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O Mundo de Sofia - Jostein Gaarder (Audiolivro)

12 de maio de 2023

Título:
O Mundo de Sofia (Audiolivro)
Autor: Jostein Gaarder
Narração: Paulo Vinicius Justo Fernandes
Editora: Seguinte
Gênero: Infanto Juvenil
Ano: 2012
Duração: 21h 50min (568 páginas)
Nota:★★★★★
Sinopse: Às vésperas de seu aniversário de quinze anos, Sofia Amundsen começa a receber bilhetes e cartões-postais bastante estranhos. Os bilhetes são anônimos e perguntam a Sofia quem é ela e de onde vem o mundo. Os postais são enviados do Líbano, por um major desconhecido, para uma certa Hilde Møller Knag, garota a quem Sofia também não conhece. O mistério dos bilhetes e dos postais é o ponto de partida deste romance fascinante, que vem conquistando milhões de leitores em todos os países e já vendeu mais de 1 milhão de exemplares só no Brasil. De capítulo em capítulo, de “lição” em “lição”, o leitor é convidado a percorrer toda a história da filosofia ocidental, ao mesmo tempo que se vê envolvido por um thriller que toma um rumo surpreendente.
Resenha: Publicado originalmente em 1995, O Mundo de Sofia, do autor norueguês Jostein Gaarder, é o maior best-seller da Companhia das Letras, e já teve mais de 1 milhão de exemplares vendidos só no Brasil.

Sofia Amundsen é uma adolescente que está prestes a completar quinze anos. Ela mora com sua mãe (que sempre chega muito tarde em casa e vive reclamando da quantidade de animais que a filha tem), seu pai (que trabalha como capitão num petroleiro e fica fora de casa praticamente o ano inteiro) e com seus animais de estimação (peixinhos ornamentais, periquitos, uma tartaruga e o gato Sherekan) como uma forma de compensação pela ausência dos pais. Ela sempre se pega pensando em diversas questões da vida, não fica satisfeita com as respostas que encontra por aí, fica procurando sentindo nas coisas e está sempre curiosa pela origem de tudo.
Um dia, enquanto voltava da escola, Sofia pega uma correspondência em seu nome que estava na caixa de correio, e fica intrigada com a única pergunta no papel dentro de um envelope sem remetente: "Quem é você?". Em seguida ela recebe outra carta anônima com a pergunta "De onde vem o mundo?", e depois recebe um cartão postal endereçado a alguém chamada Hilde Møller Knag, porém aos seus cuidados. Agora Sofia tinha alguns enigmas a serem resolvidos, pois queria saber quem enviou as cartas, qual o significado daquelas perguntas, quem era Hilde e por que alguém estava tentando se comunicar com ela através da própria Sofia. E quando ela menos esperava, um envelope amarelo e maior chegou, e nele estava escrito "Curso de Filosofia, Manuseie com muito cuidado". O texto de apresentação do curso gratuito trouxe uma variedade de questões filosóficas que fez Sofia perder o fôlego, pois alí ela soube que poderia ter todas as respostas para todas as suas perguntas, e tudo isso através de um remetente misterioso que, por incrível que pareça, a resgatou da apatia do cotidiano.
Eu já disse que a única coisa de que necessitamos para ser filósofos é a capacidade de nos admirarmos com as coisas? Se não, digo agora: A ÚNICA COISA DE QUE NECESSITAMOS PARA SER FILÓSOFOS É A CAPACIDADE DE NOS ADMIRARMOS COM AS COISAS.
A partir daí, Sofia inicia seu curso e mergulha num universo onde as ideias dos principais pensadores conhecidos pela humanidade são apresentadas e abordadas de uma forma bastante simples e didática, passando pela mitologia nórdica, mitologia grega, até a filosofia socrática e a filosofia contemporânea, e a garota passa a questionar não só sua relação com o mundo, mas também sua própria existência.

O livro tem uma narrativa em terceira pessoa com foco em Sofia e sua rotina, e essa narrativa se mescla com as cartas do curso que conversam com a garota e com o próprio leitor. Toda a história é de fácil compreensão e na maioria das vezes flui muito bem. Embora o livro tenha uma quantidade considerável de páginas (e no audiolivro uma quantidade mais considerável ainda de horas), os temas de cada parte do curso são bastante resumidos e limitados, mas não deixam de fazem com que tanto Sofia quanto o leitor reflitam sobre a importância da busca incessante pelo conhecimento e da compreensão do mundo. Tudo isso ainda fica ainda mais interessante enquanto a história avança, pois ao mesmo tempo em que Sofia aprende sobre filosofia, ainda existe a questão do mistério relacionado a Hilde e como a história das duas se entrelaça de uma forma super envolvente.

Embora ache o tema interessante e necessário, não sou tão ligada e nem leio muitas coisas sobre esse tipo de conteúdo, e acredito que O Mundo de Sofia seja uma excelente introdução pra quem tem interesse em começar a estudar sobre a humanidade, a história da filosofia e os principais pensadores por trás dela. Pra mim foi uma leitura muito proveitosa que realmente me tirou da zona de conforto e que me fez pensar em questões que eu nunca havia considerado antes.

Como acompanhei a história pelo audiolivro, fiquei com a sensação de que a imersão foi muito maior e melhor, pois o narrador expressa as devidas emoções e intensidade das frases tornando tudo muito mais empolgante de se acompanhar. Posso dizer ainda que a narração de Paulo Vinícius Justo Fernandes lembra muito a dublagem de filmes dos anos 90, e a sensação é de estar assistindo um filme fofo na sessão da tarde, e é impossível não sentir aquela nostalgia gostosa da infância, mesmo quando ele imita vozes mais fininhas. A combinação foi simplesmente perfeita e certeira. Eu adorei e posso afirmar que foi umas das melhores narrações de livros que já tive o prazer de ouvir, e até as passagens aparentemente mais cansativas ficaram interessantes na voz dele.

Não acho que seja o tipo de livro pra se ler ou ouvir sem pausas, pois por se tratar de temas para pensar e refletir, deve ser digerido aos poucos para um melhor aproveitamento. Fui ouvindo devagarinho, cheguei a discutir alguns pontos com meu marido, e depois retornava sem pressa. Assim, o livro acaba fazendo com que o leitor, assim como Sofia, tenha uma visão de mundo mais aberta e diferente se comparada ao pensamento anterior as questões colocadas e aos conceitos da realidade em que vivemos.

Pra quem gosta de filosofia ou quer ter uma boa noção do que é abordado, é livro tão indicado quanto necessário.

Coraline - Neil Gaiman

4 de março de 2022

Título:
Coraline
Autor: Neil Gaiman
Ilustrador: Chris Riddell
Editora: Intrínseca
Gênero: Infanto juvenil/Fantasia
Ano: 2021
Páginas: 288
Nota:★★★★★
Compre: Amazon
Sinopse: Certas portas não devem ser abertas. E Coraline descobre isso pouco tempo depois de chegar com os pais à sua nova casa, um apartamento em um casarão antigo ocupado por vizinhos excêntricos e envolto por uma névoa insistente, um mundo de estranhezas e magia, o tipo de universo que apenas Neil Gaiman pode criar.
Ao abrir uma porta misteriosa na sala de casa, a menina se depara com um lugar macabro e fascinante. Ali, naquele outro mundo, seus outros pais são criaturas muito pálidas, com botões negros no lugar dos olhos, sempre dispostos a lhe dar atenção, fazer suas comidas preferidas e mostrar os brinquedos mais divertidos. Coraline enfim se sente... em casa. Mas essa sensação logo desaparece, quando ela descobre que o lugar guarda mistérios e perigos, e a menina se dá conta de que voltar para sua verdadeira casa vai ser muito mais difícil ― e assustador ― do que imaginava.

Resenha: Coraline foi o primeiro livro escrito por Neil Gaiman para o público infantil. O livro foi publicado no Brasil em 2003 pelo selo Jovens Leitores, da Editora Rocco. Em 2009 a adaptação cinematográfica do livro estreou nos cinemas e a animação em stop motion dirigida por Henry Selick foi um sucesso. Em 2010 a Rocco Jovens Leitores publicou a graphic novel, e em 2020 a Intrínseca adquiriu os direitos e publicou essa nova edição em capa dura, com nova tradução, e com um projeto gráfico maravilhoso de lindo.



