

9 de janeiro de 2015

Lido em: Janeiro de 2015
Título: Flora Hen - Uma fábula de Amor e Esperança
Autora: Hwang Sun-mi
Ilustradora: Yasmin Mundaca
Editora: Geração
Gênero: Fábula/Ficção
Ano: 2014
Páginas: 148
Nota: ★★★★★
Sinopse: A moderna fábula coreana com 2 milhões de exemplares vendidos que está conquistando corações em todo o mundo.
Flora Hen é uma galinha. Flora Hen é carismática. Ela vai fazer você rir e chorar, ela vai surpreender você – mas, principalmente, ela vai lhe ensinar, com doçura e coragem, a ser melhor, mais humano e mais forte, nos insuspeitos e perigosos caminhos da vida.
Tão poético e filosófico quanto “O pequeno príncipe”. Tão iluminado quanto “Fernão Capelo Gaivota”. Tão animador quanto “A arte da guerra”. Tão inspirador quanto a Bíblia. Criança ou adulto, pode ler sem susto: a encantadora história de Flora Hen vai tocar seu coração.

Resenha: Flora Hen é uma fábula escrita pela autora coreana Hwang Sun-mi e publicado no Brasil pela Geração Editorial.
Flora é uma galinha poedeira que tem o sonho de botar um ovo e chocá-lo até que seu pintinho nasça. O problema é que desde que ela chegou ao galinheiro, todos os ovos que botou são recolhidos e ela não faz ideia do que acontece com eles. Vivendo presa numa gaiola, ela consegue ver um pedacinho do quintal e acabou vendo uma galinha com uma fila de pintinhos a seguindo, e Flora, por saber que jamais poderia fazer o mesmo, ficou entristecida e deprimida de tal forma que não botava mais ovos. Sendo uma galinha poedeira, ela não teria mais utilidade e quando começa a emagrecer por ter deixado de comer devido a estar tão deprimida, é considerada como doente, inútil e quando é descartada, seu destino começa a mudar...

A primeira coisa que preciso dizer: Não julgue o livro pela capa "infantil". Se trata de uma fábula e toda fábula sempre carrega consigo um ensinamento muito valioso e para leitores de todas as idades. Por trás de tanta fofurice, existe uma história linda de superação, de coragem e de força de vontade, que são o alicerce para todos aqueles que querem ter um sonho realizado, que seguem com perseverança fazendo o possível e o impossível para se encaixarem nas mais diversas situações, sem desistir.
A história é narrada em terceira pessoa com bastante fluidez e facilidade, e as ilustrações, que conseguem transpassar as emoções dos personagem através de seus olhos cheios de expressões, são um verdadeiro show pois enriqueceram a obra de tal forma que passei a considerá-la como sendo um pequeno tesouro, tanto pela beleza, quanto pelo seu conteúdo que, sem dúvidas, é de extremo valor.

Uma história carregada de reflexões e ensinamentos que podem ser levados para a vida, que emociona, que toca na alma e que faz com que as lágrimas se tornem inevitáveis.

Recomendo muito!

