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A Herdeira da Morte - Melinda Salisbury

18 de fevereiro de 2019

Título: A Herdeira da Morte - A Herdeira da Morte #1
Autora: Melinda Salisbury
Editora: Fantástica Rocco
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2016
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Sinopse: Twylla tem 17 anos, vive num castelo e, embora seja noiva do príncipe, não é exatamente um membro da corte. Ela é o carrasco. Primeiro de uma surpreendente série de fantasia, Herdeira da Morte conta a história de uma garota capaz de matar instantaneamente qualquer pessoa que ela toca. Até mesmo seu noivo, cujo sangue real supostamente o torna imune ao toque fatal de Twylla, evita sua companhia. Porém, quando um novo guarda chega ao castelo, ele enxerga a garota por trás da Deusa mortal que ela encarna, e um amor proibido nasce entre os dois. Mas a rainha tem um plano para acabar com seus inimigos, e eles incluem os dons de Twylla. Será que a jovem se manterá fiel a seu reino ou abandonará tudo em nome de um amor condenado?

Resenha: Aos treze anos, Twilla, que era a filha da Devoradora de Pecados num vilarejo modesto do reino de Lomere, foi levada pela própria rainha depois de acreditarem que ela era a Daunem Encarnada, a reencarnação da filha dos deuses Daeg (Sol) e Naeg (Lua). Assim, ela deveria ser treinada para manter a esperança do reino, como futura rainha. Mas, enquanto ela não se casa com o príncipe, sua função é comparecer a um ritual em que deve ingerir a Praga-da-Manhã, um veneno letal, e sobreviver. Isso prova que ela é, de fato, a reencarnação da filha dos deuses. Porém, esse ritual fez com que a pele de Twilla se tornasse mortal devido ao veneno, e qualquer um que recebesse seu toque, mesmo que sem intenção, estaria fadado à morte. Esse "dom" fez dela o carrasco da rainha, e todos aqueles considerados traidores seriam tocados por Twilla como castigo e para reforçar a ideia de que os deuses, assim como a ira deles contra os descrentes, são reais.

Twilla já se sentia solitária por não poder ter muito contato com ninguém, e mesmo sendo vigiada por guardas da rainha o tempo todo, ela se torna ainda mais reclusa depois do melhor amigo ter sido considerado um traidor e ela ter sido obrigada e tocá-lo.
Quatro anos se passaram desde a chegada da garota ao castelo, e Twilla, já com seus dezessete anos, espera pelo príncipe e pelo casamento que está próximo. Até que Dorin, o guarda de confiança mais antigo de Twilla, adoece, e ela passa a ser protegida por um novo guarda, Lief, um jovem bonito que veio de um reino inimigo, e que a trata como se ela fosse normal, como se seu toque não representasse nenhum risco para ele. Por tratá-la como igual, Lief desperta a curiosidade de Twilla, e a chegada do rapaz acaba mudando a rotina da mocinha. mas, mesmo que Twilla seja noiva do príncipe, ela, agora, ficará entre seus deveres e seus mais novos sentimentos...

Narrado em primeira pessoa, acompanhamos Twilla e o fardo que ela carrega ao desempenhar um papel no reino que, ao mesmo tempo que dá esperança e mantém o povo sob controle, gera temor para aqueles que, aos olhos da rainha, não andam na linha. Dessa forma, embora não seja perfeita, é possível ter empatia e entender o comportamento da protagonista, pois por mais que ela viva num castelo cheio de luxos, fartura e tenha o maior conforto possível, ela foi moldada para um propósito e deve servir aos caprichos mais cruéis da rainha, e ainda obedecer a qualquer ordem que lhe é dada. Isso torna Twilla uma jovem infeliz, vazia, isolada devido a sua condição, e que sempre fora usada por aqueles que a tiraram de sua verdadeira família, sem ter poder de escolha, cujo destino não pode ser determinado por ela mesma.

Embora o livro dê essa ideia irritante de um triângulo amoroso entre Twilla, Lief, e Merek (o príncipe), a autora dá um rumo diferente para os acontecimentos, e o conflito emocional que existe aqui não fica inteiramente voltado para essa questão, e isso fica bem evidente quando Twilla e Merek acabam se conformando com a situação e passam a ter pequenos encontros para se conhecerem melhor, mas o incômodo, por sempre estarem pisando em ovos ao fazerem algo em nome de uma tradição que eles são obrigados a seguir, é inevitável. E em contrapartida, é inegável a curiosidade que Twilla passa a ter por Lief e seu jeito descontraído e despreocupado de formalidades. Assim, com a ideia de um casamento arranjado e com chegada de Lief, Twilla começa a enxergar o mundo à sua volta com outros olhos e, aos poucos, vai tomando as rédeas da própria vida, fazendo escolhas pela primeira vez. É um desenvolvimento lento, difícil, mas que rende experiências incríveis e muito satisfatórias a ela, mesmo que Twylla tenha precisado desses dois personagens masculinos para cair em si, em vez de ter se dado conta de tudo sozinha.

Por se tratar do primeiro volume, este livro é bastante introdutório, com várias descrições e detalhes para situar o leitor nesse universo, mas que muitas vezes acabam interrompendo a fluidez da leitura e a deixando um pouco fragmentada. Enquanto Twilla explica determinada situação, ela já aproveita de um gancho para explicar outra coisa, e até retornar e continuar com a primeira, é provável que já tenhamos esquecido do que ela estava falando. Então por mais que eu tenha achado a história bem interessante e original, esse recurso narrativo tornou a leitura um pouco cansativa, e, talvez, se essas explicações tivessem sido encaixadas de outra forma, com capítulos próprios talvez, teria sido melhor.

No mais, A Herdeira da Morte foi um livro que me surpreendeu bastante, não só pela capa bonita e cheia de detalhes, mas por trazer uma história sobre uma garota que descobriu que seu poder é muito maior do que ela poderia imaginar.

O Gabinete Paralelo - Maureen Johnson

12 de dezembro de 2017

Título: O Gabinete Paralelo - Sombras de Londres #3
Autora: Maureen Johnson
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Suspense/Fantasia/Jovem Adulto
Ano: 2017
Páginas: 352
Nota:★★★★☆
Sinopse: A vida de Rory está de cabeça para baixo. Sem tempo para respirar, mesmo após ser salva de um sequestro, a situação sái rapidamente de controle quando a morte inesperada de um amigo abate o esquadrão. Rory, um terminal humano, pensa que teve tempo suficiente para transformá-lo em fantasma, mas se é assim, onde ele está? E quanto a Jane Quaint e seu culto, o que pretendem? O que querem com Charlotte? Com tantas perguntas se avolumando no horizonte, Rory e seus amigos correm contra o tempo para descobrir os segredos de uma antiga sociedade secreta, muito mais poderosa do que jamais poderiam imaginar...

Resenha: O Gabinete Paralelo é o terceiro volume da série Sombras de Londres, escrita pela autora Maureen Johnson e publicado no Brasil pelo selo Fantástica da Editora Rocco.

Este volume parte do onde o segundo parou e esta resenha pode ter spoilers.

Desde que chegou a Wexford, a vida de Rory está uma loucura. No final do livro anterior (No Limite da Loucura), Rory, Callum e Bu estão no hospital junto com Stephen, seu amor, que está a beira da morte. Sem saber como lidar com a perda dele, Rory, aproveitando dos poderes que tem, pensa em mantê-lo por perto como um fantasma. Mas as coisas acabam não saindo conforme ela planejou...
Quando Jane Quaint, a antiga psicóloga de Rory, revela que não é nada do que todos imaginaram e ainda sequestra Charlotte, os membros do esquadrão que monitora os fantasmas em Londres, do qual Rory e seus amigos fazem parte, precisam agir de alguma forma, tanto por Stephen quanto por buscar pistas para encontrar a garota.
No meio de toda essa confusão, surge alguém com poderes bem semelhantes aos de Rory e dos membros do esquadrão: Freddie Sellars também consegue enxergar fantasmas. E não só isso, ela também usou de sua astúcia para pesquisar sobre o esquadrão e o papel desempenhado por cada um deles alí. Assim, quando ela se une ao grupo eles podem contar com a inteligência dela.
O que Rory não esperava era Jane aparecer outra vez com uma oferta que ela não poderia recusar: trazer Stephen de volta.

Como o segundo livro ficou em aberto, este dá continuidade aos acontecimentos mas também deixa várias pontas soltas que deverão ser esclarecidas no próximo volume.
Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Rory, temos uma narrativa mais ágil e cheia de adrenalina, que já é iniciada com a ação e a tensão que o final do livro anterior deixou.
Percebi que este volume teve um tom diferente dos demais, seja pela falta do bom humor ou pela adição de elementos que até então não faziam parte do enredo, como a mitologia egípcia e a mudança de rumo ao considerar Jack, o estripador, como inspiração. São coisas que parecem terem vindo do nada e sem maiores explicação do motivo de estarem alí.

Um ponto que pode agradar, ou não, é o fato de que a autora não perde tempo em resumir acontecimentos anteriores para refrescar a memória do leitor. Isso pra mim foi um problema pois devido ao intervalo de lançamento entre os livros, muitos detalhes eu já havia esquecido e em algumas situações acabei ficando um pouco perdida. Talvez isso não aconteça com quem tem uma memória muito boa ou que leia um livro atrás do outro.