Coraline Jones é uma garotinha bastante esperta e curiosa, que acaba de se mudar com os pais pra um antigo casarão dividido em alguns apartamentos. O lugar é um tanto estranho e não parece ter muita vida, seus pais só se preocupam com o trabalho e não dão nenhuma atenção a ela, Coraline vive entediada e muitas vezes se sentindo excluída, e, pra não surtar, ela começa a explorar o lugar pra ter o que fazer. Logo ela conhece os vizinhos excêntricos que moram alí e que nunca conseguem pronunciar seu nome corretamente, a chamando sempre de Caroline, e ela fica muito interessada em suas vidas peculiares, seus bichos de estimação e suas esquisitices. Mas o que realmente chama a atenção de Coraline é uma porta na sala de estar, uma porta misteriosa que, a princípio, não serve pra nada já que a parede de tijolos por trás dela foi fechada na divisão da casa. Até ela descobrir que essa porta a leva para uma outra versão de sua casa, onde ela se depara com uma outra mãe e um outro pai que, embora sejam pálidos e tenham botões nos lugar dos olhos, lhe dão total atenção e fazem tudo o que ela gosta. Lá os vizinhos a chamam pelo nome certo, e lá ela pode se divertir bastante com uma infinidade de brinquedos. Nessa outra casa ela poderia, enfim, se sentir em acolhida e ser muito feliz. Coraline logo percebe que existe alguma coisa errada com essa cópia sombria da sua casa, e que sua outra mãe esconde segredos e possui intenções horripilantes que ela nem imagina. Assim, voltar pra sua verdadeira casa vai se transformar numa tarefa tão difícil quanto assustadora.

Na introdução do livro, Gaiman conta que teve a ideia de escrever uma história para sua filha Holly, e teve como inspiração a casa onde eles moravam na Inglaterra e a ideia de que Holly gostava de histórias assustadoras e heroínas corajosas enfrentando bruxas e perigos, mas parou de escrever em 1992. Ele só retomou seis anos depois, quando já tinha se mudado para os EUA e percebeu que sua filha mais nova, Maddy, já estava crescendo e talvez seria velha demais até que ele terminasse o livro se continuasse nesse ritmo. Ele começou o livro pela Holly, e terminou pela Maddy, porque queria contar pra elas algo que ele gostaria de ter sabido quando era criança. Parecia adequado escrever uma história que deixasse evidente que ser corajoso não significa não ter medo, mas sim estar com medo e ainda sim fazer o que é certo. Eis que surgiu Coraline.

O livro é narrado em terceira pessoa com foco sobre a protagonista e é impossível não se envolver com os acontecimentos e com a forma como eles são descritos com fluidez e consistência. É uma narrativa que dá voltas e é cheia de camadas, mostrando o enorme constraste entre os dois mundos e como Coraline consegue discernir que nem sempre o que parece ser melhor, de fato é. Por mais que a história seja voltada pro público infantil, ela tem elementos sombrios e várias mensagens mais maduras, e isso faz com que a leitura seja indicada para qualquer tipo de público que goste de acompanhar aventuras com toques de mistério e perigo. As ilustrações de Chris Riddell ainda contribuem para um ar ainda mais macabro, pois os desenhos tem traços num estilo mais rabiscado e expressões bem marcantes e assustadoras.


O protagonismo de Coraline é a melhor coisa desse livro, pois mesmo que ela seja criança, ela não cede fácil, tem personalidade e opiniões fortes, é questionadora, observadora, muito inteligente, e sabe usar isso a seu favor pra resolver os maiores problemas que aparecem.
"- Porque coragem é quando você sente medo de fazer algo, mas faz mesmo assim, é quando você enfrenta o medo - respondeu ela."
- Pág. 90
Os personagens secundários também são super bem construídos e interessantes. Seja o gato preto que faz companhia e ajuda Coraline nessa grande aventura; sejam as vizinhas, Srta. Spink e Srta Forcible, que moram no térreo com seus vários cãezinhos terrier e adoram contar sobre os tempos em que elas eram atrizes muito famosas; e o velho esquisito com um bigodão que mora no andar de cima que diz ter uma trupe ratos de circo que só irão se apresentar quanto estiverem prontos. Gostaria de ter lido quando criança e tenho certeza Coraline seria minha heroína favorita, e já incentivo os meus filhos a lerem também. O livro tem detalhes que não aparecem na animação, e por mais que eu ame demais o filme, o livro, pra mim, é bem melhor. Neil Gaiman nunca decepciona, independente do gênero literário que ele venha a escrever ou do público que ele quer atingir. É o tipo de livro pra se ler e reler sempre. Super recomendo.

Harry Potter e o Cálice de Fogo - J.K. Rowling

18 de março de 2020

Título: Harry Potter e o Cálice de Fogo - Harry Potter #4
Autora: J.K. Rowling
Ilustrações: Jim Kay
Editora: Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto juvenil
Ano: 2019
Páginas: 464
Nota:★★★★★
Sinopse: Verão, Harry Potter, agora com 14 anos, sente sua cicatriz arder durante um sonho bastante real com Lord Voldemort, o qual não consegue esquecer; três dias depois, já em companhia da família Weasley, com quem foi passar o restante das férias, na final da Copa Mundial de Quadribol, os Comensais da Morte, seguidores de Você-Sabe-Quem, reaparecem e alguém conjura a Marca Negra – o sinal de Lord Voldemort – projetando-a no céu pela primeira vez em 13 anos, causando pânico na comunidade mágica. Será que o terrível bruxo está voltando? Tudo indica que sim...


Resenha: Antes de voltar para Hogwarts, em seu quarto ano na escola, Harry, que agora está com quatorze anos, tem a chance de assistir a um jogo profissional entre Irlanda e Bulgária, na Copa Mundial de Quadribol. O que ninguém esperava era que o acampamento bruxo montado em volta do estádio fosse atacado por Comensais da Morte, nome dado aos seguidores do Lorde das Trevas. Quando a chamada "marca negra", é conjurada no céu de forma misteriosa, todos começam a temer a volta daquele-que-não-deve-ser-nomeado.
Como se isso já não fosse o bastante para preocupar a todos, o ano letivo já começa num clima bastante agitado. Olho-Tonto Moody, um auror que lutou contra bruxos das trevas no passado e se aposentou, foi convidado por Dumbledore a ser o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, e os métodos dele são bastante peculiares.

Este ano, além do grande Baile de Inverno, Hogwarts vai sediar o Torneio Tribruxo, uma competição amistosa entre as três maiores escolas de bruxaria da Europa, e com isso vai receber Beauxbatons e Durmstrang. Pelas tarefas serem bastante perigosas, somente alunos com pelo menos dezessete anos podem se inscrever depositando seus nomes no Cálice de Fogo para tentarem concorrer a uma vaga de campeão e, assim, poderem competir no evento afim de demonstrarem suas habilidades adquiridas durante os anos de estudo, a coragem e suas capacidades de enfrentar o perigo.

Porém, de alguma forma inexplicável, Harry é escolhido pelo Cálice e se torna o quarto campeão que vai competir no Torneio Tribruxo junto com Cedrico Diggory, o primeiro campeão selecionado de Hogwarts; Fleur Delacour, campeã de Beauxbatons; e Viktor Krum, que além de ser o campeão de Durmstrang, também é o famoso apanhador do time profissional de Quadribol da Bulgária (de quem Rony é um grande fã). Assim, ele tem permissão para participar do torneio com intuito de descobrirem quem foi o responsável por inscrevê-lo e porquê. Será que Lorde Voldemort está por trás disso?

Diferente dos três volumes anteriores, este já começa com o primeiro capítulo dedicado a contar um pouco mais da família Riddle e alguns mistérios que cercam a morte deles, levando o leitor a um senhor, que, na época, foi o principal suspeito das mortes, mas ainda assim permaneceu como o fiel caseiro da família. Cinquenta anos depois, quando o velho percebeu uma movimentação estranha na casa, ele vai averiguar, vê um homem cuidando de uma criatura pavorosa, dona de uma cobra gigantesca, e acaba morto. Somente após essa cena trágica, vamos à casa dos Dursley, onde Harry continua levando aquela vida miserável com os tios, com a diferença que agora ele se aproveita da ideia de Sirius Black, seu padrinho "criminoso" que fugiu da prisão de Azkaban, possa fazer alguma coisa caso descubra que o afilhado está sendo maltratado, basta que o menino mande uma coruja pra lhe contar, o que rende alguns momentos bem engraçados com tio Válter apavorado de tanto medo de confrontar alguém dessa "laia". Os Weasley vão buscá-lo e todos partem rumo à Toca.

Narrado em terceira pessoa, é impossível não se empolgar com a leitura, com os detalhes desse universo mágico e fantástico e com o bom humor que a autora insere na história. Confesso que algumas passagens descrevendo detalhes de partidas de quadribol são bem extensas, um tanto cansativas e não acrescentam muito à trama de uma forma geral, a não ser reforçar a paixão dos bruxos por esse esporte e o quanto ele é importante em suas vidas, assim como o futebol, por exemplo, é para os trouxas.

Alguns pontos a serem destacados e que não podem ser vistos no filme (que foi bastante modificado pra adaptar o livro), é a presença de novos personagens que são bastante importantes pro desenvolvimento da história, como Winky, uma elfo-doméstico que é expulsa da família a quem serve (para sua completa desgraça) e vai trabalhar em Hogwarts, e o retorno de Dobby (a vergonha dos elfos por ter sido libertado e absurdamente exigir pagamento por seus serviços), o que acaba gerando a revolta de Hermione em ver o quanto essas criaturas são "exploradas" de forma injusta (na visão dela) a ponto de ela criar uma associação em prol dos direitos e da liberdade dos elfos-domésticos, o F.A.L.E., e sair militando exaustivamente por aí, tentando convencer os bruxos dessa nobre causa enquanto os próprios elfos, horrorizados com a decisão dela, só querem viver suas vidas servindo felizes e satisfeitos aos seus senhores da melhor forma possível.
Outros personagens também movimentam a história e prometem algo mais pro futuro, como a jornalista sensacionalista Rita Skeeter, Madame Maxime, diretora de Beauxbatons, e a abordagem de várias criaturas mágicas e novos feitiços que enriquecem ainda mais esse universo.

