Autores: Melissa de La Cruz e Michael Johnston
Editora: Bertrand
Gênero: Fantasia/Distopia/Jovem adulto
Ano: 2016
Páginas: 320
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Bem-vindo a Nova Vegas, uma cidade antes repleta de brilho, agora coberta de gelo. Com grande parte do planeta agora destruído, o lugar só conhece uma temperatura: a congelante. Lá encontramos Natasha Kestal, uma jovem crupiê à procura de uma saída. Como muitos, ela ouviu falar de um lugar mítico simplesmente chamado de Azul, um paraíso onde o sol ainda brilha e as águas são azul turquesa — e um lugar onde Nat e seus semelhantes não serão perseguidos, mesmo que seu segredo mais obscuro venha à tona. Mas o caminho para o Azul é traiçoeiro, senão impossível de atravessar, e sua única chance é apostar em um grupo de mercenários liderados pelo arrogante Ryan Wesson para conduzi-la a seu destino. Ciladas e perigos os aguardam em cada esquina, à medida que Nat e Wes se veem inexoravelmente atraídos um pelo outro. Mas seria possível o amor verdadeiro sobreviver a mentiras? Corações em chamas colidem nesta trama sobre a maldade do homem e o incrível poder que existe dentro de cada um de nós.Resenha: Não se deixe enganar pelo título "famoso" e esqueça Elsa com seu Let it go. Publicado no Brasil pela Bertrand, Frozen é o primeiro volume da série distópica Heart of Dread, escrita pelo casal Melissa de La Cruz e Michael Johnston.
Grandes Guerras e Inundações Negras foram apenas alguns meios que levaram o mundo ao fim. O mundo sempre está acabando e resta aos sobreviventes enfrentarem o que mais vem a seguir. Há mais de cem anos o mundo foi acometido pelo Grande Congelamento e ficou enterrado sob camas e mais camadas de gelo, o lixo ocupou os oceanos e os continentes já não são mais conhecidos por seus antigos nomes depois das novas colonizações. A África se tornou Nova Rhodes, a Austrália foi dividida em duas, o terreno baldio que a América do Sul se tornou passou a ser chamado de Novos Resíduos, e grande parte do que restou do mundo foi tomado por piratas. A sociedade atual foi erguida sobre destroços, água é um luxo distante, a maioria dos alimentos são em forma de spray, as pessoas passam fome e frio e tentam sobreviver numa realidade completamente hostil sob um governo autoritário que dita o que elas devem fazer. Depois do gelo, o normal era que as pessoas tivessem cabelos e olhos escuros, e quem nascia com características contrárias tinham as chamadas Marcas de Mago no corpo e indicavam alguma paranormalidade, assim como seres como sílfides, homens-pequenos e as drau. No passado eles eram usados como um tipo de arma do governo, mas depois do programa ter sido um fracasso, o estado passou a registrar, conter e culpar todos os marcados e a sociedade aprendeu a temê-los.
Natasha Kestal possui um dom especial. Mesmo que ela não consiga controlar seus poderes, uma voz em sua cabeça, de certa forma, a guiava, e foi assim que ela conseguiu fugir. Em Nova Vegas, um conglomerado de desajustados, ela vivia clandestinamente e trabalhava num cassino como crupiê, mas a voz misteriosa a ajuda na busca do Mapa de Anaximandro, que fornecia uma passagem segura pelo Estreito do Inferno até Azul, um lugar mítico onde a humanidade poderia encontrar o que há muito tempo foi perdido, um paraíso com sol e águas limpas onde, sem serem perseguidos, poderiam reerguer suas vidas e viverem em paz.
Ao encontrar o mapa, Nat contrata um grupo de contrabandistas liderado por Ryan Wesson, que acreditava que o mapa não existia, mas vai ajudá-la na travessia das fronteiras em busca de Azul. Porém ultrapassar as os limites de nova Vegas é contra a lei, o caminho é perigoso e, mesmo que durante o percurso uma atração inesperada comece a surgir entre os dois, esta jornada pode colocar suas próprias vidas em risco.
Frozen é narrado em terceira pessoa, o que possibilita uma ampla visão sobre o cenário e a trama. O foco maior fica em Nat e Wes e o desenrolar da história é bastante descritivo. Talvez devido aos inúmeros detalhes, não achei que a escrita fosse tão fluída assim e em alguns pontos a leitura se tornou um pouco cansativa e confusa, mesmo que eu tenha ficado bastante empolgada com o enredo interessante e a construção de mundo complexa da história. Mesmo que haja elementos de fantasia e o cenário seja bem futurístico e com clima oposto, a história chegou a me lembrar um pouco do universo de Mad Max, pois mostra um mundo devastado, pessoas vivendo na miséria e às margens, mas alguém alí ainda tem esperanças de que as coisas vão melhorar, desde que ela vá atrás disso. Embora as causas das catástrofes não tenham sido explicadas, é possível acreditar nesse futuro devido o caos e o desespero que tomou conta das pessoas, e quase sentimos na pele como é viver de forma tão crítica e precária.
O livro é dividido em cinco partes que separam o progresso da jornada de Nat rumo a Azul. Os capítulos são bem curtos o que, de certa forma, torna a leitura mais rápida principalmente se levarmos em consideração que a ação é constante, sempre deixando a história movimentada.
A capa é linda e tem tudo a ver com o enredo. A diagramação é simples, a fonte tem um tamanho agradável, os capítulos são numerados e a "voz" que Nat escuta sempre é apresentada em itálico em meio ao texto. Percebi alguns poucos erros na revisão, algumas palavras estão marcadas com asteriscos indicando notas de rodapé para facilitar a compreensão dos seus significados e as páginas são brancas.
De forma geral, Frozen foi um livro que superou minhas espectativas, tanto pela construção de mundo, que foge de clichês, quanto pelos personagens carismáticos que acabam se aventurando não só numa jornada perigosa, mas num romance fofo e improvável (embora o romance propriamente dito não seja o foco). Há uma pegada de ficção científica com toques de bom humor e suspense, mas o que mais que manteve ligada à história foi a abordagem política, econômica, social e ambiental, mostrando que um destino onde se perde a cultura e a identidade é perfeitamente possível à humanidade. Pra quem quer se aventurar numa distopia fantástica é leitura mais do que indicada.