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Meia Guerra - Joe Abercrombie

2 de fevereiro de 2018

Título: Meia Guerra - Mar Despedaçado #3
Autor: Joe Abercrombie
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia
Ano: 2018
Páginas: 368
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Apenas meia guerra é travada com espadas.
A outra metade é travada com palavras.
A princesa Skara vê todos os que ama morrerem na sua frente e o seu palácio ser consumido pelas chamas. Tudo o que lhe resta são palavras... Mas palavras podem ser tão letais quanto armas. Disposta a se vingar, ela enfrenta seus medos e aguça a inteligência, indo atrás de pai Yarvi.
O ministro de Gettland já percorreu um longo caminho desde a escravidão, fazendo aliados entre antigos rivais e estabelecendo uma paz instável. Porém, agora, a cruel avó Wexen arregimenta o maior exército desde que os elfos guerrearam contra a Divindade Única e põe Yilling, o Brilhante, como seu comandante – um homem que venera apenas a Morte.
Skara pode ser a peça que faltava para forjar de vez a aliança entre Gettland e Vansterland, alicerçada na fortaleza de seus antepassados, pronta a enfrentar a fúria do Rei Supremo. Nessa guerra, ela contará com o apoio de uma ministra inexperiente, mas leal, e de um matador imprudente que espera superar fantasmas de antigos conflitos sangrentos.

Resenha: Nos livros anteriores, Meio Rei e Meio Mundo, acompanhamos a jornada dos dois personagens principais da trama: Yarvi era um jovem que além de sofrer preconceito por possuir uma deficiência física, o que o fazia ser considerado como um "meio homem", ainda perdeu o direito de ocupar seu lugar ao trono após um golpe. Yarvi embarcou numa grande saga até se deparar com a jovem Thorn, uma garota com espírito livre e destemida que não se submetia aos caprichos de homem nenhum. Quando a inteligência de Yarvi complementa a força e a coragem de Thorn, a busca pela justiça tem início, mesmo num mundo onde as guerras predominam.

Neste volume, conhecemos Skara, uma jovem princesa que vê sua família ser assassinada e seu palácio ser consumido pelo fogo a mando do Rei Supremo. Desprovida de armas, Skara, muito inteligente e astuta, só tem suas palavras como recurso, e ela acaba conseguindo fugir e ir de encontro a pai Yarvi, que também havia sido prejudicado pelas mesmas pessoas que destruíram sua vida. Ao se tornar sua aliada, ela planeja reconstruir seu reino e vingar a morte de sua família.

Seguindo o estilo dos livros anteriores, a narrativa é feita em terceira pessoa, continua bastante fluída e com ação e drama necessários para manter o leitor preso à leitura. Os personagens são fortes, enfrentam situações que os levam ao extremo, e o autor ainda não poupa esforços ao inserir grandes toques de feminismo e sua importância pela visão das personagens femininas em meio à trama.
Porém, por mais que o livro funcione de forma individual, no contexto geral e levando os livros anteriores em consideração, ele não foi tão satisfatório quanto eu gostaria e acabou não superando minhas expectativas. A sensação é de que o autor não foi capaz de equilibrar tudo que ele trouxe à tona anteriormente com o que foi apresentado neste volume, e não digo isso só por causa dos personagens, mas também por algumas cenas, principalmente as de morte, que deveriam ser momentos épicos mas são fraquíssimas, sem muitos detalhes, outras totalmente inexplicáveis, e quebram a empolgação de qualquer leitor.

Apesar destes pequenos detalhes, eu gostei da forma como a ideia da política foi conduzida, pois quando se está sob domínio de um rei tirano e sua ministra implacável que só oprimem o povo, as coisas tendem a seguir pelo caminho da revolução pois ninguém consegue tolerar tantas injustiças assim. Cabe aos protagonistas de cada volume, Yarvi, Thorn e Skara, se unirem, porém aprendendo a lidar uns com os outros, para darem um fim nessa era de terror.