Assim, em meio a tantos desafios no torneio e na escola, tanta coisa nova pra se aprender, e diante dos conflitos internos que todo adolescente tem, este volume mostra o início do amadurecimento do garoto e também marca uma nova e terrível realidade para o mundo bruxo. Daqui pra frente, as coisas vão ficar bem mais pesadas e perigosas do que já estavam, não só para Harry e seus amigos, mas para toda a comunidade bruxa.


Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban - J.K. Rowling

9 de março de 2020

Título: Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban - Harry Potter #3
Autora: J.K. Rowling
Ilustrações: Jim Kay
Editora: Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto juvenil
Ano: 2018
Páginas: 336
Nota:★★★★★
Sinopse: Durante 12 anos o forte de Azkaban guardou o prisioneiro Sirius Black, acusado de matar 13 pessoas e ser o principal ajudante de Voldemort, o Senhor das Trevas. Agora ele conseguiu escapar, deixando apenas uma pista: seu destino é a escola de Hogwarts, em busca de Harry Potter. Neste livro o leitor estará mais uma vez mergulhando no mundo mágico de Hogwarts e participando de aventuras repletas de imaginação, humor e emoção, que repetem o encantamento proporcionado pelos livros anteriores dessa maravilhosa série de J. K. Rowling.


Resenha: Depois de aturar a irmã do tio Válter, tia Guida, que ficara hospedada por uma longa e eterna semana na casa dos Dursley, Harry se desentende com a intragável mulher por ela não parar de falar abobrinhas para humilhar o garoto, a transforma num balão que sai voando pelos céus de Londres afora, e foge de casa no meio da noite. No meio do caminho ele se depara com um enorme cão preto que parecia vigiá-lo, mas acaba sendo salvo pelo Nôitibus Andante, um transporte bastante peculiar que resgata bruxos que se encontram em casos de emergência. Harry vai para o Caldeirão Furado, no Beco Diagonal, e fica por lá até que as aulas comecem. Ao tomar o Expresso de Hogwarts, Harry, Rony e Hermione se deparam com uma das criaturas mais malignas que habitam no mundo, os Dementadores, seres sombrios que se alimentam da felicidade das pessoas e guardam a Prisão de Azkaban.


Os Dementadores estavam vasculhando o expresso em busca do notório assassino e partidário do Lorde das Trevas, que fugiu da prisão, Sirius Black. Os rumores contam que Sirius, além de ter sido acusado de matar treze pessoas e ter destruído um bruxo de nome Pedro Pettigrew, e que a única coisa que sobrou do coitado foi um único dedinho encontrado, foi o maior responsável pela morte de Lílian e Tiago Potter, os pais de Harry, quando ele os traiu e os entregou a Lord Voldemort. E agora, com sua fuga de Azkaban, ele iria atrás de Harry para, enfim, terminar o serviço.


Agora, em seu terceiro ano em Hogwarts, Harry vai lidar com os novos desafios e matérias da escola, vai ter Hagrid como o novo professor de Trato das Criaturas Mágicas, a excêntrica Sibila Trelawney como a professora de Adivinhação, o misterioso Remo Lupin como o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas (nenhum professor dura mais de um ano nesse cargo amaldiçoado), e ainda vai precisar se proteger da suposta ameaça que corre ao ser caçado por Sirius.
Quando Harry ganha o curioso Mapa do Maroto dos gêmeos Weasley para poder ver não só todas as passagens secretas da escola, mas também o local onde estão e o que todos na escola estão fazendo para escapar de Hogwarts e visitar o povoado bruxo de Hogsmead com sua capa da invisibilidade, ele percebe que o nome de Pedro aparece no mapa. Mas como poderia se ele foi morto? Será que o mapa mágico está com algum defeito? Ou será que há muito mais coisas escondidas por trás da história de Sirius que ninguém ainda não sabe? E o que significa esse cão, chamado de Sinistro, que parece estar sempre a espreita?


Esse volume é um dos melhores da série, seja por ter muito mais toques de bom humor, por trazer mais elementos desse universo mágico que se expandiu pra fora da escola, quanto pela introdução de Sirius Black e a importância que ele traz pra série de uma forma geral, assim como Lupin com suas frases inteligentes e de efeito (só não tanto quanto as de Dumbledore) e tudo o que ele tem a ensinar a Harry e as crianças.
Com treze anos, Harry já é um adolescente, e mesmo que tenha preocupações em aprender as matérias da escola, e agora que pensa estar correndo risco de vida, ele também começa a se interessar por garotas, mostrando que ele também tem características e comportamentos comuns de garotos dessa idade.
Rony continua engraçado e meio sonso, e está bem preocupado com Perebas, seu rato de estimação que anda se comportando de forma estranha ultimamente, principalmente agora que Hermione arrumou um novo bicho de estimação, Bichento, um gato amarelo de focinho achatado que não deixa o rato em paz e é muito inteligente.


Hermione, estudante voraz, de alguma forma misteriosa anda frequentando todas as aulas para não perder nenhum tipo de conteúdo e aprender tudo sobre esse universo, mas o que ninguém sabe é como ela pode estar em mais de uma aula ao mesmo tempo. Ela continua afiada com toda sua inteligência e lógica, e sempre age com a razão, alertando e repreendendo Harry mesmo que isso o contradiga e faça com que os meninos passem a ignorá-la deixando-a arrasada. Ela inclusive perde a paciência com a professora de Adivinhação, pois pra ela, tudo que Sibila diz não passa de falácia e charlatanismo, mas no final descobrimos que, por mais que ela seja exagerada em suas falas e pareça mesmo uma fraude, ela tem grande importância na história de vida do próprio Harry.
Agora que Hagrid se tornou professor de Hogwarts, ele, com todo o seu amor pelas criaturas mágicas, quer impressionar os alunos e mostrar a beleza desses bichos, e aí é que entra o hipogrifo Bicuço, que também tem uma grande participação e importância na trama.


O professor Lupin foi considerado o melhor professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, seja pela sua forma de ensino divertida quanto por ele mesmo ser um homem inteligente, legal e bastante compreensivo, o problema é que ele parece guardar um segredo, de vez em quando se ausenta e ninguém sabe pra onde ele vai, o que acaba sendo visto com desconfiança pelo trio de amigos. Através de Lupin, Harry consegue entender o que são e o que realmente fazem os Dementadores, descobre porque ele é mais afetado do que os outros na presença deles, e aprende um feitiço avançado chamado "Expecto Patronun", que conjura um Patrono para combater essas criaturas. Cada bruxo tem um Patrono representado por um animal que tem algum tipo de ligação com sua personalidade ou experiência de vida. É um feitiço bastante avançado pra idade de Harry, mas Lupin acredita no potencial do garoto.

Um dos pontos mais interessantes do livro é a ideia de que a autora, enquanto o escrevia, passava por uma época bastante pesada em que sofria de depressão, e os Dementadores foram criados baseados nessa condição. Uma criatura que suga a felicidade das pessoas até que ela definhe por completo, trazendo suas piores lembranças à tona e fazendo com que a pessoa perca a vontade de viver. Logo a forma de combater os dementadores com Patrono, que deve ser conjurado através de uma lembrança feliz, não foi por acaso. Até na pior situação, J.K. consegue ser genial, é incrível.


O quadribol também é bastante explorado, mostrando o quanto esse esporte é importante para Harry e a equipe da Grifinória.
Talvez esse seja o livro cuja adaptação cinematográfica foi a que mais "sofreu", pois são tantas coisas que ficaram de fora e/ou foram modificadas e resumidas para contar a história, que chega a dar desgosto. Uma das coisas que senti falta foi Sir Cadogan, um cavaleiro de armadura, baixinho e invocado que perambula pelos quadros mágicos da escola e que usa de um vocabulário "rebuscado" e hilário para tratar os garotos, brandindo sua espada para enfrentá-los, chamando-os de "patifes", "cães desprezíveis", "vilões" e coisas do tipo. Quando ele precisa substituir a Mulher Gorda, as cenas são impagáveis, pois ele vive dificultando a vida dos alunos.

A edição ilustrada e em capa dura dispensa maiores comentários. Pra quem é fã, é artigo essencial na coleção. Não digo que a revisão é perfeita, porque é comum encontrarmos um monte de erros, mas a história é tão boa e prende tanto que supera esse detalhe.


Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban traz muitas informações novas sobre o mundo bruxo, sobre Hogwarts, sobre o passado de Harry e sobre o passado de Tiago Potter e sua turma enquanto eles eram estudantes da escola. Mesmo que as descobertas de Harry e os acontecimentos envolvendo Sirius representam algo muito maior, fica evidente que Lord Voldemort está conseguindo retornar e que as coisas tendem a ficar bem mais perigosas a partir daqui.