Não sou fã de romances em livros que envolvem suspense e mistério, e neste não é diferente. Ainda procuro respostas sobre como a protagonista tem atitudes desesperadas e aflitas com um relacionamento que não vai além de bitocas sem sal. Ela até é bastante simpática, mas algumas atitudes, pra mim, são injustificáveis e não fazem muito sentido no contexto geral.
Os personagens secundários são ótimos, bem construídos e interessantes, mesmo que alguns diálogos pareçam forçados, mas por mais que eu tenha gostado da Freddie, achei que sua presença era sempre muito conveniente para trazer respostas e soluções rápidas para os problemas mais difíceis.
Se no primeiro volume os pais de Rory são apresentados como relapsos, desta vez eles mostraram mais preocupação com a filha e se comportaram como pais de verdade, e eu gostei que a autora tenha trabalhado nesse ponto para reparar esse relacionamento que antes era bastante estranho.

Os detalhes acerca do cenário são bons, mas não chegam no nível do que foi apresentado no primeiro livro. Se antes era possível considerar Londres como parte fundamental da história, desta vez as descrições não foram o suficiente para sentir toda aquele atmosfera e a história poderia ter se passado em qualquer outro lugar.

O projeto gráfico é muito bacana e segue o mesmo padrão das anteriores, com respingos de "sangue" sujando a capa, que traz um dos túneis subterrâneos que faz parte dos cenários da história. A diagramação também é ótima, e as páginas destinadas ao início do capítulo possuem molduras e ornamentos. Os capítulos são numerados e não percebi erros da revisão.

Tudo indica que o quarto volume da série seja lançado este ano, e embora não seja a minha série favorita, tenho curiosidade para saber o que mais Rory vai encarar.
De forma geral, a história tem suas falhas de desenvolvimento e a protagonista em alguns momentos é irritante, mas pra quem curte suspenses juvenis com o toque do universo sobrenatural é uma série que vale a pena de ser lida.


Por um Toque de Magia - Carolina Munhóz

6 de dezembro de 2017

Título: Por um Toque de Magia - Trindade Leprechaun #3
Autora: Carolina Munhóz
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia Urbana
Ano: 2017
Páginas: 272
Nota:★★☆☆☆
Sinopse: Emily O'Connell finalmente chega ao final do arco-íris mais desejado. Sem saber o que irá encontrar, ela vai precisar mais do que nunca de toda sorte existente.
No final dessa jornada, ela se vê caminhando ao lado de seu inimigo e de todas as suas vítimas. De Los Angeles a Praga, de Amsterdã a São Francisco, ela percorrerá o mundo juntando as peças finais para seu último ato de volta à sua amada Dublin, onde tudo começou.
Como sobreviverá reencontrando o homem que tanto a machucou e finalmente descobrindo o assassino de seus pais, ela não sabe, mas aquela é a hora de terminar sua busca. É hora de encontrar a sua magia. E pagar o preço por isso.

Resenha: Emily O'Connell já passou por poucas e boas desde que descobriu ser dotada do toque de ouro, e depois de ter a vida virada de cabeça pra baixo, vamos, enfim, descobrir o que há no final do arco-íris.
Levando uma vida sem glamour algum, Emily está focada em descobrir mais, tanto sobre a morte dos pais, como recuperar seu toque de ouro que fora roubado, mesmo que pra isso tenha que seguir ao lado de Aaron, que a enganou e partiu seu coração em mil pedaços e agora lhe deve muitas respostas. Ela viajará pelo mundo a fim de montar um enorme quebra-cabeças para conseguir justiça e para retomar a própria vida, e, talvez, o fim dessa jornada seja exatamente onde tudo começou: em Dublin, na Irlanda.

Seguindo o padrão dos volumes anteriores, a narrativa é feita em terceira pessoa e mostra todas as reviravoltas no novo rumo que Emily deu à sua vida. Seus objetivos lhe renderam inimigos perigosos, inclusive se aliar a aquele que lhe traiu de forma tão cruel, mas descobrir as verdades que ele esconde, vai trazer à tona detalhes de sua história e de como sua vida foi uma mentira desde que se entende por gente.
Emily é movida pelo desejo de justiça, mas também pensa em vingança, mas, sem ajuda, ela sabe que jamais conseguirá chegar muito longe. Se antes Emily tinha dinheiro e amigos, agora ela não tem nada e está sozinha, mas talvez isso tenha sido fundamental para que ela pudesse ver um outro lado da moeda e dar valor ao que realmente importava, coisa que a criatura não fazia quando era egoísta, imatura, esbanjava dinheiro e curtia como ninguém sem sequer pensar nos outros.

Talvez eu tenha sido muito dura na resenha do livro anterior, que me tirou a paciência e quase me fez desistir, mas este, apesar de ter sido levemente mais interessante, não é tão diferente assim. Os diálogos não me agradaram pois sempre me soam fúteis e desnecessários, e as descrições, que nem sempre fazem alguma diferença na história, acabam sendo exageradas. Não lembro de ter um personagem sequer que eu realmente tenha admirado, e fazer uma combinação amorosa entre Emily, Aaron e Liam foi a pior coisa que já acompanhei na minha vida. Detesto personagens que se deixam levar pela atração, principalmente quando essa atração é por alguém nada a ver, quando há coisas muito mais graves e urgentes acontecendo lá fora para se preocupar. Sei que as pessoas não são perfeitas e aprendem com os erros, mas embora Emily perceba que precisa se tornar alguém melhor, o que é uma prova de amadurecimento, pra mim não foi o bastante. Ela também entende que estar ao lado de alguém não significa não estar sozinha, pois ela está mais sozinha do que nunca, e o passado nem sempre deve ser enterrado e esquecido, pois foi por causa do que aconteceu no passado que ela ganhou experiências que a moldaram e a tornaram quem ela é hoje, por pior que tenha sido.

Enfim, olhando a história desse último livro e a trilogia como um todo, a ideia da trama em si não é ruim, não. O problema é a narrativa, a forma como as coisas se desenrolam, é o revirar de olhos eterno pra tantas bobagens. São detalhes que não me convenceram, que são superficiais demais ou que estão ali só pra enfeitar sem um propósito maior, e nem as descrições das cidades que fazem com que o leitor viaje e experimente um pouco dos costumes locais junto com a protagonista, e nem o progresso e a evolução de Emily como pessoa, não foram o bastante pra me agradar... Eu realmente já tinha ficado saturada do restante.

Acredito que seja um livro que deva agradar leitores que gostem de fantasia urbana, que valorizem detalhes sobre viagens e descrições acerca de pontos turísticos, e curtam personagens que aprendem e amadurecem com as experiências trágicas da vida, desde que não se importem com as asneiras, claro, mas sem esperar por grandes lições ou mensagens mais relevantes.

Por um Toque de Sorte - Carolina Munhóz

24 de novembro de 2017

Título: Por um Toque de Sorte - Trindade Leprechaun #2
Autora: Carolina Munhóz
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia Urbana
Ano: 2016
Páginas: 288
Nota:★★☆☆☆
Sinopse: De Dublin a Paris, Rio de Janeiro e Hollywood, eles estão por toda parte. São os donos das marcas que você usa, comandam os canais de televisão a que você assiste, criam os aplicativos de celular que você baixa. No segundo livro da série Trindade Leprechaun, iniciada com Por um toque de ouro, Carolina Munhóz dá continuidade à história da jovem Emily O’Connell, uma garota bonita e rica, dona de um império fashion, que descobre ser herdeira de uma rara linhagem desses pequenos seres mágicos considerados guardiões de potes de ouro escondidos. Ela só não esperava que esse legado sobrenatural pudesse levá-la para o centro de um esquema perigoso e cruel. Em “Por Um Toque de Sorte”, Emily deixa seu mundo de glamour para trás em busca de um impostor que rouba toques de ouro. Será que ela será capaz de cumprir sua jornada? Isso ela só vai descobrir no final do arco-íris. Se chegar até lá.

Resenha: Depois de Emily O'Connor ter sido magoada por um vilão salafrário que roubou seu toque de ouro, e ainda ter tido os pais assassinados, a única motivação que deixou a garota de pé foi a vingança. Agora, após conhecer Liam, que também fora vítima de Aaron, ela parte junto com ele e o amigo Darren numa viagem pelo mundo procurando por esse impostor.

Considerando a ideia (que eu achava ser até bem original) da garota com o toque de ouro que teve o dom roubado e o coração partido em mil pedaços, o primeiro livro não foi de todo ruim. Apontei os pontos bacanas, relevei as gírias trash nos diálogos que abrasileiravam a história de personagens irlandeses e outras descrições desnecessárias e irritantes (como a insistência em se referir a Emily como "a ruiva"), mas, como as coisas não só continuaram, como pioraram ainda mais, não consegui ignorar os fatos, e a sensação que tive ao final da leitura foi de tempo perdido.

Se antes eu gostava de Darren pela amizade sincera e cumplicidade com Emily, mesmo ignorando ele ser apresentado como uma "bicha má" do babado e totalmente estereotipado, agora eu só revirava os olhos para o quanto ele era esnobe, fútil e ridículo ao ponto de nem a própria protagonista, igualmente intragável, ser capaz de superá-lo. Emily estava lá, arrasada, enganada, falida, órfã, um trapo humano que queria vingança, mas o que Darren fazia era querer a antiga amiga glamourosa, cheia do dinheiro e bafônica de volta, como se dar a volta por cima depois de tanta desgraça fosse algo muito simples.

Inserir toques de "bom humor" na trama através de piadinhas sem a menor graça e feita nas horas mais inadequadas possíveis por Emily foi um desgosto tão grande que eu queria largar o livro na primeira delas, quando ela, infeliz e amargurada depois do golpe que sofreu, numa tentativa falida de ser engraçada, diz que não tomava banho há três dias porque estava pesquisando como um porco vive... Hahahahaha... Oi?

