Mostrando postagens com marcador Jeff Zentner. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Jeff Zentner. Mostrar todas as postagens

Sessão da Meia-Noite com Rayne e Delilah - Jeff Zentner

25 de novembro de 2019

Título: Sessão da Meia-Noite com Rayne e Delilah
Autor: Jeff Zentner
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem Adulto
Ano: 2019
Páginas: 408
Nota:★★★★☆
Sinopse: Toda sexta-feira, as melhores amigas Josie e Delia se transformam em Rayne Ravenscroft e Delilah Darkwood, apresentadoras de um programa de terror exibido em um canal da TV local. Com o final do ensino médio se aproximando, Josie precisa decidir se vai mudar de cidade para estudar em uma universidade grande e ir atrás de seu sonho de seguir carreira na televisão – mas isso significaria ficar longe de sua melhor amiga... Enquanto isso, Delia sonha que seu pai, um fã de filmes de terror que abandonou a família anos atrás, assista ao programa delas na TV e retome o contato.
Em um fim de semana, as duas resolvem fazer uma viagem para a Flórida, onde vai acontecer a ShiverCon, a maior convenção do universo do terror e o lugar perfeito para conseguir um contrato com uma grande emissora. Mas pode ser que um jovem lutador de MMA, um produtor de televisão excêntrico e um basset hound idoso acabem transformando a vida dessas melhores amigas de uma maneira inesperada.

Resenha: Josie e Delia são melhores amigas, do tipo inseparáveis. Toda noite de sexta-feira, as duas se tornam Rayne Ravenscroft e Delilah Darkwood, apresentadoras de um programa de terror amador exibido em um canal na TV local chamado Sessão da Meia-Noite. O programa é filmado em Jackson, no Tennessee, mas tem um alcance considerável a ponto de ter alguma audiência. Os filmes são ruins e nem sempre elas conseguem manter o "profissionalismo" diante de algumas barbaridades e se encangalham de rir durante as filmagens. Os telespectadores lhes escrevam comentando os episódios, apontando erros, dando sugestões, fazendo críticas e fazendo comentários desnecessários sobre as meninas. Ainda assim elas continuam tentando dar o seu melhor para terem algo de que possam sentir orgulho.
Mas, diferente de Josie, que pensa em televisão 24hrs por dia, Delia se dedica a isso porque seu pai era um grande fã de filmes de terror. O problema é que ele abandonou a família há anos, e a ideia que Delia teve para tentar reencontrá-lo é produzindo algo que possa vir a chamar a atenção dele de alguma forma, como se isso fosse fazer com que ele retomasse o contato com a filha.

Agora, com o ensino médio chegando ao fim, as meninas começam a fazer planos sobre a faculdade, mas sem abrir mão das filmagens do programa. Assim, num final de semana, as duas partem para a Flórida, onde aconteceria uma grande convenção de terror, a ShiverCon. Seria uma ótima oportunidade se elas conseguissem um contrato com uma grande emissora e tudo dependeria de uma reunião que Delia organizou com um produtor, que não tem nada de convencional.

Narrado em primeira pessoa, com capítulos que se alternam entre os pontos de vista das duas protagonistas, o livro traz uma história sobre amizade doida e verdadeira, e a vontade de lutar pelos sonhos. Ao comparar este com os dois livros anteriores do autor, percebi que essa história é mais positiva, mais leve e divertida, enquanto os outros seguem pelo lado mais sério do emocional. Embora seja uma história sobre adolescentes e para adolescentes, o tom desta destoa um pouco e isso me causou um leve estranhamento no começo, porque eu acho que esperava mais sentimento e menos humor. E o humor nesse livro foi um problema pra mim, pois as piadinhas e o sarcasmo das meninas não me fizeram rir nem um pouco. Desde as primeiras páginas achei esse humor forçado demais, deixando a história com um tom abestalhado, e foram poucos os trechos que conseguiram arrancar um sorriso no cantinho da minha boca. Outro problema pra mim foi que só conseguia distinguir as vozes das personagens e saber qual era o ponto de vista da vez porque o nome delas vem no topo da página do capítulo, caso contrário seria impossível pra mim. Não vi diferença nenhuma que mostrasse quem era quem só pela narrativa. Além disso, não consegui identificar nenhum momento grandioso ou significativo o bastante para uma ligação emocional que deveria ser tão forte como o autor quis mostrar para torná-las melhores amigas, e se houve algo do tipo, me perdi totalmente.