Harry Potter e a Câmara Secreta - J.K. Rowling

20 de fevereiro de 2020

Título: Harry Potter e a Câmara Secreta - Harry Potter #2
Autora: J.K. Rowling
Ilustrações: Jim Kay
Editora: Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto juvenil
Ano: 2017
Páginas: 272
Nota:★★★★★
Sinopse: Os Dursley estavam tão anti-sociais naquele verão, que tudo o que Harry queria era voltar às aulas da Escola de Bruxarias de Hogwarts. No entanto, quando já terminava de fazer suas malas, Harry recebe um aviso de um estranho chamado Dobby, que diz que um desastre acontecerá caso Potter decida voltar à Hogwarts. Harry não liga para aquela mensagem e o desastre realmente acontece. Naquele segundo ano estudando em Hogwarts, novos horrores surgem para atormentar Harry, incluindo o novo professor Gilderoy Lockhart e um espírito chamado Murta-que-Geme, que assombra o banheiro feminino, além de olhares indesejados da irmã mais nova de Ron Weasley, Gina. Todos esses problemas, no entanto, parecem menores quando o verdadeiro problema começa e algo transforma os alunos de Hogwarts em pedra. Dentre os suspeitos: o próprio Harry.

Resenha: Depois de enfrentar o Lorde das Trevas e sobreviver mais uma vez pra contar a história, Harry volta para a casa dos tios para passar as férias enquanto aguarda o início das aulas em Hogwarts mais uma vez. Porém, enquanto seus tios o mantém preso e escondido em seu quarto numa tentativa de evitar que ele se comunique com seus amigos "anormais", Harry recebe a visita inesperada de uma criatura curiosa, Dobby, um elfo doméstico que vive se autocastigando, mas que está alí para tentar impedir que Harry volte para Hogwarts. Segundo Dobby, há algo muito perigoso sendo tramado por lá, e um grande desastre irá acontecer caso Harry volte. É claro que Harry não pode deixar de voltar pra escola, pois lá é seu lugar de verdade. Resgatado por Rony, Fred e Jorge num carro enfeitiçado, Harry consegue fugir da casa dos Dursley e vai para A Toca, a casa da família Weasley, onde aguarda o início das aulas ansioso.


Gilderoy Lockhart é o novo - e convencido - professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, e agora, no segundo ano, as crianças começam a praticar alguns feitiços de ataque e defesa para aprender a desarmar oponentes, mas quando um feitiço não dá muito certo e Harry demonstra ter uma habilidade incomum entre os bruxos e ouvir vozes ameaçadoras que mais ninguém escuta, o menino começa a ser visto com muita desconfiança pelos alunos. E isso piora quando o real perigo começa a surgir e alguns alunos nascidos trouxas começam a ser encontrados petrificados. Harry é o principal suspeito pois sempre está no lugar errado, na hora errada, mas ele precisa provar para todos que ele não só é inocente, como descobrir quem está por trás dos ataques, e é quando o professor (e fantasma) Binns, de que leciona História da Magia, conta aos alunos sobre a lendária câmara secreta, e que lá existe um monstro que só pode ser controlado pelo herdeiro de Salazar Slytherin, o fundador de Sonserina. Mas quem será essa pessoa? E será que a Câmara realmente existe ou não passa de lenda para assustar crianças?


Narrado em terceira pessoa, a história se mantém fluída, com detalhes maravilhosos, toques de muito bom humor e é impossível de largar. No segundo ano de Harry Potter em Hogwarts, já temos uma noção muito boa sobre o funcionamento da sociedade bruxa e da escola em si, mas sempre aparece alguma informação nova para incrementar a história e nos surpreender. Outra coisa super legal nos livros é que J.K. sempre insere alguma situação ou informação que, aparentemente, parece não ser tão importante ou que acaba sendo um obstáculo a ser enfrentado, mas acaba tendo uma ligação com algo que acontece lá na frente e tudo de encaixa, como mágica.


Harry já está mais familiarizado com o universo bruxo, com o quadribol, com os professores, e com os perigos que sempre estão a espreita, e dessa vez não seria diferente. O Lorde das Trevas ainda representa uma ameaça e sempre está buscando meios de retornar, e Harry não vai hesitar em estar alí para tentar impedir.
Rony, por mais que seja o amigo bobalhão de Harry, mostra que apesar de ter pavor de aranhas, ele é corajoso e também enfrenta o perigo quando necessário, mesmo com uma varinha quebrada que causa destruição se utilizada. E a ideia de Gina, sua irmã mais nova, ter ido pro seu primeiro ano em Hogwarts e estar correndo perigo, o deixa ainda mais preocupado em fazer alguma coisa para ajudar a resolver o mistério acerca do monstro da câmara secreta.


E mais uma vez, Hermione, com sua astúcia e inteligência, consegue resolver problemas aparentemente impossíveis, desvendando mistérios que ninguém, em décadas, soube resolver. Hermione sempre deixa se guiar pela razão, mesmo que isso signifique contrariar as ideias de Harry, e é incrível como a menina, de uma forma até irritante, sempre está certa.
Snape está mais odioso do que nunca, perseguindo os garotos e destilando toda a sua antipatia pela vida contra as crianças. Gilderoy é aquele tipo de embuste que se acha o centro das atenções, que gosta de espalhar seus grandes feitos por aí como se ele fosse alguém famoso e muito importante. Desde o início fica claro o quanto ele é ridículo e narcisista - o que chega a ser inacreditável e muito engraçado - mas a reviravolta que ele sofre no final é perfeita, pois mostra que as pessoas não são o que fazem questão de aparentar ser.
Através das memórias em um diário mágico, sabemos um pouco mais sobre Tom Riddle, um estudante de Hogwarts de décadas atrás, que mostra algumas passagens ocorridas na escola a fim de trazer algumas respostas para Harry, e que acaba se tornando alguém bastante conhecido no mundo bruxo futuramente...


Não posso deixar de falar sobre a estadia de Harry n'A Toca e é uma pena enorme que as cenas que se passam lá ficaram de fora do filme. A Toca é uma casa torta e mágica, com direito a vampiro que mora no sótão e um jardim enorme que precisa ser desgnomizado com frequência, pois os gnomos - criaturas muito diferentes daquelas parecidas com um mini papai noel que os trouxas insistem em usar para enfeitar seus jardins - são pragas que infestam o terreno e destroem as plantas. O processo de dar fim nos bichos é hilário e muito criativo. Outra passagem super interessante é o aniversário de morte do fantasma Nick-quase-sem-Cabeça, do qual o trio de amigos foi convidado a participar e ficam totalmente abismados, e a ideia de que o zelador da escola, Argo Filch, é um aborto (que nasce em uma família bruxa mas não tem poderes, o que seria o oposto da Hermione, que nasceu bruxa numa família de trouxas).


Enfim, eu poderia ficar aqui falando sobre os detalhes do livro, da saga em si, de como a autora começou a introduzir a questão do preconceito e das diferenças entre bruxos e trouxas, e do quanto eu amo esse universo mágico e fantástico criado pela genial J.K. Rowling eternamente, mas vou me conter e só dizer que é livro cuja leitura - e releitura - é mais do que recomendada.

Harry Potter e a Pedra Filosofal - J.K. Rowling

19 de fevereiro de 2020

Título: Harry Potter e a Pedra Filosofal - Harry Potter #1
Autora: J.K. Rowling
Ilustrações: Jim Kay
Editora: Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto juvenil
Ano: 2016
Páginas: 256
Nota:★★★★★
Sinopse: Conheça Harry, filho de Tiago e Lilian Potter, feiticeiros que foram assassinados por um poderosíssimo bruxo, quando ele ainda era um bebê. Com isso, o menino acaba sendo levado para a casa dos tios que nada tinham a ver com o sobrenatural pelo contrário. Até os 10 anos, Harry foi uma espécie de gata borralheira: maltratado pelos tios, herdava roupas velhas do primo gorducho, tinha óculos remendados e era tratado como um estorvo. No dia de seu aniversário de 11 anos, entretanto, ele parece deslizar por um buraco sem fundo, como o de Alice no país das maravilhas, que o conduz a um mundo mágico. Descobre sua verdadeira história e seu destino: ser um aprendiz de feiticeiro até o dia em que terá que enfrentar a pior força do mal, o homem que assassinou seus pais, o terrível Lorde das Trevas.
O menino de olhos verdes, magricela e desengonçado, tão habituado à rejeição, descobre, também, que é um herói no universo dos magos. Potter fica sabendo que é a única pessoa a ter sobrevivido a um ataque do tal bruxo do mal e essa é a causa da marca em forma de raio que ele carrega na testa. Ele não é um garoto qualquer, ele sequer é um feiticeiro qualquer; ele é Harry Potter, símbolo de poder, resistência e um líder natural entre os sobrenaturais.