Por mais que as descrições acerca do cenário e das cidades turísticas, famosas e maravilhosas por onde Emily passava me fizessem ficar "viajando", fiquei me perguntando se era algo realmente necessário pra história, ou se a intenção era só exibir locais visitados pela autora que foram fontes de inspiração pra poder enfeitar o enredo. O problema é que tais descrições parecem vir em blocos avulsos que não se mesclavam naturalmente com a cena em questão, pois elas surgiam do nada, como uma propaganda de agência de turismo.

Muito da história é previsível e algumas cenas são tão ridículas e absurdas, principalmente as que deveriam ser engraçadas, ou as que dizem respeito ao romance que surgiu sem um desenvolvimento convincente, que a vontade era de desistir. Mas, apesar da história não ter me surpreendido e ainda ter me deixado indignada com tanta bobagem, tenho que reconhecer que o final, assim como foi no primeiro livro, tem reviravoltas e é instigante o bastante pra ter me feito ficar curiosa pelo próximo.

Então, eu não sei onde diabos estou com a cabeça depois dessa decepção pra continuar insistindo em saber que final essa quizumba vai ter, mas vou respirar fundo, contar até dez e arriscar a leitura do livro 3. Me desejem sorte, vou precisar.

Enraizados - Naomi Novik

6 de novembro de 2017

Título: Enraizados
Autora: Naomi Novik
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia/Young Adult
Ano: 2017
Páginas: 384
Nota:★★★★☆
Sinopse: Agnieszka ama seu lar no vale, sua vila tranquila, as florestas e o rio cintilante. Mas a Floresta corrompida fica à espreita na fronteira, cheia de um poder maligno desconhecido. Seu povo depende de um mago frio e ambicioso conhecido apenas como Dragão para apaziguar a ira da Floresta e impedi-la de avançar sobre o vilarejo. Mas ele exige um preço em troca da proteção: a cada dez anos, uma jovem é entregue para servi-lo: um destino quase tão indesejado quanto cair nas garras da Floresta.
A próxima escolha está se aproximando rapidamente, e Agnieszka está com medo. Ela sabe - todo mundo sabe - que o Dragão vai levar Kasia: a bela, graciosa e corajosa Kasia, sua melhor amiga no mundo. E não há como salvá-la. Mas Agnieszka teme as coisas erradas. Porque, quando o Dragão chegar, não é Kasia que ele vai escolher.

Resenha: Agnieszka (a pronúncia é ag-niésh-kah) é uma jovem de dezessete anos que leva uma vida bem feliz no vilarejo onde mora. A Floresta na fronteira da vila foi corrompida, está carregada com um poder terrível e desconhecido, e quem ultrapassa seus limites não voltam mais, ou trazem horrores consigo que os transformam em algo amaldiçoado e sombrio. A cada dez anos, o Dragão, um mago ambicioso e muito frio, vai até o vilarejo e leva uma garota para seu castelo como pagamento por proteger a vila e impedir que a Floresta avance sobre a aldeia. Ninguém sabe o que, exatamente, ele faz com a jovem. Ninguém mais os vê durante os próximos dez anos e quando a garota, já mulher, retorna, é alguém bem diferente do que fora.
Todos na aldeia estão se preparando para a vinda do Dragão, e todos sabem que a escolhida será a bela Kasia, melhor amiga de Agnieszka. Porém, quando o mago vem, ele não escolhe Kasia, mas sim a própria Agnieszka. Quando ele a leva para a sua torre para servi-lo, o Dragão percebe que a jovem possui o dom da magia e, assim, ele começa a treiná-la.

Enraizados é uma fantasia baseada no folclore eslavo e não poderia ser mais original. Há magia, criaturas terríveis, príncipes e bruxas, mas não da forma tradicional como estamos acostumados.
Inicialmente, e talvez pelos nomes estranhos com os quais o leitor se depara, alguns impronunciáveis inclusive, a leitura pode demorar um pouco a engatar, mas a medida que a história se desenrola e vamos adentrando esse mundo de conto de fadas que passa longe daqueles apresentados pela Disney, é impossível largar.
Embora o enredo seja uma fantasia, os elementos são mais próximos do que os contos de fadas clássicos são em sua forma original. As associações ao bem e o mal são diferentes do que esperamos, e um exemplo disso é a protagonista, que é uma bruxa, e a própria Floresta, que não tem encanto nem bichinhos fofos que fazem companhia para Agnieszka. A Floresta é má, sua presença sempre é lembrada por ser sinistra, ela corrompe o juízo de quem se atreve a chegar perto dela, e abriga monstros que capturam vítimas sem deixar rastros.

Os personagens, por mais fantasiosos que possam parecer, possuem características muito humanas, no bom e no mau sentido da coisa. A autora apresenta personagens, seja os principais ou os secundários, com relacionamentos cheios de camadas e cujas emoções variam das mais bonitas até a mais detestáveis, afinal, da mesma forma como há alegria, há raiva, inveja, sentimento de culpa e afins, e tudo isso faz parte da condição humana e dos laços formados ao longo da vida, seja no âmbito familiar, amoroso ou de amizades.

Agnieszka e Dragão funcionam numa dinâmica baseada em amor e ódio, e isso traz algumas cenas bem humoradas à história. Seus diálogos são espirituosos e quando a determinação de Agnieszka bate de frente com o mau humor do Dragão, as farpas são inevitáveis. Eu só acho que a autora poderia poupar os leitores de detalhes que não fazem muita diferença na trama e investir na construção do relacionamento entre os personagens, sem que necessariamente houvesse abuso como forma de humor. E, talvez, se a amizade fosse melhor desenvolvida, o romance, que veio do nada, pudesse ter feito mais sentido.

A capa do livro é muito bonita e caprichada, com detalhes em dourado e outros em verniz transparente. A ilustração em si tem tudo a ver com a trama e o jogo de cores também foi uma escolha certeira.

Enraizados me surpreendeu de forma muito positiva e superou minhas expectativas. O conjunto de personagens funciona bem, assim como suas virtudes e seus defeitos que os tornam tão humanos e próximos da realidade. Pra quem gosta do gênero, é leitura mais do que recomendada.


A Ordem dos Clarividentes - Samantha Shannon

10 de julho de 2017

Título: A Ordem dos Clarividentes - Bone Season #2
Autora: Samantha Shannon
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia Urbana/Sobrenatural/Distopia
Ano: 2017
Páginas: 400
Nota:★★★★☆
Sinopse: Paige Mahoney escapou da colônia penal Sheol I, mas seus problemas estão só começando: muitos dos sobreviventes estão desaparecidos, e ela é a pessoa mais procurada de Londres.
Enquanto Scion está à caça da andarilha onírica, os mime-lordes e mime-rainhas da cidade são convocados para uma reunião da Assembleia Desnatural. Jaxon Hall e seus Sete Selos se preparam para assumir o palco, mas a comunidade clarividente encontra-se dividida por segredos obscuros. E então os Rephain começam a sair das sombras. Mas onde está o Mestre? Paige deve seguir em frente, de Seven Dials a Grub Steet e às catacumbas secretas de Camden, até que o destino do submundo seja decidido.

Resenha: A Ordem dos Clarividentes é o segundo volume (de sete) da série Bone Season. A história começa do ponto em que parou no primeiro volume, Temporada de Ossos.
A resenha pode conter spoilers do livro anterior.

Qualquer pessoa que tenha o dom da clarividência, os chamados desnaturais, são perseguidos pelo governo. Paige Mahoney, a andarilha onírica, havia sido capturada e enviada para colônia penal Sheol I, mas, após uma reviravolta bombástica, ela conseguiu fugir. Paige se tornou a pessoa mais procurada de Londres. Enquanto estava presa, ela descobriu que os desnaturais capturados pelo governo se tornam escravos dos Rephaim, criaturas humanóides e imortais que se alimentam da aura dos clarividentes. Paige pretende revelar sua descoberta aos desnaturais para por fim ao governo corrupto, mas sempre se depara com obstáculos que a impedem, até que o líder da Assembleia Desnatural é assassinado e ela percebe que além de estar ficando sem saída, o futuro está se tornando incerto já que sem um líder nao existe ordem. Sem intenção de que tal informação se espalhe, Nashira, a governante dos Rephaim, quer a garota de volta a qualquer custo para impedir qualquer tipo de rebelião.

A narrativa é feita em primeira pessoa e por mais que a história seja maravilhosa e empolgante, sua complexidade e inúmeros detalhes acabam fazendo com que ela não seja tão fluída e se arraste bastante até lá pela metade do livro, e talvez isso possa causar algum tipo de resistência em leitores mais impacientes.
Embora haja um romance complicado - tanto por ser proibido, quanto por não ter futuro algum -, o foco recái sobre a opressão do governo sobre um grupo de pessoas que, claramente, vai lutar por sua liberdade, custe o que custar.

Paige é uma personagem admirável. Seu dom é motivo de cobiça por quem tem intenção de controlá-la, mas a garota só quer ser livre sendo como é. Ela não aguenta mais viver fugindo, se cansou de ver os desnaturais sendo escravizados e sabe que as coisas só mudarão com uma grande revolução, mas tirar os outros de suas zonas de conforto não é algo tão fácil e simples de se fazer, por mais que as pessoas queiram que a mudança ocorra. Sabendo disso, Paige não pode contar com muita gente e cabe a ela tomar uma decisão em prol de seu objetivo, mesmo que isso envolva algum tipo de sacrifício, e isso faz com que ela seja temida pelos poderosos já que, através dela, existe a chance do governo ser derrubado.

No primeiro livro a autora se aprofundou na colônia penal onde Paige estava presa, então não tivemos acesso aos detalhes da Londres ambientada em 2059, e agora nos deparamos com uma cidade tomada por uma enorme e triste decadência, onde tudo está em ruínas e clamando por esperança.