Fora isso, não nego que o autor tem uma habilidade única quando o assunto é falar sobre sentimentos, angústias e receios sobre essa fase da vida, e suas personagens acabam sendo muito genuínas, como se fossem um retrato da vida como ela é. De um lado temos Josie, que tem a vida um tanto fácil e confortável por vir de uma família rica e, talvez por isso, é bastante antipática. Todas as facilidades que ela poderia ter pra se dar bem na vida estão em suas mãos, e ela não parece entender muito bem quando alguém não tem o que ela tem, mas, a medida que as coisas vão acontecendo envolvendo alguns grupos sociais, ela acaba tentando mudar de atitude pois passa a enxergar que o mundo não é tão cor-de-rosa assim.

De outro lado temos Delia, que é totalmente o oposto de Josie. Ela sente falta do pai e tem que lidar não só com as consequências desse abandono e dessa rejeição, como também com a mãe instável e depressiva, que vive a base de remédios numa tentativa de manter a própria sanidade. A vontade de reencontrar o pai é tanta que ela deposita todas as suas forças e esperanças nesse projeto, esperando que ele retorne. Ela se sente prejudicada, se sente triste e as vezes despeja suas frustrações em quem não tem nada a ver, mas ela tem capacidade pra reconhecer seus erros e está disposta a melhorar.

Dessa forma, por mais que eu concorde ou discorde de alguma atitude, ou não tenha sentido tanta simpatia assim (principalmente por Josie), eu ainda torcia por elas (mesmo que eu quisesse meter a mão em Josie as vezes) e acho que uma história pra ser boa, deve mexer com a gente desse jeito.

No mais, Sessão da Meia-Noite com Rayne e Delilah traz uma mensagem muito válida e bonita, e mostra que seguir nossos sonhos é uma tarefa difícil, às vezes parece impossível, e muitas vezes requer sacrifícios que nem sempre estamos dispostos ou prontos pra fazer. O mais importante dessa vida é dar valor a quem está perto da gente e tem algo a acrescentar, e não correr atrás de quem partiu e deixou apenas um vazio.

Juntos Somos Eternos - Jeff Zentner

22 de dezembro de 2018

Título: Juntos Somos Eternos
Autor: Jeff Zentner
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem Adulto/Drama
Ano: 2018
Páginas: 344
Nota:★★★★★
Sinopse: Dill não é um garoto popular na escola - e não é culpa dele. Depois de seu pai se envolver em um escândalo, o garoto se tornou alvo de piadas dos colegas e passou a ser evitado pela maioria das pessoas na cidadezinha onde mora. Felizmente, ele pode contar com seus melhores amigos, Travis e Lydia, que se sentem tão excluídos ali quanto ele. Assim que os três começam o último ano do ensino médio, mudar de vida parece um sonho cada vez mais distante para Dill. Enquanto Travis está feliz em continuar no interior e Lydia pretende fazer faculdade em uma cidade grande, Dill carrega o peso das dívidas que seu pai deixou para trás. Só que o futuro nem sempre segue nossos planos - e a vida de Dill, Travis e Lydia está prestes a mudar para sempre.

Resenha: Com o ensino médio chegando ao fim, Dill, Travis e Lydia começam a pensar nas mudanças de suas vidas: dilemas com o curso a fazer na faculdade, e como suas escolhas vão afetar suas vidas começaram a surgir. Travis parece não querer sair do seu mundinho, Lydia tem sonhos de ir embora pra cidade grande, e Dill carrega um peso enorme por algo que ele não fez. Mas juntos, os três amigos vão ser capazes de se apoiarem para superar os problemas...