Resenha: Harry Potter é um garoto de dez anos, magricela, com olhos verdes, uma cabeleira desgrenhada e uma cicatriz em forma de raio na testa. Ele foi criado pelos tios preconceituosos e intragáveis, os Dursleys, num armário debaixo da escada, depois de ter ficado órfão quando ainda era apenas um bebê. Desde que foi deixado na porta dos Dursleys, Harry sempre foi rejeitado e tratado com desprezo, sempre apanhava de Duda, seu primo mimado, sempre era castigado por nada, e, para os tios, sempre foi um grande estorvo. Ainda assim, ele aceitava sua vidinha miserável pois os Dursleys era a única família que lhe restou, infelizmente. Ao completar onze anos, Harry descobre ser um bruxo quando, depois de muitas mentiras e sabotagens por parte dos tios e do primo, ele recebe uma carta entregue por Hagrid, o guardião das chaves da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde ele iria pra estudar e aprender tudo sobre esse universo mágico, e se tornar o grande bruxo que ele está destinado a ser. Seus tios abominam qualquer coisa relacionada a mágica e esconderam tudo o que podiam do garoto. Sendo trouxas (nome dado a quem não é bruxo) os Dursleys, mesmo que façam de tudo pra fingir que não existe, são um dos poucos que sabem do mundo mágico, pois Lilian, a falecida mãe de Harry e irmã de tia Petúnia, também era bruxa, o que causava asco na irmã.


O que Harry ainda não sabia, é que no mundo bruxo, desconhecido pelo garoto até então, ele é muito famoso, conhecido como "o menino que sobreviveu". Seus pais não morreram num acidente de carro como ele fora levado a acreditar, mas sim foram assassinados por um bruxo terrível que, ao tentar matar Harry também, foi atingido de alguma forma misteriosa e desapareceu. Porém, por mais que o Lorde das Trevas, também conhecido como "aquele-que-não-deve-ser-nomeado" ou "você-sabe-quem", seja somente uma lembrança que ainda assusta e é evitada a todo custo por muitos bruxos, ele não morreu definitivamente, e planeja voltar para terminar o serviço.
Agora, depois de passar pelo Beco Diagonal para comprar todo o material que precisa, e ainda ganhar uma coruja de estimação, ele embarcará na plataforma 9 ½, na estação de Kings Cross, rumo ao seu primeiro ano em Hogwarts, Harry finalmente está feliz, fez novos amigos e se sente em casa pela primeira vez, mas o perigo está mais próximo do que todos imaginam, principalmente quando ele e seus amigos começam a perceber que há algo de estranho e misterioso acontecendo na escola envolvendo a lendária pedra filosofal.

Narrado em terceira pessoa, a história é muito bem humorada e tão fluída e envolvente que pode ser lida em questão de poucas horas. Cada detalhe, cada cenário, cada frase de efeito dita por Dumbledore só mostra o quanto J.K. é genial. Não importa se você tem 8 ou 80 anos, a leitura é simplesmente maravilhosa. Mesmo que o primeiro livro seja mais introdutório, é perfeitamente possível imaginar e imergir nesse universo fantástico e mágico como se fosse algo real.


Lugares mágicos que só podem ser vistos por bruxos, correspondência através de corujas, a ideia que os bruxos passam 7 anos na escola aprendendo e aprimorando suas habilidades para, quando adultos, executarem os mais diversos feitiços, criarem poções, terem conhecimento da história da magia em geral e ainda seguir alguma carreira no mundo bruxo. A sociedade bruxa mantém um sistema que funciona plenamente, mantendo sua existência em segredo dos trouxas para que eles não achem que todos os problemas que arrumam possam ser resolvidos com mágica, e tem suas próprias regras criadas pelos responsáveis pelo Ministério da Magia e vária outras peculiaridades.
A ideia da autora em incluir a vassoura como elemento da bruxaria também foi super bacana, pois aqui ela é um item principalmente esportivo, que os bruxos usam pra voar enquanto jogam o famoso - e perigoso - Quadribol, que tem regras rígidas, campeonatos e equipes profissionais por todo o mundo. Harry inclusive demonstra ser bastante habilidoso com a vassoura e logo entra no time na posição de Apanhador.


Não acho que seja lá muito justo escolher só alguns personagens para falar quando existem dezenas deles e todos são ótimos e relevantes na trama.
O universo criado por J.K. Rowling é simplesmente fantástico, cheio de bom humor e encantador, mesmo que a vida de Harry até seu ingresso em Hogwarts tenha sido de dar dó. Todos os personagens são interessantes e possuem várias camadas e pontos de personalidades marcantes, sendo possível identificá-los facilmente pela forma como falam ou agem, e sentir empatia (ou não) por cada um deles.

Harry está numa fase de aprendizado, é seu primeiro ano na escola, e por mais que a ideia de ser um bruxo tenha feito com que ele ficasse surpreso e até um tanto incrédulo, ele logo consegue se familiarizar com muita facilidade em sua nova realidade. Mesmo que tenha crescido num lar onde sempre foi tratado da pior maneira possível, o que muitas vezes é revoltante, ele ainda tem seus valores, é um bom menino, tem coragem pra enfrentar o que for preciso, mas não nega que sempre precisa de ajuda. Ele nunca faz nada totalmente sozinho e muitas vezes depende de auxílio e conselhos dos amigos, de Hagrid ou de Dumbledore, o diretor da escola, um dos bruxos mais poderosos, respeitados - e mais engraçado -  desse universo mágico.
Rony vem de uma família de bruxos, todos ruivos, bastante simples. Eles são pobres e passam por algumas dificuldades, mas são muitos amorosos e companheiros. A mãe de Rony, Molly, toma Harry praticamente como filho, tanto por sua história trágica, quanto por ter feito amizade com Rony. Seu pai, Arthur, trabalha no Ministério da Magia, na seção de Mau Uso dos Artefatos de Trouxas. Rony é meio sem noção, esfomeado e engraçado, e se torna o melhor amigo e confidente que Harry jamais sonhou que teria um dia. Rony é o sexto filho, de sete, e esse é seu primeiro ano em Hogwarts, assim como Harry.
Hermione é filha de trouxas e foi uma surpresa quando ela recebeu sua carta. Sim, é possível que nasça um bruxo numa família de trouxas (como a própria Lilian, mãe de Harry). Ela é super inteligente, aluna dedicada, devoradora de livros e nada supera sua capacidade de lógica. Se não fosse pela ajuda dela, Harry mal sairia do lugar pra resolver seus problemas.
Draco Malfoy, um menino pálido de cabelo platinado, veio de uma família importante e muito rica no mundo bruxo, e ele adora se aparecer ou tirar alguma vantagem por causa disso. Ele também é aluno do primeiro ano, foi escolhido pra Sonserina, é se tornou arqui inimigo de Harry. Desde o início os dois não se bicaram e vivem pra implicar um com o outro.


Os professores também são ótimos e desde o início demonstram o quanto são fundamentais no desenvolvimento de Harry e na trama em si. Alvo Dumbledore, o diretor de Hogwarts, é um velho sábio e bem humorado, que adora sorvete de limão, mas muito misterioso e um tanto reservado. Minerva McGonagall, professora de Transfiguração, é uma bruxa com poder de se transformar num gato e é tão rígida quanto justa. Ela também adora Quadribol e se empolga muito com Harry no time da Grifinória. Severo Snape, o professor de Poções, é mal encarado, mau humorado, e parece odiar Harry com todas as suas forças. Ele não pensa duas vezes quando o assunto é implicar com Harry ou perder a paciência com Hermione, e tira o máximo de pontos de Grifinória que ele pode. O professor Quirrell, de Defesa Contra as Artes das Trevas, parece ser muito medroso, ainda mais por viver gaguejando e se assustar com muita facilidade. Hagrid é um homem gigante com uma barba e uma cabeleira indomável que trabalha em Hogwarts e mora numa cabana dentro dos limites da propriedade. Ele tem uma sombrinha cor-de-rosa e foi proibido de usar magia por algum motivo. Hagrid tem a total confiança de Dumbledore, adora todo tipo de criatura mágica e desenvolve uma relação de amizade com as crianças que é tão adorável quanto engraçada.

A escola em si já é cheia de curiosidades na forma como funciona e é um lugar que devia existir de verdade, de tão incrível. Cheia de passagens secretas, lugares proibidos, quadros com fotografias que se mexem, fantasmas ilustres e escadas que mudam de lugar. Ela é dividida em casas, e o Chapéu Seletor, um chapéu pontudo mágico e inteligente que fala e canta muito, separa e encaminha todos os alunos recém chegados pra cada uma de acordo com suas personalidades e ambições (ou falta delas). Grifinória (a casa pra onde Harry, Rony e Hermione vão), Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa são as quatro casas de Hogwarts, que ganharam esses nomes devido aos seus fundadores. Cada casa tem suas cores, um animal como símbolo e seu próprio lema. Grifinória é a casa dos bruxos corajosos e companheiros. Corvinal é destinada aos bruxos mais sábios e criativos (Hermione poderia estar nela). Sonserina é uma casa onde os bruxos são astutos e não medem esforços para conseguirem o que querem, e ficou conhecida de uma forma negativa, pois todos os bruxos que seguiram o caminho das trevas foram de Sonserina. E por último, a Lufa-Lufa, onde seus moradores são leais, amigos e pacientes. Lufa-lufa é a casa mais inclusiva e flexível de Hogwarts, e muitos acham que nela só vão os bruxos mais fracos, mas na verdade são os mais sinceros, bondosos, persistentes e justos. No final do ano letivo, a casa que faz mais pontos ganha a Taça das Casas e é reconhecida como a casa vencedora até o próximo ano.


