Autora: Tracy Banghart
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem Adulto/Fantasia/Distopia
Ano: 2019
Páginas: 312
Nota:★★★★★
Sinopse: Na continuação de Graça e Fúria, Serina e Nomi Tessaro vão dar início a uma revolução que vai mudar a vida de todas as mulheres de seu país. As irmãs Serina e Nomi Tessaro nunca imaginaram que acabariam em lugares tão distintos: Serina em uma ilha-prisão, Monte Ruína; Nomi no palácio de Bellaqua, como uma graça, à disposição do príncipe herdeiro do reino. Depois de sofrer uma grande traição, Nomi também é mandada para a ilha e, ao chegar lá, para sua surpresa, encontra Serina à frente de uma rebelião das prisioneiras contra os guardas.
Agora as irmãs têm um objetivo em comum: mudar o funcionamento de toda a sociedade. Além disso, elas sabem que Renzo, gêmeo de Nomi, está em perigo. Relutantes, elas se separam mais uma vez, e Nomi retorna à capital, enquanto Serina permanece em Monte Ruína para garantir que todas as mulheres encontrem um lugar seguro para viver. Só que nada sai como o planejado ― e as duas vão ter de enfrentar os seus maiores medos para mudar o país de uma vez por todas.
Resenha: Fechando a duologia Graça e Fúria, a jornada cheia de altos e baixos das irmãs Tessaro chega ao fim. Por ser uma continuação, a resenha pode ter spoilers do volume anterior!
Serina havia sido enviada para a prisão de Monte-Ruína, enquanto Nomi servia como Graça do príncipe herdeiro no palácio de Bellaqua. Mas, depois de presenciar um assassinato e descobrir que havia sido traída por Asa, Nomi, junto com o príncipe Malachi, é enviada para a mesma prisão onde sua irmã se encontrava. Porém, ao chegar lá, Nomi percebeu Serina já não era mais a mesma. Além de diferente, ela também estava a frente de uma grande rebelião contra os guardas. Juntas, Serina e Nomi passaram a ter um novo objetivo: mudar a sociedade e fazer do país um lugar seguro e digno para as mulheres.
Narrado em terceira pessoa com capítulos alternados entre Serina e Nomi, a história vai se desenrolando num ritmo lento mas muito gostoso de se acompanhar. Mas mesmo que o final tenha sido previsível, eu ainda me emocionei bastante com os acontecimentos e a evolução dessas irmãs. Eu só não posso dizer que a luta das duas teve equilíbrio, porque senão eu seria injusta.
Serina cresceu ainda mais depois de tudo o que passou, e após adquirir mais experiência, acabou se tornando uma guerreira, líder de uma grande revolução, super badass. E seu comportamento teve um contraste muito grande se comparado a Nomi, pois por mais que ela tenha tido um papel importante no final das contas, durante a história ela viajou com Malachi pra chegar de um ponto a outro enquanto o trabalho duro já estava sendo feito por Serina.
Ainda assim eu gostei muito da essência da história em si, da temática envolvendo o feminismo, o poder feminino em geral, e a lutra contra a opressão que as mulheres sofrem nas mãos de homens e do tirano maligno que governa tudo. Assim, a ideia de mudar a sociedade acabou deixando as coisas muito unilaterais, dividindo a sociedade de Viridia entre homens maus, e mulheres que não querem mais abaixar a cabeça para eles. Então por mais que as personagens sejam todas fodonas, prontas para derrubar o machismo, o patriarcado e a opressão, ainda fiquei com a sensação de que faltava mais camadas, mais informações sobre a história do reino e sobre as rainhas destemidas do passado, e também a reação das outras nações diante do problema em Viridia, Muito da história, por mais que eu tenha me empolgado devido ao tema, me pareceu meio superficial, principalmente alguns relacionamentos amorosos. Havia um respeito incrível entre os personagens e aquela ideia da mocinha que fica a espera de um herói para salva-la não existe. As mulheres realmente lutam e não esperam por homem nenhum. O trabalho é feito em conjunto e isso é admirável, mas ainda senti que falou mais aprofundamento no arco de Nomi e Malachi. Já Serina e as prisioneiras foram um enorme exemplo de sobrevivência e superação. Elas lutam com garra, se importam e se preocupam umas com as outras, e isso faz com que qualquer personagem tenha sua devida importância a ponto de nos importarmos com elas, e se algo de ruim acontece, mesmo que seja alguém com um papel menor, é possível lamentar por ela.
Eu gostei muito da ideia das mulheres, finalmente, estarem no comando de alguma coisa num país onde elas não tinham direitos e só obrigações de servir os homens, e por mais que o enredo que envolve esse universo gire em torno de um patriarcado opressor, ainda existem alguns poucos homens que não se corromperam com isso, logo eles tem papeis importantes nessa jornada em busca da liberdade e da igualdade que as mulheres tanto querem - e precisam.
Posso dizer que o livro encerra o ciclo de forma bem satisfatória, embora tenha sido muito corrido da metade até o desfecho, com algumas conveniências e tudo mais. Mas no mais, gostei da forma como o empoderamento feminino foi abordado e trabalhado, gostei da ideia de que não se pode generalizar quando o assunto é machismo, pois a realidade é que nem todos os homens são completos pedaços de lixo, e fiquei admirada pelo relacionamento entre as irmãs, que se preocupam em se proteger de forma recíproca sem que uma pareça tão mais frágil que outra. Elas só lutam de formas diferentes.