Quando eu peguei o livro e li a sinopse, já imaginei fui imaginando uma trama super clichê e previsível, mas me surpreendi quando me deparei com uma história sobre como três melhores amigos, muito unidos, deram conta de enfrentar e superar seus problemas.
A narrativa é em terceira pessoa com foco em Dill, Travis e Lydia, e começa de uma forma bem lenta e sem nada muito interessante acontecendo. A vida dos personagens vai sendo exposta devagar e por serem adolescentes comuns, com vidas aparentemente normais, é perfeitamente possível nos colocarmos em seus lugares. Até os dramas bem delicados de suas famílias começarem a surgir, e as coisas começarem a ficar mais difíceis e intensas.

Talvez eu tenha me conectado e me surpreendido com essa história por que uma das coisas que ela deixa bem claro é a importância da amizade, de manter os amigos verdadeiros por perto e como o apoio deles é importante. Sabe aquela sensação de sentir que tudo está dando errado, mas com amigos é mais fácil suportar? Foi o que senti enquanto estava lendo esse livro, e depois de pensar por algum tempo, passei a valorizar ainda mais os amigos que tenho.

Depois que o pai de Dill foi preso, o escândalo foi enorme e ele passou a ser rejeitado pela maioria dos colegas da escola, como se ele tivesse alguma culpa pelo que seu pai fez. Ele é um menino muito gentil e legal, mas é oprimido frequentemente pela mãe, uma fanática religiosa maluca que sempre o acusava de agir contra os ensinamentos e a vontade divina. Esses fatores acabaram sendo a causa do abalo psicológico de Dill.
Travis também enfrenta vários problemas com o pai, que é muito agressivo e abusivo, e isso faz com que ele procure refúgio em seus livros, como forma de sair dessa realidade que o machuca.
Lydia, diferente dos garotos, é uma blogueira de moda e seu sonho é fazer faculdade numa cidade grande. De início ela aparece como uma menina muito mimada, arrogante e cheia de vontades, como se achasse que ser "famosa" a colocasse num tipo de pedestal acima dos outros, mas com o desenrolar da trama e com a proximidade com Dill e Travis, ela começa a perceber o quanto estava sendo ridícula e começa a mudar.

Posso dizer que Juntos Somos Eternos foi um dos melhores livros que já li. É um livro com seus momentos repletos de dor, e sobre as verdades que evitamos e são difíceis de enfrentar (e em alguns momentos cheguei a chorar), mas a mensagem sobre amizade, esperança e sobre a existência de algo maior do que nós é linda, dá um quentinho no coração, arranca aquele sorriso discreto no cantinho da boca e fica na memória pra sempre.

Dias de Despedida - Jeff Zentner

27 de janeiro de 2018

Título: Dias de Despedida
Autor: Jeff Zentner
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Jovem Adulto
Ano: 2017
Páginas: 392
Nota:★★★★★
Sinopse: "Cadê vocês? Me respondam."
Essa foi a última mensagem que Carver mandou para seus melhores amigos, Mars, Eli e Blake. Logo em seguida os três sofreram um acidente de carro fatal. Agora, o garoto não consegue parar de se culpar pelo que aconteceu e, para piorar, um juiz poderoso está empenhado em abrir uma investigação criminal contra ele. Mas Carver tem alguns aliados: a namorada de Eli, sua única amiga na escola; o dr. Mendez, seu terapeuta; e a avó de Blake, que pede a sua ajuda para organizar um “dia de despedida” para compartilharem lembranças do neto. Quando as outras famílias decidem que também querem um dia de despedida, Carver não tem certeza de suas intenções. Será que eles serão capazes de ficar em paz com suas perdas? Ou esses dias de despedida só vão deixar Carver mais perto de um colapso — ou, pior, da prisão? 