Yarvi teve um arco bastante complexo e tudo o que passou ajudou na construção de sua personalidade e no homem que ele se tornou, porém o autor decidiu desconstruí-lo e transformá-lo em alguém bastante diferente do esperado, e confesso não ter ficado satisfeita ao me deparar com um Yarvi mau caráter, vingativo e odioso que usa e abusa da manipulação da forma mais inescrupulosa que se possa imaginar para conseguir o que quer. E eu não encontrei quaisquer explicações que justificassem essa mudança de forma convincente.
Thorn, que fora uma personagem incrível no segundo livro, acabou não sendo mais do que um artifício utilizado para provocar mortes nos momentos mais convenientes da história, fora isso não tem arco e nem maiores utilidades, o que foi uma pena visto que ela era a personagem que eu mais gostava.
Skara demora a despertar algum sentimento no leitor. Ela é morna e sem muitos atrativos e só começa a mostrar sua importância no fim, mas não nego que achei bastante interessante e diferente a ideia de que ela usa as palavras como arma, e quando Skara é forçada a empunhá-las para se vingar de seu avô e de seu povo é impossível não se empolgar.

Enfim, não digo que a trilogia seja ruim ou dispensável, muito pelo contrário. A história tem uma trama política bastante complexa, diálogos inteligentes, é cheia de ação e fantasia, e pra quem gosta de batalhas sangrentas e brutais, assim como vilões marcantes e sombrios com certeza vai curtir. A ideia de que é possível ser corrompido quando há poder em jogo é super interessante, assim como nem sempre justiça ou vingança são feitas da forma como deveriam, principalmente quando esses conceitos são confundidos, porém o desenvolvimento e o desfecho dado pelo autor, tanto para os personagens quanto para a questão da guerra, apesar de previsível, passaram longe do final épico que eu imaginava quando iniciei a trilogia.

Meio Mundo - Joe Abercrombie

22 de março de 2017

Título: Meio Mundo - Mar Despedaçado #2
Autor: Joe Abercrombie
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia
Ano: 2017
Páginas: 368
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas | Amazon
Sinopse: Thorn Bathu não é uma garota comum. Mesmo tendo sido criada numa sociedade machista, ela vive para lutar e treina arduamente há anos. Porém, após uma fatalidade, ela é declarada assassina pelo mesmo mestre de armas que deveria prepará-la para as batalhas.
Para fugir à sentença de morte, Thorn se vê obrigada a participar de um esquema do ardiloso pai Yarvi, ministro de Gettland. Ao lado dela se encontra Brand, um guerreiro que odeia matar, mas encara a jornada como uma chance de sustentar a irmã e conquistar o respeito de seu povo.
A missão dos dois é cruzar meio mundo a bordo de um navio e buscar aliados contra o Rei Supremo, que pretende subjugar todo o Mar Despedaçado. É uma viagem desafiadora, em que Brand precisa provar seu valor e Thorn fará o necessário para honrar a memória do pai e se tornar uma verdadeira guerreira.

Resenha: Meio Mundo é o segundo volume da trilogia Mar Despedaçado escrita pelo autor inglês Joe Amercrombie. O livro foi publicado no Brasil pela Editora Arqueiro.

Thorn Bathu não é igual as outras garotas de Gettland. Ela não tem interesse pela vida de mulherzinha submissa que muitas se prestam, para o desgosto de sua mãe. Se casar ou cuidar da aparência são coisas que passam longe de seus pensamentos e tudo o que ela mais sonha é se tornar uma guerreira como seu pai fora e ainda vingar sua morte, mas vivendo num mundo extremamente machista, isso não seria tão fácil assim. Durante um treinamento, Thorn acaba matando de forma acidental um dos seus colegas, e isso faz com que ela seja julgada como uma assassina cuja sentença é ser apedrejada até a morte. Mas, com a ajuda de Brand e de Pai Yarvi, ela consegue escapar desse destino, e por ter tido a vida salva, ela faz um juramento para serví-lo.
Graças a Yarvi, os destinos de Thorn e Brand se cruzam, e ele se aproveita disso para conseguir mais aliados através de uma viagem que os fará percorrer meio mundo para adentrar numa guerra contra o Rei Supremo a fim de salvar Gettland. De um lado está Thorn, tocada pela Mãe Guerra, que fará de tudo para se tornar uma guerreira forte e honrar o pai, e do outro está Brand, que reluta quando o assunto é matar e não quer se desviar do caminho da luz.