O projeto gráfico da obra se manteve com o padrão do primeiro livro. A capa tem uma textura meio emborrachada com o título em dourado em meio ao símbolo que representa bem um dos elementos da trama, principalmente a mariposa.

Diante de tudo isso, posso afirmar que A Ordem dos Clarividentes superou minhas expectativas e conseguiu ser ainda melhor do que o primeiro livro. Pra quem procura por uma série complexa e totalmente surpreendente e original, é leitura mais do que indicada.

Seeker: A Guerra dos Clãs - Arwen Elys Dayton

27 de outubro de 2016

Título: Seeker: A Guerra dos Clãs - Seeker #1
Autora: Arwen Elys Dayton
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia/Sci-fi/Jovem adulto
Ano: 2016
Páginas: 416
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | SubmarinoAmericanas
Sinopse: Na noite em que Quin Kincaid faz seu Juramento, ela finalmente se tornará o que treinou para ser a vida inteira: uma Seeker. É seu legado e uma honra.
Como uma Seeker, Quin lutará ao lado de seus dois companheiros mais próximos, Shinobu e John, para proteger os injustiçados. Juntos, eles trarão luz para um mundo mergulhado na escuridão.
Além disso, ela poderá ficar ao lado de quem ama - seu melhor amigo.
Mas, na noite do Juramento, tudo muda.
Ser uma Seeker não é bem o que Quin imaginava. Sua família não é como achava que fosse. Mesmo quem ela ama não é como ela acreditava.
E agora é tarde demais para ir embora.

Resenha: Seeker - A Guerra dos Clãs é o primeiro livro da trilogia Seeker, escrita pela autora Arwen Elys Dayton e publicado pelo selo Fantástica da Editora Rocco.

Desde os oito anos de idade, Quin e seu primo Shinobu são treinados por seus pais, Briac Kincaid e Alistair MacBain, para se tornarem Seekers, guerreiros honrados com poderes para alterar o curso da história e até mesmo evitar caos e tragédias. Eles lutam em prol dos injustiçados cujo legado é levar luz em meio a escuridão. Briac e Alistair também são Seekers e treinam os filhos de acordo com a doutrina de seus clãs. Quatro anos depois, John Hart, aos doze anos de idade, passou a treinar junto com Quin e Shinobu.

Mas enquanto Quin e o primo ansiavam por se tornarem Seekers para ajudar as pessoas, John tinha seus próprios motivos para se tornar um, inclusive por um desejo de vingança, mas acabou sendo expulso e impedido de chegar ao juramento por saber a realidade por trás de tudo e querer mudar o que considerava errado. E somente após o juramento de Quin e Shinobu é que eles descobrem ter sido enganados, sem chance de voltarem atrás.
Mesmo tendo sido expulso, John vai atrás do que treinou para ser, e Quin e primo vêem aquilo como uma oportunidade para recomeçarem. A fuga não sai bem como planejado e Quin acaba descobrindo que John, com quem namorava em segredo, não é exatamente quem ela pensou ser... Quinn descobriu que tudo o que aprendeu sobre ser uma Seeker, e até mesmo sobre os princípios de sua própria família, até então, era uma mentira. A partir daí, Quin parte em busca de sua verdadeira identidade.


O trabalho gráfico da obra é muito bonito e bem feito. A capa é cheia de detalhes que vão desde os ornamentos em verniz ao título furta-cor que dá um efeito muito legal à ela. A diagramação é simples, a fonte o espaçamento de margens tem um tamanho agradável, e há mapas de locais onde a história de passa para auxiliar na localização e na ambientação.

O livro é dividido em três partes, é ambientado na Escócia, passa por Hong Kong e chega a Londres.
Há um interlúdio que antecede a segunda parte que serve para ressaltar alguns flashbacks importantes para o desenvolvimento da trama. A história é narrada em terceira pessoa e se intercala entre Quin, John, Shinobu e Maud. Maud é uma Pavor Menor, que existe para acompanhar os Seekers e garantir que tudo saia dentro dos conformes e ainda tem a habilidade de transitar entre mundos. Eu inclusive gostei da participação dela e de seu universo, principalmente por ele ter mais explicações se compararmos com os Seekers. Os Pavores podem inclusive punir um Seeker caso ele quebre as regras, mas Maud ainda tem muito a aprender e muito o que descobrir, principalmente decidir de que lado está em meio a guerra que está prestes a ser travada que colocará em risco o destino da própria humanidade.

De forma geral, o livro é bastante introdutório e serve mais pra apresentar os personagens e explicar de forma bastante gradual, e até um pouco confusa, sobre o universo criado pela autora. É como se o leitor recebesse pistas e várias peças de um grande quebra-cabeças e não tivesse a menor ideia de como juntá-las.

Talvez pela história ser uma introdução a este mundo, muitas questões ficaram sem respostas, e outras sem o devido aprofundamento, o que acaba sendo um pouco frustrante. É até compreensível que as respostas fiquem pra um segundo volume, mas ainda assim é um pouco desanimador ter que esperar quando a premissa é interessante e o livro desperta aquela curiosidade. Terminei o livro sem saber o quê, de fato, significa ser um Seeker, baseado em quê alguns personagens fazem determinadas escolhas ou o quê desencadeou a corrupção nesse meio a ponto da doutrina ter sido arruinada. A autora surpreende em vários pontos pois parece que ela vai seguir por um caminho mas faz outra coisa totalmente diferente, e ainda não decidi se isso foi algo que realmente gostei. Algumas decisões inclusive são precipitadas e a impressão é que os personagens ficaram tão perdidos quanto eu. O romance também não convence muito então, pelo menos por agora, não é possível sequer torcer para que as coisas se encaixem e todos fiquem felizes.

Embora se trate de uma mescla entre fantasia e ficção científica, não tive aquela impressão de que a trama é recheada de originalidade. A questão dos personagens usarem um athame para abrirem portais no meio do ar e irem pra onde quiserem me lembrou o livro "A Faca Sutíl" (segundo livro da série Fronteiras do Universo, de Philip Pullman), com o diferencial de que não se trata de universos paralelos, mas somente viajarem de um lugar pra outro de forma instantânea, mágica e bastante complexa, e até um pouco de "Instrumentos Mortais", de Cassandra Clare, onde a humanidade é protegida em segredo por seres mágicos.

Em suma, Seeker percorre por caminhos dos quais não sabemos se são certos ou errados. Um personagem que parece ter o caráter duvidoso pode ser o mocinho e se juntarmos as peças passamos a compreendê-lo melhor... Não sabemos o que esperar do que podemos chamar de "triângulo amoroso" e chegamos à conclusão de que o poder pode despertar o pior que há nas pessoas quando se concentra em mãos erradas...

No Limite da Loucura - Maureen Johnson

26 de outubro de 2016

Título: No Limite da Loucura - Sombras de Londres #2
Autora: Maureen Johnson
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Suspense/Thriller/Sobrenatural
Ano: 2016
Páginas: 304
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | SubmarinoAmericanas
Sinopse: Depois de se envolver no misterioso caso do assassino em série que se fazia passar pelo lendário Jack, o Estripador, espalhando o medo pela capital britânica, a garota é enviada para a casa dos pais em Bristol. Mas ela não pensa duas vezes quando tem uma chance de retornar a Wexford e reencontrar os amigos. Sua volta a Londres, no entanto, revela mais sobre seus próprios poderes do que ela poderia supor e a põe no centro de uma nova – e sinistra – onda de crimes que vêm desafiando até mesmo a polícia secreta que combate os fantasmas na cidade. No segundo livro da trilogia Sombras de Londres, Rory Devereaux precisa enfrentar seus próprios medos e agir antes que seja tarde. 

Resenha: No Limite da Loucura é o segundo volume da série Sombras de Londres, escrita pela autora Maureen Johnson e publicado pelo selo Fantástica da Editora Rocco.

No primeiro volume, O Nome da Estrela, conhecemos Rory Devereaux, uma adolescente que descobriu ter dons sobrenaturais quando se envolveu no caso de um assassino em série que se passava por Jack, o Estripador. Após os acontecimentos que se desenrolaram durante a investigação do caso, Rory acabou sendo vítima de um esfaqueamento e teve sair de Wexford para voltar para a casa dos pais, em Bristol, e enquanto se recupera do trauma, ela passa a ter sessões de terapia com Julia, uma psicóloga.
Rory sabe que precisa superar o que passou, mas o que ela queria mesmo era ter sua vida normal de volta e esquecer que as Sombras, a polícia secreta que combate os fantasmas da cidade, existem e cruzaram seu caminho um dia.

Mas, nas redondezas de Wexford, o dono de um pub foi assassinado a marteladas e embora um homem tenha se assumido como autor do crime, a história simplesmente não bate. Várias coisas estranhas continuaram acontecendo e tudo indica que há envolvimento sobrenatural.
Rory, então, é orientada por sua psicóloga a voltar para Wexford para reencontrar os amigos e voltar à rotina da escola a fim de se recuperar melhor e não pensa duas vezes, mas, como era de se esperar, ela se vê envolvida em mais um caso sinistro e misterioso em que tem certeza que nada é mera coincidência. Rory precisa aproveitar seus mais novos poderes contra essas forças, enfrentar seus medos diante do desconhecido e entrar em ação antes que seja tarde demais...

Depois do primeiro livro, não criei muitas expectativas para embarcar na leitura deste e talvez por esse motivo tenha gostado relativamente mais do que o anterior.
No Limite da Loucura permanece com a mesma ambientação que seu antecessor, o universo escolar e uma Londres sombria e invadida pelo sobrenatural. Não é um universo único e original, mas no contexto da história ele convence.
O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Rory e a leitura, apesar de lenta, é fácil de se acompanhar. A impressão que tive é que esse segundo livro sofre da "maldição da continuação". Ele até que esclarece algumas pontas soltas do primeiro livro e abre brechas para o terceiro, mas só fica realmente bom quando está próximo do fim. Até lá o livro é bastante lento e morno, sem acontecimentos grandiosos ou empolgantes que tenham me feito ficar ansiosa pelo próximo capítulo e nem as cenas que deveriam ser mais assustadoras não mexeram comigo.
Diferente do primeiro livro, este segundo não traz uma história fechada, e pra ser melhor compreendido é necessário ler o livro anterior.