Não que isso tenha me feito desgostar da saga, mas talvez o único ponto negativo do livro seja a bendita tradução. E não digo isso pela tradução de muitos termos e nomes próprios pra aproximá-los do equivalente em português (James Potter, o pai de Harry, virou Tiago Potter; Charlie Weasley, irmão do Rony, virou Carlinhos; Vernon Dursley, o tio odioso de Harry, virou Válter; Fang, o cachorro de Hagrid, virou Canino; "muggle" virou "trouxa"; e por aí vai...), coisa que em alguns pontos não faz muito sentido pois alguns dos nomes, mesmo sendo em inglês, também podem ser bem familiares em português. A própria plataforma mágica e secreta, onde os bruxos embarcam no Expresso que os levam a Hogwarts, foi alterada na tradução, sendo que a original (que se pode ver nos filmes também) é a plataforma 9 ¾. Num contexto geral, a tradução de Lia Wyler (RIP) é muito boa, facilita a leitura pra crianças, e fica bem evidente que foi feita uma pesquisa minuciosa a fim de trazer as origens e o melhor sentido dos nomes pro correspondente em português, mas ainda assim, a tradução dos nomes das casas, pra mim, é um pouco problemática por questões "mitológicas". Como os nomes das casas são os sobrenomes dos seus respectivos bruxos criadores, não faz sentido manter o nome da casa traduzido e o sobrenome não, pois a referência acaba se perdendo nesse sentido. Um leitor mais desatento ou que não conhece a saga mais a fundo pode não fazer essa associação, e talvez fosse melhor que os sobrenomes deles também fossem traduzidos juntamente com os nomes das casas, ou que os das casas fossem mantidos nos originais.
Levando tudo isso em consideração, além de ficar aquela sensação de que teve muita coisa perdida (por mais que a história seja super rica em muitos sentidos), em vários momentos a gente se depara com erros na revisão da tradução também, como personagens com nomes trocados, ou ora traduzidos, ora não, como é o caso da Professora Minerva que uma hora aparece como "Morague MacGonagall", ou a artilheira de Quadribol (Quidditch no original), Cátia Bell, que às vezes não tem o nome traduzido e aparece como "Kate". E pra uma série de livros que teve incontáveis edições depois de tantos anos, qualquer fã (#iludido #xatiado) esperava que tais erros fossem corrigidos, mas não foram (nem a versão do audiolivro, que fiz questão de acompanhar e ouvir, foi).


Essa edição com capa dura em particular é maravilhosa, com ilustrações lindas feitas por Jim Kay, com uma disposição de texto que se encaixa bem com os desenhos, e é edição obrigatória pra se ter na estante quando se é um fã e colecionador. É meio incômodo ler essa edição pelo seu tamanho e peso, mas a história é tão boa, cheia de reviravoltas e detalhes geniais que o esforço - e o preço - sempre vai valer a pena.

Enfim, Harry Potter e a Pedra Filosofal deu início a uma saga épica, clássica, viciante e inesquecível que reuniu uma legião de fãs pelo mundo inteiro - inclusive essa pessoa que vos fala - e que, ainda bem, não vai acabar tão cedo. Se ainda não leu, ou só conhece a saga pelos filmes, volte pra Terra e faça esse favor a você mesmo: LEIA, é sério!
É livro pra ser lido, relido e guardado no coração, pra sempre!

A Parte que Falta Encontra o Grande O - Shel Silverstein

3 de maio de 2018

Título: A Parte que Falta Encontra o Grande O - A Parte que Falta #2
Autor: Shel Silverstein
Editora: Companhia das Letrinhas
Gênero: Infantil/Infantojuvenil
Ano: 2018
Páginas: 120
Nota:★★★★★
Sinopse: Na continuação do clássico A parte que falta, Shel Silverstein reflete com sua poesia singela e emocionante sobre amor-próprio e completude. Um livro infantil para todas as idades. A parte que falta está em busca de alguém para completar. Após ser abandonada pelo ser circular, ela aguarda um par perfeito em que possa se encaixar. Ela quer conhecer o mundo, e precisa de alguém que a faça rolar. Mas muitos seres não sabem nada sobre encaixe, outros já têm partes demais e alguns não sabem nada de nada. A parte que falta até encontra um encaixe perfeito, mas sua jornada juntos dura muito pouco. Até que ela se depara com o Grande O, um ser completo, que rola sozinho, e que pode dar a ela um ensinamento que mudará seu modo de enxergar a vida.
Nesta história, leitores de todas as idades vão refletir junto com a parte que falta sobre como podemos nos transformar e descobrir como evoluir nosso amor-próprio. Afinal, será que não podemos todos rolar por nós mesmos em nossas jornadas? 

Resenha: Dando continuidade a proposta maravilhosa - e super necessária - A Parte que Falta do autor Shel Silverstein, A Parte que Falta Encontra o Grande O traz uma nova visão da história, mostrando, desta vez, a trajetória da parte que, após ter sido deixada pra trás, procura por algo ao qual ela possa preencher e se encaixar.


O problema é que justamente por ser pontuda e incapaz de rolar, ela está em busca de alguém que a acolha e a faça rolar, mas quando se depara com o Grande O, um ser circular, totalmente completo e que rola sozinho por aí, ela acaba conseguindo enxergar a vida por um ângulo novo e bem diferente...

Com os mesmos traços do livrinho anterior, com pequenos diálogos simples e ainda mais objetivos, a mensagem deste conseguiu me tocar ainda mais, pois mostra que por mais difícil que seja, e por mais que possamos sair das nossas zonas de conforto, a mudança é algo necessário e bem vindo quando o assunto é o amor próprio e a nossa evolução pessoal.


A felicidade jamais vai ser algo pleno e constante, todo mundo sabe que a vida é cheia de altos e baixos e que isso faz parte... Porém, acreditar que a felicidade só pode ser encontrada em outra pessoa e ficar esperando por isso eternamente é, sim, um erro comum... Logo, basta ter um pouquinho de coragem para se arriscar, e assim seguir em frente para que possamos nos moldar à uma realidade onde caminhar rolar por conta própria seja algo natural e fácil, e assim nos aceitarmos como somos e sermos felizes com nós mesmos sem depender de nada ou ninguém, antes de darmos essa chance aos outros...

A Parte que Falta - Shel Silverstein

2 de maio de 2018

Título: A Parte que Falta - A Parte que Falta #1
Autor: Shel Silverstein
Editora: Companhia das Letrinhas
Gênero: Infantil/Infantojuvenil
Ano: 2018
Páginas: 112
Nota:★★★★★
Sinopse: O protagonista desta história é um ser circular que visivelmente não está completo: falta-lhe uma parte. E ele acredita que existe pelo mundo uma forma que vai completá-lo perfeitamente e que, quando estiver completo, vai se sentir feliz de vez. Então ele parte animado em uma jornada em busca de sua parte que falta. Mas, ao explorar o mundo, talvez perceba que a verdadeira felicidade não está no outro, mas dentro de nós mesmos.
Neste livro, leitores de todas as idades vão se deparar com questionamentos sobre o que é o amor e quanto dependemos de um relacionamento ou parceira para nos sentirmos plenamente felizes.

Resenha: A Parte que Falta é uma metáfora que apresenta um protagonista circular e sem um pedaço, que decide sair por aí com bastante perseverança, seguindo em frente e enfrentando diversos obstáculos em busca da parte que lhe falta para deixá-lo completo e feliz.


Os traços das ilustrações são bem irregulares, o que dá um ar infantil ao livrinho, mas não se enganem pelas aparências. Os pequenos diálogos e a forma como a história é apresentada são encantadores. Os questionamento e as reflexões sobre amor próprio são inevitáveis, e a mensagem do livro é tão profunda, emocionante e intensa que a vontade é de reler muitas e muitas vezes, indicar pra todo mundo, dar de presente e passar a mensagem adiante...

Através desse protagonista tão peculiar e cheio de otimismo, podemos enxergar a nós mesmos e as nossas buscas incessantes - e muitas vezes frustrantes - por uma parte que achamos que nos falta ou que acreditamos precisar, seja pelo motivo que for.


A Parte que Falta é um daqueles livros "disfarçados" de infantil, que todo adulto deveria muito ler. Ele mostra de um jeito simples, didático e com poucas palavras que, por mais que a gente se sinta incompleto e passe a vida enfrentando diversas situações na procura por algo que possa nos preencher, a única coisa que realmente vai nos completar e nos fazer felizes somos nós mesmos, sem que haja aquela necessidade de depender de algo ou alguém pra isso.

