Autora: J.A. Redmerski
Editora: Suma de Letras
Gênero: Romance/Suspense/Thriller
Ano: 2016
Páginas: 248
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Fredrik Gustavsson nunca considerou a possibilidade de se apaixonar - certamente nenhuma mulher entenderia seu estilo de vida sombrio e sangrento. Até que encontra Seraphina, uma mulher tão perversa e sedenta de sangue quanto ele. Eles passam dois anos juntos, em uma relação obscura e cheia de luxúria. Então Seraphina desaparece.
Seis anos depois, Fredrik ainda tenta descobrir onde está a mulher que virou seu mundo de cabeça para baixo. Quando está próximo de descobrir seu paradeiro, ele conhece Cassia, a única pessoa capaz de lhe dar a informação que tanto deseja. Mas Cassia está ferida após escapar de um incêndio, e não se lembra de nada. Fredrik não tem escolha a não ser manter a mulher por perto, porém, depois de um ano convivendo com seu jeito delicado e piedoso, ele se descobre em uma batalha interna entre o que sente por Seraphina e o que sente por Cassia. Porque ele sabe que, para manter o amor de uma, a outra deve morrer.
Resenha: O Cisne e o Chacal é o terceiro volume da série Na companhia de Assassinos, escrita pela autora J.A. Redmerski e publicado no Brasil pela Suma de Letras.
Pra quem acompanhou os livros anteriores, com certeza ficou intrigado com Fredrik Gustavsson, o "interrogador" que torturava e matava suas vítimas a sangue frio e sem remorso algum. A ideia de ele ter tido um relacionamento e um passado diferente do presente em que vive me deixou muito curiosa acerca de sua história, assim como sua esposa "desaparecida", Seraphina, que conseguia ser ainda mais perversa e sanguinária do que Fredrik.
Seis anos se passaram desde a traição e o sumiço dela, e Fredrik ainda tenta encontrá-la por acreditar que ambos ainda possuem assuntos inacabados, mas próximo de descobrir o que buscava, ele conhece Cassia, uma mulher que parece ser a única capaz de lhe dar as informações das quais precisa. Cassia parece saber sobre Seraphina mas, devido a amnésia que sofre, não se lembra qual é a conexão que tem com ela nem nada sobre seu passado. Por isso Fredrik a mantém prisioneira há um ano, na esperança de que ela, um dia, recupere a memória e lhe diga o que ele quer saber, mas o convívio os tornou muito próximos, colocando o coração do assassino em cheque quando ele passa a questionar sobre seus sentimentos por essas duas mulheres que fazem parte de sua vida...
A história segue por essa linha, com Fredrik convivendo com Cassia, que sofre da dita síndrome de Estocolmo (a vítima se apaixona pelo seu sequetrador), ao mesmo tempo em que trabalha em alguns casos da Nova Ordem da qual Victor é o líder. Izabel também marca presença e tem um papel importante a desempenhar no enredo, assim como outros personagens já conhecidos nos livros anteriores. Mas mesmo que haja esta familiaridade e o leitor pense que sabe o que está acontecendo e qual o rumo a história irá levar, a autora cria reviravoltas que nos deixam de cabelo em pé, no bom e no mau sentido da coisa.
Fredrik não é o mocinho da história. O trabalho dele já deixa isso bem claro. Ele não só tortura as pessoas em busca de informações, mas ele aprecia o sofrimento que causa. Talvez a ideia de torturar somente quem seja culpado e livrar inocentes possa amenizar um pouco seu caréter duvidoso, mas ainda assim ele não deixa de ser um anti-herói sádico e que mexe com os sentimentos do leitor das formas mais inimagináveis possíveis. Como é possível ter alguma simpatia por alguém assim? Ele não deveria ser sempre odiado por fazer as coisas que faz? Claro que Fredrik tem um passado sombrio e perturbador e isso pode servir como justificativa para tentarmos entender o monstro que habita dentro dele, mas algumas coisas relacionadas ao relacionamento que ele cultiva com Cassia me deixaram bastante perplexa. Embora seja ficção, é impossível não sentir um incômodo enorme ao acompanhar Fredrik alegando a inocência de Cassia o tempo todo, se sentindo culpado por manter a pobre coitada sob cativeiro mas usando e abusando dela como bem entende. E ela se apegar e se apaixonar a ele, por mais que haja explicações para o comportameto doentio dos dois e o final reserve algo bombástico, não foi algo que consegui aceitar com tanta naturalidade assim... É difícil sentir alguma simpatia por uma personagem tão frágil e delicada como Cassia se submetendo aos caprichos de um maníaco, e mais difícil ainda é engolir Fredrik sendo tão machista como ele é.
No final das contas preferi considerar que são personagens suscetíveis a todo tipo de erro se considerarmos o contexto da história, a vida que tiveram antes e o caminho que seguiram independente de boas ou más escolhas. Isso não os tornam perfeitos, muito pelo contrário, são fatores que influenciam (mesmo que não justifiquem) suas atitudes e por esse motivo, por mais que eu não tenha aceitado muito bem a situação de forma geral e sentido repulsa muitas vezes, eu gostei e me envolvi com a história pois, querendo ou não, ela mexe com a gente. Não digo que achei melhor do que a história de Victor e Sarai/Izabel, mas foi um ótimo acréscimo à série e com certeza vou continuar acompanhando os próximos volumes.
A edição da Suma de Letras é um capricho só. A capa manteve a textura áspera e os mesmos tons de preto e branco com detalhes em vermelho, as páginas são amarelas, não percebi erros na revisão e de forma geral o trabalho está impecável.
Pra quem procura fugir de clichês românticos e quer ler algo mais dark e violento, a série é mais do que recomendada.