Eu fiquei com pena de Rory pela vida dela estar desmoronando após o acidente que sofreu. Os sentimentos dela, por serem bem negativos, acabaram influenciando a própria narrativa e em muitos momentos me senti tão perdida quanto ela. Nem os momentos mais descontraídos serviram como alívio. Foi difícil ter empatia por ela e isso só foi um problema por ser impossível deixar de comparar os acontecimentos dos dois livros. O contraste entre um e outro acaba sendo negativo, o que foi apresentado antes acabou perdendo aquele brilho assustador, e talvez isso tenha sido um motivo que tenha me feito simplesmente não me importar com os perigos pelos quais Rory passou com a presença do novo personagem.

Por outro lado, só tenho elogios à autora pela forma como Londres é apresentada. Em alguns pontos chegou a me lembrar as descrições de J.K Rowling. A ambientação, a atmosfera ameaçadora e sombria devido ao sobrenatural, é como se Londres fosse um personagem fundamental para o desenrolar dos fatos e até mais interessante que muitos outros presentes na trama.

Não sei ao certo expressar meus sentimentos ao fim desse livro. É um bom livro, sim, mas me senti manipulada devido à uma certa artificialidade, como se a autora tivesse se perdido no próprio caminho que trilhou e ainda deixado o desfecho em aberto sem necessidade. Talvez se o esquema do primeiro livro tivesse sido seguido eu poderia ter gostado mais, sem obrigação de precisar ler o último livro para saber o que vai acontecer.

Pra quem gosta de dramas adolescentes, triângulos amorosos mal resolvidos, toques sombrios e mistérios a serem resolvidos, a série Sombras de Londres é uma boa pedida.

Temporada dos Ossos - Samantha Shannon

20 de julho de 2016

Título: Temporada de Ossos - Bone Season #1
Autora: Samantha Shannon
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia Urbana/Sobrenatural/Distopia
Ano: 2016
Páginas: 448
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Ambientada em 2059, a trama acompanha a protagonista Paige Mahoney, uma andarilha onírica, alguém capaz de entrar na mente das pessoas e captar pensamentos e fragmentos de sonhos. Considerada traidora pelo governo, Paige paga por seu dom com a sua liberdade e é enviada para uma prisão secreta em Oxford. Lá, ela conhece os Rephaim, criaturas de uma raça antiga que desejam controlar a clarividência de Paige e de outros como ela, e precisará aprender a confiar em aliados improváveis não só para reconquistar a liberdade, mas garantir a própria sobrevivência. Considerada um dos principais nomes da literatura de fantasia dos últimos tempos, Samantha Shannon entrega aos leitores um romance surpreendente e arrebatador.

Resenha: Temporada de Ossos é o primeiro volume da série Bone Season escrita pela autora inglesa Samantha Shannon e publicado no Brasil pelo selo Fantástica, da Editora Rocco.

O ano é 2059 e o mundo já não é mais o mesmo. Aqueles que são dotados da paranormalidade são temidos pela sociedade e o governo partiu numa caça desenfreada aos clarividentes. Scion é uma das cidades mais seguras para as pessoas normais viverem e a vigilância constante contra os poderes mentais dos clarividentes é constante. Devido a isso, vários grupos clandestinos de desnaturais, divididos em cortes e sessões, foram formados no submundo. Essas pessoas precisam viver incógnitas, precisam evitar que suspeitas sejam levantadas sobre elas para que não sejam capturadas. Num desses grupos está Paige Mahoney, uma jovem de dezenove anos com o poder de entrar na mente das pessoas e captar pensamentos e fragmentos de sonhos. Ela é uma Andarilha Onírica e é uma das mais poderosas de sua classe. Em troca das suas habilidades, ela recebe proteção ao ser concubina de Jaxon Hall, o Mime-Lorde que lidera os Sete Selos, seu grupo de elite. Esses líderes são como mafiosos, e embora ele dê abrigo a Paige, ela sabe que está longe do perigo... Após alguns acontecimentos, Paige é capturada e levada para uma torre em Sheol I, conhecida como Oxford, onde é mantida presa secretamente pelos Rephaim, criaturas que culpam os desnaturais por vários problemas que foram desencadeados através do uso de seus dons e que por isso os escreviza a fim de controlar a clarividência que eles possuem. Resta a Paige lidar com a verdade obscura que descobre enquanto tenta aprender o suficiente para sobreviver, fugir e reconquistar sua liberdade.

A história é narrada em primeira pessoa através da perspectiva de Paige, sob uma escrita precisa, densa, com ritmo lento para os acontecimentos e muito descritiva, e sendo classificada como uma distopia, temos um governo totalmente opressor e uma classe social igualmente oprimida, e como consequência, aqueles que lutam para sobreviver e/ou combaterem essa falta de liberdade, e claro, vivendo na ilegalidade. A impressão que tive foi que a autora uniu vários elementos conhecidos de outras histórias da literatura e tornou tudo mais complexo, adicionando alguns elementos novos, criando ramificações afim de subdividir classes e determinadas características dos personagens e dando muitas explicações como forma de introduzir o leitor nesse universo repleto de camadas intrincadas e bem interessantes, mas em alguns pontos isso torna a leitura lenta e cansativa devido a essa grande quantidade de informações cheias de detalhes que acabaram me deixando um pouco confusa. Confesso que demorei a me situar na trama por causa disso, pois memorizar o funcionamento do sindicato do crime no submundo, quais as punições dadas aos criminosos capturados, me familiarizar com nomenclaturas e termos diferentes para cada coisa, e até mesmo como funciona o tipo raro de clarividência de Paige não foi uma tarefa muito fácil já que a história continua seguindo. Juro que eu iria gostar muito se o livro fosse adaptado para as telinhas para que a visualização do funcionamento desse universo fosse compreendida de forma mais fácil.
Eu acredito que o ritmo lento da trama foi um fator proposital, pois assim o final acabou funcionando muito melhor. São muitas coisas acontecendo e a cada página a sensação é que mais e mais informações nos são jogadas, sendo necessário uma atenção redobrada para não perder detalhes.

Paige é uma protagonista inteligente, cheia de determinação e ambições. Ela também não é apresentada como uma personagem perfeita, pois por ser impulsiva e teimosa, nem sempre age com razão, e pelos seus erros, ela dá uma sensação de realidade, de gente como a gente, em meio a fantasia. Ela tem espaço para crescer e a medida que a história se desenrola ela é muito bem desenvolvida. Apesar dos membros dos Sete Selos terem sido bem trabalhados, mostrando particularidades e características importantes, eles não tiveram muito espaço e senti falta de um maior desenvolvimento para eles.
Eu gostei bastante da construção dos Rephaim. A cultura da sociedade, seus costumes e a forma como vivem são bem intrigantes, e Nashira, a líder, é uma personagem ótima, mesmo que ardilosa e cruel.

O projeto gráfico do livro é lindo! A capa é simples mas tem efeitos bastante caprichados e que lembram uma textura de jeans, o título é dourado e a parte interna da capa é de um laranja bastante vivo. A diagramação é simples, a fonte é pequena, cada início de capítulo tem o mesmo símbolo presente na capa e podemos contar com o mapa da Colônia Penal de Sheol 1, a classificação completa dos sete tipos e subtipos de clarividentes e um glossário ao fim do livro explicando vários termos utilizados.

Temporada dos Ossos é o primeiro volume de uma série composta por sete livros e é indicada para os fãs de distopia e fantasia sobrenatural que procuram por tramas complexas e bem construídas. A história é criativa, divertida, tem um grande impacto e, mesmo que complexa, desperta o interesse e faz querer mais. Super recomendo!

O Nome da Estrela - Maureen Johnson

27 de dezembro de 2015

Título: O Nome da Estrela - Sombras de Londres #1
Autora: Maureen Johnson
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Suspense/Thriller/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 304
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: No mesmo dia em que o primeiro de uma série de assassinatos brutais acontece em Londres, a norte-americana Rory Deveaux chega à cidade para começar uma nova vida em um colégio interno. Os crimes hediondos parecem imitar as atrocidades de Jack, o Estripador, praticadas há mais de um século. Logo a febre do Estripador toma conta das ruas de Londres, e a polícia fica desconcertada com as poucas pistas e a ausência de testemunhas. Exceto uma. Rory viu o principal suspeito no terreno da escola. Mas ela é a única pessoa que o viu – a única que consegue vê-lo. E agora, Rory se tornou seu próximo alvo. Neste thriller envolvente, cheio de suspense e romance, Rory descobre a verdade sobre suas novas e chocantes habilidades e os segredos das Sombras de Londres.

Resenha: O Nome da Estrela, primeiro volume da série Sombras de Londres, é um suspense juvenil escrito pela autora Maaureen Johnson e publicado pelo selo Fantástica, da Editora Rocco.

Aurora Deveaux, ou Rory, é uma adolescente americana que sai do interior de Louisiana e chega a Londres para se alojar e estudar num colégio interno pelo período de um ano. Porém, no dia de sua chegada, ela descobre que há um assassino à solta que parece estar seguindo os mesmos passos de Jack, o Estripador, já que sua primeira vítima foi esquartejada da mesma maneira que Jack fazia em 1888. Londres está em polvorosa pois ninguém consegue descobrir quem está cometendo todas essas atrocidades.
Sem testemunhas e sem pistas, a polícia fica de mãos atadas, até Rory ver o suspeito na propriedade da escola e se tornar uma testemunha. Então, ao cruzar o caminho deste brutal assassino, Rory se vê forçada a tentar resolver os crimes já que parece ser a única que consegue vê-lo, mas corre perigo ao se tornar seu próximo alvo...

