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Sem Coração - Marissa Meyer

20 de junho de 2019

Título: Sem Coração
Autora: Marissa Meyer
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Fantasia/Jovem adulto/Releitura
Ano: 2018
Páginas: 416
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Catherine era uma das garotas mais desejadas do País das Maravilhas e a favorita do ainda solteiro Rei de Copas, mas seus interesses eram outros. Por seu talento na cozinha, ela só queria abrir uma confeitaria em sociedade com sua melhor amiga e oferecer ao Reino de Copas os mais deliciosos doces e bolos.
Porém, de acordo com sua mãe, era uma ideia inaceitável para a jovem que poderia ser a próxima rainha. Em um baile real em que o rei pretende pedi-la em casamento, Cath conhece Jest, o belo e misterioso bobo da corte. Pela primeira vez, sente a força da pura atração. Mesmo correndo risco de ofender o rei e contrariar os pais, ela e Jest iniciam um relacionamento intenso e secreto.
Cath está determinada a escolher o próprio destino e se apaixonar nos seus próprios termos. Mas em uma terra repleta de magia, loucura e monstros, o destino tem outros planos...

Resenha:  Pra quem gosta de releituras de fantasias clássicas, principalmente no que diz respeito ao universo das princesas e outras personagens icônicas da literatura, Marissa Meyer é autora mais do que indispensável. Depois de ter sido fisgada com a série Crônicas Lunares, não consegui resistir quando soube do lançamento de Sem Coração, que contaria a história das origens daquela que se tornou a impiedosa Rainha de Copas. Como não ficar com as expectativas nas alturas?

Assim, acompanhamos a jovem Catherine Pinkerton, uma garota literalmente doce e sonhadora, uma confeiteira de mão cheia, que queria abrir uma confeitaria com sua melhor amiga, Mary Ann, e viver todas as emoções de um primeiro amor um dia. Porém, sua mãe não aceita que ela siga seus sonhos. Por Cath ser desejada pelo Rei de Copas, seu destino é ser rainha, mesmo que contra sua vontade. E durante um baile onde ela seria pedida em casamento pelo Rei, ela conhece o Bobo da Corte, Jest, e a atração entre os dois é inevitável, mas escolher seu próprio destino não é algo que Cath possa fazer.

Partindo dessa premissa, vamos acompanhando o processo de transformação de Cath, uma garota doce e gentil, se tornando alguém muito cruel devido a tudo que precisou enfrentar, e que foi impedida de ser e fazer o que mais queria de sua vida: ser feliz.

No início, a autora se dedica a apresentar e construir os personagens, com suas características particulares e personalidades únicas, assim como detalhar (de forma bastante cansativa e repetitiva) cada pedacinho ou aroma dos doces e bolos divinos feitos por Cath, e até as roupas que todos usam, e eu demorei muuuito pra avançar a leitura até, mais ou menos, a metade do livro, pois tudo estava se arrastando demais e nada me deixava empolgada pra continuar. Foi um século pra conseguir ler a metade, e a outra metade eu li num pulo só. Depois percebi que foi um artifício importante para situar o leitor nesse universo, e contextualizar personagens e suas condições para que a história continuasse sendo desenvolvida com a devida maestria até seu desfecho que, embora já esperado, não deixa de surpreender. Muitas cenas são chocantes, muitos personagens nos decepcionam profundamente e acabam mostrando que o destino pode, sim, mudar de acordo com atitudes infelizes e escolhas erradas que são tomadas por ambição ou ganância, mas talvez sejam essas reviravoltas dolorosas que tornaram a história única e com elementos que justificam o destino da protagonista e o desfecho do livro. Por mais horrível e triste que seja, conseguimos entender o que, de fato, motivou Cath a se tornar alguém tão amarga, tão vingativa e cruel. Nem sempre vamos ter um felizes para sempre, e isso não significa que a história não seja marcante ou digna de admiração.

A história é cheia de referências ao universo de Alice no País das Maravilhas, e quando personagens já conhecidos dão o ar da graça, como o Gato Cheshire, o Chapaleiro Maluco, o Coelho Branco, e outros, é impossível não sentir aquela satisfação por já termos uma certa familiaridade com eles.

No mais, Sem Coração é um livro que arrasa nosso emocional, seja por fazer com que saibamos que existem situações terríveis e dolorosas o bastante para transformar alguém tão doce em alguém tão amarga, como mostrar que, talvez, o fascínio por corações de copas espalhados pelo reino seja um reflexo para projetar o que ela perdeu: seu coração.

A Ascensão do Mal - Danielle Paige

12 de janeiro de 2018

Título: A Ascensão do Mal - Dorothy Must Die #2
Autora: Danielle Paige
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Fantasia/Jovem Adulto/Releitura
Ano: 2017
Páginas: 240
Nota:★★★★☆
Sinopse: Meu nome é Amy Gumm - e eu sou a outra garota do Kansas.
Depois que um tornado destruiu o estacionamento de trailers onde eu morava, acabei indo parar um Oz.
Mas não era a Oz que eu conhecia dos livros e filmes.
Dorothy tinha retornado, mas agora era uma ditadora implacável. Glinda não podia mais ser chamada de Bruxa Boa. E as bruxas do mal que sobraram? Unram Forças para criar a Ordem Revolucionária das Malvadas e queriam me recrutar.
Minha missão? Matar Dorothy.
Só que minha tarefa de assassina não saiu conforme planejado. Dorothy ainda está viva. A Ordem desapareceu. E o lar que eu tanto queria deixar para trás pode estar em perigo.
De algum jeito, numa terra distorcida e dividida, preciso encontrar a Ordem, proteger a verdadeira soberana de Oz, matar Dorothy e seus capangas - e tentar descobrir o que eu realmente estou fazendo aqui. Mas, num lugar onde a linha entre o bem e o mal se desloca de acordo com a rajada do vento, em quem afinal eu posso confiar?
E quem é realmente do mal?
Resenha: O mundo de Oz mudou... Dorothy, obcecada pelo poder, se tornou uma governante cruel que sugava a magia do lugar para si. Isso precisava ter um fim...
Quando Amy Gumm, outra garota do Kansas, é sugada por um tornado e levada a Oz, ela é recrutada pela Ordem Revolucionária das Malvadas para salvar o mundo. Para isso ela deveria matar Dorothy e seus fieis capangas - o Homem-de-Lata, o Leão e o Espantalho -, enfrentando perigos, desvendando segredos, e descobrindo verdades sobre sua própria história.

Mas Amy falhou em sua missão, e por muito pouco conseguiu ser salva da morte por seus mais novos amigos. Agora, os membros da Ordem desapareceram e Amy não sabe para onde ir. O problema agora é ser caçada por Dorothy e sua perversa aliada, Glinda, mas não se Amy encontra-las primeiro, ela só precisa de ajuda. Assim, ela parte em busca da Ordem ao mesmo tempo em que tenta reverter o que aconteceu com Ozma, a melhor governante que Oz já viu... Com o coração do Homem-de-Lata em mãos, resta conseguir o coração do Leão e o cérebro do Espantalho para dar continuidade em sua arriscada missão e livrar Oz, o lugar que se tornou seu lar, da tirania.

Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Amy, a autora nos conduz por esse universo mágico e curioso, onde as perguntas vão sendo gradualmente respondidas a medida que a protagonista progride em seus objetivos. Enquanto o primeiro volume tinha um ritmo intenso no que diz respeito aos acontecimentos, neste segundo, mesmo que nos deparemos com conspirações secretas, perseguições alucinantes e batalhas sangrentas, as coisas fluem um pouco mais devagar. A autora se preocupa em descrever todos os detalhes do que compõe o mundo mágico de Oz e isso torna a leitura um pouco enfadonha devido ao excesso.

O que pra mim foi um problema, e que quebrou muito desse clima, foi Amy constantemente divagando sobre suas inseguranças, vivendo um dilema meio sem sentido com relação a se deixar corromper pelo atual sistema de Oz, um romance forçado e que não tinha a menor necessidade de existir, e sua falta de direção quando ela sabia que tinha coisas importantes a serem resolvidas. Mas a medida que a história avança ela se torna mais confiante e arregaça as mangas para fazer o que era preciso, ou pelo menos tentar, que é salvar seu lar. E pra isso ela só pode confiar em si mesma já que ninguém parece ser o que aparenta... Mas gostei bastante das informações acerca do motivo de Amy ter ido para Oz e a ligação desse mundo com o estado do Kansas.

No mais, pra quem gosta de uma aventura cheia de fantasia com toques sombrios, vai curtir a leitura da série. Por mais que o desenvolvimento de A Ascensão do Mal seja um pouco mais lento do que o livro anterior, a ideia de acompanhar Amy num cenário tão rico e curioso já vale a leitura.

Archie Greene e o Segredo dos Magos - D.D. Everest

13 de dezembro de 2017

Título: Archie Greene e o Segredo dos Magos - Archie Greene #1
Autor: D.D. Everest
Editora: Rocco Jovens Leitores
Gênero: Fantasia/Infantojuvenil
Ano: 2017
Páginas: 260
Nota:★★★★★
Sinopse: No seu aniversário de 12 anos, Archie Greene recebe um pacote misterioso de um homem que ele não conhece; um pacote contendo um livro antigo escrito numa língua que ele não consegue identificar. Ele não faz ideia de que está prestes a descobrir um mundo em que estantes de livros são encantadas, bibliotecários são magos e feitiços ganham vida.
Logo Archie se torna um aprendiz de restaurador para os Guardiões da Chama, um grupo devotado a encontrar e preservar livros mágicos. Com a ajuda de seus primos, Amora e Cardo, Archie tenta desvendar o mistério por trás do presente enigmático, mas começa a perceber que o livro é muito mais poderoso do que imaginava.

Resenha: Archie Greene é um garoto órfão criado pela avó. Eles vivem felizes, mesmo que sejam pobres. Quando Archie completa doze anos, ele recebe um livro bastante suspeito de presente de um homem misterioso que ele não conhece. Um livro que havia quatrocentos anos que estava guardado... A capa de couro velha, o cheiro de queimado, o idioma desconhecido e um símbolo misterioso tornam o livro o início de uma viagem incrível até Oxford, onde Archie, junto com Amora e Cardo, os primos que ele acabou de descobrir que existem, vão descobrir que livros mágicos existem e são procurados e preservados pelos Guardiões da Chama num enorme museu.
O livro que Archie ganhou é um mistério, e parece estar sendo procurado por alguém com planos nada agradáveis... Qual será o segredo por trás deste presente?