Antes de mais nada, vale ressaltar que o primeiro livro, Meio Rei, traz a história de Yarvi e tudo pelo que o jovem passou até se transformar no homem que nos é apresentado neste segundo livro. Como tudo da trama se passa no mesmo universo, alguns personagens já conhecidos estão presentes, mas não possuem o mesmo destaque que tiveram anteriormente já que o foco é um novo grupo. Então, por mais que Meio Mundo traga personagens novos e principalmente uma outra protagonista criado um novo arco, não acho que o livro seja tããão independente assim, mesmo que ainda possa ser lido sozinho, pois a falta do primeiro vai causar aquela sensação de que perdemos alguma coisa, ou ainda tornar um pouco incompreensível a busca por determinados objetivos que os personagens traçaram.

Narrado em terceira pessoa, a escrita do autor continua fluída e com doses ainda maiores de ação. O foco fica sobre Thorn e Brand e isso acaba permitido que o leitor tenha uma visão diferente dos personagens do livro anterior, principalmente de Yarvi.
Thorn é aquele tipo de personagem que cresce e se torna muito forte com com as experiências que vai adquirindo ao longo de sua jornada, e ela não tem medo de sujar as mãos de sangue se a ocasião exigir isso... Em contrapartida, Brand equilibra a história diante desse espírito guerreiro de Thorn, pois ele sempre visa a bondade e a paz, e mesmo que não goste, ele não foge da luta quando se depara com uma.
Não vou dar muitos detalhes sobre Yarvi para evitar spoilers, mas posso dizer que enquanto no primeiro livro o leitor se deparou com uma história de dor, inseguranças e muitas lutas, aqui o personagem usa sua inteligência e esperteza a favor dos seus objetivos e se mostra um completo badass. Ele é um personagem forte, cheio de camadas e ainda consegue ser engraçado e reservar várias surpresas...

A capa segue no mesmo padrão da série e traz os personagens principais com Thorn a frente como a verdadeira guerreira que é. Assim como no livro anterior, os capítulos possuem títulos, as páginas são amarelas e não percebi erros na revisão.

Pra quem procura por uma história de fantasia que envolve batalhas e heróis, mas, acima de tudo, que evidencia a amizade verdadeira e até onde é possível alguém ir a fim de provar seu valor, é leitura mais do que indicada.

Meio Rei - Joe Abercrombie

21 de março de 2017

Título: Meio Rei - Mar Despedaçado #1
Autor: Joe Abercrombie
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia
Ano: 2016
Páginas: 288
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas | Amazon
Sinopse: Filho caçula do rei Uthrik, Yarvi nasceu com a mão deformada e sempre foi considerado fraco pela família. Num mundo em que as leis são ditadas por pessoas de braço forte e coração frio, ser incapaz de brandir uma espada ou portar um escudo é o pior defeito de um homem.
Mas o que falta a Yarvi em força física lhe sobra em inteligência. Por isso ele estuda para ser ministro e, pelo resto da vida, curar e aconselhar. Ou pelo menos era o que ele pensava.
Certa noite, o jovem recebe a notícia de que o pai e o irmão mais velho foram assassinados e não lhe resta escolha a não ser assumir o trono. De uma hora para outra, ele precisa endurecer para vingar as duas mortes. E logo sua jornada o lança numa saga de crueldade e amargura, traição e cinismo, em que as decisões de Yarvi determinarão o destino do reino e de todo o povo.