Resenha: Carver, Mars, Eli e Blake formam a Trupe do Molho. Os quatro garotos são melhores amigos, inseparáveis, estudam juntos e passam tempo se divertindo como nunca. Numa tarde, os amigos iam buscar Carver no trabalho, e enquanto esperava, o garoto enviou uma mensagem de texto perguntando onde eles estavam. Mas no caminho, os garotos sofrem um acidente de carro fatal.
Como se a tragédia já não tivesse abalado a vida de Carver o bastante, as coisas pioram quando o celular de Mars é encontrado com uma mensagem incompleta em resposta à de Carver, indicando que o acidente aconteceu devido a distração com o celular. Agora, Carver está sendo culpado pelas famílias de Mars e Eli por ter causado o acidente, e elas querem que o garoto pague pelo crime que cometeu.
Com o início do ano letivo, Carver precisa voltar para a escola e lidar com todos os sentimentos que o atormentam desde o acidente. Sentir falta dos amigos, sentir a pior culpa que o corrói por dentro pelo ocorrido, e ainda estar apavorado com a ideia de ser preso com a investigação que o pai de Mars quer abrir contra ele, desencadeia no garoto constantes ataques de pânico.
Mas Carver não está sozinho nessa. Sua família está do seu lado, principalmente sua irmã, Georgia, assim como Dr. Mendes, seu terapeuta; Jesmyn, que foi namorada de Eli e agora a única amiga que Carver tem na escola; e vovó Betsy, a avó de Blake que quer ajuda do garoto para organizar o Dia da Despedida. A ideia é que Carver a acompanhe durante um dia inteiro de atividades que ela gostava de fazer com o neto para compartilharem as lembranças dele, e também como forma de se despedir.
O que Carver não esperava era as famílias de Mars e Eli também quererem o Dia de Despedida, e o problema era o garoto não saber quais as suas intenções. E com os ataques de pânico que anda sofrendo, será que diante desta situação o garoto conseguirá lidar com suas piores emoções?

Narrado em primeira pessoa, acompanhamos Carver contando tudo o que se passa após o acidente dos amigos, assim como os flashbacks dos momentos super divertidos, animados e alguns até emocionantes que eles passavam juntos desde a criação da Trupe do Molho. O autor também aproveita a oportunidade para inserir no enredo temas bastante relevantes, como o machismo, a homossexualidade, o racismo e afins de forma a acrescentar algo a que se pensar, e a forma como foi colocado não poderia se encaixar melhor.
A morte como tema central pode fazer com que os leitores pensem que o livro é difícil, mas a forma como a história é contada, tão leve e delicada, torna tudo bem agradável, reflexivo e até arranca algumas risadas, mas não deixa de evidenciar a questão da culpa nesses casos trágicos e fatais, como se apontar um culpado fizesse parte do ser humano, e como puni-lo de alguma forma promove um certo alívio. Mas as reflexões não giram em torno somente da culpa em si, mas também da amizade, da família e do quanto passar bons momentos ao lado daqueles que amamos são importantes.

A história da Trupe do Molho é linda, mostra como a amizade verdadeira é valiosa, e que as boas lembranças podem ser bem maiores do que as ruins.
A aproximação de Carver com Jesmyn acaba intensificando a amizade entre eles, e algo mais começa a nascer dalí. Em certo momento comecei a sentir um leve destoar de rumo, pois mesmo que ela tenha sido uma das peças chave para ajudar o garoto na superação da tragédia, e vice-versa, o romance como forma de "escape" não me desceu muito bem considerando o contexto, mas não foi algo tão negativo. Talvez tenha sido até bem realista, afinal, as pessoas são diferentes e encontram conforto e ajuda onde menos se espera.

O livro também é cheio de frases de impacto que se encaixam com o tema e com a proposta de trazer reflexão sobre tais dilemas, logo esse é aquele tipo de livro que vai ficar cheio de marcações ou post-its para que possamos sempre ler e reler essas passagens tão significativas.
"Nossa mente busca causa e efeito porque isso sugere uma ordem no universo que talvez não exista, mesmo se você acreditar em algum poder superior. Muita gente prefere aceitar uma parcela indevida de culpa por alguma tragédia do que aceitar que não existe ordem nas coisas. O caos é assustador. É assustasora uma existência inconstante em que coisas ruins acontecem a pessoas boas sem nenhum motivo lógico."
- Pág. 229
Dias de Despedida é um relato emocionante sobre o luto, a culpa, os "se's", a dor, a saudade mas também sobre a superação. Superar uma perda tão difícil não é nada fácil, principalmente quando se tem dezessete anos e a vida inteira pela frente, e por mais complicado que seja, é preciso seguir adiante.