As primeiras páginas do livro trazem informações sobre os tipos de magia que existem, assim como as habilidades de um aprendiz e os mandamentos da prudência mágica, que funcionam como leis para o universo que o autor criou.
OS TRÊS TIPOS DE MAGIA

Magia Natural
A mais pura forma de magia vem de seres e plantas mágicos e das forças elementares da natureza, como o Sol, as estrelas e os mares.
Magia Mortal
É produzida pelo homem. Inclui instrumentos mágicos e outros dispositivos criados por magos para canalizar o poder mágico.
Magia Sobrenatural
O terceiro e mais sombrio tipo de magia usa o poder de espíritos e outros seres sobrenaturais.
A história é narrada em terceira pessoa, é cheia de elementos engraçados e tem muitos detalhes que deixam a leitura divertida e muito empolgante. É um universo rico em detalhes mas muito fácil de entender e gostar, o que fez com que eu considerasse o livro um dos meus favoritos.
O autor não deixa a desejar e entrega uma história empolgante, cheia de magia e aventuras, vivida por um herói muito simpático que faz descobertas incríveis e encantadoras.
Fiquei fascinada pela livraria encantada, onde os livros falam, tem sentimentos e mudam de lugar quando querem; pelas criaturas que saem das páginas e causam muita confusão; pelo museu escondido embaixo da Biblioteca e como as pessoas têm acesso a ele; e pelos personagens engraçados, excêntricos e que sempre estão em alguma situação cômica.
O desejo de explorar esse universo e descobrir mais sobre esse mundo faz com que Archie e seus primos embarquem numa pequena investigação que se transforma numa jornada mágica e incrível onde percebemos que livros são verdadeiros tesouros e que através deles Archie descobre ter um lugar especial no mundo.

Os capítulos são bem curtinhos (são 40 capítulos para 260 páginas), mas todos tem informações o bastante para manter nossa curiosidade para seguir para o próximo.
A capa ilustrada combina bem com a história e é muito bonita.

A história de Archie Greene pode até lembrar algumas coisas do universo de Harry Potter, mas tem elementos novos e muito divertidos que vão agradar e encantar leitores que gostam de fantasia, sem importar que idade tenham.

O Livro do Cemitério - Neil Gaiman

11 de dezembro de 2017

Título: O Livro do Cemitério - O Livro do Cemitério #1
Autor: Neil Gaiman
Ilustrador: P. Craig Russell
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: HQ/Fantasia/Jovem Adulto
Ano: 2017
Páginas: 192
Nota:★★★★★
Sinopse: Bestseller do The New York Times e premiado com as medalhas Newberry (EUA) e Carnegie (Reino Unido), o romance O livro do cemitério, do cultuado escritor Neil Gaiman, ganha versão em quadrinhos adaptada por P. Craig Russell. O livro é o primeiro de dois volumes que acompanham a trajetória de Ninguém Owens, ou Nin, um garoto como outro qualquer, exceto pelo fato de morar em um cemitério e ser criado por fantasmas. Cada capítulo nesta adaptação de Russell acompanha dois anos da vida do menino e é ilustrado por um artista diferente, apresentando uma variedade fascinante de estilos que dão ainda mais vida à atmosfera ao mesmo tempo afetuosa e sombria da história.

Resenha: O Livro do Cemitério, de Neil Gaiman, foi publicado em 2010, mas, agora no final de 2017, foi lançado numa adaptação em quadrinhos. A história foi dividida em dois volumes e, neste primeiro, conhecemos a história de Ninguém Owens, ou Nin, um bebê que conseguiu fugir de casa enquanto sua família foi assassinada por um homem frio e cruel chamado Jack.
Nin engatinhou até chegar ao cemitério próximo e lá passou a ser criado por um casal de fantasmas e protegido por Silas, um guardião misterioso e de aparência sombria, que persuadiu Jack a ir por outro caminho após seguir os rastros do menino.
O tempo passa e Nin cresce protegido pelo cemitério e pelos seres que lá habitam. Ele recebe a Liberdade do Cemitério, podendo transitar por onde quiser dentro dos limites do lugar, aprende a ler através das inscrições nas lápides, aprende que os mortos têm poderes especiais e faz alguns amigos improváveis que não se restringem a apenas fantasmas, mas viver confinado sem poder conhecer o que existe lá fora, devido aos perigos que o aguardam caso ele saia, causa muita tristeza no garoto.
Mas quando ele, enfim, consegue sair, percebe que o mundo dos vivos não é nada do que ele pensou... As pessoas não parecem ser gentis, sempre estão tentando levar vantagem ou sendo maldosas com os outros por que sim.

Embora a história comece de forma trágica e tenha o cemitério como cenário, o que ganha destaque é a ideia de que Nin está vivo num ambiente que simboliza o fim, e por ter se escondido de Jack e do perigo que ele representa, acabou se tornando uma sombra do que ele gostaria de ter sido. Embora ele viva muitas aventuras ao explorar o cemitério, pra Nin, o mundo exterior é um mistério que ele gostaria de desvendar, mas suas expectativas não são superadas como ele imaginou...

E tudo isso nos leva a refletir sobre o significado daquilo que chamamos de lar, o que a família representa e o que a vida e a morte tem a nos ensinar.

Cada capítulo corresponde a dois anos da vida de Nin e é ilustrado por um artista diferente, e por esse motivo é possível perceber a diferença dos traços de cada um, mesmo que alguns sejam bem sutis. O que importa é que a essência da história foi mantida, e cada ilustração representa o momento e as emoções dos personagens com muita fidelidade.

Enfim, pra quem gosta de histórias contadas em quadrinhos com ilustrações muito ricas de um garotinho curioso, corajoso e determinado em seu mundo tão peculiar, não pode perder. A história e a forma como ela é contada envolve, diverte, faz refletir e faz o coração ficar quentinho com a pureza, com a inocência e com a mente aberta para as mais diversas fantasias infantis que se pode imaginar.

Lembra Aquela Vez - Adam Silvera

24 de outubro de 2017

Título: Lembra Aquela Vez
Autor: Adam Silvera
Editora: Rocco Jovens Leitores
Gênero: Romance
Ano: 2017
Páginas: 336
Nota:★★★★★
Sinopse: Lembra aquela vez conta a história de um garoto do Bronx (re)descobrindo sua sexualidade. Aos 16 anos, Aaron carrega no pulso uma cicatriz que registra a dor pelo suicídio do pai, mas, com o apoio da mãe e da namorada, Genevieve, está determinado a seguir em frente. Quando a garota viaja para um acampamento, porém, Aaron se aproxima de Thomas, e acaba encontrando nele mais do que um melhor amigo. Confuso, Aaron considera recorrer ao LETEO, um instituto que realiza procedimentos científicos para apagar memórias indesejáveis, na tentativa de esquecer lembranças ruins e, principalmente, quem ele é. Mas será possível encontrar a felicidade fugindo de si mesmo? Com uma narrativa pungente e sincera, Adam Silvera fala sobre bullying, homofobia, medo, incertezas, ética, amizade, amor, aceitação e a procura pela felicidade.

Resenha: Aaron é um adolescente que não só já tentou se matar, como passou pelo trauma de ter encontrado o próprio pai morto por suicídio. Ele e a namorada, Genevieve, tem um relacionamento muito bacana, e ele encontra nela um porto seguro. Quando Genevieve é aceita num acampamento de arte e precisa ficar fora por um período de tempo, Aaron se junta ao amigo Thomas, e essa amizade só tende a crescer. Mas quando sua namorada retorna, ele se encontra num enorme dilema com relação aos seus sentimentos, pois a amizade com Thomas é algo muito mais forte e que despertou alguns sentimentos maiores do que ele poderia imaginar. Com receio de que os conflitos em sua cabeça sejam algo sério, Aaron recorre ao LETEO, um instituto que apaga más lembranças, com intuito de esquecer suas memórias indesejáveis e esquecer quem ele é... E a partir dessa premissa, a história começa a se desenrolar...

Lembra Aquela Vez é um livro pesado e triste, que trata de homofobia e as consequências daqueles que sofrem com ela, principalmente com relação a depressão e ao suicídio. Os acontecimentos e os diálogos de forma geral são quase uma facada no leitor. As referências do universo das HQ's e Star Wars são ótimas e acabam fazendo um contraste feliz com as demais abordagens que não são muito agradáveis.
O início da história é um pouco difícil e a narrativa é lenta, mas talvez seja uma característica utilizada de forma proposital para ilustrar os sentimentos do protagonista.
Os personagens são bem desenvolvidos, muitas vezes divertidos e engraçados, mas também confusos e melancólicos.
O lado emocional e psicológico de Aaron foi abalado pela perda do pai de forma praticamente irreversível, e outras coisas que começam a ser desvendadas ao longo da trama são surpreendentes. O protagonista é alguém quebrado, mas que ao mesmo tempo está em fase de descoberta. O problema maior é que as descobertas dele sobre si mesmo não são aceitas com a naturalidade que deveria, logo há uma enorme reflexão acerca de ciência verus natureza humana.

Lembra Aquela Vez é o tipo de livro que todo mundo deveria ler, principalmente devido a relevância do tema e das questões LGBT levantadas no país e no mundo. É uma sobreposição de várias histórias e temas, cada uma tão poderosa quanto a outra. O livro consegue chegar num consenso entre sexualidade, amizade, e da ideia que o protagonista tem de tornar a vida mais fácil, mesmo que pra isso queira esquecer de tudo que guarda na memória, inclusive quem ele é. É uma história de amor e da vontade de querer ser feliz, mesmo que pra isso seja necessário passar por momentos difíceis e vencer a tristeza.
Não se deixe enganar acreditando que a história traz mais um romance adolescente superficial e que nada acrescenta, muito pelo contrário. O romance aqui é construído gradualmente, a partir de uma amizade sincera, sólida e bonita, e que, de fato, tem algo pra se contar e que pode mudar muito da percepção dos leitores no que diz respeito a homossexualidade.

Em suma, o livro é uma mistura das coisas que trazem felicidade e tristeza, luz e escuridão, e os temas abordados além de importantes para um maior entendimento de vários dos problemas que aqueles os LGBTs enfrentam dia após dia, são tratados de uma forma muito eficaz, mesmo que dolorosa. Lembra Aquele Vez é um livro duro, mas necessário.