Às vezes, as partes que achamos pelo caminho não se encaixam, e, ás vezes, aquela que encaixa não é exatamente o que precisamos ou o que nos fará feliz...
É só deixar rolar, e aos poucos a vida se encarrega de mostrar o que vale a pena e o que deve ser deixado pra trás...

Os Caçadores de Lendas - Shane Hegarty

6 de março de 2018

Título: Os Caçadores de Lendas - Darkmouth #1
Autor: Shane Hegarty
Editora: #Irado/Novo Conceito
Gênero: Fantasia/Infantojuvenil
Ano: 2017
Páginas: 336
Nota:★★★★☆
Sinopse: Elas estão chegando! As Lendas (ou melhor, monstros aterrorizantes que se alimentam de humanos) invadiram a cidade de “Darkmouth”. Elas querem dominar o mundo. Mas não entre em pânico! Finn, o último dos Caçadores de Lendas, vai nos proteger. Finn tem doze anos, adora animais, não leva muito jeito para lutar; mas é muito, muito esforçado. E todos nós sabemos que ser esforçado é a melhor arma contra um Minotauro faminto, né? Hum... Pensando bem, pode entrar em pânico. Entre em pânico agora! Corra!

Resenha: Darkmouth é uma cidadezinha que poderia ser muito tranquila, se não fossem os monstros horripilantes que invadem a vila. Conhecidos como Lendas, eles se alimentam de humanos e querem dominar o mundo. Mas Finn, um garotinho super esforçado de doze anos, é o último Caçador de Lendas.
Mesmo que sonhasse com um destino diferente, Finn cresceu conformado com a ideia de ser um Caçador de Lendas, afinal, seu pai também é um e o legado da família não poderia cessar. O treinamento duro fez com que os conhecimentos necessários para liquidar os monstros fossem adquiridos pelo garoto, mas, na prática talvez isso não funcione conforme o esperado... Finn não leva o menor jeito para a tarefa e consegue falhar em todos os testes. Será que a salvação de Darkmouth está em suas mãos?

Narrado em primeira pessoa através do ponto de vista de Finn (e com algumas alternâncias entre outros personagens relevantes), o livro traz uma história bem cativante e divertida sobre um garotinho que precisa seguir seu destino, mas por não ter a menor vocação - e por causar muita confusão - acaba sendo alvo de desconfiança e perseguição dos habitantes, sempre indignados por Darkmouth ser o único lugar que ainda é alvo da invasão das Lendas e ainda serem obrigados a confiarem suas vidas nas mãos do pobre garoto.
Em meio a narrativa nos deparamos com informações preciosas retiradas do Guia Conciso do Mundo dos Caçadores de Lendas, e isso deixa a leitura bem dinâmica e rica em detalhes, despertando ainda mais a curiosidade por esse mundo super legal criado pelo autor, principalmente devido às ilustrações descoladas e expressivas que representam muito bem os personagens.

Finn é aquele tipo de personagem que vive se metendo em enrascadas quando o assunto é enfrentar as Lendas, e não é raro que ele provoque incidentes na cidade que deixam os habitantes malucos, enquanto seu pai, totalmente comprometido com sua função, vive para socorrê-lo. Finn não está pronto - ou não quer - seguir esse caminho.

Os personagens representam papeis de heróis bastante humanos, que acertam e erram como qualquer pessoa, e mesmo que o livro seja uma fantasia, é possível se identificar com alguns personagens e até começar a compreender um pouco do que realmente move as Lendas.

Com humor e aventura na medida certa, Darkmouth - Os Caçadores de Lendas é um livro divertido que fala de amizade, coragem, medo e deveres - nem sempre muito bem aceitos - de quem possui um legado a se cumprir. Mesmo que o público seja o infantojuvenil, pra quem procura por um livro descontraído e divertido é leitura mais do que indicada.

Confissões de Um Garoto Tímido, Nerd e (Ligeiramente) Apaixonado - Thalita Rebouças

5 de fevereiro de 2018

Título: Confissões de Um Garoto Tímido, Nerd e (Ligeiramente) Apaixonado
Autora: Thalita Rebouças
Editora: Arqueiro
Gênero: Infanto Juvenil
Ano: 2017
Páginas: 304
Nota:★★★★☆
Sinopse: Davi está no segundo ano do ensino médio e finalmente tomou coragem para iniciar o curso de astrologia que sempre quis fazer mas nunca teve coragem de admitir, por medo de sofrer preconceitos.
Entre signos e mapas astrais, conhece Milena, uma menina incrível, que o deixa encantado com seu jeito apaixonante. Tetê, melhor amiga de Davi, o incentiva a investir no relacionamento, mas vencer a timidez é um desafio para ele. Ajudar Zeca, seu amigo que passa por problemas amorosos, também é uma dificuldade, pois Davi é inexperiente no assunto.
No final do primeiro semestre, entretanto, uma novidade causa um rebuliço na turma: Samantha, colega de classe do trio, apresenta Gonçalo, que mora em Portugal e veio passar as férias de verão europeu na casa dela, no Rio de Janeiro.
A chegada do estrangeiro tem efeitos inesperados, e Davi e seus amigos passam a lidar com questões que nunca imaginaram ter que enfrentar.

Resenha: Davi tem dezesseis anos, está no segundo ano do ensino médio, é nerd assumido e, depois de ter tomado coragem, começou a fazer um curso de astrologia que ele tanto queria mas ainda não tinha feito por medo de sofrer preconceito. E nesse universo astrológico ele conhece Milena, uma garota super legal por quem ele logo fica encantado. Porém, sua timidez é uma coisa que precisa ser vencida, e Davi vai contar com a ajuda dos seus amigos para ter coragem de investir nesse relacionamento. E enquanto ele enfrenta essas questões, um novo colega chega na cidade fazendo com que o grupo de amigos lidem com outras coisas que eles não esperavam...

No livro a autora pede pra não darmos muitos detalhes da história para que possamos descobrir as coisas junto com o personagem, mas posso dizer que Davi é o tipo de personagem que muitos adolescentes se identificam: tímido, confuso com o que é novo, e até bem reservado, e quando ele se depara com a ideia de alguém o conhecendo melhor, ele sai de sua zona de conforto. Ele é um personagem que tem algo a ensinar, seu desenvolvimento foi bem construído, sua paixão pelos signos e pelo comportamento humano é verdadeira e sua forma de analisar os outros é bem engraçada.

A escrita também é muito boa e envolvente, as descrições do cenário transportam o leitor para a cidade do Rio de Janeiro e a linguagem descolada em meio aos elementos da atualidade, como redes sociais, whatsapp e afins deixam a história bastante realista.

Eu gostei bastante da história pois ela trata dos dilemas e dos dramas adolescentes de um jeito muito leve e sem fazer parecer que os problemas tratados nele não tem a devida importância, pois além de mostrar que enfrentar medos e preconceitos é possível, ou que nunca devemos deixar de fazer o que gostamos para agradar os outros, fica mais do que claro que a amizade é uma das coisas mais importantes da vida e o quanto deve ser valorizada quando é verdadeira.

Archie Greene e o Segredo dos Magos - D.D. Everest

13 de dezembro de 2017

Título: Archie Greene e o Segredo dos Magos - Archie Greene #1
Autor: D.D. Everest
Editora: Rocco Jovens Leitores
Gênero: Fantasia/Infantojuvenil
Ano: 2017
Páginas: 260
Nota:★★★★★
Sinopse: No seu aniversário de 12 anos, Archie Greene recebe um pacote misterioso de um homem que ele não conhece; um pacote contendo um livro antigo escrito numa língua que ele não consegue identificar. Ele não faz ideia de que está prestes a descobrir um mundo em que estantes de livros são encantadas, bibliotecários são magos e feitiços ganham vida.
Logo Archie se torna um aprendiz de restaurador para os Guardiões da Chama, um grupo devotado a encontrar e preservar livros mágicos. Com a ajuda de seus primos, Amora e Cardo, Archie tenta desvendar o mistério por trás do presente enigmático, mas começa a perceber que o livro é muito mais poderoso do que imaginava.

Resenha: Archie Greene é um garoto órfão criado pela avó. Eles vivem felizes, mesmo que sejam pobres. Quando Archie completa doze anos, ele recebe um livro bastante suspeito de presente de um homem misterioso que ele não conhece. Um livro que havia quatrocentos anos que estava guardado... A capa de couro velha, o cheiro de queimado, o idioma desconhecido e um símbolo misterioso tornam o livro o início de uma viagem incrível até Oxford, onde Archie, junto com Amora e Cardo, os primos que ele acabou de descobrir que existem, vão descobrir que livros mágicos existem e são procurados e preservados pelos Guardiões da Chama num enorme museu.
O livro que Archie ganhou é um mistério, e parece estar sendo procurado por alguém com planos nada agradáveis... Qual será o segredo por trás deste presente?