Não nego que a premissa promete bastante, mas achei que a autora se perdeu em meio a uma escrita um tanto quanto rasa para só dar um gás e surpreender ao fim. O livro é narrado em primeira pessoa, pelo ponto de vista da protagonista e podemos acompanhar como é sua descoberta para um dom do qual ela desconhecia ter: ela consegue ver fantasmas e logo se dá conta de que o assassino se encaixa nesse "perfil".
A autora conseguiu incorporar bem alguns elementos e detalhes dos crimes na história, mas não achei que nada foi aterrorizante o bastante pra causar medo. Há surpresas, sim, mas o ritmo lento no início com tudo minimamente detalhado acaba tirando um pouco da empolgação com a leitura, principalmente quando a impressão que fica é que os pesonagens parecem estar impedidos de participar de tudo o que acontece e a ação dá lugar a muita conversa, a maioria descartável.
Um ponto legal, mas que acaba lembrando muito o universo de Harry Potter, é a questão da escola e da convivência de Rory com seus novos amigos. É tudo bastante natural, principalmente por Rory ser uma adolescente e se comporta exatamente como uma, com o diferencial de que, a partir do momento em que descobre seu dom de poder ver fantasmas, ela vai levando a vida como pode enquanto lida com esse pequeno novo detalhe. Tais fatores colaboraram para que a história ficasse mais fluída e menos cansativa.
Não espere por um romance meloso e inesquecível. Há toques de romance no ar, não nego, mas o foco é a habilidade de Rory que acaba sendo útil na investigação dos crimes terríveis, e é isso que fez com que o livro me agradasse mais já que ando meio saturada de romances juvenis.
Os personagens não me marcaram e fiquei na dúvida se eles realmente não são nada interessantes de propósito ou se foi a autora que não soube construí-los muito bem a ponto de despertar minha simpatia.

Não achei muito legal a ideia de Rory ter pais tão ausentes e despreocupados em deixá-la na escola enquanto assassinatos aconteciam ao redor do lugar. Isso me soou um tanto absurdo, assim como outras situações envolvendo a polícia de Londres e a parte que envolve as questões sobrenaturais da história (que prefiro não mencionar já que é um spoiler enorme). Só posso dizer que o que motiva o assassino a cometer crimes, pra mim, não fez sentido nenhum.

A capa do livro é bem caprichada, com respingos de "sangue" em verniz sobre a capa aveludada. A diagramação também é uma graça pois a cada início de capítulo o texto fica entre uma moldura com ornamentos. As páginas são amarelas e não percebi erros na revisão.

O livro deixa um gancho para uma sequência, mas pode ser encarado como livro único já que, de forma geral, é bem fechado. O caso se encerra e acho que se alguém não gostar da leitura ou não tiver a curiosidade atiçada não vai ficar com a ideia de necessidade da continuação para saber o que mais poderá acontecer.
O Nome da Estrela não é ruim, só é preciso insistir um pouco até que as coisas legais comecem a acontecer. Pelo toque juvenil e escolar, por mais que tenha suspense, pode ser lido tranquilamente por leitores mais jovens que queiram se deparar com algumas mortes sangrentas a serem investigadas...


O Mundo das Vozes Silenciadas - Carolina Munhóz e Sophia Abrahão

27 de outubro de 2015

Título: O Mundo das Vozes Silenciadas - O Reino das Vozes #2
Autoras: Carolina Munhóz e Sophia Abrahão
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia/Juvenil/Nacional
Ano: 2015
Páginas: 288
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Anos após ter deixado o Reino das vozes que não se calam para trás, Sophie começou a trabalhar como assistente de uma famosa banda de rock. Enquanto tenta lidar com os desafios de sua nova vida, a jovem não imagina que em breve será chamada de volta para o seu mundo mágico, o único lugar onde já se sentiu acolhida. E muito menos o quanto sua longa ausência foi prejudicial para o Reino. Será que ela vai precisar decidir outra vez entre a realidade e a fantasia? Uma nova jornada repleta de descobertas e escolhas difíceis espera por Sophie e pelos leitores em O mundo das vozes silenciadas.

Resenha: O Mundo das Vozes Silenciadas é o segundo volume da série O Reino das Vozes, escrita pela autora nacional Carolina Munhóz em parceria com Sophia Abrahão.
Por se tratar da continuação, a resenha pode ter spoilers do livro anterior, sorry.

Em O Reino das Vozes que não se Calam, conhecemos a protagonista Sophie, uma jovem depressiva, cheio de medos e dúvidas, que não enxergava o próprio valor e acreditava que a felicidade era algo que jamais iria encontrar. Até que ela descobre um lugar fantástico, o Reino, onde foi aceita como a pessoa que é e, enfim, encontrou a felicidade, além de descobrir que lá ela é alguém muito importante para os Tirus, o povo do mundo mágico.
Mas depois de todos os acontecimentos que se passaram, no final das contas, Sophie deixou o Reino pra trás e mais de cinco anos se passaram desde então. Ela fez faculdade de música e agora, sendo adulta, lida com a vida real. Agora Sophie trabalha para uma banda de rock famosa, a Maguifires, como assistente de produção e, em segredo, namora Nicholas, o vocalista.

Seu relacionamento com Léo foi fadado ao fracasso já que o sucesso subiu à cabeça dele quando a Unique, sua banda, fez sucesso e ele deixou de dar importância às coisas que não tivessem ligação com ela, incluindo Sophie, que ficou de lado.
Até que Sophie revive a experiência de ir até o Reino, mas além de não entender o motivo, ela fica diante de um enigma que deve ser desvendado e agora deve buscar as respostas, principalmente por que sua ausência é prejudicial aos Tirus. Seus dramas passados vem à tona e ela precisa lidar com problemas dos quais não esperou, principalmente a dor de um coração partido. Agora Sophie deve decidir mais uma vez entre fantasia e realidade e o que vai definir seu destino serão suas escolhas baseadas em sua busca por respostas nos dois mundos que conhece.

A narrativa segue o mesmo padrão do livro anterior, em terceira pessoa, poética e, neste livro, além de ser mais fluída, senti um aprofundamento muito maior na questão dos sentimentos dos personagens e a forma como cada um deles foi apresentado, diferente do primeiro que foi mais raso em suas construções. Esse aprofundamento faz com que o leitor acabe tendo uma ligação maior com eles, talvez consiga se identificar, ter empatia e torcer por cada um, seja de forma positiva ou negativa.
As descrições para cenários são simplesmente perfeitas e nesse ponto só tenho elogios. É possível imaginar cada pedacinho por onde os personagens passam, como se o próprio leitor estivesse lá na Itália, presenciando os acontecimentos e apreciando o lugar, mas confesso que ainda me incomodo com a insistência irritante da autora em se referir aos personagens através de alguma característica física que eles tem, como "a ruiva isso" ou "a ruiva aquilo" (como foi com o livro Por um Toque de Ouro, por exemplo, em que apontei isso como algo que não me agradou).

Um dos pontos legais da história é a nova fase em que Sophie se encontra. Diferente de como foi apresentada no primeiro livro, talvez pelo tempo que se passou e pelo pouco mais de idade que ela tem, ela agora está mais madura, menos sarcástica, mais confiante e em vez de se entregar aos problemas, ela prefere encará-los de frente para resolver as coisas além de usar sua experiência para ajudar os outros que sofrem e não se dão o devido valor. Sophie está longe de sua família e de seus amigos, ainda lida com a depressão, mas o que parece é que ela aprendeu a contornar os problemas para não se deixar levar por eles, mas ainda se envolve em discussões ou brigas bobas que poderiam ser facilmente evitadas, como é o caso das brigas com Nicholas.
Nicholas é aquele tipo de personagem que arranca suspiros, gato, sarado e é o namorado perfeito. Entre ele e Léo, escolho ele sem pensar duas vezes, mas Sophie ainda carrega uma mágoa dentro de si e ainda nutre sentimentos pelo seu ex e isso faz com que ela fique, de certa forma, dividida entre os dois.

Como eu havia dito na resenha do livro anterior, continuo acreditando que o Reino seja uma metáfora, algo criado por Sophie para que sirva como um tipo de válvula de escape, um meio que ela encontrou para poder fugir de problemas e de momentos difíceis e que, ainda que ela acredite nisso com toda a convicção do mundo, tudo isso só exista na cabeça dela. É uma teoria que pra mim faz bastante sentido, mas resta aguardar o próximo volume para maiores esclarecimentos.

Mas sendo bem sincera, por mais que a história pareça ter alcançado um nível maior no que diz respeito a escrita e a narrativa e até a forma como problemas delicados de cada um são abordados, o que não anda me agradando muito nas histórias nos últimos livros da autora é que temas como fama, música, sucesso, dinheiro e afins estão sempre ali entranhados fazendo parte do desenrolar da trama e nunca camuflados ou tratados com sutileza, e isso acaba me deixando saturada. A sensação é de já saber os elementos que vou encontrar no livro antes mesmo de abri-lo e sinto falta uma história dela que vai me surpreender de verdade justamente por não abordar música e celebridades. Usar isso em um livro, ok... mas em dois, três e etc se torna algo repetitivo, cansativo e cai no clichê. Ainda que existam temas delicados, fortes e dignos de reflexão, é como se existisse um tipo de fórmula que se sobressai à trama em si: Algo como "fantasia + música + celebridades = livros da Carolina Munhóz".