A Estrela da Meia-Noite - Marie Lu

4 de outubro de 2017

Título: A Estrela da Meia-Noite - Jovens de Elite #3
Autora: Marie Lu
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: YA/Fantasia
Ano: 2017
Páginas: 256
Nota:★★★★★
Sinopse: Adelina Amouteru sobreviveu à febre do sangue, fez uso de seus dons, formou seu próprio exército, vingou-se de seus traidores e conquistou a vitória. Mas seu reinado triunfante está ameaçado, e o inimigo não vem de fora; a sede de vingança da jovem levou seu lado cruel e sombrio a sair do controle, e ela terá que curar antigas feridas se quiser manter tudo o que conquistou. No desfecho da eletrizante trilogia Jovens de Elite, Marie Lu coloca sua protagonista diante de uma nova ameaça que a levará a revisitar fatos dolorosos do seu passado e a fazer uma aliança arriscada e difícil. Será que Adelina está preparada para se transformar na estrela da meia-noite e, finalmente, conhecer a paz?

Resenha: O final do último livro levantou questionamento impossíveis de serem ignorados com relação a Adelina e sua condição, e perguntas acerca de sua ambição pelo poder e se poderia haver redenção para alguém consumida pela escuridão como ela ficaram sem respostas. Sua sede de vingança foi saciada e a Loba Branca, como também é conhecida, conseguiu a vitória que tanto queria. Agora, na posição de rainha de Kenettra e pronta para enfrentar Maeve para lhe o reino de Beldain, será possível governar com sentimentos tão contraditórios ao que ela tinha no princípio? Sua força e seu rancor estão caminhando lado a lado, e ter tantos poderes é algo cujo preço a se pagar é bastante caro, afinal, quando as suas ilusões fogem do controle é difícil distinguir a realidade da fantasia... Quase um ano depois de ter consolidado seu reinado, Adelina ainda se mostra uma rainha impiedosa, fria e implacável, mas temendo perder o controle, ela só pode contar com o apoio de Magiano.
Desde que Violetta desapareceu na batalha no porto de Kenettra, Adelina, com ajuda da Sociedade das Rosas, está a procura dela, e enquanto isso os rumores de que os Jovens de Elite estão em perigo devido as consequências dos poderes da febre do sangue começam a se espalhar.
Adelina, então, se vê diante de uma ameaça que fará com que ela não só relembre fatos de seu passado trágico, como também a fará decidir sobre o futuro daquilo que ela conquistou de forma tão soberana.

Assim como nos livros anteriores, os capítulos se alternam entre os personagens de forma que o leitor possa ampliar o campo de visão da história através de vários pontos de vista. Os capítulos destinados a Adelina são narrados em primeira pessoa, e os demais em terceira pessoa, e isso colabora ainda mais para que seja possível estar a par de tudo que se passa na cabeça da protagonista.
Adelina alcançou o topo da minha lista de vilões mais amados, pois todas as escolhas que fez em sua jornada partiram de motivações bem coerentes, baseadas em experiências cruas e nas emoções mais verdadeiras e humanas que alguém pode ter. Por mais cruel e desprezível que alguém possa ser, é possível que o amor fale mais alto no final? Ela é a a anti-heroína perfeita e, mesmo sendo tão cruel, é fascinante. A autora conseguiu criar uma personagem cuja frieza chega a ser perturbadora, mas toda a sua dor e sofrimento despertam nossa simpatia de modo que é impossível não torcer para que ela encontre algo que a faça mudar pra melhor, mesmo que ela espalhe escuridão e deixe rastros de destruição por onde passa (oi, Cersei!). Mas no fundo, bem lá no fundo, ela é uma anti-heroína que em algum momento da vida de deixou levar pelo poder, mas que sempre foi capaz de amar e que nunca desistiu de encontrar sua redenção.

Alguns pontos com relação a construção dos personagens secundários ainda me soaram meio inexplicáveis e senti falta de um maior desenvolvimento, mas nada que prejudicasse minha empolgação com a leitura. Sei que desde que Magiano entrou na história ele demonstrou sua lealdade a Adelina, mas mesmo que o interesse amoroso tenha surgido, não houve muita informação sobre como isso foi desenvolvido a ponto dele arriscar a vida por ela caso necessário.
O que posso afirmar com todas as letras é que não houve nada mais incrível e genial do que o relacionamento entre Adelina e sua irmã, Violetta. O vínculo que elas possuem continua inabalável e só continua aumentando com o passar do tempo, e não importa que elas estejam separadas uma da outra. O ponto alto da trama gira em torno delas, do amor fraternal que elas nutrem de forma tão recíproca e, por mais que eles também tenham importância e valor, nenhum sentimento envolvendo Magiano, Sergio, Rafaelle e afins chega aos pés do amor que existe entre essas duas, até mesmo por não ter sido explorado o suficiente, e isso é o que torna o desfecho tão destruir de corações.

A escrita de Marie Lu é indescritível. A mulher realmente tem o dom de mexer com as emoções do leitor de forma única. Há cenas pra todos os gostos e sempre na medida certa, desde as assustadoras até as mais emocionantes. Embora a trilogia tenha seguido com o mesmo estilo de violência e mortes inesperadas, a sutileza como as descrições são feitas e como os diálogos são impecáveis é o que torna tudo ainda mais incrível e impactante.
Pra quem quer sair da mesmice de mocinhos indefesos, nada melhor do que se deparar com uma leitura impressionante, sem rodeios, onde os personagens são complexos e cheios de camadas, que são tomados pela escuridão, com personalidades questionáveis e atitudes nada louváveis, e é justamente isso que torna a trilogia ainda mais incrível de se acompanhar.

A Estrela da Meia-Noite encerra a trilogia Jovens de Elite com absoluta maestria e com uma conclusão surpreendente, mostrando, não só o talento da autora na criação de história absurdamente arrasadoras cujo final, além de épico, pode levar os leitores às lágrimas, mas que possuem um significado bem maior do que imaginamos, e é tão brutal quanto deslumbrante.


Levana - Marissa Meyer

8 de agosto de 2017

Título: Levana - As Crônicas Lunares #3.5
Autora: Marissa Meyer
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Distopia/Juvenil
Ano: 2017
Páginas: 256
Nota:★★★★★
Sinopse: Quem é a verdadeira mulher por trás da fascinante vilã que perpassa as histórias de Cinder, Scarlet, Cress e Winter? Neste spin-off da série de contos de fadas futuristas Crônicas Lunares, a autora Marissa Meyer revela o passado e as motivações de Levana, a cruel rainha que sonha em governar o povo de Luna. Filha mais nova ofuscada pelo brilho e charme da verdadeira herdeira do trono, sua irmã Channary, Levana teve o rosto desfigurado por queimaduras na infância e aprendeu a se camuflar, manipulando todos a sua volta com uma beleza fictícia. Assim, conquistou à força o amor de Evret Hayle, por quem sempre foi apaixonada, tornando-se madrasta de Winter quando ele perdeu a esposa no parto da filha. E seu próximo passo é tomar o trono definitivamente.

Resenha: Levana é um spin-off que Marissa Meyer escreveu para presentear os leitores e fãs. Ele traz revelações bastante relevantes sobre o passado da rainha cruel da série As Crônicas Lunares, desde quando ela ainda era uma princesa e vivia às sombras da irmã mais velha, Channary, até ter se tornado essa pessoa impiedosa e desprovida de escrúpulos que é, a fim de podermos conhecer um pouco mais dessa vilã e tentarmos entender suas reais motivações.

Embora o livro trate das origens de Levana, os leitores também vão se deparar com situações e detalhes referentes aos três primeiros livros da série: Cinder, Scarlet e Cress, que antecedem o Levana (por isso o #3.5). Então pelos menos esses três devem ser lidos primeiro pra não ter o risco de spoilers. Winter foi lançado depois, e pela história tratar de sua enteada, acompanhamos a vilã no papel de madrasta invejosa que quer tomar posse do trono de uma vez por todas. Então, quem procura por respostas e maiores explicações sobre os detalhes abordados de forma superficial sobre Levana, vai encontrar tudo aqui e um pouco mais.

A história já começa de forma trágica, com Levana revivendo a experiência de ter sido queimada até ter o rosto desfigurado em pesadelos terríveis. Devido a isso, desde muito jovem ela já usava o glamour (um tipo de "poder de influência") para mudar sua aparência temporariamente e esconder as cicatrizes que jamais poderiam ser removidas.
Com o assassinato de seus pais, sua irmã mais velha herdou o trono e se tornou rainha, mas parece nunca ter percebido a importância de seu papel já que não levava nada a sério.

Assim, é interessante saber dessas origens, de saber como Channary, apesar de ser mais querida, alegre e bonita, era desleixada e irresponsável com seus deveres, e muito maldosa com a irmã mais nova, e acompanhar como a vida de Levana foi humilhante quando ela, com apenas quinze anos, era alvo de chacotas por parte de todos, principalmente por ter que recorrer ao glamour devido a vergonha de sua aparência. A dor de amar alguém que não deveria estar ao seu alcance também é abordada, assim como a forma que ela usa pra manipular os outros, até para se casar, a fim de atingir seus objetivos, sem se importar com causas e consequências, o que prova que ela já era um monstro desde sempre.
Talvez sua ambição seja uma forma desesperada de preencher o vazio deixado pelos pais, pois ela nunca se sentiu amada dentro da própria família. Isso faz com que ela inclusive se sinta perseguida e ameaçada por pessoas inofensivas, o que a leva a se "defender" na base do ataque. Mesmo que seja inteligente, ela não consegue controlar suas psicoses, o que a leva a ser muito cruel.

Dessa forma, o livro oferece motivos plausíveis, mesmo que sejam perturbadores e sombrios, para explicar por que Levana se tornou tão má, aumentando ainda mais nossa aversão a ela. E mesmo que ela continue sendo tão odiosa, sua história triste e carregada de tragédias acaba dando aquele gosto amargo no leitor.

Então, para quem curtiu a série, Levana é um livro essencial que acrescenta bastante à história, mostrando o quão complexa e interessante a história de um personagem secundário pode ser, mesmo que em seu desenvolvimento não haja redenção e fins felizes (afinal, ela é a vilã terrível), e que deve ser lido por quem tem interesse em saber um pouco mais dessa rainha que adoramos odiar.

O Segredo do Diamante - Caleb Krisp

17 de junho de 2017

Título: O Segredo do Diamante - Ivy Pocket #1
Autor: Caleb Krisp
Ilustrações: Bárbara Cantini
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Infantojuvenil/Fantasia
Ano: 2017
Páginas: 336
Nota:★★★★☆
Sinopse: Em sua primeira aventura, Ivy se vê abandonada em Paris, sem nenhum centavo e completamente perdida. Quando uma duquesa a incumbe de entregar um colar incrível (e possivelmente amaldiçoado) a uma menina chamada Matilda, em seu aniversário de 12 anos, Ivy enxerga a chance de retornar a Londres e embarca num navio para cumprir a missão. A partir daí, a intrépida protagonista conhece uma série de personagens improváveis e se envolve em muitas confusões e mistérios, incluindo um ataque de estranhas criaturas nanicas que usam vestes de monges. Será que Ivy conseguirá entregar o colar a Matilda e, principalmente, chegar sã e salva à última página?