As primeiras páginas do livro trazem informações sobre os tipos de magia que existem, assim como as habilidades de um aprendiz e os mandamentos da prudência mágica, que funcionam como leis para o universo que o autor criou.
OS TRÊS TIPOS DE MAGIA

Magia Natural
A mais pura forma de magia vem de seres e plantas mágicos e das forças elementares da natureza, como o Sol, as estrelas e os mares.
Magia Mortal
É produzida pelo homem. Inclui instrumentos mágicos e outros dispositivos criados por magos para canalizar o poder mágico.
Magia Sobrenatural
O terceiro e mais sombrio tipo de magia usa o poder de espíritos e outros seres sobrenaturais.
A história é narrada em terceira pessoa, é cheia de elementos engraçados e tem muitos detalhes que deixam a leitura divertida e muito empolgante. É um universo rico em detalhes mas muito fácil de entender e gostar, o que fez com que eu considerasse o livro um dos meus favoritos.
O autor não deixa a desejar e entrega uma história empolgante, cheia de magia e aventuras, vivida por um herói muito simpático que faz descobertas incríveis e encantadoras.
Fiquei fascinada pela livraria encantada, onde os livros falam, tem sentimentos e mudam de lugar quando querem; pelas criaturas que saem das páginas e causam muita confusão; pelo museu escondido embaixo da Biblioteca e como as pessoas têm acesso a ele; e pelos personagens engraçados, excêntricos e que sempre estão em alguma situação cômica.
O desejo de explorar esse universo e descobrir mais sobre esse mundo faz com que Archie e seus primos embarquem numa pequena investigação que se transforma numa jornada mágica e incrível onde percebemos que livros são verdadeiros tesouros e que através deles Archie descobre ter um lugar especial no mundo.

Os capítulos são bem curtinhos (são 40 capítulos para 260 páginas), mas todos tem informações o bastante para manter nossa curiosidade para seguir para o próximo.
A capa ilustrada combina bem com a história e é muito bonita.

A história de Archie Greene pode até lembrar algumas coisas do universo de Harry Potter, mas tem elementos novos e muito divertidos que vão agradar e encantar leitores que gostam de fantasia, sem importar que idade tenham.

Chapeuzinho Esfarrapado e Outros Contos Feministas do Folclore Mundial - Ethel Johnston Phelps

23 de novembro de 2017

Título: Chapeuzinho Esfarrapado e Outros Contos Feministas do Folclore Mundial
Autora/Org.: Ethel Johnston Phelps
Editora: Seguinte
Gênero: Contos/Infantojuvenil/Fantasia
Ano: 2017
Páginas: 248
Nota:★★★★★
Sinopse: Quem disse que as mulheres nos contos de fadas são sempre donzelas indefesas, esperando para ser salvas pelo príncipe encantado? Esta coletânea reúne narrativas folclóricas do mundo inteiro — do Peru à África do Sul, da Escócia ao Japão — em que as mulheres são as heroínas das histórias e vencem os desafios com esforço, coragem e muita inteligência. Este livro é para todo mundo que não se identifica com as princesas típicas dos contos de fadas. É para garotas e garotos, para que todos possam aprender que as maiores virtudes de um herói não são exclusivas a um só gênero. Enriquecida com textos de apoio e ilustrações modernas, esta edição é uma fonte inestimável de heroínas multiculturais — e indispensável para qualquer estante.

Resenha: Chapeuzinho Esfarrapado e Outros Contos Feministas do Folclore Mundial é uma coletânea de vinte e cinco contos folclóricos de vários países e que seguem o padrão de colocar uma personagem feminina como heroína ou personagem principal da história, mostrando que não é necessário que nenhum príncipe encantado as resgate do perigo para que um final feliz aconteça.

A introdução escrita por Ethel Johnston também acrescenta informações importantes para explicar a pouca quantidade de personagens mulheres na posição de heroínas nos contos folclóricos, e como a maioria delas possuem estereótipos, levando leitores a definir conceitos, muitas vezes errados, sobre alguém ao julgar pelas aparências. Por que a velha feia automaticamente é uma bruxa má? Por que a personagem com rosto angelical cercada de bichinhos é sempre a mocinha indefesa? E aqui nesses contos o que é apresentado pra gente é o contrário disso, com intenção de desconstruir essas definições impostas por homens, e trazer mulheres inteligentes e corajosas que estão prontas para enfrentar desafios, independente da idade, cor da pele, ou físico.

Os contos são cheios de elementos da fantasia, as lendas trazem temas ligados ao cotidiano, à família, amizade e afins, mas sempre com o toque de feminismo que o próprio título do livro já nos apresenta.

A capa do livro, a diagramação, as ilustrações coloridas e o projeto gráfico em geral formam um conjunto bem caprichado para tornar o livro muito bonito visualmente.

Chapeuzinho Esfarrapado é um livro muito divertido, que em alguns momentos mostra, sim, que os homens tem sua devida importância, mas quem ganha destaque são as mulheres que foram muito bem representadas por personagens tão diferentes entre si, mas tão parecidas por mostrarem que são capazes de grandes feitos quando não são diminuídas e quando estão livres para escolherem o que vão fazê-las feliz.

Anna e o Planeta - Jostein Gaarder

28 de agosto de 2017

Título: Anna e o Planeta
Autor: Jostein Gaarder
Editora: Seguinte
Gênero: Infantojuvenil
Ano: 2016
Páginas: 168
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Pouco antes de completar dezesseis anos, Anna começa a receber mensagens em seus sonhos. Preocupados, os pais resolvem levá-la a um psiquiatra, mas o médico não acha que existe algo errado com ela. Na verdade, o excêntrico dr. Benjamin acredita que parte do que ela vê nos sonhos é real, como o agravo do aquecimento global e a consequente extinção de vários animais. Ele está certo, pois Anna está observando o mundo através dos olhos de Nova, sua bisneta que vive em 2082 e está prestes a fazer dezesseis anos. O mundo está desolado e Nova se sente cada dia mais revoltada com as gerações anteriores. Quanto mais Anna enxerga o futuro em seus sonhos, mais ela percebe que deve agir no presente. Mas será que ela vai conseguir agir rápido o suficiente para evitar que suas visões se tornem reais?

Resenha: Anna Nyrud está quase completando dezesseis anos e começa a receber mensagens durante os seus sonhos logo depois de ganhar um anel de rubi vermelho, uma joia que está na família há várias gerações. Nos sonhos ela é Nova, sua própria bisneta que está observando o mundo arruinado no ano 2082, indignada por vários animais e vegetais estarem extintos e sem entender como o ser humano deixou que as coisas chegassem naquele ponto. Como a maioria dos pais fariam num caso desses, Anna é levada a um psiquiatra, Dr. Benjamin, que não vê nada de errado com esses sonhos e acredita que o que ela vê é verdadeiro, afinal, o descaso dos seres humanos com o planeta só pode significar que, mais cedo ou mais tarde, ele vai ser destruído.
 Então Anna resolve que precisa agir para impedir que esse futuro aconteça e conta com a ajuda de Jonas, seu namorado, e do Dr. Benjamin.

Anna e o Planeta é um livro que a gente lê e fica pensando sobre o futuro quando fala de temas como aquecimento global, extinção dos animais e como essas coisas são graves para o planeta. Eu fiquei interessada no livro quando li a sinopse, mas durante a leitura senti que eu estava numa sala de aula enquanto o professor falava a mesma coisa várias vezes. A história é bem fácil de ser lida, talvez possa ser lida até por crianças, mistura o passado com o presente sem deixar as coisas confusas, com capítulos que são contados por Anna ou por Nova, mas mesmo que exista a mensagem sobre a importância de cuidarmos do nosso planeta, nada de interessante acontece e os personagens são muito superficiais. Não encontrei nenhuma aventura legal que me prendesse a atenção, só diálogos forçados com intenção de mostrar os problemas dessa realidade sem nenhuma sutileza. Foi bom, mas poderia ser melhor se os personagens tivessem mais presença, se partissem numa jornada incrível, ou se tivessem tido mais detalhes descritos pra eu torcer por eles, e não estarem ali só pra falar do mundo acabado. Se o problema ambiental fosse trabalhado de um jeito que ninguém ficasse com a sensação de ter nas mãos um livro parecido com autoajuda, com poucos personagens e um tema sendo debatido sem parar, seria melhor. Acho que refletir sobre um assunto como esse, todo mundo já reflete, é notícia da televisão, é matéria na escola, e num livro de ficção devia ter uma abordagem diferente pro assunto não se tornar cansativo.

Eu achei a capa muito bonita, com tons de rosa e lilás muito fofos, mas se a capa original tivesse sido mantida eu teria gostado muito mais. A capa brasileira faz um jogo de antes e depois com o clima que tem tudo a ver com a história, mas a original parece ter um significado mais bonito porque mostra o que devia ser preservado num globinho que costuma ser dado como lembrança, como se aquilo que estivesse lá dentro fosse mesmo uma lembrança do que já existiu.
Já estudei sobre os problemas que o livro aponta e fico preocupada com o que as gerações futuras vão enfrentar um dia se não pararmos pra pensar no que estamos fazendo com o planeta agora. Só resta que a gente reflita, tenha consciência, deixe o egoísmo de lado e preserve o que ainda existe enquanto é tempo.