Autora: Janny van der Molen
Ilustradora: Martijn van der Linden
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Juvenil/Não ficção
Ano: 2015
Páginas: 184
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Se o diário em que a jovem Anne Frank relata os dias vividos num esconderijo em Amsterdã com a família durante a Segunda Guerra Mundial dispensa maiores apresentações, o lançamento O mundo de Anne Frank, de Janny van der Molen, merece ser conhecido pelo leitor brasileiro. O título, que chega às livrarias em meio aos 70 anos do fim do conflito e da morte da jovem, é resultado de extensa pesquisa, feita com o apoio da Fundação Anne Frank, e recria a história da jovem judia de forma acessível para todas as idades, (re)contando a história de Anne Frank com sensibilidade, a partir de seu famoso diário e de informações históricas, fotografias e belas ilustrações.
Resenha: Escrito pela autora holandesa Janny van der Molen e publicado no Brasil pelo selo Rocco Jovens Leitores, O Mundo de Anne Frank é uma adaptação do clássico O Diário de Anne Frank, uma obra que após ter sido publicado tornou a adolescente um ícone depois de sua narração para os fatos de como foi sua vida no período da Segunda Guerra Mundial, em que ela, a família e mais um grupo de pessoas, por serem de origem judaica, precisaram viver escondidos num Anexo secreto num edifício comercial a fim de não serem descobertos ou capturados pelos nazistas.
Em O Mundo de Anne Frank, muita pesquisa foi feita também fora do Diário e isso possibilita ao jovem leitor saber um pouco sobre como era a vida de Anne antes de ela ser confinada no esconderijo, como era feliz e aproveitava a infância como qualquer criança normal deveria fazer mas ainda assim estava sempre atenta às coisas que acontecia ao seu redor.
O durante mostra como tudo foi feito as pressas e as escondidas quando rumores de que os judeus estavam sendo assassinados ou enviados a lugares para trabalhar até a morte começaram a surgir. A ideia do Diário surgiu quando Anne ouviu no rádio uma mensagem de que estavam em busca de provas das atrocidades dos alemães, assim como relatos de quem testemunhou qualquer coisa que fosse, e a vontade de Anne era contribuir, escrevendo tudo com a esperança de que um dia suas palavras pudessem ser imortalizadas quando publicasse um livro. Também é possível saber o que aconteceu após as famílias serem capturadas e levadas aos terríveis campos de concentração nazistas assim como o que aconteceu lá.
"Lá fora, a guerra. Então eles permaneceram lá dentro. Dia após dia. Escondidos, aguardavam em silêncio e com medo o final daquela terrível guerra. Mal lembravam como era abrir a porta da frente e andar em plena luz do dia. Sentir o sol, o ar fresco, rir e andar pela rua, pegar um bonde, fazer o que bem entendessem... O mundo lá fora se tornou o inimigo. O mundo lá fora dava medo."
- Pág. 85
Este pode ser considerado como um livro de não ficção narrativa pois a autora usa uma história real e seus fatos para romantizá-la, tornando a leitura fácil, fluída e bastante acessível para o público infantil e juvenil. A repressão que os judeus sofreram, como foram vetados de serem pessoas livres, como foram perseguidos e massacrados são pontos que vemos na história, de acordo com a visão inocente de Anne, dando um toque bem sutil de forma a manter a leitura bem leve. Por mais que Anne relate vários fatos do que via ou ouvia falar em seu diário (que ela chamava de Kitty), a história também tem foco no relacionamento da garota com a família, com a irmã Margot, com o jovem Peter e os demais moradores da casa que nem sempre eram tão amigáveis como era de se esperar, afinal, as pessoas estão presas e escondidas, desconfortáveis, vivendo de restos ou comida estragada, não podem dar sinais de que estão alí e conflitos surgiriam mais cedo ou mais tarde. Era uma situação deplorável, que levaria qualquer ser humano a atingir seus limites.
O livro é um projeto único e maravilhoso, e traz um dos relatos mais importantes acerca do Holocausto e seus horrores. A diagramação é uma graça e as ilustrações em cores da artista Martijn van der Linden também colaboram para a riqueza da obra ao mostrar algumas das situações que a protagonista vivenciou, seja antes, durante ou depois de se esconder no Anexo.
Uma história bonita com um final trágico, agora contada de forma simples e com muita sensibilidade, mas que ainda envolve e emociona.