Resenha: Ivy Pocket é uma garotinha de doze anos, órfã e que trabalhava como criada para os Midwinters, uma família inglesa tradicional e encantadoramente excêntrica. Quando a família recebeu a Condessa Carbunkle por um mês em Midwinter Hall, Ivy viu nela uma oportunidade de viajar e conhecer o mundo, e assim, um mês depois de muita "insistência" por parte da condessa, partiu rumo a Paris junto com ela como sua nova criada.
O problema é que Ivy, sem ter a menor noção do que faz, é o próprio desastre em pessoa e causa todo tipo de confusão por onde passa, o que leva Lady Carbunkle a abandoná-la sozinha e ir embora as pressas para a América do Sul, onde nunca mais poderia ser encontrada, deixando apenas um bilhete de despedida e uma mísera libra como pagamento pelos "serviços" da menina, além de mandá-la para o diabo que a carregue. Sozinha e por contra própria, Ivy fica desamparada e perdida, até que tem a chance de voltar para Londres ao aceitar uma missão: Como presente de aniversário de doze anos, ela deveria entregar um diamante raro - e provavelmente amaldiçoado, para Matilda. A partir daí, Ivy embarca num navio rumo a uma grande, e desvairada, aventura.

Narrado em primeira pessoa, vamos acompanhando Ivy nessa aventura hilária e muito divertida. A escrita do autor, apesar de repetitiva, é bem peculiar, com floreios e palavras rebuscadas (até demais para uma garotinha de doze anos), usadas de forma proposital para tornar a trama ainda mais engraçada. É o estilo de escrita que se encontra em autores como Lemony Snicket (autor de Desventuras em Série e Só Perguntas Erradas) ou Alan Bradley (autor de As Crônicas de Flavia de Luce).

Ivy faz descrições sobre os acontecimentos que vê, mas não tem maldade o suficiente para perceber o significado, como uma cena logo no começo da história onde ela fala que encontrou Lady Carbunkle agachada atrás de um baú com um lençol na cabeça. Claramente a velhota está tentando escapar da vista da menina se escondendo de forma desesperada, assim como tantas outras pessoas tentam evitá-la a qualquer custo, mas para Ivy se trata de um "comportamento aristocrático" que define a condessa como doida de pedra. Tais situações talvez carecterizem Ivy como sendo uma garotinha com traços de caráter ridículos e é muito engraçado acompanhá-la com sua mania de grandeza, a forma como ela distribui insultos gratuitos de forma casual, as atitudes questionáveis e insensíveis que ela tem sem sequer perceber o impacto que causa nos outros, e sua total falta de noção para a vida é o que a torna tão especial, adorável e engraçada.

O projeto gráfico do livro é um amor. A capa é uma graça com esse estilo gótico suave e com toques vintage, ilustrando bem o que se pode encontrar na história de Ivy. A diagramação é muito caprichada, com ilustrações em preto e branco que se remetem ao conteúdo do capítulo e que combinam com os traços da capa.

Por ser um livro voltado a um público mais jovem, na faixa dos doze anos em média, não espere encontrar grandes mensagens ou lições valiosas para a vida, apesar de haver uma jornada de autoconhecimento bonitinha, mas tratada de forma bem despretensiosa. O propósito do livro é nos divertir e nos arrancar risadas com as trapalhadas de Ivy, e sim, ele cumpre o que promete e até me surpreendeu.

Pra quem procura por uma leitura para distração ou entrenenimento passageiro, é livro mais do que recomendado. Trocadilhos a parte, quero uma Ivy pra levar no bolso, e a continuação da história, por favor!

Inesquecível - Jessica Brody

15 de junho de 2017

Título: Inesquecível - Unremembered #1
Autora: Jessica Brody
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: YA/Sci-Fi
Ano: 2017
Páginas: 336
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Após um acidente aéreo, uma garota é encontrada ilesa e sem memória em meio aos destroços em pleno oceano Pacífico. Ela não estava na lista de passageiros da aeronave e seu DNA e suas impressões digitais não são reconhecidos em nenhum lugar do mundo. Sua única esperança é um garoto estranho e sedutor que afirma conhecê-la. E que eles eram apaixonados um pelo outro. Mas será que ela pode confiar nele para recuperar seu passado e descobrir quem ela realmente é?

Resenha: Uma jovem é encontrada ilesa em meio aos destroços após a queda de um avião cheio de passageiros. Ao acordar, a única sobrevivente do trágico acidente não se lembrava de nada. A garota, que aparentava ter dezesseis anos, não sabia seu nome, pra onde ia ou o que estava fazendo alí. A única coisa que ela queria era que alguém a reconhecesse e fosse ao seu encontro, mas isso não aconteceu. Sem registros no sistema e sem informações sobre ela em lugar nenhum, ela passou a ser chamada de Violet e foi encaminhada a um lar adotivo e temporário onde foi acolhida pelo casal Heather e Scott, e seu filho de treze anos, Cody. Violet só quer seguir em frente, sem muitas esperanças de que sua memória volte, ou até que um parente a procure. Porém, coisas estranhas começam a acontecer com ela, que se vê capaz de fazer coisas que uma pessoa comum não faria, além de começar a acreditar que está sendo perseguida. Quando Zen vai ao seu encontro e alega não só conhecê-la, mas que eram apaixonados antes do acidente acontecer, os mistérios que a cercam parecem só aumentar. Descobrir que seu nome na verdade é Seraphina, e que a verdade sobre seu passado e sobre quem ela é talvez não seja algo muito bom, vai virar sua vida de cabeça pra baixo.

Narrado em primeira pessoa e dividido em três partes, a escrita da autora é bastante fluída e instiga o leitor a querer desvendar o mistério que cerca a protagonista, mesmo que sua forma de detalhar e interpretar os acontecimentos seja um tanto dramática e literal, o que já se torna um ponto um pouco suspeito.
Porém, embora a história tenha uma premissa interessante, não fui convencida pela forma como foi desenvolvida. Aquele velho clichê de "garota desmemoriada em busca por respostas" já foi explorado a ponto de beirar a exaustão e alguns "furos" com relação às coisas que ela sabe ou não sabe me incomodaram. Basicamente ela só se lembra das necessidades básicas que todo ser humano tem, então pra mim não fez muito sentido ela saber o que são coisas como mar, céu e estrelas, quando não se lembra e não sabe o que é um avião.
O que acabei encontrando foi um romance sci-fi sem maiores aprofundamentos na parte científica da coisa, pois o romance que é bem artificial, ao meu ver, deveria ficar em segundo plano e servir como mero complemento, acaba funcionando como impulso para as coisas caminharem. Eu gosto de romances desde que se encaixem com a proposta, e não vejo como numa história que, teoricamente, deveria abordar a tecnologia, a ciência e afins possa dar mais espaço ao desenvolvimento de um relacionamento esquisito quando há coisas mais sérias e urgentes pra se tratar. Chegou a um ponto onde eu já saquei qual era o lance sem que houvesse necessidade de me prender a teorias relacionadas à protagonista ou ao papel de Zen em sua vida.
O que posso afirmar que realmente gostei muito na história foi o papel de Cody, o irmão adotivo e muito nerd de Violet/Seraphina que foi o responsável pelos toques de bom humor e sarcasmo

Reconheço que a história não é ruim. Há todo aquele ritmo intenso, com algumas cenas cujas situações são realmente surpreendentes e envolventes à sua própria maneira. Embora não seja complexa e nem carregada de profundidade, algumas questões reflexivas sobre os reais fatores que tornam alguém humano são levantadas, mas não chega a ser um livro super memorável, principalmente quando há opções melhores do gênero para se investir.

Quando Tudo Faz Sentido - Amy Zhang

14 de junho de 2017

Título: Quando Tudo Faz Sentido
Autora: Amy Zhang
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Drama/YA
Ano: 2017
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Sinopse: Liz Emerson é uma garota popular no colégio e tem uma vida aparentemente invejável. Por que ela tentaria tirar a própria vida, simulando um acidente de carro depois de assistir a uma aula sobre as Leis de Newton? Neste surpreendente romance de estreia, Amy Zhang aborda temas como abandono, bullying, depressão e suicídio com uma narrativa crua e pungente. Na trama, Liz é resgatada por Liam, um garoto que ela sempre desprezou, mas talvez uma das poucas pessoas ao seu redor capaz de enxergá-la além das aparências. Envolvente e emocionante, o livro mostra a fragilidade, a solidão e os dilemas dos jovens de forma sensível e sincera.

Resenha: Liz Emerson é uma das jovens mais populares do colégio Meridian High. Sua vida no colégio se resume a ter boas notas, exceto em física, andar com suas amigas tão populares quanto ela, e manter um namoro complicado com um jogador de futebol americano. Liz é conhecida e sempre notada por onde vai. Ela é o que a maioria das garotas americanas sonham ser, mas no fundo ela esconde algumas verdades que indicam que essa vida não é tão perfeita quanto parece.
Órfã de pai e com uma mãe ausente que vive viajando a trabalho, Liz é uma garota muito sozinha. Além de sofrer de bulimia, ela trái o namorado e bebe frequentemente, tanto para compensar essa solidão, ou como forma de diminuir seu sentimento de tristeza e culpa por acreditar ter destruído a vida de algumas pessoas a partir de alguma atitude que tenha tido com relação a elas.
Ela é incompreendida por aqueles que poderiam ajudá-la porque não consegue expressar seus reais sentimentos, e tudo isso a está levando cada vez mais para baixo.
Pra ela, a única forma de resolver todos esses problemas é acabar de vez com sua vida, e Liz planeja um acidente de carro para que sua morte não pareça um suicídio. Mas as coisas não saem exatamente conforme o planejado...
Liam é um garoto que se apaixonou por Liz, mas manteve isso em segredo já que sempre foi desprezado por ela. Foi ele quem encontrou o carro, chamou a emergência para resgatá-la e lhe fez companhia no hospital até que todos ficassem sabendo do ocorrido. Liam não é um rapaz admirável só por sua atitude heróica, mas por ser alguém que consegue enxergar além da fachada que Liz mantém sobre si.

A história é narrada em primeira pessoa por uma personagem misteriosa, que sabe de todas as coisas, sobre todo mundo, e que faz com que a narrativa pareça ser feita em terceira pessoa por ela sempre falar das questões dos outros em vez das próprias, abordando cada detalhe e aspecto da vida de cada um, seus segredos e pensamentos, assim como todas as ligações que eles fazem com Liz e seu destino. É como se alguém, que ainda não sabemos quem é, estivesse nos contando a história de outras pessoas a partir do que presenciou, e esse mistério sobre a identidade dessa personagem acaba sustentando boa parte do interesse pela história. Os capítulos são desordenados, mesclando presente e passado para que a história seja melhor compreendida, assim como as motivações de cada um.