Resenha: Meio Rei é o primeiro volume da trilogia Mar Despedaçado escrita pelo autor inglês Joe Amercrombie. O livro foi publicado no Brasil pela Editora Arqueiro.

Yarvi é príncipe de Gettland, filho mais novo do rei Uthrik e, por ter nascido com uma deformidade em uma das mãos, não é considerado um homem inteiro, mas sim "meio", por não ser capaz de brandir uma espada e não ter a força física necessária por aqueles que ditam as regras e são considerados fortes. Ele sempre foi desprezado pelo pai e sempre foi alvo de piadas por não ser um verdadeiro guerreiro, mas sim um meio filho, como se jamais fosse estar a altura do pai ou do irmão mais velho.
Embora Yarvi tenha esse defeito, ele é um jovem inteligente e que possui conhecimentos relacionados a cura, ervas e afins, logo herdar o trono nunca foi algo que o interessou. Yarvi quer ser ministro, um tipo de conselheiro do rei, que serve ao Pai Paz em vez da Mãe Guerra. Porém, prestes a fazer o teste para se tornar ministro, Yarvi recebe a notícia de que seu pai e seu irmão foram mortos durante uma emboscada e, consequentemente, ele deveria assumir o trono e todas as responsabilidades que o irmão teria, inclusive seu casamento arranjado, mas, quando decide que iria vingar a morte dos dois, Yarvi acaba sendo traído, e as provações pelas quais o jovem irá passar serão fatores cruciais para que ele faça escolhas que irão traçar o destino de todo o reino.

Narrado em terceira pessoa, acompanhamos uma história de dor e muita luta com personagens complexos e que são movidos não só pela coragem, mas pela forma de pensar, mesmo que seus sentimentos sejam totalmente conflitantes diante da situação em que se encontram.
Eu gostei de Yarvi pois é possível aprender com ele que os maiores e melhores exemplos partem de uma história difícil, e com ele não foi diferente. E não só pelo fato de ele ter uma deficiência que faz com que ele se comporte de forma mais humana e realista, passando por dificuldades maiores devido a essa limitação e aprendendo com os próprios erros. Ele precisou desistir de todos os seus planos para herdar um trono que não queria, e tudo o que passou, por mais injusto que tenha sido, serviu para que ele crescesse não só como pessoa, mas como o verdadeiro líder que ele nasceu pra ser, embora tenha sido desacreditado disso a vida inteira.
Os demais personagens também são fundamentais para o desenrolar da história, a ambientação é rica e detalhada sem muitos excessos e o universo de forma geral traz questões como política, religião e afins, que são relevantes para a época fazendo toda a diferença por estarem lá.

Posso dizer que não foram só as grandes reviravoltas e a total imprevisibilidade sobre os personagens eu me agradaram na trama de forma geral, mas também a forma como o autor não tratou as personagens femininas de forma unilateral, mas sim, deu a elas características que, geralmente - e levando em consideração a época medieval -, são voltadas a personagens masculinos, e mostrou que elas também podem ser fortes, corajosas, inteligentes e destemidas deixando qualquer machão no chinelo. E mesmo a trajetória de Yarvi sendo o foco principal da história, elas não ficam ofuscadas já que se destacam e possuem um papel essencial, independente do que façam ou onde e com quem estejam.

O projeto gráfico do livro também é simples mas chama bastante atenção. A capa condiz com a história e o detalhe em verniz no título o destaca do fundo escuro.
Os capítulos possuem títulos em vez se serem numerados e são curtos, e isso colabora ainda mais pra fluidez da leitura que acaba sendo feita de forma bem rápida.

No mais, Meio Rei é um misto de fantasia com ação, trazendo uma trama inteligente e que mantém o leitor preso da primeira a última página. Super recomendo!