Seguindo o padrão do primeiro livro, a capa é a coisa mais linda ever. O tom de azul dá um ar mágico e misterioso à obra e os detalhes em verniz e alto relevo dão um charme a mais. As páginas são amarelas e há ornamentos em cada início de capítulo.

Enfim, O Mundo das Vozes Silenciadas é uma sequência super satisfatória, que mostra uma personagem com problemas reais e críveis com quem muitos podem se identificar e com um final que foge de clichês e deixa o leitor ansiando pelo próximo volume.
Pra quem gosta de fantasia com toques de drama e várias referências musicais, não pode deixar de acompanhar a série.

Novidades de Junho - Rocco

4 de junho de 2015

Rocco
Vidas Reinventadas - Boris Fishman
Aclamado pela crítica, o romance de estreia de Boris Fishman conta a história de Slava Gelman, jornalista frustrado e aspirante a escritor que vive em Nova York. Descendente de judeus russos, Slava nunca se interessou pelo passado de sua família, até encontrarum formulário recebido por sua avó, dois dias antes de morrer, em que sobreviventes do Holocausto deveriam relatar suas histórias a fim de receberem uma compensação do governo alemão. A princípio relutante, Slava resolve escrever um relato em nome do avô, e em seguida começa a escrever para toda uma comunidade de velhos imigrantes judeus, entrando de cabeça em um turbilhão de histórias – inventadas – sobre o Holocausto, ao mesmo tempo em que se reconecta com suas origens. Com uma narrativa elegante e irônica, Boris Fishman reflete sobre justiça, história e as fronteiras entre verdade e ficção.

Cozinha à Prova de Ratos - Saira Shah
Ganhadora de três prêmios Emmy, a britânica Saira Shah dirigiu, entre outros, o documentário Por baixo do véu, sobre o regime Talibã no Afeganistão. Sua estreia na ficção, no entanto, nada tem a ver com a agitada vida de repórter e documentarista em áreas de guerra. Em Cozinha à prova de ratos, Shah conta a história de Anna e Tobias, uma chef de cozinha e um músico que veem seus planos de uma vida idílica no sul da França desmoronarem em meio a um velho casarão infestado de roedores e a uma notícia devastadora: sua filha recém-nascida veio ao mundo com uma grave malformação cerebral.
Com franqueza e sensibilidade, a autora constrói um romance pungente, inspirado na sua experiência de tornar-se mãe de uma criança com necessidades especiais, sobre a imprevisibilidade da vida.

Palavras Cruzadas - Guiomar de Grammont
“A memória encontra aquilo que busca.” Ditadura, tortura e desaparecidos políticos são temas difíceis ao país e a milhares de famílias brasileiras. Trabalhos científicos e jornalísticos não dão conta do quanto a memória precisa trabalhar para enfatizar, expurgar, desabafar. Em seu novo romance, Guiomar de Grammont dá vida a Sofia, jornalista que tenta reconstruir a vida buscando notícias do irmão que se envolveu na Guerrilha do Araguaia.
A narrativa é tecida através dos relatos históricos de desaparecidos políticos, mas também sensível, literária, ao acompanhar as divagações da protagonista em sua busca pela história do irmão. Com Palavras cruzadas, Sofia e Guiomar alcançam o que suas memórias buscam. E o leitor tem mais um Brasil para desbravar. 

Entre Leitor e Autor - Affonso Romano de Sant’Anna
Um livro de memórias e uma obra sobre leitura e o exercício da criação literária. Nas saborosas crônicas que compõem Entre leitor e autor, o poeta, cronista, ensaísta, escritor e professor Affonso Romano de Sant’Anna revê seu percurso enquanto leitor e escritor desde a juventude e relembra episódios com autores como Manuel Bandeira, Octavio Paz, Michel Foucault, Fernando Sabino, Clarice Lispector, Elizabeth Bishop, entre outros. Um livro imperdível para aspirantes a escritor – que encontrarão muitas sugestões francas e reflexões necessárias sobre a relação simbiótica entre leitura e escrita e as inquietudes do ofício –, mas também para fãs de crônicas, livros de memórias e todos que queiram conhecer melhor o pensamento e as histórias de um dos mais prolíficos autores brasileiros da atualidade.


Fábrica 231
Eu, Você e a Garota que vai Morrer - Jesse Andrews
Livro que deu origem ao filme vencedor do Festival Sundance 2015, nas categorias Público e Crítica, com estreia marcada para 12 de junho nos EUA, Eu, você e a garota que vai morrer é uma mistura perfeita entre drama e humor e um retrato preciso da adolescência em face do amadurecimento. Na trama, Greg tem apenas um amigo, Earl, com quem passa o tempo livre jogando videogame e (re)criando versões bastante pessoais de clássicos do cinema, até a sua mãe decidir que ele deve se aproximar de Raquel, colega de turma que sofre de leucemia. Contrariando todas as expectativas, os três se tornam amigos e vivem experiências ao mesmo tempo tocantes e hilárias, narradas com incrível talento e sensibilidade.
Crossover com enorme potencial no segmento young adult, o romance é perfeito para fãs de livros e filmes como A culpa é das estrelas e As vantagens de ser invisível.

Um Romance Grego - Yvette Manessis Corporon
Era na encantadora Erikousa que Daphne costumava passar as férias na infância e na adolescência.
Agora, adulta, viúva e prestes a se casar novamente, a renomada chef deixa a agitada vida em Nova York e retorna à pequena ilha grega para cuidar dos preparativos do casamento, a ser realizado em duas semanas. Filha de imigrantes que foram buscar uma vida melhor nos Estados Unidos, aos poucos Daphne se entrega à vida tranquila do lugar, regada a almoços servidos sob a oliveira no pátio da casa da avó. O contato com velhos conhecidos, suas lembranças dos verões passados na ilha e as visitas de Yianni, um pescador quarentão misterioso, levam Daphne a conhecer segredos nunca imaginados sobre sua família e conduzem a trama a um desfecho surpreendente.

Minha Sexlist - Um ano, uma mulher solteira, dez desafios muito indecentes - Joanna Bolouri
Esqueça a tradicional lista com resoluções de início de ano do tipo parar de fumar, entrar na academia, arrumar um novo emprego e embarque com Phoebe Henderson num desafio bem mais ousado e original. Depois de flagrar o ex com outra, a protagonista de Minha sexlist inova em suas promessas de ano novo e estabelece a meta de realizar dez desafios sexuais em um ano. Entre tentativas e erros envolvendo desde o bonitão do escritório ao melhor amigo, Phoebe percebe, do alto de seus 32 anos, que pôr o plano em prática não é das tarefas mais fáceis, e registra suas descobertas, alegrias e frustrações nessa espécie de diário sexy franco e bem-humorado. 



Bicicleta Amarela
O obstáculo é o caminho – A arte de transformar provações em triunfo, Ryan Holiday
O que impede a ação favorece a ação. O que fica no caminho torna-se o caminho. As palavras do imperador Marco Aurélio, conhecido hoje como o último dos Cinco Bons Imperadores, são o ponto de partida para o livro de Ryan Holiday, que visa a ajudar o leitor, mais do que superar os problemas do cotidiano, a “virá-los de cabeça para baixo” e transformá-los em oportunidades. Discípulo de Robert Greene, autor do bestseller As 48 leis do poder, executivo e consultor da área de marketing, Holiday buscou inspiração nos ensinamentos de grandes líderes desde o Império Romano para mostrar como tirar proveito das adversidades em qualquer área da vida – pessoal, profissional, financeira – e tornar-se uma pessoa melhor, realizada e bem-sucedida.


Fantástica Rocco
Por um Toque de Ouro - Trindade Leprechaun #1 - Carolina Munhóz
Depois do bem-sucedido O Reino das vozes que não se calam – criado em parceria com a atriz Sophia Abrahão e desde o lançamento na lista dos mais vendidos de ficção nacional da Nielsen – a escritora Carolina Munhóz apresenta Por um toque de ouro, que abre a Trindade Leprechaun, sua primeira trilogia, inspirada nas lendas irlandesas. Ambientado na Dublin contemporânea e protagonizado por uma jovem ligada ao mundo fashion que descobre ser herdeira de uma rara linhagem de seres mágicos considerados guardiões de potes de ouro, Por um toque de ouro é um romance de fantasia urbano e contemporâneo.



Rocco Jovens Leitores
O Enigma do Pássaro de Fogo - Decifradores #1 - H. L. Dennis
Brodie Bray sempre se sentiu um pouco deslocada, até que um convite com uma mensagem cifrada chega pelo correio. Escolhida para participar de uma equipe de decifradores desafiada a desvendar o ancestral e enigmático Manuscrito Voynich, a garota vai para uma nova escola e ganha novos amigos. Mas também se vê envolvida numa trama de mistério e perigos, afinal, há alguém capaz de tudo para impedir que Brodie e seus amigos decifrem o código. O enigma do pássaro de fogo é o primeiro livro da serie Decifradores, da britânica H. L. Dennis. Repleto de ação e segredos, o romance é perfeito para aqueles que gostam de desafiar a lógica, tanto quanto a imaginação. Uma estreia arrebatadora para uma série que veio para ficar.

O Cachorro e seu menino - Eva Ibotson
Autora de títulos já considerados clássicos da literatura infantojuvenil, a austríaca Eva Ibotson repete as doses de talento e encanto que marcam seus romances em O cachorro e seu menino. O livro – cujas últimas provas foram revisadas pela autora pouco antes de sua morte, em 2010, aos 85 anos – conta a história de Hal, um “pobre menino rico” cujo maior sonho é ter um cachorro. Em seu aniversário de 10 anos, ele finalmente realiza seu desejo, que atende pelo nome de Pintado, um simpático Tottenham Terrier com uma pinta dourada no olho esquerdo. Hal só não imaginava que Pintado fora alugado por seus pais por um fim de semana apenas. Disposto a tudo para não se separar mais de seu melhor amigo, o garoto resolve resgatar Pintado e embarca numa emocionante e divertida aventura.