Ao longo da trama, o leitor acompanha os momentos de Liz no hospital enquanto outras situações que envolvem os demais personagens vêm à tona, além dos acontecimentos que são abordados para que o motivo que a levou a tomar uma atitude tão drástica dessas possa ser revelado. Então, o leitor não se mantém curioso apenas por querer saber quem conta a história, mas também se Liz vai sobreviver ou não.
E, durante essa jornada, a autora levanta temas delicados que permeiam a adolescência, mostrando o que acontece com os jovens que lidam com a depressão, bullying, vícios, culpa, perda e afins, e embora tenham sido tratados de forma leve, não deixam de ter importância.
Liz é uma personagem difícil, e talvez a intenção da autora ao criá-la com tantas imperfeições tenha sido exatamente fazer com que o leitor reflita sobre o comportamento dela e as consequências para cada escolha que ela fez. Ela é odiosa por insistir em manter as aparências e, em nome disso, magoar os outros ou piorar a situação deles. Ela sabe que faz escolhas erradas mas ainda assim continua errando pra não ter que sair de sua zona de conforto. É horrível, sim, mas tentei entender seu lado, que sua vida está uma bagunça, que ela sofreu e ainda sofre, e a forma de lidar com isso é sendo uma cretina. Então, não parei de pensar que ela não ter morrido no acidente, talvez tenha sido uma forma de ela se redimir, como se estivesse tendo uma segunda chance.

A capa é bastante minimalista mas ainda assim tem todo um significado que representa bem o conteúdo do livro. As páginas são amarelas, os capítulos são bem curtinhos, numerados e possuem títulos.

No mais, considerei a leitura bastante reflexiva, mostrando que é preciso que algo aconteça em decorrência de alguma atitude para que as pessoas tenham algum propósito, vejam algum sentido nas coisas, e se atentem aos pequenos detalhes ao seu redor, sejam eles positivos ou não. A única coisa sem volta nessa vida é a morte, e enquanto ela não vem, é preciso encarar a realidade e buscar por outras soluções.

A Magia da Raposa - Inbali Iserles

8 de abril de 2017

Título: A Magia da Raposa - Foxcraft #1
Autora: Inbali Iserles
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Fantasia/Infanto Juvenil
Ano: 2017
Páginas: 272
Nota:★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas | Amazon
Sinopse: Isla e seu irmão, Pirie, são duas raposas filhotes que vivem nos limites das terras dos sem-pelo – os humanos. A vida de uma raposa é cheia de perigos, mas Isla começa a aprender habilidades misteriosas para sobreviver.
Então, o impensável acontece. Um dia, ao retornar para sua toca, Isla a encontra em chamas e cercada por raposas estranhas. E sua família não está em lugar nenhum. Forçada a fugir, ela escapa para o frio e cinza mundo dos sem-pelo.
Agora, Isla terá que se guiar nesse lugar desorientador e mortal, ao mesmo tempo em que é caçada por um inimigo cruel. Para sobreviver, ela precisará dominar a antiga arte das raposas – poderes mágicos conhecidos apenas por elas. Para achar sua família, Isla terá que desvendar os segredos da Foxcraft.

Resenha: A Magia da Raposa é o primeiro volume da série de fantasia Foxcraft, escrita pela autora Inbali Iserles e publicado pelo selo Jovens Leitores da Rocco.

Isla é uma raposa filhote que está em busca de sua família desaparecida após sua toca ter sido invadida por um grupo de raposas estranhas e perigosas. Sua única saída é enfrentar o mundo cinza dos sem-pelo, os humanos, e embarcar numa jornada cheia de surpresas, perigos e descobertas que farão com que ela precise aprender a tempo sobre a Foxcraft, uma magia antiga da qual ela e a família são dotados, assim seus segredos para sobreviver e encontrar aqueles a quem procura.

Para um livro voltado ao público infanto juvenil (ou seria infantil?), embora a mensagem seja até bonitinha, achei um tanto quanto infantilizado e foi impossível ler sem me lembrar da série A Lenda dos Guardiões devido aos termos fantasiosos criados pela autora e que possuem significados próprios em meio aqueleuniverso, porém com as devidas características e particularidades. Eu gosto de livros desse gênero e voltados para esse público pois muitos deles são engraçadinhos e bem divertidos, desde que não atinja um nível cuja inteligência alheia seja subestimada.

O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Isla, onde tudo é descrito de uma forma muito humanizada ao mesmo tempo em que somos lembrados o tempo inteiro que se trata de um animal, e confesso que apesar de poder ter a visão de mundo dela, o que é interessante em partes, eu teria preferido que a narrativa fosse feita em terceira pessoa para que o narrador não utilizasse de floreios para enfeitar o texto com coisas que não fazem sentido. Isla vai contando o que vê e o que acontece usando algumas palavras "sofisticadas" para descrever as coisas (e me pergunto como ela sabe o que significam já que é um filhote), enquanto outras ela não denomina e descreve as características sem saber o que é por não conhecer (afinal, ela é um filhote, né?), e o leitor acaba tendo que adivinhar do que se trata. Nesse ponto achei as coisas um pouco contráditorias pois se existe um dialeto com termos próprios, como os humanos que são chamados de "sem-pelos", ou a cidade que é chamada de "Terracinza", a rua que é chamada de "canal da morte", os carros são "esmagadores" e por aí vai, outras palavras não deveriam ser utilizadas como forma de descrição, pois não faz o menor sentido a protagonista, por exemplo, saber o que é um labirinto e saber diferenciar hera de grama, mas não saber o que é um zoológico e precisar descrevè-lo como um lugar com vários animais presos em jaulas, sendo que ela mora na floresta, livre e indomável, e nunca viu uma jaula antes. Na teoria ela não deveria saber o que é uma jaula pra usar essa palavra. O aceitável, de acordo com o contexto, seria ela descrever a jaula como sendo um compartimento cujo animal fica preso entre "galhos de ferro" ou coisa do tipo, pois isso sim faria parte de sua realidade baseada em sua pouca idade, no que ela conhece ou pelo menos ouviu falar. Então, ler uma história inteira onde esse tipo de recurso incômodo foi utilizado foi bastante cansativo e eu não conseguia me desconectar dessas conveniências para dar a devida atenção e importância ao que realmente estava sendo contado, além de não parar de questionar e fazer comparações sobre essa "sabedoria".

Mesmo que seja impossível desconsiderar esse fator mencionado, ainda há coisas bem legais na história, sim, embora os termos utilizados sejam estranhos e difíceis de se pronunciar já que parecem terem sido tirados de alguma tribo africana ou coisa parecida. A magia de forma geral é muito criativa, permitindo que as raposas tenham habilidades especiais como imitar outras criaturas, serem "invisíveis" através de ilusão, possuírem dom da cura e até serem capazes de se transfigurarem em outros animais, e tudo isso tem a ver com a energia da natureza que é muito forte e rege completamente esse universo.
A abordagem sobre a vida na floresta, a hierarquia que existe entre as raposas, o contraste com a vida no cenário contemporâneo da cidade e os perigos que Isla enfrenta por lá deram um dinamismo muito bom à trama.
No decorrer da história fica bastante claro que Isla e seu irmão, além de possuírem uma ligação muito intensa, têm algo de especial que outras raposas não tem, e isso acaba fazendo com que eles se tornem alvos para aqueles que querem por as "patas" nessa magia. E tais acontecimentos deixam algumas brechas que pedem por respostas que não foram dadas nesse volume.
Esse relacionamento entre Isla e o irmão é muito fofo e fraternal, e a ideia dela sair por aí sozinha, enfrentando mais perigos do que tendo ajuda pelo caminho, de certa forma, instiga o leitor a querer torcer por ela para que tudo se resolva e todos vivam felizes para sempre, principalmente porque ela aprende várias coisas, adquire mais conhecimento e até amadurece, por mais que sinta medo e insegurança diante do que precisa enfrentar.

A capa é muito bonita. O contraste de cores destacando a raposa com suas cores vibrantes em meio ao escuro da noite e os detalhes dos ornamentos em verniz que deixaram ela super chamativa fizeram do livro, visualmente falando, um luxo só. Há um mapa no início do livro e ao final da história podemos conferir um glossário com os termos mirabolantes criados pela autora e que facilitam a vida do leitor. A diagramação também é muito bem feita, cada capítulo é numerado e possui uma pequena ilustração dos animais, as páginas são amarelas e a fonte tem um tamanho maior do que o normal, o que facilita a leitura e a torna até mais rápida, mesmo que o desenvolvimento seja meio lento e até confuso em alguns pontos.

Talvez por ser o primeiro volume, o livro acaba sendo bastante introdutório ao mundo de Isla e da Foxcraft, e o leitor termina a história com muitos pontos de interrogação pairando sobre sua cabeça, como se o livro terminasse de forma repentina e faltasse um capítulo para encerrar o arco proposto de forma satisfatória. Logo, pra quem quiser saber o que mais vai acontecer, só resta torcer para que a continuação seja lançada em breve.

Enfim, pra quem gosta de fábulas criativas e com toques de fantasia e magia, que falam sobre inocência, a importância da família e a coragem para enfrentar perigos e desafios em nome daqueles que se ama, e que se passam num mundo bastante rico, talvez venha a gostar da leitura. Apesar de eu não ter curtido muito o ritmo e nem ter sido totalmente convencida pela proposta da história a ponto de superar as expectativas e sair indicando o livro pra todo mundo, no final das contas, é possível tirar algo de bom.

A Caminho do Azul Sereno - Veronica Rossi

7 de abril de 2017

Título: A Caminho do Azul Sereno - Never Sky #3
Autora: Veronica Rossi
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Distopia/YA
Ano: 2017
Páginas: 352
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: No derradeiro capítulo da trilogia Never Sky, sucesso da brasileira radicada nos EUA Veronica Rossi, Aria e Perry estão determinados a encontrar o Azul Sereno, o último refúgio contra as tempestades de éter, cada vez mais constantes no mundo em que vivem. Mais do que o amor proibido que os mantém ligados, eles precisam unir Forasteiros e Ocupantes se quiserem sobreviver, e salvar a vida daqueles que amam. Sem escolha e determinados a permanecerem juntos, contra todas as probabilidades, os dois protagonistas partem para a mais perigosa de suas aventuras, que não só colocará à prova seu amor, coragem e capacidade de liderança, como também exigirá grandes sacrifícios. Será que eles estão preparados para a jornada A caminho do Azul Sereno?

