Autora: Tarryn Fisher
Editora: Faro Editorial
Gênero: Suspense/Mistério
Ano: 2018
Páginas: 256
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Deprimida após sofrer um aborto espontâneo, Fig Coxbury passa seu tempo em praças observando as crianças que poderiam ser a sua filha. Até que uma menininha brincando com a mãe desperta uma obsessão. Logo, Fig se vê mudando de casa e de bairro não por necessidade, mas porque a casa vizinha oferece tudo o que ela mais deseja: a filha, o marido e a vida que pertence a outra pessoa.
Resenha: Depois de sofrer um aborto, Fig se tornou uma mulher extremamente perturbada que passou a acreditar que sua filha reencarnaria em alguma criança próxima. Assim, ela passa seu tempo em parques e praças observando crianças com intuito de encontrar sua filha em uma delas. Mercy, filha de Jolene, chama a atenção de Fig, que começa observando e tirando algumas fotos da menina, mas logo ela se muda para a casa ao lado da de Jolene para ficar mais próxima de sua família. A aproximação gera uma amizade, e não demora para que Fig copie tudo que Jolene faz na intenção de fazer melhor, pois segundo ela, Jolene é uma Mãe Desnaturada que não merece a vida e a família que tem. Jolene não enxerga o problema e acredita que o comportamento de Fig foi desencadeado pela perda da filha e pela solidão, e que ela só precisa ser compreendida. Até que Darius, psicólogo e marido apaixonado de Jolene, percebe que existe algo de errado: Fig está obcecada não só por sua esposa, mas pela vida que ela construiu.
O livro é dividido em três partes destinadas ao ponto de vista de cada personagem, Fig, Jolene e Darius. Num primeiro momento conhecemos Fig e como ela se tornou tão obsessiva, porém as descrições e seu desenvolvimento se estendem mais do que o necessário, tornando esta parte longa, arrastada e muito repetitiva em alguns pontos.
Jolene é uma mulher que, embora se esforce, é um tanto ingênua por preferir enxergar o lado que ela acredita ser bom nas pessoas. Por mais que ela seja alertada sobre o comportamento questionável e perigoso de Fig, ela sempre encontra justificativas, se nega a enxergar o problema e continua dando a mão para a nova "amiga" sempre que necessário.
Já o ponto de vista de Darius é o mais interessante e esclarecedor, talvez por ele ser psicólogo e ter conseguido identificar melhor as características doentias de Fig. Ela inclusive acredita que ele seja o homem e marido perfeito que Jolene não valoriza, mas pelos olhos de Darius percebemos que ele é um homem que também tem, seus defeitos.
A história foi baseada em acontecimentos reais da vida da própria autora, o que torna tudo ainda mais assustador. A trama em si é interessante e, mesmo que com vários problemas de construção e desenvolvimento, mostra um lado bastante perturbador do que é ser uma sociopata, assim como ser perseguida por uma stalker, porém existem muitos pontos confusos e sem as devidas explicações que só fazem milhões de pontos de interrogação pairar sobre nossas cabeças. Um deles é sobre o marido de Fig, que embora exista, é totalmente esquecido, aparecendo num pequeno momento por questão de conveniência.
A sensação que tive com essa leitura foi a de acompanhar fragmentos de uma situação problemática por três pontos de vista diferentes, como se a história estivesse sendo contada faltando pedaços e a obrigação do leitor é montar esse quebra-cabeças maluco. O final também é totalmente WTF, surreal, e a impressão é de estar ali só pra deixar aquela sensação de amargo na boca.
Enfim, este foi um livro ok, com mais falhas do que méritos, mas ainda assim vale a leitura pelo tema delicado. Stalker é uma história interessante, porém mal executada, sobre o desejo de se ter o que não deveria estar ao alcance, e que consegue mostrar um pouco da fraqueza humana, da sociopatia, da psicopatia, e que a mesma história pode ter a mesma versão, só depende do ponto de vista de quem vê.