Feitiço - Wicked #4 - Nancy Holder & Debbie Viguié
Desde que descobriu ser a mais nova de uma linhagem de bruxas, a antiga Confraria das Cahors, a vida de Holly Cathers passou por muitas mudanças. E não seria para menos. Sua família vivia há séculos uma rixa com outra confraria de bruxos, os Deveraux, e ela acabou se envolvendo justamente com um deles, o jovem Jer. Depois de Bruxaria, Maldição e Legado, em Feitiço, o quarto livro da série Wicked, Holly terá que enfrentar o líder dos Deveraux, o perigoso Michael. Se ela já salvou a vida de Jer no passado, agora é a vez de o rapaz resgatar sua alma gêmea. Contudo, um novo bruxo chega à cidade. Será que o futuro de Holly está a salvo?




Rocco Pequenos Leitores
Flávia e o Bolo de Chocolate - Míriam Leitão
Em meio aos questionamentos da pequena Flávia sobre a sua pele marrom – tão diferente da pele branquinha da mãe –, a premiada jornalista Míriam Leitão aborda temas delicados como adoção e questões raciais de forma sensível e lúdica para os pequenos.
Com belas ilustrações de Bruna Assis Brasil, a autora, ganhadora do Prêmio FNLIJ 2014 na categoria Escritor Revelação por seu livro infantil de estreia, A perigosa vida dos passarinhos pequenos, mostra que o mundo é feito de diferentes cores, pessoas e sabores. E que é justamente isso que o torna tão rico. Flávia e o bolo de chocolate é o terceiro livro infantil de Míriam Leitão, autora também de A menina de nome enfeitado.
fff

Por um Toque de Ouro - Carolina Munhóz

1 de junho de 2015

Título: Por um Toque de Ouro - Trindade Leprechaun #1
Autora: Carolina Munhóz
Editora: Fantástica/Rocco
Gênero: Fantasia Urbana
Ano: 2015
Páginas: 272
Nota: ★★☆☆☆
Sinopse: Dinheiro, poder e sucesso. Quem não deseja tudo isso? Mas e se alguns milionários na verdade têm muito mais sorte do que outros? E se toda essa sorte se revelasse como um poder especial? Emily O´Connell nunca imaginou que pudesse ter um toque de ouro. Herdeira de uma das marcas mais luxuosas de sapatos e bolsas haute couture do mundo, sorte e glamour praticamente correm no sangue de sua família. Um dia, porém, Emily percebe que sua sorte talvez seja muito maior do que imagina. Na manhã seguinte ao feriado de St. Patrick, após ganhar milhões em uma noite de jogatina, a garota se vê vítima de uma tentativa de estupro. O que a tira das estatísticas policiais, no entanto, é a forma como ela consegue se livrar quase magicamente do perigo. Tudo se complica quando Emily conhece o misterioso e encantador Aaron Locky. Afinal, que segredos ele esconde por trás de seus cabelos compridos e de sua risada irônica? De algum modo, Aaron exerce sobre ela uma atração irresistível, como se uma aura de poder os cercasse e os unisse. Ele tem muito a ensinar a Emily, mas, entre todas as coisas, ela nunca imaginaria que poderia estar envolvida com uma tradição secular lendária.

Resenha: Emily O´Connell tem dinheiro e fama, mas mais do que isso, tem sorte. Ganha em apostas, jogos e faz fortuna fácil sem nunca se perguntar porquê tem esse talento nato. Emily vive sob holofotes e é referência quando o assunto é moda e glamour.
Até que ela conhece Aaron Locky, um rapaz misterioso, e mesmo teimoso, consegue ser encantador. Atraída por ele, Emily se deixa levar e acaba descobrindo que está envolvida em algo que acreditava nem existir: O que ela não sabe é que toda essa sorte vem de um dom passado através de gerações, que está no sangue da família, mas não havia sido comprovado por não passar de mera lenda. Emily possui o toque de ouro e sua sorte e riqueza não são obras do acaso, e Aaron lhe mostra o que seus pais haviam lhe escondido durante toda a sua vida...

Por um Toque de Ouro possui uma narrativa fácil e fluída, feita em terceira pessoa com foco principal na protagonista, Emily. As descrições dos cenários e locais são muito bem feitas e ricas em detalhes, e a impressão é de que estamos visitando a Irlanda e seus pontos turísticos. A mitologia acerca dos Leprechauns, assim como os perigos que rodam esse mundo, também foi explorada de forma convincente, mas alguns furos e pontos na escrita me incomodaram um pouco e por causa deles não consegui acreditar plenamente e nem me conectar ao universo criado pela autora. A história se passa na Irlanda, os personagens são irlandeses, mas em nenhum momento eu senti que eles realmente fizessem jus a nacionalidade a qual pertencem devido aos diálogos que eles mantém. Termos como "amore", "babado", "bicha má", "amiga" e "momento magia" (se referindo a pegação entre os boys) foram responsáveis por "abrasileirar" os personagens, o que acabou estragando meu envolvimento com a história.

A referência à protagonista como "a ruiva" de forma constante também não me agradou muito, pois não tratá-la sempre pelo nome ou por um simples "ela" à sua menção me fez ficar com a impressão de que se trata de uma personagem/figurante qualquer que possui uma característica física que só serve pra diferenciá-la dos demais, mesmo que a maioria dos irlandeses sejam conhecidos mundialmente por terem essa característica em comum.

Emily é uma personagem egocêntrica, mimada ao extremo, bebe, vai pra balada, apronta todas e se acha uma diva superior ao demais. Ela é uma personagem que foge do tradicional e isso me agrada por eu já estar meio saturada de mocinhas frágeis e inocentes, mas confesso que seu comportamento me irritou algumas vezes por ela ser petulante e intragável. Ela é sortuda mas parece não saber aproveitar esse dom com a sabedoria que deveria. Por seus pais serem donos de um império da alta costura, a O'C, eles são bilionários, mas as evidências disso através de nomes das grifes glamourosas, caríssimas e finas de roupas, bolsas e sapatos que eles usam, ou que a conta da boate é paga com cartões "American Express Black Centurion" forçaram um pouco a barra.

Aaron faz o estilo bad boy, misterioso e sedutor e o relacionamento dele com Emily é daquele tipo que começa na briga e parte pro amor de forma inexplicável e até bem rápida. A atração é irresistível, a química parece perfeita e o relacionamento provoca mudanças positivas em Emily. Ela passa a se conhecer melhor e, a partir daí, amadurece e começa a se preocupar com coisas mais importantes e dignas de se valorizar na vida.

Darren é o melhor amigo de Emily e foi, de longe, meu personagem preferido. Ele age como um verdadeiro irmão, protetor e cúmplice dela, está com ela nos momentos de alegria e tristeza e a entende como ninguém. A amizade sólida e verdadeira que eles cultivam foi algo super positivo e que me surpreendeu muito. Só achei que a caracterização dele foi exagerada e muito estereotipada. Mesmo que o personagem seja gay, ele não precisa ser, obrigatoriamente, "do babado", daquele tipo espalhafatoso e super afeminado, e Darren é bem aparecido. Acho que os próximos livros ainda reservam algo de especial pra ele levando em consideração o desfecho que a história teve...

Talvez pela escassez de personagens, a história ficou bastante previsível desde a entrada de Aaron, então o desfecho, mesmo que tenha sido satisfatório, não foi uma surpresa pra mim. Ele fica em aberto e realmente rola uma ansiedade pra saber como o problema trágico que surge será resolvido.

Sobre a parte impressa, como não amar a capa e os detalhes em dourado que ela tem? A personagem é retratada com bastante fidelidade, mostrando os cabelos longos, ruivos e o corpo escultural de Emily numa posição que dá a impressão de que ela, enfim, está se libertando de algo que a prendia e rumo a algo novo (é imagem de galeria, eu sei, já vi em outra capa, fazer o que, mas serviu muito bem aqui).

A diagramação também é muito caprichada, trazendo ornamentos em cada início de capítulo e alguns "documentos" de controle de seres dotados com o toque de ouro ao fim, e é interessante se ater aos detalhes que há neles, mesmo que de início pareçam confusos. É até interessante saber que a tradição secular e o dom da sorte dos Leprechauns não se concentra apenas na Irlanda (o que me fez pensar que a história não tinha que se passar necessariamente lá), mas em todo o mundo e, mesmo que não muito aprofundado, há uma "sociedade secreta" que visa o controle dos que são dotados com o toque, assim como parecem ter a intenção de impedir aqueles que são mal intencionados de roubarem, e até matarem, pelo toque de ouro alheio.
As páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho agradável. Li o livro tranquilamente em um único dia.

O enredo em si é bacana, prende a atenção, tem momentos de tensão, emoção e reviravoltas, mostra a cultura irlandesa e sua geografia com bastante riqueza, se aprofunda nos dons de um tipo de ser mágico que foge dos que estamos acostumados e isso torna a história inovadora e muito boa de forma geral.
Por um Toque de Ouro é um livro que mostra alguns lados do poder e da riqueza e como os envolvidos tem suas vidas afetadas pelo dinheiro em excesso. Também traz algumas reflexões sobre confiança, ambições e segundas intenções. Até onde alguém vai pra conseguir o que tanto deseja? No fim, posso afirmar que a sorte é pra poucos... Pra quem pode, e não pra quem quer...