Resenha: A Caminho do Azul Sereno é o terceiro e último volume da trilogia Never Sky, escrita pela autora brasileira Veronica Rossi e publicado pelo selo Jovens Leitores, da Editora Rocco.

Never Sky é uma trilogia que se passa num futuro pós-apocalíptico em que o mundo, já devastado, sofre com um clima severo regado a Tempestades de Éter e um ambiente muito hostil, onde os Ocupantes vivem em segurança dentro de uma cúpula e os Forasteiros sobrevivem como podem do lado de fora em meio aos mais diversos perigos. No primeiro volume, Sob o Céu do Nunca, conhecemos Ária, uma Ocupante que sái da cúpula em Quimera em busca de sua mãe, que desaparece. Ao tentar procurá-la, Ária se mete numa grande enrascada e acaba sendo banida da cúpula por algo que ela sequer teve culpa. O que ela não esperava era unir seu destino a Perry, um Forasteiro que salvou sua vida, e a partir daí eles partem numa busca incessante por seus entes queridos e por respostas.
No segundo volume, Pela Noite Eterna, Ária, que se tornou uma Ex-Ocupante, e Perry, que se tornou líder de sua comunidade, estão em busca de Azul Sereno, um paraíso do qual muitos acreditam não existir, que poderia garantir a sobrevivência dos Forasteiros já que as Tempestades de Éter e os perigos estão cada vez piores.
Neste volume, depois de um caminho árduo e de precisar lidarem não só com os problemas do cotidiano mas, também, com seus conflitos internos, o casal tenta fazer o impossível: unir Ocupantes e Forasteiros para, juntos, partirem a caminho de Azul Sereno, o único lugar livre do Éter e da devastação causada por ele, e salvarem o povo e a si mesmos.

Assim como nos livros anteriores, a narrativa é feita em primeira pessoa sob os pontos de vista de Ária e Perry, que vão se alternando a cada capítulo.
Os personagens amadureceram muito desde o início, e ter acompanhado esse progresso foi algo bastante satisfatório, principalmente perceber que muitas das tragédias que alguns deles precisaram enfrentar serviram como exemplo para que pudessem superar, acreditar em si mesmos e seguir em frente. Talvez o único problema que eu tenha tido com o livro foi a falta de profundidade sobre os personagens e a sensação que fiquei é que, por eles já serem conhecidos, a autora não se preocupou muito em continuar trabalhando nas suas características. Não sei se isso é um ponto negativo ou não mas senti falta de mais detalhes para que tudo soasse mais concreto.
Confesso ter ficado muito angustiada com o vilão do livro, Sable, pois ele é aquele tipo de pessoa inescrupulosa, psicopata e que não tem limite algum. Ao mesmo tempo em que ele falsamente transparece ser uma boa pessoa, ele é manipulador e muito cruel. Talvez seja um dos piores vilões que me deparei e chega a assustar, principalmente por ele ter um espaço bastante considerável na história.

Um dos pontos que mais gostei foi a conclusão para o significado do Éter, que desde o início era mencionado, mas sem tanta profundidade, fazendo com que o leitor possa, enfim, compreender por que o mundo foi devastado e se transformou em ruínas. As explicações, de forma geral, acabaram me fazendo refletir sobre a própria realidade no que diz respeito a sobrevivência desde os primórdios, onde a união entre aqueles que conseguiram sobreviver ao "fim do mundo" fez a força, permitindo, assim, o recomeço.

A capa é muito bonita e combina com a dos livros anteriores, mas ainda penso que ela não representa o ambiente pós-apocalíptico que a história apresenta. A diagramação segue nos mesmos padrões dos demais livros onde a cada início de capítulo temos galhos e o nome do protagonista que narra seu ponto de vista. Os capítulos são curtos, e isso acaba colaborando para a fluides da leitura, e somando isso a escrita totalmente envolvente da autora, é impossível não mergulhar na história. O final do capítulo sempre deixa um gancho para o seguinte, o que provoca uma curiosidade enorme e faz com que o leitor não consiga desgrudar do livro um minuto sequer.

A Caminho do Azul Sereno é uma conclusão que superou as minhas expectativas e posso dizer que é uma das melhores trilogias distópicas que já pude acompanhar até então. É uma pena que não é tão conhecida, mesmo que seja bastante superior a muitas outras que viraram filmes por aí...
Se compararmos com os livros anteriores vamos nos deparar com uma história muito mais sangrenta e cruel, cheia de sacrifícios e muita dor, mas também pela superação e pela força e coragem para se alcançar algo maior e que vale a pena. A luta pela sobrevivência e até mesmo a grande batalha pelo título de Soberano de Sangue fazem da história um prato cheio de ação e emoção a se perder de vista, e mesmo que o romance entre Ária e Perry esteja alí, não é um elemento que se sobrepõe e nem é ofuscado pelos demais acontecimentos. Cada coisa na história tem seu devido espaço que, felizmente, só enriqueceu o enredo e seu desenvolvimento, desde as incríveis reviravoltas, as descobertas surpreendentes, a busca pelo paraíso e até as perdas. E isso tudo em conjunto não tráz somente uma história épica com um desfecho perfeito, mas também matou a saudade de personagens marcantes e memoráveis que haviam me conquistado desde o princípio.


Crave a Marca - Veronica Roth

23 de fevereiro de 2017

Título: Crave a Marca - Crave a Marca #1
Autora: Veronica Roth
Editora: Jovens Leirores/Rocco
Gênero: Fantasia/YA/Sci-Fi
Ano: 2017
Páginas: 480
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Num planeta em guerra, numa galáxia em que quase todos os seres estão conectados por uma energia misteriosa chamada "a corrente" e cada pessoa possui um dom que lhe confere poderes e limitações, Cyra Noavek e Akos Kereseth são dois jovens de origens distintas cujos destinos se cruzam de forma decisiva. Obrigados a lidar com o ódio entre suas nações, seus preconceitos e visões de mundo, eles podem ser a salvação ou a ruína não só um do outro, mas de toda uma galáxia. Primeiro de uma série de fantasia e ficção científica, Crave a marca é aguardado novo livro da autora da série Divergente, Veronica Roth, que terá lançamento simultâneo em mais de 30 países em 17 de janeiro, e surpreenderá não só os fãs da escritora, mas também de clássicos sci-fi como Star Wars.

Resenha: Crave a Marca é o primeiro volume da série homônima escrita pela autora Veronica Roth (da trilogia Divergente), publicado no Brasil pela Editora Rocco.

O enredo se passa no espaço, em meio a uma galáxia cercada pelo fluxo da Corrente. A corrente é uma energia que interliga todos os seres existentes, dando inclusive dons especiais às pessoas de acordo com suas personalidades e originando profecias inevitáveis, chamadas de Fortunas. O planeta principal é Thuve, o planeta do gelo, e ele é dividido em duas nações que estão em guerra: os Shotet e os Thuvesitas.
Os thuvesitas residem em Thuve desde os primórdios e são habitantes pacíficos, mas agora enfrentam os shotet que são hostis e decidiram fazer do planeta sua moradia depois de várias explorações e querem ser reconhecidos como uma nação.

Akos Kereseth é um thuvesita, filho de um oráculo que prevê o futuro, e devido a uma profecia, ele e o irmão, Eijeh, acabam sendo sequestrados e obrigados viverem entre seus rivais a mando de Rizek, governante de Shotet e irmão de Cyra, e isso já é motivo suficiente para que o ódio sempre esteja entre eles.

Cyra Noavek é uma shotet. Ela descende de uma família rica e poderosa e seu pai é o imperador. A corrente se manifestou nela dando-lhe o dom de sentir e causar dor em quem tocar, e ela é temida pelo povo já que seu irmão tirano não hesita em usá-la como arma de tortura quando lhe convém.

Embora a sociedade esteja dividida em todos os sentidos, o destino se encarregou de cruzar os caminhos dos dois jovens quando Akos é obrigado a servir os Noavek. Mesmo em lados opostos, eles começam a se conhecer melhor e descobrem que têm muito em comum. Assim, ambos irão formar uma aliança improvável a fim de não só superarem suas diferenças, mas lutarem pela liberdade da nação, mesmo que suas escolhas possam ser interpretadas como traição contra seus povos.
E essa união pode ser a salvação ou a ruína da galáxia...

O resumo que fiz do enredo parece simplificar bastante o conteúdo, mas pra chegar nesse entendimento foi bastante difícil... E já explico o motivo...
Enquanto alguns conseguiram enxergar semelhanças com Star Wars, talvez devido à corrente (que seria algo próximo da Força que rege o universo), eu só conseguia lembrar do filme Avatar e a forte ligação que os Na'vi, aquele povo azul de três metros de altura, tem com a mãe natureza, porém com o diferencial de que, em Crave a Marca, além de ter outros elementos presentes na trama, os nomes dos personagens e os demais termos são muito mais estrambólicos e difíceis de serem pronunciados. Mesmo que ao final do livro exista um guia de pronúncia e um glossário muito úteis, é um suplício interromper a leitura a cada palavra estranha que encontramos para ir consultá-la a fim de saber do que se trata ou como se fala. Isso dificultou um pouco a fluidez da leitura pois a impressão que tive é que não soaram naturais a ponto de eu não conseguir associar a quem ou o quê o tal nome pertencia, e isso foi um problema pra eu conseguir absorver a história da forma como eu esperava, por mais que ela seja muito boa no geral. E unindo isso a complexidade da sociedade a qual somos jogados a sensação é de que estamos perdidos e sem rumo. Também penso que a mesma história poderia ter sido contada utilizando de uma outra ambientação, talvez até outra época, sem que isso fizesse alguma diferença, principalmente no que diz respeito a alguns detalhes que parecem estar alí só pra enfiar mais informações no leitor e deixá-lo ainda mais saturado e confuso.
Levando esses pontos em consideração, posso dizer que o começo da história é tedioso e arrastado devido a essa enorme quantidade de informações complexas que nos são dadas sem a menor preocupação em explicar direito o que são ou o real motivo de estarem alí, e talvez isso tenha sido um fator que tenha feito alguns leitores perderem a paciência e abandonarem o livro, e até não terem curtido, mas, pelo menos no meu caso, percebi que a leitura foi ganhando uma guinada e realmente tive curiosidade para insistir e descobrir o que viria a seguir pois as coisas foram, sim, ficando um pouco mais interessantes.