Coração de Bicho - Angélica Lopes

13 de outubro de 2012

Lido em: Outubro de 2012
Título: Coração de Bicho - Fábulas Modernas
Autor: Angélica Lopes
Editora: Escrita Fina
Gênero: Fábula/Fantasia/Juvenil/Literatura Nacional
Ano: 2010
Páginas: 103
Nota: ★★★★★
Sinopse: Uma passeata de ácaros, um cachorro cosmopolita, um camaleão com talento para o show business. Esqueça o cenário selvagem e os dilemas das fábulas de antigamente: neste Coração de Bicho, os protagonistas são criaturas urbanas por excelência, habitantes plenos do rebuliço contemporâneo. Não ganham as páginas para ensinar lições de moral. Pelo contrário: assim como os humanos, estão vulneráveis às incertezas e contradições do dia a dia. Por isso mesmo, são bichos cheios de carisma, às voltas com os melhores e os piores sentimentos. Com humor sutil e criatividade poderosa, a escritora e roteirista Angélica Lopes apresenta dez fábulas que se desenrolam como uma sitcom do mundo animal. Malandros, vaidosos, enamorados ou solitários, os bichos deste livro mostram o outro lado da vida. Como é, afinal, o cotidiano visto de dentro do aquário? Qual o impacto no mundo dos ácaros da chegada de mais um brinquedo de pelúcia? Como é a expectativa do mosquito nos instantes anteriores à picada? Será que um coelhinho, do alto de sua irresistível felpudez, pode virar um assassino em potencial?
Sob pontos de vista assim, inusitados, a autora passeia até a sua fábula final, na qual o protagonista é ninguém menos que o bicho-homem, “bípede de porte médio” cheio de “sonhos de grandeza”.

Resenha: Coração de Bicho reúne dez fábulas modernas onde, em cada uma delas, um tipo de bicho diferente é o protagonista. Os bichos daqui não vivem na floresta feliz onde passam por situações clichês que vão trazer uma mensagem de aprendizado e lição de moral como acontece na fábula da Cigarra e da Formiga, por exemplo... São bichos de todos os tipos que vivem na famosa "selva de pedra" e que convivem com os humanos, cada qual com sua própria personalidade, com todos os seus questionamentos e preocupações da vida. Bichos com espírito de liberdade, bichos apaixonados, bichos revoltados e com instinto assassino... A gente vê de tudo aqui!

Com textos curtos, leves, inteligentes, envolventes e maravilhosamente bem escritos, com tiradas geniais e com vários toques de humor e drama, a autora consegue dar uma nova perspectiva para atitudes e situações que acontecem com todos nós, através de personagens inusitados e com interesses distintos, que realmente nos faz refletir sobre quem é o ser racional nessa história. Pude inclusive me identificar com alguns personagens pela sua forma de pensar e/ou agir ou simplesmente me colocar no lugar deles e perguntar "o que eu faria se fosse comigo?"
"Fazer planos não era coisa para gatos, a vida de um felino mudava a todo instante. Um dia se está aqui tranquilo, no outro se é surpreendido por um cão ou por uma roda de carro."
- pág. 23
"Que tivesse afeto por quem me tirou dos meus pais, me roubou a infância? Minha vontade era matá-lo. Ou melhor: aprisioná-lo, numa gaiola, em meio a suas próprias fezes, exatamente como ele fizera comigo."
- pág. 60
Num primeiro momento, pela "fofurice" e por ser pequeno, parece se tratar de um livrinho infantil, mas vai ser preciso um pouco de maturidade durante a leitura pra entender o real significado e a profundidade das mensagens embutidas nas historinhas... E assim que absorvidas e compreendidas, vão causar um impacto bem bacana! Causou em mim, acreditem!

A diagramação do livro é super caprichada! Cada fábula é separada por uma página colorida, em que a cor, de certa forma, combina com o texto em questão (a fábula da mosquita apaixonada está entre as cores rosa e vermelho, por exemplo), que deu um toque super divertido a ele. As páginas de números pares tem uma ilustração de um coração no canto superior esquerdo, e pelo tamanho do livro, as letras foram bem espaçadas e têm um tamanho ótimo. A capa é maravilhosa: o ursinho é em alto relevo e já dá uma ótima noção de que os bichos, apesar de fofos, podem ser bem ácidos!

Sabe quando gostamos tanto de um livro que fica difícil passarmos essa sensação pros outros somente com palavras? Terminei de ler com um sorrisinho no canto da boca e só depois reparei que estava abraçando o livro, morrendo de vontade que ele tivesse muito mais páginas... Só lendo pra saber! O livro me surpreendeu muito e super recomendo! Coração de Bicho entrou pra minha lista de favoritos!