Os capítulos se alternam entre os protagonistas e isso acaba tornando o enredo bem mais dinâmico do que parece. Enquanto a narrativa é feita em primeira pessoa nos capítulos destinados a Cyra, os de Akos são em terceira pessoa, mas, ainda assim, a visão que o leitor tem acerca dos acontecimentos e sobre o que se passa com ambos é bastante ampla.

Eu gostei da construção dos protagonistas. Cyra é uma personagem complexa e até dificil de ser decifrada e pode não conquistar logo de cara apesar de se tornar um grande modelo de empoderamento feminino ao longo de sua jornada. Seu poder, muito perigoso por sinal, é algo que já deixa o leitor com a pulga atrás da orelha por imaginar que dalí nada de bom poderia sair, mas de forma geral, ela não deixa totalmente a desejar. Imagine o quão difícil deve ser possuir o dom da dor? Tanto de sentí-la constantemente quanto proporcionar isso aos outros, mesmo que eles pudessem morrer, com um simples toque?
Akos é um jovem bondoso, altruísta e procura enxergar o melhor nas pessoas, por mais que sofra com a guerra. O poder dele é essencial, pois seu dom é capaz de anular os outros poderes, e consequentemente sua presença na vida de Cyra se tornou um alívio pra ela.
Ambos são autênticos, dinâmicos e precisavam lidar com os próprios conflitos pessoais para que pudessem crescer. O ódio que eles tinham um pelo outro no início se transforma em amizade devido a situaçao em que se encontram, e com o passar do tempo eles começam a enxegar além do que inicialmente julgavam. Há um equilíbrio no relacionamento que eles passam a cultivar de forma que eles se completam e se beneficiam de forma recíproca, o que foi bastante compreensível e até importante para o desenrolar dos fatos.
Os personagens secudários também são muito bem explorados e a história é impulsionada devido a relação de todos eles.

A simplicidade da capa, que ao mesmo tempo é bastante sugestiva com a questão da marca, me agradou bastante. A diagramação é simples, os capítulos são numerados seguidos do nome do personagem, as páginas amarelas e não encontrei erros na revisão. No início podemos conferir um mapa a fim de ficarmos por dentro da localização de cada planeta que pertence a galáxia criada pela autora.

Enfim, senti que faltaram explicações pra vários pontos, informações sobre outros, mas assim como qualquer outro livro de série cuja história seja complexa e tenha elementos de peso, o primeiro volume serve mais como uma introdução do que está por vir, então o que me resta é aguardar ansiosa pela continuação e torcer para que o que vem a seguir seja mais claro e completo para fluir melhor. De qualquer forma, eu gostei da história e recomendo.


Winter - Marissa Meyer

18 de novembro de 2016

Título: Winter - As Crônicas Lunares #4
Autora: Marissa Meyer
Editora: Joves Leitores/Rocco
Gênero: Distopia/Juvenil/ Ficção
Ano: 2016
Páginas: 688
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Americanas
Sinopse: Depois de Cinder, Scarlet e Cress, inspirados, respectivamente, nas histórias de Cinderela, Chapeuzinho Vermelho e Rapunzel, Marissa Meyer entrega a eles o último capítulo da série, em que reconta a história de Branca de Neve com tintas distópicas. Na trama, a princesa Winter vive subjugada por sua madrasta, Levana, que inveja sua beleza e não aprova os sentimentos da jovem pelo amigo de infância e belo guarda real Jacin. Mas Winter não é tão frágil quanto parece, e, junto com a ciborgue Cinder e seus aliados, a jovem princesa é capaz de iniciar uma revolução e vencer uma guerra que já está em andamento há muito tempo. Será que Cinder, Scarlet, Cress e Winter podem derrotar Levana e encontrar seus finais felizes?

Resenha: No quarto e último volume da série Crônicas Lunares, Marissa Meyer traz ao leitor uma releitura distópica baseada no conto de fadas de Branca de Neve, e, dessa vez, Winter é a personagem principal.

A história se passa pouco tempo após as reviravoltas em Cress, em que Scarlet é levada para Luna se tornando escrava, e só continuou viva por causa da proteção de Winter, e Cinder sequestra Kai para provar seus motivos para seguir com sua revolução e retomar o trono de Luna, se aproveitando do que Levana usou para controlar o povo contra ela mesma: o glamour.

Winter é a linda princesa de Luna, amada por todos os súditos do reino e a rainha Levana é sua madrasta. Levana inveja a beleza de Winter, e odeia que o povo a admire quando ela não possui sangue real. Winter reprimiu seu poder lunar. Ela fez uma promessa de que nunca usaria o glamour para manipular as pessoas e por isso é a protegida de Jacin, um dos guardas do palácio. Porém, por ela não usar seus poderes, eles começam a afetá-la mentalmente de forma negativa: Winter é louca e constantemente sofre de alucinações. Sua loucura a impede de dar uma chance ao amor que sente por Jacin, enquanto ele acredita que ele não a merece por ela ser da realeza. Eles não nutrem somente uma relação muito forte de amizade e companheirismo, mas também um amor secreto que não poderia vir à tona para que Levana não pudesse usar isso contra os dois.
Quando Winter descobre sobre os planos de Cinder, ela decide se juntar ao grupo para ajudar a tripulação da Rampion na revolução...

Narrado em terceira pessoa e trazendo vários pontos de vistas diferentes, Winter traz o desfecho perfeito para uma história revolucionária envolvendo a busca pela libertação de dois povos que se encontram nas garras de uma rainha tirana. Se trata de uma guerra travada contra a opressão, em prol da liberdade, rumo ao felizes para sempre.
A maior qualidade da série é manter a fluidez e um ritmo constante, e dessa forma a conclusão é que em momento algum a autora se perdeu na própria trama, nenhum dos livros são inúteis, tudo o que acontece é importante e todos os personagens representam papéis fundamentais para o desenrolar da história até seu final. Eles são únicos! Uma mecânica habilidosa e um imperador, uma camponesa armada e um soldado destemido, uma hacker e um contrabandista, uma princesa louca e um guarda humilde, e uma andróide hilária e inteligente. Um time de personalidades que aparentemente não tem nada em comum, mas que juntos fizeram toda a diferença.

Há romance, sim, mas este acaba ficando em segundo plano diante da grandeza da guerra iminente.
As subtramas que envolvem cada personagem, e cada casal que se formou ao longo da série, são inteligentes e funcionam como um complemento valioso dentro do enredo em geral.

A capa é linda demais, a mais bonita entre as quatro, e os detalhes também não ficam atrás. O título é prateado e a aplicação em verniz sobre a ilustração dão um toque mais do que especial ao livro. A diagramação é simples, as páginas são amarelas, a fonte segue o mesmo padrão dos outros livros e não encontrei erros de revisão.

Assim como nos livros anteriores, eu pude me envolver com tudo o que a autora criou, desde a ambientação, a escrita viciante, os personagens memoráveis e a conclusão épica! É uma das melhores séries que tive o prazer de acompanhar.

Sociedade da Rosa - Marie Lu

17 de novembro de 2016

Título: Sociedade da Rosa - Jovens de Elite #2
Autora: Marie Lu
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Rachel Agavino
Gênero: YA/Fantasia
Ano: 2016
Páginas: 336
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | SubmarinoAmericanas
Sinopse: Depois de ser renegada pela família, ela é traída por aqueles em quem confiou, e parte em busca de outros malfettos — sobreviventes da febre do sangue que, como ela, possuem dons fantásticos —, para formar um exército próprio e combater a Inquisição do Eixo. Mas o ódio e o medo que a alimentam podem levá-la por caminhos perigosos, e uma oferta tentadora vai testar a verdadeira natureza dos seus poderes e de sua personalidade. Uma sequência de tirar o fôlego para uma saga épica.

Resenha: Sociedade da Rosa é o segundo volume da trilogia Jovens de Elite, fantasia medieval escrita pela autora Marie Lu e dá sequência à história de Adelina Amouteru do ponto onde parou no primeiro volume.

Atenção, esta resenha tem spoilers do livro anterior!

Depois da traição que sofreu, Adelina foge de Kenettra e jura vingança aos inquisidores (aqueles que perseguem e matam os malfettos), aos Punhais, que a expulsaram, e a Teren, que foi responsável pela morte de Enzo. Mas, para isso, ela precisa formar um novo grupo para unir forças e conseguir cumprir com seu objetivo. Ela, então, se junta à sua irmã, Violetta.
Enquanto isso, a rainha de Beldain, com a ajuda dos Punhais, planeja tomar Kenettra, mas Adelina não vai permitir tal posse e os caminhos das duas vão se cruzar numa batalha épica pelo trono.
Mas em meio a tudo isso, será que Adelina vai conseguir controlar seus poderes e chegar aos seus objetivos mais sombrios?

Adelina é a protagonista, mas isso não quer dizer que ela seja a heroína, muito pelo contrário. Assim como apontei na resenha do livro anterior, Adelina é uma vilã, e neste volume a confusão de sentimentos que ela vem nutrindo, assim como a escuridão que avança sobre si cada vez mais rápido, faz com que ela não tenha piedade, destrua o que ou quem estiver em seu caminho, e na falta de controle prejudica a si mesma. Dito isso, se você é do tipo de torce por mocinhos e sente repulsa por vilões, talvez não vá querer amar alguém feito pra se odiar... Adelina é movida por todas as tragédias do seu passado e se alimenta do ódio que guarda dentro de si, e a autora não dá uma pista sequer que de ela se arrepende do que fez, que pensa duas vezes no que pretende fazer, ou que tem intenções de se transformar em boa moça. E pensando nessa situação, que tipo de final trágico ou mirabolante essa trilogia nos reserva já que vilões não tem finais felizes? Sinceramente, com todo o ódio que Adelina sente, só vejo ruínas e caos no futuro dela.

Tudo o que acontece é consequência do que foi feito, e cada estratégia bolada e executada faz com que o leitor pense que alguma coisa lá na frente vai acontecer em decorrência disso. E quando o assunto é Adelina, devido as atitudes e escolhas que ela faz, só resta que ela assuma a responsabilidade pelo que fez, ou que fará.

Sociedade da Rosa tem a mesma estrutura que Jovens de Elite, com a maioria dos capítulos destinados à Adelina e outros que se alternam entre Teren, Raffaele e Maeve. Mais uma vez esse tipo de narrativa favoreceu a trama (e os leitores) já que traz pontos de vista diferentes e acrescentam mais informações relevantes à história, principalmente pelo ritmo dos acontecimentos ser muito mais frenético. O foco maior, claro, fica em Adelina, e seu desenvolvimento ganha muito mais profundidade mostrando seu lado de vilã de uma forma mais intensa e profunda sendo possível, inclusive, levá-la muito mais a sério e até temê-la!

Enquanto o primeiro livro parece ter maiores intenções em definir fundamentos da história de Adelina, este traz uma história de ambição e vingança pura. Basicamente o enredo se concentra na tomada de poder, na ascensão, e não importa se para chegar lá as pessoas morram, se o caminho será cheio de dor e se os sentimentos que virão à tona serão indescritíveis e obscuros.

Os personagens estão mais consistentes, principlmente agora que não há mais necessidade de entrar em detalhes acerca da ambientação, e embora a trama seja simples, a complexidade dos personagens e suas motivações são os fatores que movem a história. Todos eles se encontram em situações que são verdadeiros jogos psicológicos, há várias reviravoltas, mortes inesperadas e gratuitas (ou será que não?), renascimentos milagrosos (???) e as pontas bem amarradas não deixam espaço para questionamentos ou furos, e o melhor de tudo é que é um volume que realmente faz a diferença na história, os acontecimentos são de extrema importância e é impossível não se envolver ou não ansiar pelo próximo.

Jovens de Elite já é uma das minhas trilogias favoritas, não só por se passar na era medieval com toques de fantasia e trazer uma protagonista única e original, tomada pelo rancor e que sai por aí levando caos e morte por onde passa, mas porque Marie Lu escreve maravilhosamente bem e é impossível não se viciar em suas histórias. Teminei o livro esbaforida, sem fôlego, ansiosa pelo que vem a seguir e, embora anti heróico, fiquei satisfeita com o rumo da história que, com certeza, surpreendeu e superou todas as expectativas.


As Aventuras de Wonder Woman na Super Hero High - Lisa Yee

14 de novembro de 2016

Título: As Aventuras de Wonder Woman na Super Hero High - DC Super Hero Girls #1
Autora: Lisa Yee
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Raquel Zampil
Gênero: Infanto juvenil/Aventura
Ano: 2016
Páginas: 256
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Americanas
Sinopse: Wonder Woman quer ser uma super-heroína. Para isso, ela vai estudar na Super Hero High, especializada em desenvolver os poderes de seus alunos. Lá, ela terá que enfrentar seus maiores desafios: além dos exaustivos treinamentos e dos estudantes vilões, a jovem vai lidar com novas amizades e dividir o quarto com alguém que adora compartilhar fofocas nas redes sociais. Isso sem contar que Wonder Woman cresceu em uma ilha só de mulheres... E nunca estudou com garotos até entrar para o ensino  médio!

Resenha: As Aventuras de Wonder Woman na Super Hero High é o primeiro livro da série DC Super Hero Girls da autora Lisa Yee que concentra super heroínas - e vilãs - da DC Comics no período da adolescência no colegial. O livro foi publicado pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
Super Hero High é um lugar especializado não só em desenvolver os poderes de seus alunos que se tornarão futuros Super Heróis, ou Super Vilões, mas também mostrá-los seu papel na sociedade, seja combatendo o crime, ou causando o caos por onde passam...
Wonder Woman é uma adolescente que deixou a ilha onde morava para aprender a usar seus poderes e se tornar uma grande super heroína no mundo real. Ela é a mais nova aluna da Super Hero High e, mesmo podendo salvar o dia facilmente, ela terá que passar por desafios e sobreviver no dia a dia enfrentando treinamentos exaustivos, meninas malucas que adoram fofocar e navegar pelas redes sociais, garotos lindos, pessoas em perigo e se preocupar com a roupa em que veste ou com alguém tentando fazer com que ela saia da escola!

Ágil, recheado de humor, ação e até com toques relevantes sobre empoderamento feminino abordado de uma forma leve e pra todas as idades, o livro é bastante divertido do começo ao fim e os leitores mais jovens, até mesmo aqueles que não tem muito contato com o universo dos quadrinhos, vão curtir bastante os dilemas dos heróis, principalmente da jovem Mulher Maravilha, aprendendo a usar seus super poderes.

Embora alguns personagens masculinos marquem presença na história, o foco fica sobre as meninas, mostrando que mesmo adolescentes e com muito o que aprender, elas se mostram fortes, capazes e com histórias que lhes dão um outro tipo de perspectiva, tudo isso sem diminuí-las só por serem jovens.
Os personagens tem personalidades distintas e são bastante autênticos, mas bastante inocentes e até mesmo infantis. Devido ao público para o qual a obra se destina, fica perceptível que a autora procurou dar sutileza às situações de forma que não houvesse violência e talvez com intenção de que os leitores se acostumem ao ambiente, o livro é bastante introdutório e cheio de referências a outros personagens que acabam deixando o livro mais complexo do que deveria, mas nem por isso deixa de ser divertido.

O trabalho tráfico do livro é a coisa mais fofa. Além da capa ser uma graça com detalhes metalizados no título e nos cabelos, e retratando uma Wonder Woman adolescente sem perder traços que lembrem uma HQ, a diagramação é super caprichada com detalhes em azul, como a letra capitular e os detalhes de raios, bolinhas e estrelas tanto no topo dos capítulos quanto no rodapé e nas laterais das páginas.

O livro ainda deixa um gancho pro segundo volume quando outra jovem super heroína é apresentada, logo já estou curiosa pelas aventuras que o próximo livro nos reserva.
Pra quem gosta de ação, aventuras envolventes e personagens divertidos vai encontrar nesta história elementos encantadores inspirados em personagens clássicos do universo DC.



Dorothy tem que Morrer - Danielle Paige

17 de agosto de 2016

Título: Dorothy tem que Morrer - Dorothy Must Die #1
Autora: Danielle Paige
Tradutora: Cláudia Mello Belhassof
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Fantasia/Jovem Adulto/Releitura
Ano: 2016
Páginas: 384
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Quando toda a sua vida é levada por um tornado – incluindo você –, não há escolha a não ser continuar, certo? Claro que eu li os livros. Assisti aos filmes. Conheço a música sobre o arco-íris. Mas nunca imaginei que Oz fosse assim. Um lugar onde Bruxas Boas não são confiáveis, Bruxas Más talvez sejam boazinhas e macacos alados são executados por atos de rebelião. Ainda há uma estrada de tijolos amarelos, mas até isso está se desfazendo. O motivo? Dorothy. Dizem que ela retornou a Oz. Dizem que ela tomou o poder. E agora ninguém está seguro... Meu nome é Amy Gumm...Eu sou a outra garota do Kansas. Fui recrutada pela Ordem Revolucionária dos Malvados. Fui treinada para lutar.
Resenha: E se o mundo de O Mágico de Oz fosse totalmente transformado, não sendo mais aquele que todos previamente conhecem? Em Dorothy tem que morrer, estreia de Danielle Paige, há uma nova roupagem para a famosa história de L. Frank Baum. Amy, uma jovem garota do Kansas - assim como Dorothy -, vive uma vida normal até que um tornado suga ela  o trailer em que  vive com sua mãe, levando-a diretamente para Oz. Porém, o que ela encontra ali é diferente: toda a magia do lugar está sendo drenada por Dorothy, que deixou de ser aquela garota boa tornando-se má e sedenta por poder. Todos ali a temem e há pouca esperança de mudanças. Com a chegada de Amy, essa situação tende a mudar, já que é dada a ela a missão de assassinar a tirana. Em um reconto de um clássico americano infantil, o livro de estreia de Paige, que figurou nos mais vendidos do The New York Times, é uma verdadeira aventura pelo desconhecido e invertido mundo de Oz.

Antes de iniciar essa resenha, foi necessária uma breve pesquisa sobre a história original. Sim, eu pouco a conhecia. Assim como a autora, que nos agradecimentos deixa claro seu apoio de um editor que a ajudou muito com a construção da vilã Dorothy, precisei procurar informações suficientes para me ambientar na trama.

O início conta com uma rápida introdução a Amy e sua pacata vida que mudou drasticamente com o divórcio dos pais. A menina é jovem e não tem a situação mais feliz para alguém da idade dela. Com sua mudança abrupta para Oz, situações difíceis surgem e exigem uma nova Amy, e ela dá vida a essa outra parte de si mesma. A garota usa muito do raciocínio lógico e pensa muito antes de fazer algo. Ela é mais razão do que emoção. Só faltou um pouco mais de fibra e decisões próprias. Apesar de toda ação e técnicas que ela aprendeu com as bruxas, faltou mais questionamento e menos assentimento. É estranha a forma como dizem que ela vai ser responsável pela morte de Dorothy mas a jovem nem mesmo insiste em saber o motivo.

Os demais personagens, da Ordem dos Malvados, são tratados de maneira rasa. Sendo toda história narrada por Amy, Nox e as bruxas que tentam tirar Oz do poder de Dorothy são pontos de interrogação. Não foi possível criar um conceito profundo sobre nenhum deles, pois os mesmos não se mostraram para a garota. Amy se sentiu numa linha tênue entre o confiar e não confiar neles. Acho que isso, apesar de não ser o melhor jeito de iniciar uma série para mim, deixa no ar uma curiosidade. O mistério que envolve esse clã que quer trazer paz à Oz intriga e deixa a porta aberta para grandes revelações nos volumes sequentes.  Quanto a personagem que dá nome ao livro, ela é uma vilã diferente. Por não conhecer a obra de L. Frank Baum, não posso comparar a personalidade dela entre a original e esta releitura. A certeza é que aqui ela tem uma tirania implacável e é cruel com todos que atravessam seu caminho, mas tudo se revela meio inconclusivo porque há muita infantilidade em seu comportamento. Tudo é fundamentado apenas numa sede de magia, como se isso fosse viciante e ponto. E o que mais? Acredito que suas ações não a caracterizam como antagonista tão malvada como premeditei, mas como uma garota mimada que mata quem a incomoda. E juntamente dela, temos o Leão, o Espantalho, e o Homem de Lata. Eles, além novas características físicas, que são muito peculiares, tiveram suas essências invertidas em relação ao enredo original.

Dorothy tem que morrer é uma boa releitura para uma história tão conhecida. O livro cumpre seu papel: introdução. Há ação, magia, e mistério. Danielle Paige reuniu elementos que são atraentes para o publico juvenil e os colocou numa história já famosa, o que pode ter sido um bom gancho para o sucesso. Apesar de tudo, o desenvolvimento não foi dos mais fortes, mas mesmo assim satisfatório. O que deveria ser o frisson do livro, no final, não passa de uma cena comum sem grande emoção, o que faz surgir uma cobrança para algo melhor em sua continuação. A autora teve em mãos um enredo perfeito para a construção de uma aventura sem igual, mas houve algumas falhas. Com a ausência de um epílogo e um final totalmente aberto, fica a espera para continuar acompanhando a saga de Amy e descobrir o que The Wicked Will Rise trará.